Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

FCC investiga TVs que exibem releases como notícia

A FCC (Federal Communications Commission), agência federal dos EUA que regula o setor de telecomunicações, enviou cartas a 77 emissoras de televisão questionando se elas haviam identificado adequadamente os ‘vídeos-release’ – vídeos produzidos por empresas – antes de levá-los ao ar.


No ano passado, os releases em vídeo tornaram-se um tema político bastante discutido, depois que foi revelado que a Casa Branca havia pagado para produzir anúncios para suas iniciativas e entregá-los às emissoras televisivas. Algumas delas divulgaram os ‘vídeos-releases’ como se fossem notícias produzidas pelos próprios canais.


A investigação da FCC foi realizada depois de um estudo da ONG Center for Media and Democracy ter revelado que 77 emissoras televisivas americanas tinham colocado no ar vídeos de empresas sem deixar claro para o público que eles não eram material jornalístico. As emissoras que fizeram tal prática são de propriedade de grandes empresas de mídia, como CBS Corp., Walt Disney Co. – da ABC, e Sinclair Broadcast Group. Os vídeos foram produzidos por empresas como Panasonic e General Motors. Nenhum dos vídeos que a pesquisa avaliou havia sido pago pelo governo.


Sob as normas da FCC, as emissoras devem indicar se os vídeos são comerciais, para que os telespectadores saibam que o material ao qual estão assistindo foram pagos por patrocinadores e, que se trata, na verdade, de um longo comercial de um produto. ‘Consideramos que a investigação é importante para que as emissoras levem a sério as leis’, opinou Diane Farsetta, co-autora da pesquisa. ‘A prática é um ato de desrespeito às leis’. ‘O público é enganado por indivíduos que se apresentam como independentes, imparciais, mas estão na verdade promovendo uma empresa. Os telespectadores têm o direito de saber quem está tentando convencê-los, para que eles avaliem a credibilidade da informação apresentada a eles’, observou Jonathan S. Adelstein, da FCC. ‘Estas práticas tornam difícil para o público diferenciar material jornalístico e propaganda’.


Caso as estações não identifiquem os vídeos, elas podem ser multadas em até US$ 32.500 por incidente. Informações de Frank Ahrens [Washington Post, 15/8/06].