Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Festival de besteira que assola o país

[do release da editora]

Ler Sérgio Porto e Stanislaw Ponte Preta é entender melhor o Brasil, de onde veio e para onde vai – se é que vai. Por isso a Agir orgulha-se em devolver às livrarias, pela primeira vez em mais de três décadas, a obra completa de um de nossos mais brilhantes cronistas.

Sérgio Porto dizia ser irmão de criação de seu pseudônimo, Stanislaw Ponte Preta. Nos livros, cada um demonstrava uma forma muito particular de ver o mundo. Complementavam-se, sendo fiéis à idéia de Machado de Assis de escrever com a “pena da galhofa” e a “tinta da melancolia”.

Galhofeiro, e dos bons, é o Stanislaw que pesquisou em jornais e na vida os casos do Febeapá – Festival de Besteira que Assola o País, título que a Agir escolheu para iniciar a nova edição, reunindo em um único livro os três volumes publicados entre 1966 e 1968.

É ainda Stanislaw, o Lalau, que narra as hilariantes histórias de sua família nas coletâneas de crônicas Tia Zulmira e eu (1961), Primo Altamirando e elas (1962), Rosamundo e os outros (1963) e Garoto Linha Dura (1964).

Sérgio Porto, ele mesmo, saudado por Jorge Amado como “um grande novelista a somar-se à família que vem de Machado de Assis e Lima Barreto”, deixou dois livros – o memorialístico A casa demolida (1963), há muito esgotado, e o clássico As cariocas (1967), nosso próximo lançamento.

Escritor profissional, naturalmente disperso pelo teatro, os jornais e a televisão, Sérgio Porto publicou ainda novelas, contos e perfis ao ritmo do trabalho cotidiano. A revista do Lalau reunirá num livro inédito parte significativa desta produção, com duas atrações muito especiais: a Pequena História do Jazz, livreto que publicou em 1958 numa edição limitada, e os capítulos iniciais de O transplante, romance autobiográfico que deixou inacabado ao ser vitimado por um enfarte, aos 45 anos, em 1968.

Com Sérgio Porto e Stanislaw Ponte Preta o Brasil fica mais inteligente. E, sobretudo, muito mais engraçado.

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“Stanislaw Ponte Preta foi criado junto comigo e, praticamente, é meu irmão de criação”, escreveu Sérgio Porto sobre aquele que, muito mais do que pseudônimo, foi uma personalidade autônoma que acabou assinando mais da metade de sua obra em livro.

Nascido em 11 de janeiro de 1923, Sérgio Porto morreu em 29 de setembro de 1968. O Rio de Janeiro, cidade em que viveu intensamente seus 45 anos, ele fez de tudo na vida, conforme gostava de dizer: “Jornalista, radialista, televisista (o termo ainda não existe, mas a profissão sim), teatrólogo (ora em férias), humorista, publicista e bancário”.