Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Mais uma repórter condenada no Egito

Pela segunda vez em dois meses, um jornalista é condenado por difamação no Egito em um caso envolvendo um funcionário governamental. Amira Malash, repórter do semanal independente al-Fagr, foi condenada em uma audiência que durou oito minutos, informou o editor Adel Hamouda. Ele afirmou que o jornal irá recorrer da decisão.


‘O juiz nem ouviu a defesa’, reclamou Amira em entrevista à emissora de TV al-Jazira. Ela está em liberdade sob fiança enquanto aguarda a apelação. ‘Em um momento em que temos liberdade de expressão no Egito, este veredicto arruína tudo. A liberdade de expressão no Egito está desmoronando’, concluiu.


Amira publicou um artigo em setembro do ano passado onde afirmava que o juiz Attiyah Awadh, de Alexandria, estava sendo investigado por corrupção. A repórter se baseou em informações atribuídas a fontes anônimas do departamento de segurança da cidade portuária, e foi processada pelo juiz, que a acusou de difamação.


O veredicto de Amira segue o mesmo recebido por um jornalista do diário independente al-Masri al-Youm, condenado a um ano de prisão em processo por difamação movido pelo ex-ministro Mohammed Suleiman. Dois outros jornalistas do diário receberam multas. Suleiman afirmou esta semana que retiraria a queixa contra os três repórteres, e que agora depende da promotoria a decisão de manter ou anular a sentença.


Nova geração


Al-Masri al-Youm e al-Fagr fazem parte de uma nova geração de publicações independentes no Egito, livres da influência do governo ou de partidos de oposição. Estes jornais ficaram conhecidos por divulgar importantes artigos sobre corrupção governamental.


Em fevereiro de 2004, o presidente Hosni Mubarak prometeu revogar artigos da lei de imprensa do país que permitiam sentenças de até dois anos de prisão para jornalistas condenados por difamação. O Parlamento, entretanto – que é controlado pelo partido de Mubarak –, não aprovou a mudança. No mês passado, a Organização Egípcia pelos Direitos Humanos e o Comitê para a Proteção dos Jornalistas, com sede em Nova York, fizeram campanha pedindo ao presidente que cumpra a promessa de mudar a lei. Informações de Omar Sinan [Associated Press, 8/3/06].