Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Literatura na internet e nas ondas do rádio

[do texto de divulgação]


Estréia na segunda-feira (30/4) o projeto ‘Memórias da Literatura’, iniciativa do Museu da Pessoa do Brasil e Museu da Pessoa de Portugal, com apoio da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo. O projeto vai veicular um programa de 5 minutos diários nas rádios Cultura AM de São Paulo, Difusora AM de Jundiaí e Rádio Câmara FM de Brasília. Poderá também ser escutado no portal do Museu da Pessoa ou baixado no formato podcast.


O Museu da Pessoa trabalha com o registro de histórias de vida e a sua socialização, organizando projetos temáticos a partir desses relatos. ‘Memórias da Literatura’ é um desses projetos, com o objetivo de apresentar uma visão diferenciada sobre o tema, aproximando escritores e leitores e expondo nossas relações cotidianas com a literatura. Por isso mesmo, se valerá de relatos de autores, editores, bibliófilos e de qualquer pessoa que tenha alguma história interessante relacionada à literatura.


Ouça dois programas aqui.


Os programas diários versarão sobre literatura utilizando-se de depoimentos, opiniões e a crítica não-especializada de entrevistados cheios de história para contar. Como a do pedreiro apaixonado por literatura que criou uma biblioteca sem burocracia, ou a do taxista gaúcho que escreve inspirado em seus passageiros. ‘Memórias da Literatura’ também pretende despertar o interesse do ouvinte pelo tema por meio de relatos de escritores vindos dos países onde o português é língua-mãe.


Quem não pára para ouvir um causo no rádio?


‘`Memórias da Literatura´ traz pessoas contando histórias e é essa narrativa que aproxima as pessoas do universo da literatura e da leitura’, diz Eduardo Weber, coordenador da Rádio Cultura.


‘Acho importante o projeto porque o Museu da Pessoa abre a história para quem participa dela e a constrói. Um programa de literatura feito sob essa proposta está longe da crítica especializada, é a literatura percebida pelas pessoas do dia-a-dia’, afirma Humberto Martins, diretor geral da Rádio Câmara dos Deputados.


Zernesto Pessoa, responsável pelo setor de comunicação dos Doutores da Alegria, diz que ‘Memórias da Literatura’ é um projeto essencial. ‘Ele cumpre um papel importante de unir conhecimento ao bom-humor e a um registro muito além do peso acadêmico.’


Os programas estarão disponíveis para download no portal do Museu da Pessoa, onde será possível ouvi-los e também assinar os boletins diários em podcast.


[Para ouvir o podcast é preciso ter programa agregador, por exemplo iTunes, Juice ou outro.]


Programas e temas


O programa inaugural do ‘Memórias da Literatura’ fala de pessoas que venceram a distância dos livros, como o pedreiro Evando dos Santos. Apaixonado pela literatura e sem acesso a ela, ele teve a idéia de criar uma biblioteca comunitária sem burocracia, na qual não existe prazo de devolução para os livros nem cadastros dos freqüentadores. Essa burocracia foi vivida também por Sérgio Caparelli, que na época da escola foi uma única vez à biblioteca e encontrou os livros trancados a chave em armários, sem poder folheá-los ou manipular os volumos. Venceu essa distância e hoje é um dos mais importantes escritores para crianças no país..


Outro programa é com Zetho Gonçalves, escritor angolano que começou a criar suas primeiras histórias em Huambo, sua cidade natal. Em seu depoimento, ele fala da importância da tradição oral e da contação de histórias na África. Há também a história do taxista gaúcho Mauro Castro, de 43 anos, que escreve crônicas baseadas nas histórias vividas no seu dia-a-dia de trabalho. Seus textos são publicados semanalmente no Diário Gaúcho e no blog TaxiTramas.


A literatura produzida na periferia é o tema do escritor Ferréz, criado na favela e autor dos livros Capão Pecado, Ninguém é inocente em São Paulo e Manual prático do ódio. Uma linha do programa será dedicada aos autores que começaram cedo: aqui estarão relatos como o do escritor Paulo Werneck, que escreveu suas primeiras ‘obras’ ainda na escola; e de Francisco Marques da Rocha, manipulador de bonecos, contador de histórias e autor de livros infantis – que aos 10 anos já escrevia contos policiais.


O programa intitulado ‘Escritor alfarrabista’ conta a história de Evandro Affonso Ferreira. Autodidata, abandonou os bancos escolares no 4º ano primário. Foi funcionário público, bancário e escreveu roteiros publicitários. Não gostava muito de ler, mas de tanto ouvir falar sobre literatura tomou gosto pela coisa, tanto que acabou montando um sebo e hoje é escritor, com cinco livros publicados. ‘Literatura e bar’ trata da relação de escritores com a noite e a boemia. O entrevistado é um ex-professor de sociologia apaixonado por literatura que abriu seu próprio bar em Brasília. Ele fala sobre escritores que produziam suas obras ao lado de um copo de bebida ou de café


O projeto também traz quadros temáticos que complementam o conteúdo: ‘Museu DO Pessoa’ e ‘Dicionário Besteirológico de Literatura’. O primeiro traz curiosidades e histórias de leitores da obra de Fernando Pessoa. Serão leituras e interpretações de trechos da obra do poeta português, além de histórias pessoais que envolvam sua obra. O segundo é comandado por atores do grupo Doutores da Alegria, e traz divertidas interpretações de termos como ‘citação’, ‘epopéia’ e ‘concretismo’, entre outros tantos da literatura.


Sobre o Museu da Pessoa


Todo ser humano, anônimo ou célebre, tem o direito de eternizar sua história. Essa idéia deu origem ao Museu da Pessoa, um museu virtual que tem como missão contribuir para tornar a história de cada pessoa valorizada pela sociedade.


Criado no Brasil em 1991, em São Paulo, o Museu da Pessoa desenvolveu uma metodologia diferenciada de coleta e sistematização de depoimentos. Em 15 anos realizou 98 projetos de Memória Institucional e 17 na área de Formação. O acervo tem hoje perto de 6 mil depoimentos gravados e mais de 5 mil fotos e documentos digitalizados.


O Museu da Pessoa é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público com representantes em Portugal, EUA e Canadá. A rede internacional de histórias de vida tem como visão um mundo mais justo e democrático baseado na história de pessoas de todos os segmentos da sociedade.