Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

‘Buscamos oferecer diversão e informação de qualidade’

A Câmara dos Deputados realizou na terça-feira (14/4) uma sessão em homenagem aos 50 anos da Rede Globo. Entre os participantes, estavam parlamentares e artistas que destacaram o padrão de qualidade e a liberdade de imprensa defendida pela emissora.

Fruto de um requerimento dos deputados Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) e Romulo Gouveia (PSD-PB), a solenidade contou também com a presença do vice-presidente institucional do Grupo Globo, João Roberto Marinho, que fez um discurso durante a sessão. Ele falou sobre a missão da empresa, o alcance do conteúdo produzido e a defesa constante da democracia promovida pela emissora.

“Bom dia,

Em primeiro lugar, quero agradecer em nome da minha família a homenagem que essa casa presta hoje ao cinquentenário da TV Globo. Os senhores e as senhoras são os representantes do povo brasileiro e, por isso, não pode haver reconhecimento maior. É com o povo brasileiro que nos relacionamos todos os dias, desde que meu pai, Roberto Marinho, fundou a Globo. É um contato cotidiano em que buscamos oferecer ao público diversão e informação de qualidade. É esse todo o nosso esforço, todos os dias, todos os minutos do dia. É a nossa missão.

É gratificante, mas não é fácil. Exige um trabalho imenso, uma dedicação enorme dos milhares de profissionais que conosco trabalham. Mas, ao longo desses anos todos, se há uma lição que aprendemos, é que o êxito só acontece quando não se buscam atalhos ou caminhos fáceis: é preciso oferecer sempre programação de qualidade.

O povo é exigente e o povo escolhe livremente. Isso era verdade no passado e é ainda mais verdade hoje, quando a concorrência de meios de comunicação é cada vez maior: além dos muitos concorrentes na própria TV aberta, há a TV paga, com um sem número de canais, brasileiros e estrangeiros, há a internet banda larga, oferecendo produtos áudio visuais sob demanda e muitas vezes sem nada cobrar. Ser líder em todos os horários diante de tanta concorrência e de um público tão exigente só tem mesmo uma explicação: obsessão pela qualidade, sem concessões.

Essa lição, aprendida de forma intuitiva no passado, é hoje algo de que temos plena consciência. Um sociólogo francês, Domique Wolton, no início dos anos noventa, escreveu um livro chamado “O Elogio do Grande Público”. Ele discutia o então processo de privatização das TVs públicas europeias, com críticas ao modelo de TV comercial praticado em alguns países. Wolton escreveu, então, sem que nós sequer tivéssemos tomado conhecimento da pesquisa, que um bom caminho era o de uma TV brasileira, a TV Globo, que, sendo comercial, parecia ter a autoconsciência de ser também um serviço público. Isso nos definia à época e nos define hoje. E acreditamos que explica o sucesso que alcançamos

Hoje, temos 2.500 mil horas por ano de produção de entretenimento com histórias passadas em todos os recantos do nosso país. Isso equivale à produção de 25 longas-metragens por semana, ou 1.250 por ano. Nossos conteúdos, enfatizando sempre a cultura brasileira, são hoje vistos em 190 países, seja por meio do licenciamento a outras emissoras, seja pela exibição em nossos próprios canais internacionais. Fazemos quase nove horas diárias de jornalismo, amplo e plural, das quais três horas são de notícias locais, produzidas pelas 123 emissoras afiliadas, pertencentes a empresas independentes. No esporte, oferecemos ao público as emoções do futebol, do vôlei, do automobilismo e das diversas modalidades de esportes olímpicos. Uma oferta sem igual.

Estamos cientes de que, agradando a maior parte do público, não agradamos a todos. Não poderia ser diferente. Outro dia, o Presidente Obama deu uma entrevista ao ‘New York Times’. Ele comentou as críticas do governo israelense ao seu projeto de acordo com o Irã, e disse que Israel era uma democracia tão ruidosa, tão barulhenta, quanto a própria democracia americana. Se conhecesse mais a fundo o Brasil, diria o mesmo da nossa. Na verdade, que democracia não é barulhenta, ruidosa, viva, com múltiplos pontos de vista, projetos em choque, formas de viver diferentes, de se comportar, de crer? A presidente Dilma, numa frase feliz, disse, mais de uma vez, que prefere o barulho da democracia ao silencio das ditaduras.

Pois bem; é preciso ter em mente que a TV Globo não quer fazer barulho, mas é obrigada a exibi-lo, a colocá-lo à mostra, seja em seus telejornais, seja em sua teledramaturgia. E, claro, com isso, temos a consciência de que ora desagradamos uns, ora desagradamos outros, e vice-versa. Mas, o vice-versa é que é a chave da questão. Porque a TV Globo não defende partidos, não defende religiões, não defende formas de comportamento, não defende formas de agir. A TV Globo procura acompanhar, isso sim, as mudanças na sociedade, a sua evolução, com as contradições que essa mesma evolução acarreta, mas sem proselitismos. Não acertamos sempre, é claro, mas sempre procuramos corrigir rumos quando detectamos o erro. O que nos conforta é que a escolha do publico mostra que nossos acertos são em maior número.

O que a Globo defende, de forma enfática, e sempre defenderá, é a democracia, a república, o império da lei e do voto, do qual os senhores e as senhoras são expressão genuína.

Esse é o nosso compromisso. E não há melhor momento para reiterá-lo do que nesse cinquentenário e diante dessa Casa, nessa homenagem que os senhores e as senhoras, representantes legítimos de nosso povo, nos prestam. Muito obrigado.”

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João Roberto Marinho é vice-presidente institucional do Grupo Globo