Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

A ética e a história de Tristão de Athayde

[do material de divulgação]

O escritor Xikito Affonso Ferreira acaba de lançar a biografia Histórias do Meu Avô Tristão (Azulsol), sobre a vida de Alceu Amoroso Lima, o intrigante Tristão de Athayde. A obra se destaca pelo cuidado do autor em recriar os cenários político, religioso, social e cultural nos quais Tristão de Athayde construiu sua trajetória.

Escritor consagrado com assento na Academia Brasileira de Letras, fundador da PUC-RJ, crítico literário, professor, líder católico, intelectual, empresário, articulista… É difícil encaixar Tristão de Athayde em uma classificação.

Imune aos clichês, ele defendeu a fé e os valores católicos com a mesma convicção com que foi apoiador de primeira hora da Semana de Arte Moderna, em 1922, e tornou-se símbolo do intelectual progressista, quando, no período mais drástico da repressão, denunciou a censura, o desrespeito aos direitos humanos e o “desaparecimento” do jornalista Rubens Paiva (1971) e de outros ativistas políticos. “A trajetória de Alceu Amoroso Lima coincidiu com um dos períodos mais ricos e conflituosos da história do Brasil. Alceu encarna uma época, da qual foi expoente na literatura, no jornalismo e, sobretudo, em uma concepção libertadora da fé”, resume o escritor e religioso Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto.

Por sua importância, Tristão de Athayde sempre mereceu um lugar na história do País. E o ano de 2015 parece, enfim, reparar o desconhecimento das novas gerações sobre esse personagem símbolo de ética e retidão. O livro de Xikito é o terceiro de cinco títulos que serão publicados neste ano sobre Alceu Amoroso Lima e que se somam ao ciclo de palestras “O pensamento e a época de Alceu Amoroso Lima”, promovido pelo Centro de Pesquisa e Formação do Sesc-SP.

Para o escritor Leandro Garcia, professor de literatura brasileira da Universidade Católica de Petrópolis, é interessante que o nome de Tristão de Athayde ressurja com intensidade nesse momento em que o País clama por ética e transparência. “Meu avô sempre se destacou pela integridade das suas convicções pessoais, políticas e intelectuais, o que lhe dava estatura moral para transitar pelos mais diferentes círculos”, concorda Xikito.

Sobre o autor

Xikito, como é conhecido Carlos Eduardo Affonso Ferreira (Buenos Aires, 1949), neto de Alceu Amoroso Lima, é autor também de Estarei Delirando? Memórias de Viagem (Miró Editorial, 2013). Escreveu Histórias do Meu Avô Tristão incentivado pela tia, a religiosa Tuca, e para dar conta do desafio precisou vencer o próprio receio de não estar à altura da erudição do avô. Durante 30 anos, acalentou a obra, que agora prova que ele e Tristão dividem o mesmo brilho.

Para saber mais

>> Sobre o ciclo “O pensamento e a época de Alceu Amoroso Lima”, acesse centrodepesquisaeformacao.sescsp.org.br

>> Outros livros publicados neste ano sobre Tristão de Athayde: Em Busca da Idade Nova, Guilherme Ramalho Arduini, Edusp; Correspondências de Carlos Drummond de Andrade & Alceu Amoroso Lima (Editora UFMG) e Cartas de Esperança em Tempos de Ditadura: Frei Betto e Leonardo Boff Escrevem a Alceu Amoroso Lima (Vozes), ambos de Leandro Garcia Rodrigues. Do mesmo autor, em setembro, será lançada uma coletânea de cartas entre Tristão e Mário de Andrade.