Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

O rádio precisa de força e amor à causa

Falar sobre os problemas do rádio e da necessidade de luta pela sua valorização e pela geração de qualidade às vezes nos parecem medidas inócuas e fora do contexto do que quer a sociedade. Nossa luta parece deslocada dos interesses de nossa sociedade, que não se revolta perante o que se passa em um meio de comunicação que tem importância primordial no contexto da comunicação e que vem sendo tratado com completa inoperância pelos personagens que podiam empreender modificações e gerar qualidade para o bem de quem procura este meio para se divertir, saber das notícias e dizer o que pensa dos problemas que vem enfrentando. A completa falta de interesse da sociedade pelo rádio e pelos que dele fazem parte acaba promovendo um pouco de desânimo que acaba sendo renovado quando recebemos mensagens de apoio à nossa luta, que certamente não será em vão e um dia será reconhecida.

A situação por que vem passando nosso rádio precisa de luta ferrenha e de muita garra para ser suplantada, pois grande parte dos seus problemas seriam facilmente resolvidos se houvesse incentivo ao processo de coesão dos usuários do meio rádio em prol de um processo de respeito ao usuário como consumidor e como cidadão. É urgente que se leve o debate sobre os problemas que o rádio enfrenta para todos os locais em que a sociedade se concentra como associações, movimentos populares, partidos políticos e agremiações em geral. O rádio merece ser debatido, precisa ser questionado, os problemas precisam ser apontados claramente para gerar um processo de estabelecimento de soluções a curto e longo prazo.

Sucateamento e submissão

O grande problema para a melhoria do rádio tem sido a atitude completamente desinteressado dos que se dizem proprietários deste meio e da falta de compromisso político das autoridades responsáveis pelo setor neste momento. O rádio tem problemas que não podem ser ocultados para que tenhamos de maneira firme oportunidade de saber as nuances do meio e gerar mecanismos de soluções que façam com que este meio tenha conquista de outros segmentos da sociedade e possa ter viabilidade econômica e atratividade em termos de emprego, utilização e viabilidade midiática. O rádio tem de ter espaços nos outros meios de comunicação, pois há muito a se dizer sobre este meio de comunicação provando sua importância e garantindo a construção de uma comunicação democrática e questionadora.

A possibilidade da presença do rádio digital em nosso país vai suscitar mudanças neste meio de comunicação, pois não adianta nada ter qualidade técnica sem qualidade nas mensagens. O espaço do rádio precisa ser aproveitado para gerar cidadania, respeito aos indivíduos e geração de participação dos usuários em busca de uma sociedade melhor e mais justa. O rádio precisa de apoio, vontade de crescimento e união de todos os setores que lidam direta ou indiretamente com este meio de comunicação. O processo de sucateamento do rádio e sua submissão aos interesses econômicos, políticos e religiosos continuam a fazer parte do processo organizativo deste meio de comunicação e acabam gerando pouca atratividade profissional e geração de poucos programas de qualidade com produção, texto e emissões de qualidade em termos de mensagem.

Comunicação eficaz e adequada

É preciso que os que coordenam emissoras gerem espaços para ouvir as opiniões e os interesses dos seus usuários para compreender como a mensagem radiofônica está chegando aos lares. Sabemos que o povo ouve rádio em todos os lugares, mas não existem pesquisas que procurem definir o perfil dos ouvintes, seus interesses e os desejos do povo em ouvir rádio. O meio rádio precisa desenvolver cumplicidade com os ouvintes criando mecanismos fortes de ação em busca de uma programação que atenda claramente os interesses de seus usuários. É inaceitável que o rádio procure cassar o direito de crítica dos ouvintes sobre o meio de comunicação e sobre as mensagens por eles hoje emitida. O rádio precisa ser aberto aos interesses dos que o ouvem e precisa garantir espaços para críticas, debates e sugestões para um programação de qualidade tanto em termos técnicos quanto de pensamento.

É importante que haja um processo de organização da sociedade em busca do rádio cidadão, criativo, verdadeiro, sério e que procure atender as necessidades de seu público para gerar processos de uma comunicação eficaz e adequada aos processos de mudança de uma sociedade que precisa avançar sempre.

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Vice-presidente da Associação de Ouvintes de Rádio do Ceará, Fortaleza, CE