Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Morre aos 87 anos o jornalista Paulo Cabral


Leia abaixo a seleção de segunda-feira para a seção Entre Aspas. 
 


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Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 21 de setembro de 2009 


 


PAULO CABRAL DE ARAÚJO (1922-2009)


Folha de S. Paulo


O jornalista que foi o último discípulo de Assis Chateaubriand


‘O jornalista e ex-presidente da ANJ (Associação Nacional de Jornais) Paulo Cabral de Araújo, 87, morreu ontem em Brasília vítima de leucemia. Nascido em Guaiúba (CE), ele ocupou a presidência dos Diários Associados durante 22 anos, mas estava afastado da função desde 2001. Em nota, a ANJ manifestou profundo pesar pelo falecimento do jornalista. Na profissão desde os 16 anos, Cabral dedicou a maior parte de sua vida à administração de empresas de comunicação (jornais, rádios e emissoras de televisão) na organização dos Diários Associados. O conglomerado é composto por mais de 50 veículos, entre os quais o ‘Correio Braziliense’ e o ‘Estado de Minas’. Paralelamente ao jornalismo, Cabral foi prefeito de Fortaleza na década de 1950, deputado estadual no Ceará e secretário-geral do Ministério da Justiça no governo Ernesto Geisel. O jornalista foi presidente da ANJ entre 1994 e 2000. ‘Paulo Cabral foi o último discípulo escolhido por Assis Chateaubriand para compor o condomínio dos Diários Associados. Tornou-se um grande líder, admirado por todo o mercado editorial’, declarou o presidente do conglomerado, Álvaro Teixeira da Costa. ‘Foi presidente da ANJ por várias vezes e primou pelo fortalecimento do meio jornal’, acrescentou Costa. Chateaubriand fundou os Diários Associados nos anos 1920. O enterro será hoje às 11h. Há vários anos, Cabral enfrentava problemas de saúde, tendo sofrido mais de um infarto e complicações intestinais. Estava internado no Hospital Brasília e morreu por volta das 8h.’


 


 


AMÉRICA LATINA


Ives Gandra da Silva Martins


Liberdade de imprensa e democracia


‘O AUTORITARISMO está de volta a alguns países da América Latina, com risco de contagiar muitos outros. E um dos principais sintomas desse avanço do retrocesso está nas contínuas investidas dos governos na tentativa de calar os jornais de oposição.


As sucessivas críticas que se tem feito ao regime bolivariano da Venezuela -em que um histriônico presidente cerceia cada vez mais todas as manifestações dos que lhe são contrários, cortando-lhes os pulmões da manifestação democrática pelo fechamento de canais de televisão, rádios e intimidações judiciais- já ganharam dimensão internacional.


No modelo constitucional venezuelano (artigo 232), o presidente pode tudo, desde convocar referendos e plebiscitos até governar com leis habilitantes e dissolver a Assembleia Nacional, o mesmo ocorrendo no modelo equatoriano (artigos 130 e 148), em que o presidente pode dissolver a Assembleia, mas, se esta destituir o presidente, dissolve-se automaticamente. Não diferente é o modelo boliviano, em que os membros da Suprema Corte devem ser eleitos pelo povo por seis anos, candidatando-se por partidos políticos (artigo 182)!


Em todos esses países, há restrições à liberdade de imprensa, sob a alegação de que ela prejudica a vocação ‘bolivariana’ do povo. Vale lembrar que as três Constituições lastrearam-se em modelos idealizados por uma instituição de estudos espanhola, segundo a qual as democracias só devem ter, de rigor, um representante do povo, que deve convocar o próprio povo a manifestar-se, mediante sucessivos referendos ou plebiscitos.


O equivocado modelo espanhol não reconhece que, das 20 democracias estáveis pós-Segunda Guerra Mundial (Lijphart, ‘Democracies’), apenas uma é presidencialista. As outras 19 são parlamentaristas.


É que nos Parlamentos está a totalidade da representação popular (situação e oposição), mas no Executivo está apenas a situação. Em outras palavras: o Executivo encarna apenas a maioria dos integrantes de uma nação, e o Legislativo, a totalidade.


Ao reduzir a expressão do Legislativo a quase nada, tais modelos fazem de qualquer democracia uma estrada larga para as ditaduras, mormente quando têm força para calar a oposição, eliminando seus pulmões, que são os meios de comunicação social.


Apesar do nível cultural do povo argentino, parece que a família Kirchner sucumbiu às lições semiditatoriais de Chávez, Morales, Correa e Ortega (a Nicarágua está tentando aprovar projetos de lei que reduzem a liberdade de imprensa), com a desastrada invasão do jornal ‘Clarín’ e com a proposta de legislação nitidamente fascista ou bolchevista, voltada a silenciar a imprensa.


Nem mesmo o Brasil, cuja Constituição de 1988 deveria hospedar um modelo parlamentar de governo, mas que na undécima hora transfigurou-se em presidencial, preservando, porém, o equilíbrio entre os Poderes, parece estar imune a tal influência.


Já houve, no governo Lula, duas tentativas frustradas de condicionar a imprensa a um conselho controlador e as manifestações artísticas a outro, o que a sociedade repeliu com vigor. O próprio presidente, não poucas vezes, refere-se de forma pouco apreciativa aos órgãos de comunicação.


E, como realçado em editorial desta Folha (12/9) ou no artigo de Judith Brito neste espaço (27/8), mesmo os membros de instâncias inferiores do Judiciário -cuja corte suprema é claramente a favor da liberdade de imprensa- tomam decisões impondo restrições à liberdade de imprensa.


É necessário que a sociedade brasileira, nitidamente democrática, não se deixe contaminar pela antidemocrática política de nossos vizinhos, em que o crescimento do autoritarismo é evidente. Sem imprensa livre, não há democracia, pois o povo não tem como saber o que ocorre nos bastidores e porões dos poderes senão pelos órgãos de comunicação.


Num país que, depois de 1988, conheceu um impeachment presidencial, uma superinflação e escândalos governamentais -anões do Orçamento, mensalão, Senado…-, só foi possível manter a alternância de poder, impedir a ruptura institucional e assegurar o bom funcionamento das instituições por força do equilíbrio entre os Poderes, do amplo direito de defesa e, principalmente, da liberdade de expressão.


Que esse maior bem de uma democracia seja preservado no Brasil. O povo brasileiro não pode deixar-se contaminar pelos ventos procelosos que fustigam nossos vizinhos. Que a nossa democracia prevaleça sobre as semiditaduras em que vão se transformando alguns países latino-americanos.


IVES GANDRA DA SILVA MARTINS , 74, advogado, professor emérito da Universidade Mackenzie, da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e da Escola Superior de Guerra, é presidente do Conselho Superior de Direito da Fecomercio.’


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


À toa?


‘Começa na quinta-feira, em Pittsburgh, mas a terceira cúpula do G20 já é avaliada, com a ‘Economist’ sublinhando que o anfitrião Barack Obama deve se unir aos colegas e ‘manter o estímulo coordenado’ contra a crise econômica.


Para o site MarketWatch, o G20 ‘perdeu o gás’ e sua ‘promessa de reforma do sistema financeiro parou com a recuperação’ global. EUA e outros perderam o ‘apetite para forçar os bancos a elevar seu capital’ e a segurança do sistema, restando reduzir bônus dos banqueiros para o G20 ‘parecer ocupado’.


Mas Obama, em mensagem, voltou a defender a regulação e criticar os ‘lobistas dos grandes bancos’ por resistirem, destaque de Reuters e Bloomberg. Por outro lado, a AP ressaltou que China e os Brics vão à cúpula por maior poder no FMI.


A ESTRELA DESCE


‘New York Times’, ‘Wall Street Journal’ e ‘Washington Post’ anunciam que o ‘star power’ de Obama ‘enfrenta seus limites no palco global’, hoje em Nova York, na ONU, e depois em Pittsburgh.


Na América Latina, por exemplo, ele é criticado pela incapacidade de responder ao ‘golpe de Honduras’. Obama ‘foi bem recebido por alguns dos mais influentes líderes, entre eles Lula, mas as boas relações iniciais, como em outros cantos do mundo, esfriaram conforme os EUA mantinham políticas da era Bush, como a consolidação da presença militar na Colômbia’.


SATURAÇÃO


Antes de partir para temas globais, Obama surgiu ontem em cinco redes de TV dos EUA. De cima para baixo, CBS, ABC, NBC e CNN. A outra foi a Univisión, de língua espanhola. ‘Ele saturou os talk shows para promover a reforma na saúde’, descreveu o ‘NYT’. Defendeu que ‘não quebra sua promessa de resguardar a classe média’, destacou o ‘WSJ’. Sua reforma ‘não é radical’, disse ele e sublinharam as manchetes dos sites Politico e Talking Points Memo


O TEMOR


Lula também viaja a Pittsburgh e, segundo a France Presse, em despacho de Washington, ‘Brasil vai ao G20 com dever cumprido e disposto a dar lições’. Dele, à agência: ‘O que eu temo é que, à medida que a crise começa a passar, todos se conformem com a situação, o G20 não decida nada e se mantenha o G8’.


Na estatal Agência Brasil, à tarde, ‘Lula vai defender reformas no sistema financeiro mundial em reuniões nos EUA’, em Pittsburgh e na ONU.


DIA APÓS DIA


Ontem na home page do ‘China Daily’, ‘Brasil será terceira economia global, afirma Lula’, sobre o pré-sal. E a nova edição da revista ‘Sanlian Shenghuo Zhoukan’ aborda o acordo Brasil-França, entrevistando um especialista militar da Federal de São Carlos


‘O PROCESSO DE SUCESSÃO’


Por ‘China Daily’ e outros jornais estatais, com a foto, o Comitê Central do PC sugeriu maior ‘democracia interna no partido’, até ‘pediu sugestões à construção do partido’. Já na home do ‘Financial Times’, destaque para a decisão da ‘elite’ de não dar a ‘promoção esperada’ ao provável sucessor do presidente Hu Jintao, o vice Xi Jinping


SEM SIMPATIA


A entrevista com a escolhida de Lula, ‘Ideia de Estado mínimo é tese falida, diz Dilma’, ontem na Folha, ecoou on-line com a chamada ‘Candidato sem simpatia sofre, afirma Dilma’ -e na Bloomberg, com a crítica à Vale pelas demissões na crise.


SEM IBOPE


E a revista ‘Veja’ publica que a pesquisa Ibope a ser divulgada hoje apresenta Ciro Gomes em segundo lugar, atrás de José Serra, e Dilma em terceiro, ‘dentro da margem de erro’. E Marina Silva ‘começa a dizer a que veio’, com 6% das intenções.’


 


 


TELEVISÃO


Daniel Bergamasco


TV Globo omite nome e paga pechincha por ‘Cama de Gato’


‘A TV Globo usou uma estratégia discreta para adquirir por um bom preço os direitos do nome ‘Cama de Gato’, que batiza sua próxima novela das 18h, cuja estreia está marcada para o dia 5 de outubro.


O título já havia sido usado em filme do diretor Alexandre Stockler, lançado em 2004, que tinha o ator Caio Blat em cena longa -e quase explícita- de estupro. Para evitar processos futuros, a emissora decidiu comprar os direitos da marca para a televisão.


O profissional que liderou a negociação falava em nome de uma sigla, sem revelar que ‘Cama de Gato’ batizaria um de seus principais produtos. Dessa maneira, arrematou o título por algo em torno de R$ 15 mil. Uma inserção comercial de 30 segundos para veiculação nacional no intervalo da novela das 18h chega a custar perto de R$ 160 mil.


Procurado pela Folha, Stockler não quis comentar a venda. Já a Central Globo de Comunicação informou que ‘negocia dezenas de contratos do gênero e muitas vezes recorre a escritórios especializados’. Segundo a emissora, foi oferecido ao diretor um ‘valor compatível com o mercado, tanto assim que foi aceito’.


A novela será assinada por Thelma Guedes e Duca Rachid, sob supervisão de João Emanuel Carneiro e com direção de Ricardo Waddington. Segundo Carneiro, a novela se chamaria, inicialmente, ‘Pelo Avesso’, mas as autoras e a CGCom optaram pela alteração.


Na trama, Marcos Palmeira interpretará um homem de origem pobre que se torna frio e arrogante após subir na vida.


RECURSOS HUMANOS


A Record está em negociação avançada para a contratação dos humoristas Evandro Santo (o Christian Pior do ‘Pânico’, da Rede TV!) e Danilo Gentili (‘CQC’, Band), para programa semanal que já tem Marcos Mion no elenco.


SATURDAY NIGHT LIVE


O próprio Mion participa da sedução dos novos contratados, para atração que deverá ser exibida aos sábados, às 22h.


INTERNET DO MILHÃO


O Ministério da Cultura autorizou captação de R$ 900 mil em renúncia de impostos para produzir um programa de vídeo para a internet. O projeto contemplado é o ‘Giramundo WebTV’, voltado a jovens.


MANUAL


Na terceira edição do reality show ‘Brazil’s Next Top Model’, da Sony, uma modelo ensina a se livrar das orelhas de abano nas fotos colando-as com cola Super Bonder. Na edição anterior, em 2008, a concorrente que fez o mesmo foi elogiada pelo perfeccionismo e ganhou o programa.


SE VIRA NOS 140 O grupo de teatro paulista Os Satyros tenta emplacar projeto na TV: uma série com 140 segundos, referência aos 140 caracteres das mensagens do Twitter. O ‘140 Cenas’ terá 140 roteiristas, todos ligados ao microblog, que devem se inscrever com microcurrículos de 140 caracteres. O projeto ainda não tem emissora definida.’


 


 


Thiago Ney


Episódio do ‘novo’ ‘Lost’ vaza na internet


‘‘Inexplicavelmente’, o primeiro episódio de ‘FlashForward’, que estreia na TV dos EUA apenas na quinta-feira, caiu na net na sexta passada.


As aspas iniciais indicam a dúvida que circulou entre sites e blogs sobre se o vazamento realmente foi um acidente ou uma estratégia de marketing da rede norte-americana ABC.


‘FlashForward’ está sendo vendida pela emissora como um novo ‘Lost’ -ambas são da ABC e ambas lidam com temas obscuros, estranhos, surreais.


E é uma tática oportuna, já que a última temporada de ‘Lost’ vai ao ar apenas no final de janeiro (ou início de fevereiro) nos EUA -no Brasil, chega semanas depois, no AXN.


Já ‘FlashForward’ será exibida no Brasil pelo canal Sony, a partir de fevereiro.


Nas primeiras cenas do seriado, Joseph Fiennes, que interpreta um agente do FBI, recobra os sentidos após ter o carro capotado. Ele sai do carro e, à sua volta, uma espécie de caos.


Em seguida, voltamos momentos antes no tempo. Fiennes e seu parceiro investigam e perseguem um suspeito; a câmera então segue outros personagens, como um jovem prestes a se suicidar numa ponte e um técnico do departamento de energia de Los Angeles.


Fiennes vive Mark Benford, um ex-alcoólatra em crise no casamento. Sua mulher é uma cirurgiã que tem como subordinado no hospital o tal jovem prestes a cometer suicídio.


Esses personagens -e toda a população do planeta- enfrentarão algo aparentemente sem sentido: um ‘blecaute’ coletivo em que todos desmaiam por dois minutos e 17 segundos, em 24 de setembro de 2009. Durante o tempo em que permanecem desacordados, suas vidas reaparecem em flashes que remetem a 29 de abril de 2010.


Fiennes e seu parceiro (John Cho, que interpreta Demetri Noh) tentarão então descobrir o que houve. Será que o que essas pessoas anteviram em abril de 2010 realmente acontecerá?’


 


 


LITERATURA


Folha de S. Paulo


Governo quer mudanças em acordo do Google


‘O acordo que permitirá ao Google digitalizar e comercializar livros nos EUA deve ser modificado, segundo o governo americano. Em comunicado divulgado na última sexta-feira, o Departamento de Justiça afirmou que o trato levanta dúvidas sobre a proteção aos direitos autorais. Um juiz deve se pronunciar em 7/10 sobre o acordo que o Google tenta estabelecer com os sindicatos dos editores e dos autores.’


 


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Segunda-feira, 21 de setembro de 2009 


 


LUTO


Vannildo Mendes


Morre aos 87 anos o jornalista Paulo Cabral


‘Faleceu ontem, em Brasília, aos 87 anos, o jornalista Paulo Cabral de Araújo, que durante 22 anos ocupou a presidência do Condomínio Acionário dos Diários Associados. Vítima de câncer, ele ocupou ainda a presidência da Associação Nacional de Jornais (ANJ).


Cabral exerceu carreira política paralelamente ao jornalismo. Foi prefeito eleito de Fortaleza (CE), de 1951 a 1955, deputado estadual e secretário-geral do Ministério da Justiça no governo Ernesto Geisel.


Natural de Guaiúba (CE), o jornalista presidiu a ANJ entre 1994 e 2000, liderando uma série de inovações na entidade e marcando posição firme em defesa da liberdade de imprensa e do direito à informação. Em nota, a ANJ lamentou a morte de seu ex-dirigente.


Cabral tinha 12 anos quando dirigiu seu primeiro jornal, O Exemplo, editado pelo Centro Infantil de Cultura, de Fortaleza. Começou a atuar profissionalmente na área aos 16 anos, após passar num concurso público da Ceará Rádio Clube.


Eleito prefeito de Fortaleza aos 28 anos, o jornalista foi um dos pioneiros no uso de programas radiofônicos populares como plataforma política. A fórmula se expandiu por todos os Estados e foi usada por grande número de comunicadores com projeto político.


O jornalista dedicou a maior parte de sua vida à gestão de empresas de comunicação – jornais, rádios e emissoras de TV, à frente da organização dos Diários Associados. Homem de confiança de Assis Chateaubriand, criador da cadeira de jornais, Cabral participou do esforço para criação da TV Tupi, a primeira emissora de televisão da América do Sul, no início da década de 50.


O enterro será realizado hoje, às 11 horas, no Campo da Esperança, em Brasília.’


 


 


INTERNET


Miguel Helft, The New York Times


Google predomina no Brasil e na Índia


‘É difícil negar que o Google tem o predomínio da internet nos Estados Unidos, onde a companhia é responsável por dois terços de todas as buscas feitas na internet, possui o YouTube, que é dez vezes mais popular do que o seu concorrente mais próximo, e é a número um em áreas como mapas e bloggers.


No total, os usuários da internet nos Estados Unidos gastam 9% do seu tempo usando algum serviço Google, de acordo com a empresa ComScore.


Mas há lugares onde o Google é muito mais dominante. Principalmente na Índia e Brasil, com base nos novos dados da ComScore.


Nesses países, para cada hora passada online, cerca de 18 minutos são num serviço Google.


Para ser exato, Google responde por quase 30% dos minutos online despendidos por uma pessoa no Brasil e quase 29% na Índia. Em terceiro lugar está a Irlanda, com 16%.


A média global costuma ser de 9,4%, que é ligeiramente maior do que nos Estados Unidos.


A liderança do Google sobre seus rivais no Brasil e na Índia em parte é resultado de uma anomalia: a sua rede social, o Orkut, que tem fracassado em praticamente todas as partes do mundo, é a número um nos dois países. Mas o Orkut é apenas uma parte dessa história.


No Brasil, Google captura quase 90% de todas as buscas, 71% do tempo gasto em mapas (comparado com apenas 42% nos Estados Unidos) e 43% do tempo passado em blogs (comparado com 30% entre os americanos).


Na Índia, ele responde por 88% das buscas, 64% dos mapas e 48% dos blogs.


Andrew Lipsman, diretor de análise do setor, da ComScore, diz que o predomínio do Google nesses países tem razões históricas. Para ele, embora em lados opostos do mundo, no caso da internet, Índia e Brasil se desenvolveram paralelamente.


‘Parte da explicação está no fato de que o Google surgiu em cena no momento em que esses mercados estavam se desenvolvendo’, diz ele. ‘À medida que o Google se tornou o instrumento de busca padrão, a marca se estendeu para os outros serviços.’


Naturalmente existem outros países onde o Google não conseguiu superar marcas locais – especialmente na China, o mercado de internet com o maior número de usuários, onde ele fica atrás do Baidu, e na Rússia, onde o Yandex é o instrumento de busca dominante.


Mas, globalmente, a Índia está em sétimo lugar, e o Brasil em nono, em termos de uso da internet. E são dois dos mercados que crescem com mais rapidez. Obviamente, esse crescimento é de bom augúrio para o Google, pois indica que ele ainda tem muito espaço para ampliar seu domínio nos Estados Unidos. E deixa claro como é grande o desafio para uma rival como a Microsoft competir globalmente com ele.’


 


 


LIVRO


Cristina Padiglione


Ele trocou TV por rádio. E se deu bem


‘Caçula dos três filhos de Paulo Machado de Carvalho (morto em 1992), Antonio Augusto Amaral de Carvalho, o Tuta, sempre insistiu para que o pai, importante dirigente esportivo, fundador de três rádios e, em 1953, da TV Record, registrasse suas memórias. Nunca conseguiu convencê-lo. Agora, 78 anos de vida e 60 de profissão feitos, o dono e idealizador da Rádio Jovem Pan resolveu ceder aos apelos dos herdeiros, que lhe cobram o mesmo legado. Hoje, Tuta autografa o livro Ninguém Faz Sucesso Sozinho (Ed. Escrituras, R$ 90,00), com prefácio de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni. O texto final é de José Nêumanne Pinto, chefe dos editorialistas do Jornal da Tarde, que transpôs para o papel (‘com mais charme’, avisa Tuta) um longo depoimento gravado por ele em 2007.


Em 432 páginas recheadas de fotos, fac-símiles de jornais e cartazes antigos, mais depoimentos de familiares e profissionais que há décadas acompanham A.A.A. de Carvalho, o leitor há de conhecer episódios de bastidores sobre futebol e histórias da lendária Equipe A (que Tuta integrava com o hoje novelista Manoel Carlos, o diretor Nilton Travesso e Raul Duarte, após o incêndio que minou as instalações originais da sede da Record no Aeroporto).


Foi da Equipe A que saíram programas até hoje usados como referência na criação televisiva, como Família Trapo (com Jô Soares e Ronald Golias), Jovem Guarda (com Roberto e Erasmo Carlos), O Fino da Bossa, (com Elis Regina e Jair Rodrigues), entre outros.


Avesso a microfones, holofotes e tudo o que possa movê-lo dos bastidores, Tuta conversou com o Estado num dos estúdios da Rádio Jovem Pan, por mais de uma hora, na última semana.


Quando o senhor começou o livro?


Em 2007. Depois a gente quer fazer o som, mas não audiobook. O Joseval (Peixoto, jornalista da Jovem Pan) fará a ligação com o que eu conto no livro, e aí entra, por exemplo, um áudio original do Getúlio Vargas falando. Ao falar de Copa, vamos botar (a narração) de gols e comentários da época.


Dos episódios relatados no livro, o que doeu relembrar?


Coisas chatas: Silvio Santos (que chegou a ser sócio dos Machado de Carvalho na Record), Milton Neves (ex-Jovem Pan) e o problema com o Di Gênio e a televisão (TV Jovem Pan UHF, canal 16, fundada por ele e João Carlos Di Gênio). Essa da televisão é terrível, porque frustrou um negócio que a gente estava preparando para dar um show. Aí ele começou a pegar no pé, falar que estava superfaturando, cobrando mais do que o normal, e não dava para continuar com um sócio assim.


Até quando o senhor esteve envolvido com a Record?


Fiquei até 1973. Mas tem uma porção de histórias que não contei no livro, como a do Frank Sinatra do 1º de abril. O fulano era igual ao Sinatra e o trouxemos para uma chácara que a gente tinha do lado da TV. Na hora do ensaio, baixaram a luz, ele entrou no cenário e cantou. A orquestra achou que era o Sinatra! A gente revelou (a farsa) logo depois do programa.


Dizem que quando o videoteipe chegou ao Brasil, o pessoal de TV ficou tão animado com o custo-benefício de gravar uma coisa em cima da outra, que nem se deu conta de estar apagando um acervo.


Mas foi obrigado a apagar, as fitas eram muito caras. Eu que tive que apagar na Record. Tinha 60, 70 programas da Família Trapo, O Fino da Bossa…


Quer dizer, não foi o incêndio que engoliu tudo, muita coisa foi apagada mesmo, como os gols do Pelé?


Não, os gols do Pelé não, isso foi embora no incêndio mesmo. Depois do incêndio é que foi a fase boa da Record. O incêndio abriu a chance de começar de novo. Não foi uma escolha fazer musicais, nada disso, foi necessidade: ‘A Elis fez sucesso? Pô, vamos tentar contratar a Elis’. Era assim que funcionava.


A Família Trapo também nasceu da necessidade de refazer a casa após o incêndio, não?


Foi minha ideia, seguindo a Lucy (I Love Lucy) e seriados americanos que retratavam a família. Nesse tempo a gente já era a Equipe A, e aí discutimos quem poderia estar no elenco. Depois pensamos: quem vai escrever? Fomos no Jô (Soares) e no Carlos Alberto de Nóbrega.


E agora, o que falta fazer?


Fazer outro livro (risos). Não tem nada que eu quisesse fazer e não fiz. A própria vinda para a rádio: a televisão é muito mais completa, mas no rádio você joga com a imaginação. O SBT já me procurou para pegar o Jornal da Manhã e jogar na TV. Não quero. Isso é um bom jornal para rádio, o sujeito está de camisa esporte, está à vontade, não tem nada a ver. Quer fazer o Jornal da Manhã na TV? Vamos fazer um outro jornal. E essa briga minha já é com os filhos, que o Tutinha fez lá o Pânico, que deu certo na TV (RedeTV!), mas eu digo: ‘isso é um humorístico, aqui a coisa é séria’.


E plano de fazer radiojornalismo no circuito FM, não tem?


É que o FM é mais privilegiado de som que o AM, mas isso eu devia ter pensado há 20 anos. Agora, aparecer uma oportunidade é difícil por causa das igrejas. A igreja paga 200 mil por mês para ter um canal desses. O cara que aluga faz um grande negócio, ele recebe limpinho, não tem dor de cabeça, nada. Agora, vale 200 mil? Não vale de jeito nenhum! Não dá para comparar com a gente. Antigamente, uma rádio custava US$ 2 ou 3 milhões, agora custa 10, 15, 20 milhões de dólares. Sabe quando eu tiro esse dinheiro? Nunca na vida.


Serviço


Ninguém Faz Sucesso Sozinho: A. A. A. de Carvalho – Tuta. Organização José Nêumanne Pinto. Escrituras Editora. 432 págs., R$ 90. Saraiva Megastore Higienópolis. Avenida Higienópolis, 618, telefone 3662-3060. Hoje, às 18 horas’


 


 


BIENAL


Roberta Pennafort


Rohter diz que reação à reportagem em que falou de Lula tem raiz cultural


‘A 14ª Bienal do Livro do Rio terminou ontem, com bom público e boas vendas (os números oficiais ainda não haviam sido divulgados quando do fechamento desta edição, mas a organização estimava 600 mil visitantes em 10 dias). O último fim de semana da feira costuma ser o mais movimentado, e nesta edição não foi diferente. No sábado, dia em que era impossível andar nos corredores com pressa, o público encheu o Café Literário para assistir à conversa entre o antropólogo brasileiro Roberto DaMatta e o jornalista norte-americano Larry Rohter.


Autor, além de importantes títulos na área das Ciências Sociais, de Tocquevillianas – Notícias da América (Rocco), DaMatta estudou e lecionou nos Estados Unidos dos anos 60 para cá; Rohter foi correspondente no Brasil da revista Newsweek e dos jornais The New York Times e The Washington Post, e publicou Deu No New York Times (Objetiva). Eles falaram sobre hábitos, racismo e democracia.


Rohter abordou brevemente o episódio em que se envolveu em 2004, ao escrever uma reportagem sobre o hábito de beber do presidente Lula (que, segundo ele, teria se tornado uma preocupação nacional). ‘É um exemplo de conflito cultural entre os dois países. Nos Estados Unidos, os funcionários públicos eleitos não têm vida privada. Isso não existe. Muitos brasileiros se ofenderam porque eu não respeitei a vida privada do presidente.’


Na sexta-feira, o mesmo Café Literário deu espaço a uma conversa sobre poesia. Ferreira Gullar, Eucanaã Ferraz e Claudia Roquette-Pinto discutiram as perspectivas para a poesia no século 21. ‘Não é possível ensinar a fazer poesia, assim como dizia Noel Rosa: samba não se aprende no colégio. O modo de lidar com a palavra é diferente. Eu recebo livros, leio três poemas e reconheço se ali existe um poeta ou não’, disse Ferreira Gullar.’


 


 


TELEVISÃO


Keila Jimenez


Sem baixas no CQC


‘A Band pretende amarrar os meninos do CQC com contratos mais longos. Em meio a tantos boatos de assédio da concorrência, a emissora resolveu acelerar o processo de renovação e aumentar a duração dos novos contratos dos sete integrantes do programa, que vencem em dezembro. A ideia na rede é fechar contratos de dois anos ou mais com cada um dos integrantes. Os acordos anteriores tiveram apenas um ano de duração.


A renovação do cabeça do CQC, Marcelo Tas, é a mais adiantada até agora. Danilo Gentile chegou a ser procurado pela Record, mas também deve ficar na Band, assim como Marco Luque, que despertou o interesse da Globo.


Os demais, apesar da boataria, não tiveram propostas concretas de nenhuma emissora. Resumindo: a trupe não deve se desfazer como andam espalhando por aí.


Para o comando da Cuatro Cabezas, produtora da atração, os integrantes do CQC são substituíveis, a exemplo do que aconteceu nas baixas do formato em outros países.


Na Band há quem acredite que se houver alguma perda, a vaga será preenchida com candidatos do concurso em andamento do CQC, que busca um oitavo integrante.’


 


 


 


 


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