Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

O universo feminino na mídia

Quem pensar que revista feminina repleta de anúncios e notícias, que ditam modas, conceitos e padrões estéticos, seja coisa apenas dos dias atuais, estará redondamente enganado. Segundo a professora Leoní Serpa, pesquisadora em Comunicação Social da Faculdade de Pato Branco (Fadep), esse paralelo entre imagem e comportamento feminino foi traçado, no Brasil, durante o período republicano conhecido como Estado Novo. Mais precisamente pelo jornalista Assis Chateaubriand, proprietário de diversos veículos de comunicação de massa na época.

Leoní Serpa, que é jornalista e mestre em História Regional pela Universidade Federal de Passo Fundo (RS), observou a presença da mulher na revista O Cruzeiro, usando como recorte o período compreendido entre os anos de 1928 e 1945, e transformou sua dissertação de mestrado no livro A máscara da modernidade: a mulher na revista O Cruzeiro (1928-1965)‘, cuja segunda edição é lançada agora. Como o próprio nome da obra faz refletir, a autora encontrou retratada nas páginas da publicação semanal a formação de uma ‘máscara’ do universo feminino que ainda é muito utilizada até os nossos dias. A mesma que serviu para caracterizar uma determinada imagem da sociedade brasileira, em que esta mulher se encaixasse e fosse sua representação. A pesquisadora foi ao início da constituição da moderna sociedade urbana brasileira para resgatar valores, símbolos e normas que propagassem uma versão ‘verde-e-amarela’ do padrão hollywoodiano de beleza física e de comportamento.

Do Paraná ao Maranhão

De 30 de maio a 2 de junho, acontecerá em São Luís, no Maranhão, o 4º Encontro de História da Mídia, que reunirá professores, pesquisadores, profissionais e estudantes de Comunicação Social de diversos estados e é promovido pela Rede Alfredo de Carvalho para o Resgate da Memória da Imprensa Brasileira (Rede Alçar), coordenado pela Associação Maranhense de Imprensa (AMI) e a Faculdade de São Luís, o Centro Universitário do Maranhão (Uniceuma) e a Universidade Federal do Maranhão (UFMA). A jornalista paranaense apresentará sua pesquisa na mesa ‘História do Jornalismo – Em torno de processos memoráveis’ no dia 2 de junho, das 8h às 10h, sob a coordenação da pesquisadora Herica Lene, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Leoní Serpa se juntará, em São Luís, a outros pesquisadores em comunicação social que se propõem a desvendar um pouco da história do Brasil a partir do resgate da história do jornalismo. No total, 249 trabalhos estão inscritos no encontro. ‘Vejo a divulgação dos estudos acadêmicos como uma forma de contribuir com a própria investigação e história da imprensa brasileira. Há inúmeras pesquisas importantes para a produção científica e até artística que, por falta de apoio, não saem dos muros da academia e esses conhecimentos se restringem a preencher espaços nas bibliotecas da área’, fala Leoní.

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Jornalista