Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

O Estado de S. Paulo

CINEMA & JORNALISMO
A.O. Scott

Jornalista avisa: vê filmes por você

‘Comecemos com alguns dados. No website Rottentomatoes, que quantifica as críticas de filmes numa escala de 1 a 100, Piratas do Caribe – O Baú da Morte está em 54ºlugar. No website Metacritic, que também reúne as análises dos críticos de cinema do país numa escala de 1 a 100, ocupou a 52ª posição. Em outras palavras, um grande fracasso de crítica.

Por outro lado, no boxofficemojo.com, onde o total de ingressos vendidos é catalogado diariamente, esta recém-lançada segunda parte da série Piratas do Caribe avançou para os primeiros lugares, quebrando recordes de bilheteria. O primeiro fim de semana rendeu US$ 136 milhões, a marca mais alta já registrada num período de três dias. Depois de 10 dias de exibição, o filme já contabilizava uma receita de US$ 258,2 milhões.

Tudo isso faz de O Baú da Morte uma fascinante continuação – não de Piratas do Caribe – A Maldição da Pérola Negra, o primeiro filme da série, lançado há três anos, mas, sim, de O Código Da Vinci. Para entender, retornemos ao mês de maio em Hollywood. Foi quando os mais importantes críticos americanos se aglomeraram nas salas de cinema em Cannes, Los Angeles e Nova York para assistir à adaptação feita por Ron Howard do livro de Dan Brown, saindo das sessões com uma espécie de acesso de mau humor coletivo. O filme, porém, rapidamente registrou uma das maiores receitas de fim de semana na história da Sony, estúdio que produziu o filme.

E então, pela segunda vez neste verão, eu e meus colegas críticos tivemos que responder à mesma pergunta, feita diversas vezes – e nem sempre educadamente: o que há de errado com vocês? No momento, contenho meu impulso de devolver a pergunta para o público freqüentador de cinema, que insiste em pagar para ver os filmes ruins que eu assisto de graça. E não acredito que o sucesso financeiro contradiga uma crítica negativa: mesmo faturando US$ 500 milhões até agora, O Baú da Morte ainda é um filme divertido em alguns momentos, na maior parte tedioso e excessivamente longo. Porém, esse desacordo entre o que os críticos acham e como o público se comporta é de interesse permanente porque coloca em relevo algumas questões básicas sobre gosto, economia e a natureza da diversão popular, e também, o que é ainda mais incômodo, para que servem os críticos.

Estamos em sintonia com o público? Por que temos que ficar farejando arte onde as pessoas estão procurando diversão? O que nos dá o direito de gritar ‘uma bomba!’ diante de uma sala de cinema repleta? Essa questão, formulada de várias formas, chega regularmente em nossos e-mails e é tema de muita discussão em blogs e websites de cinema. Todo mundo é crítico quando está online, e é assim que deve ser: prerrogativas profissionais à parte, o crítico na verdade é apenas aquele que pensa alto sobre alguma coisa com a qual se importa e discute com outros entusiastas do mesmo assunto. Mas é estúpido pretender que as prerrogativas profissionais não existem e que os outros não provocam em nós um certo ressentimento. Elites habilitadas, especialistas que se respeitam, pessoas com autoridade institucional ou intelectual, não se ajustam ao tipo de quem vai ver um filme antes de qualquer outra pessoa e depois se adianta a elas e deixa escapar o final: essas pessoas são alvos fáceis da ira popular. Afinal quem você pensa que é? Não existe resposta fácil para esta pergunta. A crítica de cinema – pelo menos como é praticada na imprensa semanal ou diária e dirigida ao público em geral – nunca foi um exercício especializado. Os filmes, mais do que qualquer outra forma de arte, são considerados propriedade cultural comum, algo que todos podem desfrutar, o que torna suspeita qualquer pretensão de que seja uma especialidade. Portanto, desde o princípio se estabeleceu um certo estranhamento entre nós e os outros ou, mais objetivamente, entre eu e você, para dizer de forma direta.

Essa cisão, sob certos aspectos, não é nada nova: basta ler as críticas no The New York Times de filmes como Top Gun, Crocodilo Dundee e Karatê Kid Parte II, para ver como alguns dos meus antecessores trataram esses três filmes que, há 20 anos, foram grandes sucessos de bilheteria. E essa divisão entre público e crítica também pode ser temporária. No ano passado, durante a fase da grande crise de bilheterias de 2005, todos nós gostamos muito de olhar com indiferença para a mediocridade das grandes ofertas dos estúdios.

Isso acabou. Qualquer coisa que essa crise tenha causado para o setor, o fato é que ela no momento está encerrada e os críticos retomaram seu papel de bode expiatório. O sucesso de bilheteria moderno – aquele filme que leva milhões de pessoas a entrar na fila para vê-lo na primeira semana de exibição – poderia ser entendido como a realização do ideal democrático para o qual os filmes foram destinados. Quem fica fora dessa experiência e, pior, a encara com ceticismo ou desdém, é um ranzinza, um revoltado, um esnobe.

E, assim, estamos condenados se não participarmos e, às vezes, também quando participamos. Quando nossos elogios vêem coroar os anúncios publicitários de um filme que o público achou detestável, parecemos uns parasitas ou cúmplices dos estúdios. Contudo isso seria verdade apenas se o trabalho do crítico fosse refletir, prever ou influenciar o gosto do público.

E esta é tarefa dos estúdios de Hollywood, especialmente dos seus departamentos de marketing e publicidade. E o crítico tem a obrigação profissional de ficar longe desses interesses, para ser independente.

As companhias gastam milhões para convencê-lo de que o lançamento de um filme é um acontecimento público, uma experiência cultural da qual você desejará participar. Às vezes funciona e outras não, mas o julgamento dos críticos quase nunca faz a diferença, pelo menos no caso de filmes com enormes orçamentos e destinados à massa.

E então, por que fazer a crítica desses filmes? Por que não deixar que o mercado faça o seu trabalho e que o público se divirta e nós, os críticos, fiquemos com a informação especializada – a arte – que aparentemente preferimos? A resposta óbvia é que arte, ou pelo menos o sentimento de prazer, admiração e surpresa que associamos com arte, freqüentemente está fora do comércio e o crítico quer estar por perto para comemorar quando ela existe e lamentar quando não. Uma resposta mais profunda é que o nosso amor pelos filmes às vezes se manifesta como desconfiança das pessoas que os produzem e os comercializam e até das pessoas que os assistem. Levamos o entretenimento muito a sério, o que significa que não vamos ao cinema por diversão, nem por dinheiro, mas por você.’



INTERNET
Carla Miranda

Mapa põe Prefeitura na era digital

‘O bairro do Morumbi, dentro dele, o estádio, no estádio, o campo, no campo, o símbolo do São Paulo. Tudo visto de cima, com esse grau de precisão, num mapa digital da cidade. Uma diversão para quem gosta de localizar sua casa em programas como o Google Earth – que fornece as imagens com menos detalhe, dependendo se você quer ver Nova York ou São Paulo – e para os que usam sistemas de localização como o GPS.

Não são poucos. Cada vez mais pessoas procuram, na capital, provedores de internet sem fio para ter acesso a um número crescente de serviços online. Na verdade, o mapa digital de São Paulo chega para recuperar a defasagem em relação a metrópoles como a própria Nova York ou Tóquio.

Para a administração municipal, a importância é especialmente maior. Ter o mapa significa poder fiscalizar e gerenciar melhor um território de 1.500 quilômetros quadrados.

Alguém construiu a mais do que o permitido em determinada região da cidade? A Prefeitura vai descobrir. Estão sendo feitas novas invasões em áreas de manancial das Represas Billings e Guarapiranga? Isso também não vai escapar. O mapa é uma ferramenta que, se bem utilizada, pode servir até para descobrir em que áreas é preciso fazer mais escolas e postos de saúde. É um grau de fiscalização difícil quando o mapa que se tem é da década de 70, época em que a capital tinha 6 milhões de habitantes, e não 11 milhões.

A produção do mapa teve início em 2003, com a contratação de um consórcio com quatro empresas, que dividiram a cidade em lotes e iniciaram o trabalho no ano seguinte. Elas fizeram seis meses de sobrevôos para produzir imagens, que foram sobrepostas para montar o mapa com todos os elementos, como casas e prédios públicos e suas respectivas alturas.

Noventa por cento do mapeamento está pronto e o que pode ser visto é de uma definição sem igual. Se o Google Earth já impressiona ao mostrar ruas e a marca dos prédios, no mapa municipal dá para ver cães ao lado de piscinas em mansões do Morumbi ou guaritas de segurança na casa de banqueiros.

Com isso, surgiu outro problema: que nível de acesso oferecer ao público em geral e o que só poderá ser liberado somente para órgãos públicos, concessionárias de água e luz, por exemplo, e entidades? ‘Estamos estudando quais informações possibilitaremos aos usuários externos, até por questões de segurança e privacidade’, explica o secretário de Planejamento, Francisco Vidal Luna. ‘No ano que vem, vamos tornar disponível o mapa às pessoas.’

No total, o sistema vai custar R$ 25 milhões, 10% de recursos da Prefeitura e o restante do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A cada ano, a Prefeitura deve refazer as fotos de 20% da cidade, renovando o mapa a cada cinco anos.

Uma vez pronta a parte física do mapa, vem o trabalho de inteligência e gestão, para organizar nele toda a vida pública da cidade. É justamente nessa parte que está o grande desafio para a administração pública, segundo Marcos Rodrigues, professor de Geoprocessamento da Escola Politécnica (Poli) da USP e ex-consultor da ONU no setor para países como Chile e Cuba.

‘É muito bom ter o mapa. Fala-se nisso desde a gestão Olavo Setúbal, no fim dos anos 70’, observa Rodrigues. ‘O grande perigo é gastar tudo isso e depois não ter robustez administrativa para atualizá-lo. Não só em termos de imagens, mas também de informações.’

Outra questão, segundo ele, é que a Prefeitura está entrando agora numa área em que o setor privado está bem à frente, sejam empresas que criam e vendem esses mapas digitais, sejam as concessionárias. ‘As empresas podem adotar o mapa público desde que seja bom e atualizado. Seria uma boa aposta para a Prefeitura, que conseguiria se consolidar como referência.’

PONTOS DE VISITA

Recém-chegado de uma temporada de estudos nos Estados Unidos, o consultor de empresas Gustavo Arruda, de 27 anos, acostumou-se a ver a Nova York digital. Com ajuda dos mapas do Google, localizava com facilidade pontos que precisava visitar. ‘Era só isolar uma área da cidade e procurar, por exemplo, os restaurantes chineses na região. Tudo útil e rápido.’

Ao voltar para São Paulo, há dez dias, começou a fazer isso também por aqui. No domingo, por exemplo, calculou com a ajuda do Google Earth quantos quilômetros fez de caminhada entre o flat onde está morando, em Moema, e o Parque do Ibirapuera. ‘Também calculei quanto vai dar do meu novo apartamento até o parque, o Shopping Ibirapuera e o Aeroporto de Congonhas.’

MAPA METROPOLITANO

Em fevereiro, a Secretaria Estadual de Economia e Planejamento começou um trabalho em conjunto com entidades e outros órgãos para unificar o sistema cartográfico das regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas e Baixada Santista. O Sistema de Informações Geográficas para o Planejamento Metropolitano (Sigplam) trará recortes territoriais, além de informações socioeconômicas, urbanísticas e ambientais. Também estarão marcados os principais equipamentos urbanos.

Com o Sigplam, o governo poderá identificar carências e potencialidades de cada área. Também terá como promover a troca de informações entre os diversos órgãos, para planejar melhor as ações e até evitar que mantenham projetos conflitantes ou semelhantes demais.

Saiba mais: www.maplink.com.br; www.apontador.com.br;

http://earth.google.com; http://local.google.com



CENSURA & HISTÓRIA
Jonathan Jones

Galileu preso. Perdem ciência e arte

‘Em 1643, o Parlamento britânico, na guerra que movia contra o rei Carlos I, aprovou uma lei para controlar os livros. John Milton ficou furioso e escreveu seu tratado Aeropagitica defendendo a liberdade de expressão. Ele cita um exemplo real de um ‘imprimatur’ (permissão para publicar) papal – uma das quatro licenças papais que aparecem no início do livro de Galileu Galilei, Diálogo sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo. Como sabia Milton, os imprimaturs sancionando o livro de Galileu acabaram não significando nada. Pouco depois de o livro ser publicado, em 1632, Galileu foi julgado, em Roma, pela Inquisição, ameaçado de tortura, e aterrorizado para recuar de sua defesa da teoria herética de que a Terra gira em torno do Sol.

Milton conhecia esses fatos por ter se encontrado com Galileu, ‘envelhecido, prisioneiro da Inquisição por pensar na astronomia de maneira diferente do que pensavam os licenciadores franciscanos e dominicanos.’ Conversando com Galileu e com outros autores italianos, ele se orgulhou de saber que eles viam a Inglaterra como uma terra de liberdade, e ficou perturbado por sua análise sombria ‘da condição servil a que fora levado o ensino entre eles; que fora isso que havia sufocado a glória do engenho italiano.’

A afirmação de Milton de que censura e religião mataram a Renascença Italiana contrasta com a disposição de intelectuais modernos de duvidar da democracia, e mesmo invejar os que vivem em regimes totalitários. Nos anos 1970, escritores ocidentais se perguntavam em voz alta se a censura não seria um incentivo para romancistas e poetas checos. Hoje, hesitamos em defender a liberdade de expressão inequivocamente e respeitamos seus inimigos religiosos.

A questão é que Milton estava certo. A Renascença italiana foi morta pela Contra-Reforma. Este é um exemplo histórico perturbador do que pode acontecer quando a religião consegue seus intentos. Mas para ver isto, precisamos observar como o próprio Galileu era um homem da Renascença – não um cientista árido, mas um formado pela arte da Renascença Italiana.

Galileu foi a primeira pessoa a praticar o método científico, nunca aceitando uma teoria antes de ela ser confirmada pelo experimento. No século 16, Copérnico formulara a hipótese de que em vez de ser o centro do universo, a Terra girava em torno do Sol. Copérnico, porém, não ofereceu evidências, que só apareceram no século 17, quando Galileu construiu um telescópio – não o primeiro, mas o melhor existente – e o virou para o céu. Ele descobriu então coisas sensacionais: que a lua tem uma superfície irregular como a da Terra, desmentindo a crença medieval de que os corpos celestes são ‘perfeitos’; que Júpiter tem luas, sugerindo que a Terra, com sua lua, é apenas um planeta comum.

As implicações subversivas das observações de Galileu são óbvias. Depois de publicar seu relatório ilustrado O Mensageiro das Estrelas, em 1610, ele teve que trabalhar em diálogo com a Igreja. Era tão famoso que negociou nas instâncias mais altas. Galileu recebeu permissão – contestada em seu julgamento – para explicar a teoria de Copérnico, desde que não a endossasse. Em 1632, escreveu o seu Diálogo, também, de uma maneira que obedece formalmente à Igreja, apresentando a visão de Copérnico pela boca de um narrador que é contestado por um paladino do ‘design’ inteligente de Deus. E no entanto, suas verdadeiras crenças brilham intensamente através dele. O defensor da filosofia sancionada pela Igreja é chamado de Simplício (‘simplório’); o livro que jogou a Inquisição sobre Galileu é um ato de transgressão deliberada, destilando desprezo.

Na Itália da Renascença, não havia separação entre arte e ciência. Os artistas estavam na linha de frente da pesquisa científica. Leonardo da Vinci capitaneou o experimento um século antes de Galileu, e mesmo antecipou, sem um telescópio, sua observação de que a lua é iluminada pela luz refletida pela Terra. A ciência de Galileu é ela própria visual. Qual é sua grande inovação? O uso do telescópio. Ele colocou a observação visual no centro da ciência. Seu livro O Mensageiro das Estrelas conta suas descobertas em imagens, com gravuras da lua baseadas em aquarelas de Galileu.

Galileu era um amante da arte – e quando compareceu diante da Inquisição, em 1633, foi acusado por outros amantes da arte. A centralidade de sua história para o mundo da Roma barroca foi censurada da história cultural. Galileu foi enfrentado pela família Barberini, patrões de Bernini, do estilo arrebatado e florido do barroco. Maffeo Barberini, o papa Urbano VIII, contratou os excessos de Bernini que dão o toque final do interior da Catedral de São Pedro

Quando Galileu foi silenciado, isto poderia ser visto como o triunfo da maneira barroca de ver o mundo sobre a tradição científica da Renascença. Observem a arte barroca romana sob essa ótica. O Êxtase de Santa Teresa de Bernini é uma imagem do universo: aqueles raios de luz dourada que descem do céu manifestam uma verdade divina que irradia evidências inconvenientes.

A Roma barroca é fantástica mas ela matou a arte italiana. A efervescência de Bernini não levou a parte alguma. A arte barroca se desprende da natureza e, por um momento, isto é libertador – mas compare-a à Renascença, e é um retrocesso.

Uma exceção é Caravaggio, que morreu pouco antes do aparecimento de O Mensageiro das Estrelas. Sua arte está curiosamente conectada à ciência de Galileu. Caravaggio reafirma, em sua arte impressionante, a descrição científica renascentista da natureza. Caravaggio ajuda a entender como os cristãos se sentiam quando Galileu provou que a Terra não era nada de especial. Em seu Menino Mordido por um Lagarto exposto na National Gallery, de Londres, um garoto de rua está investigando algum fruto. O reflexo de – aparentemente – uma janela e uma porta no vaso de vidro alude à ótica, e me faz pensar em telescópios. A curiosidade do garoto leva a uma descoberta desagradável. Não posso deixar de ver o garoto como um cientista, um investigador da natureza. Ele explora o mundo real de coisas tangíveis, como Galileu – e descobre algo que o faz se encolher em dor e horror.

Em 1633, a Itália se encolheu temendo as evidências de Galileu de que a Terra não estava parada no centro do universo, que os corpos celestes não eram perfeitos, que tudo levava a crer que nosso mundo era apenas um corpo celeste entre outros. Hoje, o conhecimento com que se defronta a visão religiosa do mundo é ainda mais desestabilizador, mas vivemos numa nova idade barroca de afirmação religiosa extravagante e violenta. Temos lições a tirar da maneira como a religião, tal como Milton a percebia, ‘havia sufocado a glória do engenho italiano.’

TRADUÇÃO DE CELSO M. PACIORNIK’



PUBLICIDADE
Cleide Silva

Dunga substitui Parreira até como garoto-propaganda na TV

‘O técnico da seleção brasileira deve ganhar uma bolada para fazer uma campanha publicitária. Dunga, escolhido na segunda-feira pela Federação Brasileira de Futebol (CBF) para o cargo já estreou como garoto-propaganda da General Motors do Brasil, mas perdeu a primeira chance de engordar sua conta bancária. O filme foi gravado no fim de maio, quando o capitão da seleção tetracampeã de 1994 ainda era visto apenas como exemplo e incentivador do time que decepcionou o País ao ser eliminado da última Copa.

O filme da campanha da GM começou a ser veiculado na quinta-feira à noite. Com o tradicional gesto feito com as mãos quando comemorava seus gols, ele apela aos consumidores: ‘Tem que comprar, tem que comprar’, após a apresentação das ofertas de modelos da marca. Já o ex-técnico Parreira sumiu do ar na propaganda da Golden Cross assim que a seleção perdeu o jogo para a França, ainda nas quartas de final do campeonato na Alemanha.

Segundo a agência Lew,Lara, responsável pela campanha da Golden Cross, estava previsto em contrato que o filme ficaria no ar enquanto a seleção estivesse na disputa. A campanha atual da empresa de plano de saúde é institucional e não tem nenhuma celebridade.

O gerente de marketing regional da GM, Rodrigo Rumi, afirma que o então ex-jogador Dunga foi escolhido para dar seqüência a uma campanha da marca por ser ‘sinônimo de força, liderança e garra’, atributos que a empresa quer relacionar aos seus produtos.

Os primeiros filmes com a participação de Dunga foram ao ar em junho e trazia alternadamente ele, a apresentadora Daniela Cicarelli, Adriane Galisteu, seu namorado e jogador Roger e a ex-participante do Big Brother Brasil Mariana.

‘Agora vamos explorar mais a imagem do Dunga e aproveitamos cenas gravadas só com ele’, diz Carlos Leão, diretor-geral da Salles Chemistri. Também foi feita uma adaptação na narração inicial do filme, que passou a ser: ‘Momento Chevrolet apresenta o novo técnico da seleção e a melhor seleção de ofertas desse fim de semana.’

‘Nem nós nem ninguém imaginava que Dunga seria convidado para assumir a posição de técnico’, afirma Leão, que estuda se vai manter a campanha no ar por mais tempo. Ele não revela valores e nem em quanto o passe de Dunga na publicidade foi valorizado agora que está à frente da seleção. ‘O cachê de uma celebridade está relacionado ao grau de evidência do momento’, diz o executivo.

Rumi admite que a montadora vai explorar o bom momento do novo técnico com o ‘bom momento que a General Motors vive’ no País. Esta semana, a companhia anunciou que obteve lucro nas operações brasileiras no primeiro semestre, o que não ocorria desde 1997. O presidente da montadora, Ray Young, não revela números, mas informa que o Brasil deu sua colaboração para os resultados na companhia na divisão América Latina/África do Sul e Oriente Médio, que fechou a primeira metade do ano com lucro de US$ 212 milhões, quase quatro vezes mais que os US$ 56 milhões obtidos no mesmo período de 2005.

As vendas de veículos da marca no mercado brasileira cresceram 13% ante o ano passado. Mas a GM segue em terceiro lugar no ranking do mercado nacional, atrás da Fiat e da Volkswagen.’

Dan Milmo

Marcas na gangorra do sucesso

‘Google cresce e chega aonde Kodak já chegou e caiu

O Google está desafiando a fama global da Coca-Cola e da Microsoft, e se converteu na marca de crescimento mais rápido do mundo apenas oito anos depois de ter sido criado numa garagem da Califórnia.

O mecanismo de busca tem contestado a visão cética de altos e baixos das empresas de risco de internet e agora suplanta baluartes da velha mídia, como Sony, MTV e Reuters em renome mundial, segundo a Interbrand, a consultoria de marcas. A empresa, no valor de US$ 117 bilhões, ocupa o 24º lugar no ranking da Interbrand, um ano após ter entrado pela primeira vez na lista das 100 mais.

Indo na direção contrária está a Gap, marca igualmente onipresente que tem sido tolhida pelas vendas fracas e por uma imagem tão inócua como camisas pólo de cores pastel. Decaiu na lista das 50 mais, na direção oposta de marcas como Gucci e Louis Vuitton. Estes nomes alimentam um verniz de exclusividade, enquanto a Gap caiu na comparação com as rivais.

O prognóstico para a imagem é ainda mais sombrio para a Kodak, que tem sido levada pelas mesmas forças que empurraram o Google à fama: a mídia digital. A divisão de fotografia da Kodak foi devastada pela ascensão da câmera digital, o que a obrigou a cortar dezenas de milhares de empregos desde 2000.

Desde então, adotou o mundo digital, mas tarde demais para recuperar os lucros ante uma concorrência acirrada – daí sua queda para o número 70 da lista.’



TELEVISÃO
Leila Reis

O peso do sexo falado

‘As Páginas da Vida escritas todas as noites no vídeo da Globo estão esquentando a discussão sobre sexo na TV. O strip-tease de Ana Paula Arósio na lua-de- mel e o depoimento real da mulher sobre seu primeiro orgasmo ao fim de um capítulo foram pretexto para uma caudalosa centimetragem em revistas, jornais e sites sobre os excessos da TV. Nessa esteira surgem dedos apontando para outras produções. A novela das 7, Cobras & Lagartos, também entrou na mira por causa do sexo selvagem de Leona (Carolina Dieckmann) com Estêvão (Henri Castelli) ou Duda (Daniel Oliveira).

Essa movimentação provocada pelas novelas de Manoel Carlos e João Emanuel Carneiro é recorrente no Brasil. Ciclicamente o assunto vem à tona, sempre empurrado por um fato qualquer, respaldado por um exagero ou deslize. A sensação é de que só nessa hora uma parte da audiência se dá conta da abrangência da TV e presta atenção no poder do veículo que ocupa hoje lugar privilegiado dentro de 98% dos lares brasileiros (dado do IBGE).

Como alerta o sociólogo Renato Janine Ribeiro, no Brasil há ‘uma enorme valorização do enfoque moral, que no caso da sexualidade geralmente produz um discurso moralista’. E que no caso da TV, ‘a crítica aos excessos se concentra na exibição do nu feminino e na referência a relações sexuais pré ou extra conjugais’. É verdade, mas com uma diferença.

No caso da novela das 9, mais do que tomadas dos seios nus de Ana Paula Arósio ou da derrière de Edson Celulari, o que incomodou foi o discurso, o sexo falado.

Se fosse tirado o som do depoimento da mulher (negra e de quase 70 anos) no fim do capítulo de Páginas da Vida, perfeitamente se poderia supor que ela estivesse falando de assuntos graves como religião, dado o recato do visual e postura. Será que isso foi o mais chocante? Pode ser que tivesse passado batido se o discurso estivesse na boca de uma… Monique Evans.

O fato é que o texto não combinou com a personagem. Mais do que contar uma experiência pessoal, a depoente jogou na cara do público a possibilidade de existir uma sexualidade feliz na vida da mulher idosa. No caso da personagem de Ana Paula Arósio, mais do que a performance de stripper, as falas carregadas de sensualidade na alcova é que parecem ter mexido com os valores morais do telespectador.

O curioso é que o público não demonstra esta sensibilidade para deslizes cometidos pela TV em outros campos, como no caso da exploração da violência. Ninguém colocou reparo na carnavalização que os programas vespertinos e noticiários fizeram por ocasião dos ataques criminosos à polícia e ônibus em São Paulo. Não houve quem se sensibilizasse com o tratamento que a TV deu à libertação do menino Bruno, de 6 anos, vítima de seqüestro.

As câmeras da Globo chegaram ao cativeiro onde estava o garoto junto com a polícia e não se limitaram a registrar o fato. Disposta a espichar mais e mais a emoção, a televisão invadiu como não podia a intimidade da criança e da família (com o consentimento dela, claro).

Não bastasse fazer com que o menino repetisse várias vezes o que sentiu quando estava em poder dos criminosos, entrevistou todos os membros da família. O Fantástico entrou na casa para mostrar a fileira de presentes de aniversário que esperavam por Bruno e o transformou em ator, fazendo-o pilotar sua moto nova.

Daí que se pode concluir que, na cartilha moral vigente, o peso do sexo é maior do que o da violência.’

Sérgio Augusto

O suflê das 8 e suas (in)conseqüências

‘Novela de televisão é assim: começa com uma hora de atraso (faz tempo que a das oito só entra no ar às 21 h) e o fio de sua meada está sempre disponível. A perda de alguns capítulos não afeta o seu acompanhamento, pois o domínio da ‘ars embromatoria’ é um dos requisitos básicos do telenovelismo. E se a embromação não der conta do recado, ainda restam as sinopses disponíveis em jornais e na internet, de tal modo aperfeiçoadas que agora não só podemos saber tudo o que aconteceu nos capítulos perdidos mas também o que está por vir.

Em Páginas da Vida, a nova novela das oito, Marta (Lilia Cabral) já descobriu que a filha, Nanda (Fernanda Vasconcellos), está grávida de gêmeos. Nanda morrerá de parto, deixando um filho (Fernando) ‘normal’, que será aceito pela avó, e uma filha (Clara) com Síndrome de Down, rejeitada por Marta e adotada por Helena (Regina Duarte), que, por sua vez, cairá nos braços de um médico infectologista recém-chegado da África (Marcos Paulo). Para os braços do viúvo Tide (Tarcísio Meira) está reservada uma artista plástica, interpretada por Sonia Braga. Silvio, o marido milico de Olivia encarnado por Edson Celulari, vai largar sua insaciável mulherzinha e ‘sair do armário’. O que acontecerá com a fogosa Carmen (Natalia do Vale), nem o autor da novela, Manoel Carlos, sabe ao certo, mas eu adoraria que lhe coubesse um destaque compatível com o show que a bela e talentosa Natalia vem dando desde o primeiro capítulo.

Novela de televisão é assim: você fica longe delas anos a fio e, quando retoma contato, verifica que nenhuma evolução sofreram. Talvez seja demais pedir que elas evoluam, mas algumas, ainda que pequenas, mudanças em suas convenções narrativas já seriam um alívio. Menos previsíveis e mais impermeáveis a clichês, na certa ampliariam o seu espectro de telespectadores cativos. Mas como burlar as convenções de um gênero que deu (e continua dando) certo? Cadê disposição (ou coragem) para banir de vez com todos aqueles longos, langorosos e enfadonhos flashbacks, aquelas encheções de lingüiça, geralmente embaladas por musaks melosas e mais freqüentes ainda nos dias de baixa audiência, como sábados e feriados? Disposição até pode haver, por parte de um e outro autor, mas não lhes cabe impor limites à caitituagem dos temas musicais acertada com a Som Livre, que monopoliza o negócio das trilhas sonoras globais.

Nesse pormenor, a liberdade do autor se restringe à escolha do repertório. E não são todos os novelistas que a ela têm direito. Manoel Carlos tem e dela costuma fazer bom uso. Todas as noites, Páginas da Vida já entra no ar fazendo 1 x 0, ao som de uma obra-prima, senão a obra-prima, de Tom Jobim, Wave, e um sortimento de imagens da zona sul do Rio que chegam a doer de tão bonitas.

Manoel Carlos é um novelista singular. E não apenas por ser o mais francamente feminista da TV e por ter feito do Leblon o que Woody Allen fez de Manhattan: o seu ‘locus dramaticus’ predileto. Sua fixação no nome Helena e seu xodó pelas atrizes Regina Duarte (já em sua quarta Helena) e Natalia do Vale (encarnando mais uma mulher com fogo no rabo) pouco o distinguiriam, já que fixações, predileções e uma stock company de atores quase todos os novelistas da Globo têm. Mas sente-se, aqui e ali, que ele é mais letrado e piedoso (no sentido de ter mais compaixão pelos personagens) e bem menos suscetível ao facilitário maniqueísta que seus colegas de ofício. Seus personagens ‘negativos’ não chegam a ser vilões genuínos, nem seus supostos anjos usam asas.

Há um quê de bufônico nos primeiros, que lhes ameniza a vileza e os humaniza – sendo Marta e os cúpidos genros de Tide os exemplos mais ilustrativos dessa visão complacente do mundinho de invejas, injustiças e desleal concorrência em que vivemos. E o que o humor não abranda, a psicologia tenta justificar: Ana (Deborah Evelyn) e Sandra (Danielle Winits) são duas mulheres espiritualmente danificadas por frustrações com as quais não aprenderam a lidar. No caso de Ana, o sonho de uma carreira de bailarina, que ela transferiu para a filha, sem lhe medir as danosas conseqüências. No caso de Sandra, um Complexo de Cinderela que, se o autor ceder ao lugar-comum, será superado nos capítulos finais, embora Sandra não mereça tamanha colher-de-chá (e muito menos a turbinada e canastrona Danielle Winits).

Conseguirá Maneco transgredir os chavões da espécie, as telenolevices de sempre? Difícil. O folhetim televisivo tem regras intocáveis, tabus dramatúrgicos e narrativos que, se profanados, também provocam erupções vulcânicas e furacões, não em ilhas dos mares do Sul, mas no ibope e na cúpula global. Daí as repetições e desdobramentos de situações e personagens ou ‘reencarnações’, para usar a expressão preferida por Jotabê Medeiros numa esclarecedora reportagem sobre a mesmice das novelas, publicada no caderno TV&Lazer, do Estado, de domingo passado. Se até em formas mais nobres de dramaturgia, como o cinema e o teatro, quase nada se perde, quase tudo se transforma, nas telenovelas, vassalas irrestritas dos índices de audiência e do merchandising, a reciclagem à Lavoisier tornou-se uma rotina compulsória.

Até agora, a única novidade de Páginas da Vida revelou-se um tremendo bumerangue. Em seu afã realista, que a meu ver não combina com o estilo derramado do diretor Jayme Monjardim, Manoel Carlos inventou de reforçar cada capítulo com uma página da vida de ‘mulheres do povo’, apêndice mais redundante e populista do que propriamente enriquecedor, e que se revelou contraproducente antes mesmo de ir ao ar o polêmico depoimento daquela mulher de 68 anos que teve o primeiro orgasmo aos 45. Três dias antes, a audiência caíra 13,6% na hora do depoimento.

A força da família, e não o sexo, é ou procura ser o grande tema de Páginas da Vida. A ênfase desmedida e, portanto, apelativa ao sexo (Olívia, a personagem de Ana Paula Arósio, parece uma gata no cio), deve ser, a meu ver, tributada à direção. Como é sabido, com o tempo, o ‘merchandising social’ de Manoel Carlos começará a roer as páginas da vida como as traças, pelas beiradas. Problemas de alcoolismo (aos do Bira, o marido corneado de Carmen, se somarão os do desencantado médico encarnado por Marcos Paulo), bulimia (a trágica conseqüência da repressiva educação imposta por Ana a Giselle) e a Síndrome de Down deverão tornar-se mais relevantes e presentes que o furor uterino de Olívia, Sandra e Carmen. Se mal dosada, essa preponderância pode tornar a novela edificante, logo, um porre. Portanto, o mais difícil, para Maneco, ainda está por vir.

Se Monjardim não contiver sua tendência a sublinhar o insublinhável e persistir em deixar sem freio suas atrizes mais exibicionistas e careteiras (Ana Paula, Danielle; Fernanda Vasconcellos em breve sairá de cena), o suflê desanda de vez. Mas há descompassos que só Manoel Carlos pode resolver. Por exemplo, reelaborar alguns personagens, para evitar que as personagens femininas continuem, em sua maioria, chatas e repressoras, e seus respectivos maridos, amantes, namorados ou pretendentes um bando de panacas e cretinos. Do contrário, Páginas da Vida terá de mudar seu título para Vida Apertada ou Pafúncio e Marocas.

Suflê. Não mais do que isso é uma telenovela. Com ocasionais surtos de utilidade pública, é verdade, mas basicamente um suflê. Uns sobem mais do que outros; muitos acabam murchando. Bang-Bang, por exemplo, saiu do forno com a espessura de um brownie. Tentou ser diferente (mas desde Matar ou Correr e Pistoleiro Bossa-Nova que chanchadas ambientadas no velho Oeste não são novidades por estas bandas) e, por absoluta inépcia coletiva, foi um fiasco dos mais constrangedores da Globo, a ponto de afetar a audiência do Jornal Nacional. Transcender as limitações da novela não está ao alcance dos teledramaturgos em atividade, não porque lhes faltem a chispa e a imaginação necessárias, mas porque o peso do veículo e seus quase pétreos compromissos com a publicidade e a preguiça mental de sua clientela não lhes permitem vôos sequer medianamente ambiciosos. Avanços, só tecnológicos.

Ainda não tomei coragem de verificar o quanto do talento de Bosco Brasil, autor de Novas Diretrizes em Tempo de Paz, uma das peças brasileiras mais brilhantes das últimas décadas, logrou interferir na telenovela Bicho do Mato, que há pouco entrou no ar na Record. O que Luiz Carlos Merten escreveu sobre os primeiros capítulos, no TV&Lazer da semana passada, não me animou. Não sei até quando terei ânimo para acompanhar, noite sim, noite não, as estripulias de Páginas da Vida.

Se não me trai a memória, a última novela a que fui fiel do princípio ao fim (ou quase isso) foi Dancing Days. Acho que já dedico muito tempo a alguns seriados americanos (C.S.I., Law and Order S.V.U., House, Crossing Jordan, Monk), escapismo que não considero desperdício, pois realmente me divertem, relaxam e ensinam mais coisas (biologia, medicina legal, anatomia, direito, nanotecnologia e até espertos truques de roteiro) do que a maioria dos filmes produzidos por Hollywood. Detalhes fundamentais: duram apenas 44 minutos, contam uma história completa e, como cada episódio é repetido pelo menos três vezes na semana, nem a horários rígidos eles nos escravizam.

Outro detalhe fundamental: seus produtores andam preocupados em aprimorar seus atrativos, melhorar-lhes o nível, torná-los mais criativos, inteligentes, com intrigas mais complicadas, cheias de personagens interagindo como num filme de Robert Altman. Se isso não é ir contra o ramerrão televisivo e a modorrenta sensibilidade das massas, podem me chamar de George Kaplan. A NBC prepara Kidnapped, em torno do seqüestro do filho adolescente de um casal rico de Manhattan, sem tentar ‘humanizar’ a alta burguesia nova-iorquina. Em Vanished, a mulher de um senador desaparece e…(só a Fox sabe do resto). Nove pessoas que nunca se viram antes são interligadas para sempre por um rapto – eis o plot de The Nine, produção da ABC. Outros estranhos conectados pelo acaso em Nova York são os protagonistas de Six Degrees, também da ABC. Com Smith, a CBS entra na concorrência, oferecendo um festival de falcatruas em todos os cantos dos EUA, cometidas por um seleto grupo de gênios do crime. ‘Um intricado suspense pós-apocalíptico’ é como a CBS descreve Jericho, telessérie naturalmente inspirada nas bíblicas muralhas de Jericó.

A que se deve essa guinada pró-qualidade? Segundo consta, a pressões da internet. Cobranças nesse sentido têm congestionado a blogosfera. Sítios e mais sítios dedicados ao culto e à discussão de teledramas proliferam na grande infovia, como spams do bem. Quem sabe nossos novelistas não teriam um futuro mais promissor se as emissoras daqui deixassem de confiar única e cegamente nos índices de audiência e na bajulação das revistas e portais de fuxicos.’

Keila Jimenez

Dentro do armário

‘De olho em um público diferente do seu alvo principal, o canal pago For Man, voltado para audiência homossexual, está mudando sua programação. Lança agora duas novas sessões de filmes: uma aos domingos, às 22 horas, abrindo espaço para longas de conteúdo bissexual e transexual. A outra, às quintas-feiras, trará filmes do acervo do canal heterossexual Sexy Hot.

A mudança tem como base uma pesquisa realizada pelo instituto Ipsos sobre a audiência do canal no primeiro semestre deste ano. Nela, ficou constatado que 98% do público do For Man é composto por homens. Até aí, nenhuma novidade. No entanto, boa parte desses homens, 23%, não se declara homossexual. De duas uma: ou não saíram do armário ou o canal tem uma significativa audiência de fato heterossexual.

A mesma pesquisa mostra que 60% dos compradores de filmes avulsos do For Man demonstram interesse pelos dois tipos de conteúdo, o homo e o heterossexual. Os dados apontam ainda que há um perfil de homem, com idade entre 25 e 34 anos, que mora sozinho e se declara bissexual, com interesse comprovado no novo For Man.

entre-linhas

Os três finalistas do Prêmio Avon Color de Maquiagem este ano na categoria televisão são: Hoje É Dia de Maria 2, Sítio do Pica-Pau Amarelo e Casseta & Planeta Urgente!.

O publicitário Antônio Rosa Netto assumiu a superintendência comercial da RedeTV!. O mais interessante é que mesmo assumindo a nova função, Netto não se desliga da antiga: ele faz parte da equipe da Dainet Multimídia, empresa de consultoria de marketing, internet e mídia que tem entre os seus clientes o SBT.

Dunga mal assumiu o comando da Seleção e o Esporte Espetacular de amanhã já mostra uma bela ‘xeretada’ que deu na vida do craque. Entre as histórias colhidas em Ijuí, no Rio Grande do Sul, descobriram que quando Dunga foi negociado para o Internacional, um dos dirigentes do Inter disse que o jogador deveria emagrecer 20 kg… e ele conseguiu! Até a mãe do novo técnico, dona Maria Verri, contou segredinhos do filho.

Corrigindo: o filme da Grande Família, que ia estrear em outubro, ficou para janeiro de 2007.

Silvio Santos deve gravar neste fim de semana o reality show Topa ou não Topa (Deal or not Deal), que adquiriu da Endemol Globo e que tem previsão de estréia já no mês que vem.

Falando em reality show, Dancing with the Stars, que deve estrear em setembro no SBT, tem nome provisório de Dançando por um Sonho.’



******************

Clique nos links abaixo para acessar os textos do final de semana selecionados para a seção Entre Aspas.

Folha de S. Paulo

Folha de S. Paulo

O Estado de S. Paulo

O Globo

Carta Capital

No Mínimo

Comunique-se

Último Segundo