Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1280

Protestos por um julgamento justo no caso Hrant Dink

Centenas de manifestantes se reuniram na segunda-feira (1/10) em frente ao tribunal em Istambul onde são julgados os acusados pela morte do jornalista turco de origem armênia Hrant Dink. Muitos carregavam cartazes com os dizeres ‘Somos todos testemunhas. Queremos justiça’.

Editor do jornal Agos, Dink foi assassinado a tiros em frente a seu escritório, em janeiro deste ano. Um jovem de 17 anos confessou o crime, e 19 suspeitos são julgados por participação. A União Européia, que em 2005 deu início a negociações para a entrada da Turquia no bloco, vê o caso do jornalista como um teste crucial para um sistema judiciário acusado com freqüência de parcialidade política.

Os advogados de acusação expressam temor de que não haja um julgamento justo. Eles alegam que o assassinato não foi investigado corretamente e dizem ter preocupações com o possível envolvimento, no tribunal, do chamado ‘Estado profundo’ turco. O termo é utilizado para descrever ultranacionalistas membros das forças de segurança e burocráticas do país que têm o poder de subverter as leis em nome de seus objetivos políticos.

Conversa telefônica

No fim de semana, o jornal liberal Radikal publicou a transcrição de uma conversa entre um dos suspeitos pela morte de Dink e um policial, duas horas depois do crime. Pelo diálogo, o policial estaria a par do plano para assassinar o jornalista. O Ministério do Interior abriu inquérito para analisar a conversa telefônica. Diversos policiais, entre eles o chefe da inteligência da polícia em Istambul, foram demitidos ou transferidos para outros cargos por suspeita de irregularidades na investigação do caso.

Dink irritava nacionalistas turcos com seus comentários sobre o massacre de armênios pelo Império Turco Otomano durante a Primeira Guerra Mundial, que classificava de ‘genocídio’. O assunto é considerado tabu no país, e pode levar a ações legais pelo controverso artigo 301 do código penal, que proíbe ‘insultar a identidade turca’. Informações de Mustafa Yukselbaba [Reuters, 1/10/07].