Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

As decisões de um cronista

[do release da editora]

Tempo Medido, lançado pela Publifolha, na série ‘101 crônicas’, reúne os melhores textos de Marcelo Coelho publicados no caderno ‘Ilustrada’ ao longo dos últimos nove anos. Essa é a terceira coletânea dos artigos que, desde 1990, ele tem escrito para a Folha de S.Paulo. Em 1994, publicou Gosto se Discute (Ática) e, em 1997, Trivial Variado (Revan).

Em Tempo Medido, o leitor encontra o que o próprio Marcelo Coelho chama de ‘textos mais agradáveis de ler’, justamente porque tratam dos assuntos, também na opinião dele, menos ‘importantes’. O autor não se preocupou em mostrar, aqui, o que de mais relevante aconteceu nos cenários cultural e político de 1998 a 2007. Optou, sim, por revelar as ‘tomadas de decisões’ particulares de um cronista diante dos debates que se travaram ao longo dos últimos anos.

Nesse contexto, o autor avalia o governo FHC, o governo Lula, a crise do mensalão, as privatizações, a propaganda eleitoral… ‘Também achei necessário incluir, de qualquer modo, alguns textos que representassem os fenômenos culturais, no sentido estrito, em curso no país. Certos filmes da ‘retomada’, o teatro de Zé Celso e da Companhia do Latão’, conta.

Tempo Medido celebra a própria crônica como gênero literário, especialmente adaptado para a combinação de pensamento crítico e viés humanista característico do autor. Contra um pano de fundo de leituras sociológicas, políticas, psicanalíticas, culturais – nenhuma das quais, aqui, tratada num contexto de discussão propriamente acadêmica –, Marcelo Coelho ilumina aspectos variados de um tempo como o nosso, que parece não encontrar jamais sua medida.

Trecho

‘É provável que toda criança tenha tido a impressão de que, fechando a porta, todas as coisas de um quarto comecem a se mover, dancem como num desenho animado… E quando abrimos de novo a porta do quarto, as coisas, embora silenciosas e imobilizadas, ainda parecem reprimir um risinho; mostram um bom comportamento que mal segura a euforia que elas encontravam no fato de existir.’ [Da crônica ‘Volta às Aulas’]

O autor

Marcelo Coelho nasceu em São Paulo, em 1959. Formou-se em Ciências Sociais na USP e é mestre em Sociologia pela mesma universidade. Escreve para a Folha de S.Paulo desde 1984 e passou a colaborar semanalmente para o caderno ‘Ilustrada’ em 1990. Em 1994, publicou Gosto se Discute (Ática) e, em 1997, Trivial Variado (Revan). No mesmo ano, como ficcionista, publicou Noturno (Iluminuras) e Jantando com Melvin (Imago), além de dois livros infantis (A Professora de Desenho e Outras Histórias e Minhas Férias, ambos pela Companhia das Letrinhas).

Pela Publifolha, lançou Montaigne (série ‘Folha Explica’, 2001), Crítica Cultural: Teoria e Prática (2006) e, na coleção ‘Cidades do Brasil’, São Paulo (com fotos de Tuca Vieira, 2005).