Tuesday, 16 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

Silvana Arantes

‘Para festejar o primeiro ano no ar pelo Canal Brasil, o ‘É Tudo Verdade’ retoma hoje o filme de sua edição inaugural: ‘Chico Antônio, Um Herói com Caráter’ (1984), de Eduardo Escorel.


O título será exibido em dobradinha com ‘Libertários’ (1978), de Lauro Escorel, irmão de Eduardo.


Segundo o Canal Brasil, nesses 12 meses, o ‘É Tudo Verdade’ entrou para o rol dos cinco programas mais vistos de sua grade.


O reconhecimento do espectador à atração é tão somente uma questão de justiça.


Clássicos do documentarismo brasileiro e produções atuais passaram a desfilar regularmente pela tela da TV, num diálogo que ajuda a radiografar a história do gênero que é hoje o mais instigante do cinema nacional.


A curadoria é de Amir Labaki, que também apresenta o programa. Autoridade no assunto, Labaki é o fundador do Festival Internacional de Documentários ‘É Tudo Verdade’, que vai pela sua décima edição.


Além de entrevistas com importantes realizadores brasileiros, o programa levou ao ar em seu primeiro ano títulos indispensáveis como ‘Garrincha, a Alegria do Povo’ (1963), de Joaquim Pedro de Andrade (1932-1988).


Para os próximos 12 meses, Labaki espera incrementar a participação de títulos inéditos em cinema e TV, como alcançou com a estréia no programa de ‘Rua de Mão Dupla’, de Cao Guimarães.


O curador negocia, entre outros, a exibição de ‘Ao Redor do Brasil’ (1932). Trata-se de um título do major Luiz Thomaz Reis (1878-1940).


Ao lado do marechal Rondon na exploração do território brasileiro, o major Reis produziu cenas inestimáveis do documentarismo nacional.


Que essas imagens deixem de ser um segredo entre poucos cinéfilos será um serviço do ‘É Tudo Verdade’ à cultura do país.’



PÁGINAS DA VIDA


Keila Jimenez


‘Novela das 9 abordará aids ‘, copyright O Estado de S. Paulo, 26/10/05


‘Manoel Carlos se prepara para tratar de um assunto delicado em sua próxima novela da Globo, Páginas da Vida: aids. Esse seria mais um merchandising social ou apenas mais um tema polêmico abordado em um folhetim se não fosse o envolvimento do autor com o assunto. Maneco perdeu em 1988 um filho, Ricardo, vítima da doença.


O autor avisa que a abordagem dada ao assunto no enredo – que estréia em 2006 – não terá nada diretamente ligado ao seu drama pessoal, mas, por outro lado, assume que uma perda assim muda o jeito de as pessoas enxergarem as coisas.


‘Não pretendo na trama nem sequer me aproximar das circunstâncias em que meu filho contraiu a doença e morreu, mas, uma morte assim ensina também muitas coisas. Principalmente sobre amor e perdão. Pretendo enfocar em cima desses dois sentimentos a doença na novela’, relata Manoel Carlos ao Estado. Ele ainda não definiu qual personagem viverá o drama no folhetim.


‘A trama trará uma história de amor e a aids estará presente. Será uma história humana e sincera sobre a doença’, fala ele. ‘Não pensei ainda qual será o personagem, mas sei que será um homem, por volta dos 30.’


O autor conta que não quer apenas que o assunto seja tratado como um merchandising social e acredita que o público brasileiro está pronto para ver a aids ser tratada nas novelas abertamente.


‘A aids está esquecida e tem dado às pessoas uma falsa idéia de segurança. Os coquetéis estão sendo eficazes, mas é uma ilusão acreditar que eles resolvam a questão. Não se pode baixar a guarda’, fala o autor. ‘E acho que se pode construir uma história cativante ao redor da doença, para que ela seja compreendida, sem a necessidade de enfiar o dedo na cara das pessoas e enchê-las de conselhos.’’



REDE TV!


Keila Jimenez


‘MPF quer cassar concessão da Rede TV! ‘, copyright O Estado de S. Paulo, 25/10/05


‘O Ministério Público Federal entrou ontem com uma ação civil pública pedindo a cassação da concessão da RedeTV! A ação, ajuizada em parceria com ONGs que defendem os direitos dos homossexuais, acusa a emissora de homofobia e de desrespeito aos direitos humanos no quadro Pegadinhas do programa Tarde Quente, de João Kléber.


Segundo o procurador regional dos Direitos do Cidadão, Sergio Suiama, antes de o caso ser levado à Justiça, a direção da emissora foi convidada a firmar um termo de ajustamento de conduta, proposta rejeitada pelo Jurídico da rede.


‘TV é uma concessão pública e pode ser cassada, sim, se não respeitar os valores éticos das pessoas, se pregar o preconceito ou se humilhar os cidadãos’, falou o procurador.


Além da cassação da concessão, o MPF pede ainda que a Justiça conceda uma liminar suspendendo a exibição do Tarde Quente e fazendo que a Rede TV! exiba no mesmo horário, durante 60 dias, programas sobre direitos humanos e discriminação sexual. Essas atrações funcionariam como uma espécie de direito de resposta das ONGs e sua produção seria bancada pela emissora.


A ação ainda prevê que, se condenados, a RedeTV! e João Kléber sejam obrigados a pagar uma indenização por dano moral coletivo no valor de R$ 20 milhões – o equivalente a 10% do faturamento bruto anual da emissora. O MPF também notificará nos próximos dias as Lojas Marabraz, empresa que patrocina o programa, pedindo que a marca pare de investir na atração.


‘Caso a Marabraz não concorde em suspender o patrocínio, podemos entrar com uma ação contra a empresa por dar suporte material a esse tipo de atração’, disse Suiama.


Segundo o superintendente Jurídico da RedeTV!, Dennis Munhoz, a emissora ainda não recebeu nenhuma notificação e considera a ação do MPF um exagero.


‘Não se pode cassar uma concessão de uma TV por causa de um programa. Estamos dispostos a conversar e até a tirar a atração do ar se necessário’, disse ele.


João Kléber não quis se manifestar sobre o assunto.


Por meio de nota oficial, a empresa Lojas Marabraz informa que a questão suscitada pelo MPF faz que sua direção estude a revisão do patrocínio concedido.’



RADIODIFUSÃO


Renato Cruz


‘Estudo mostra fragilidade da radiodifusão ‘, copyright O Estado de S. Paulo, 25/10/05


‘A Telebrasil, associação que reúne fabricantes e operadoras de telecomunicações, apresentou ontem, antes da abertura do evento Futurecom, em Florianópolis, sugestões para aperfeiçoar o modelo das comunicações no Brasil, adequando-o ao ambiente de convergência de meios. Um dos pontos importantes destacados pelo estudo foi a fragilidade do setor de radiodifusão (rádio e televisão aberta) frente às telecomunicações. ‘Cada setor busca a captura de mercado de outros segmentos’, disse Renato Navarro Guerreiro, ex-presidente da Anatel, cuja consultoria foi contratada, ao lado da Accenture, para elaborar o estudo, que traça um panorama até 2015.


Em 2004, o setor de comunicação (que inclui telefonias fixa e móvel, TV paga e radiodifusão) faturou R$ 39 bilhões no Brasil. Do total, a radiodifusão respondeu por somente 7%. Em outros países, a rádio e a TV aberta têm uma fatia maior do bolo. Nos EUA são 12%, no Reino Unido, 9%, e na Coréia do Sul, 20%, para citar alguns exemplos. Isso, apesar de o brasileiro assistir em média a 5 horas diárias de TV, mais que os espectadores em outros países analisados.


‘Para a TV brasileira, em 2015, nada vai mudar’, afirmou o consultor jurídico da Diretoria de Relações Institucionais das Organizações Globo, José Francisco de Araújo Lima. Ele explicou que a TV aberta não joga o jogo da convergência, por ser unidirecional. ‘O que é preciso, e que o ministro Hélio Costa está fazendo, é que se acelere a digitalização. E não abrimos mão da mobilidade.’


Para ele, devem ser criados mecanismos para defender o conteúdo nacional e evitar a concorrência aberta das telecomunicações, que têm menos exigências legais, com a radiodifusão. Lima também defendeu a Proposta de Emenda Constitucional do Senador Maguito Vilela (PMDB-GO), que quer estender a restrição de 30% de capital estrangeiro, existente para a radiodifusão, aos mercados de internet e de conteúdo de TV paga e de celular.


O discurso de Lima foi mais ameno do que tem sido ouvido dos radiodifusores em outros foros. O presidente do Grupo Bandeirantes, Johnny Saad, chegou a afirmar, durante o evento SET 2005, realizado em São Paulo no mês passado, que jornalista que fala em convergência ‘trabalha para operadoras de telecomunicações’.


A força política dos radiodifusores, combinada à sua fragilidade econômica frente aos gigantes globais das telecomunicações, pode emperrar qualquer tentativa de ajustar o modelo atual à convergência, se a situação não for bem negociada. Entre as propostas apresentadas pela Telebrasil estão o fortalecimento da agência reguladora, para que possa reunir telecomunicações e radiodifusão; a simplificação das outorgas, que englobariam vários serviços e tecnologias; políticas para atender às classes baixas e para ampliar a telefonia rural, esquecida no modelo atual; e a transformação do País em centro exportador de conteúdo e software.’


LÍNGUA PORTUGUESA


Eduardo Fradkin


‘MEC lança Instituto de língua portuguesa’, copyright O Globo, 26/10/05


‘Foi o escritor Fernando Pessoa que proclamou: ‘minha pátria é minha língua’. Em Brasília, o Ministério da Educação fez suas (com sotaque brasileiro) as palavras do poeta lusitano. Para divulgar no exterior a nossa variante do idioma – e, por tabela, nossa pátria – o MEC alinhavou o projeto de um instituto internacional.


Batizado Instituto Machado de Assis, o organismo é presidido por uma comissão de lingüistas, o que talvez explique a extensão incomum de seu nome: Comissão Para Definição da Política de Ensino-Aprendizagem, Pesquisa e Promoção da Língua Portuguesa.


Presidente do grupo de nome prolixo, o escritor Godofredo de Oliveira Neto lembra que as duas entidades mais conhecidas a se ocupar de objetivos semelhantes não são brasileiras.


– O Instituto Camões é português e o Instituto Internacional de Língua Portuguesa, da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), é sediado em Cabo Verde. A variante brasileira não tem um organismo próprio e o merece por ser riquíssima, abarcando influências de povos europeus, africanos e indígenas. Neste mês, quando visitou Portugal, o presidente Lula assinou a carta de intenção que deu início ao instituto – conta Neto.


A verba necessária para a entidade ainda é desconhecida. O orçamento é estudado pela comissão. A localização tampouco foi decidida. Segundo Neto, poderá haver representações em diversos estados do país. As metas do instituto, contudo, já foram assentadas.


Instituto poderá patrocinar atividades culturais


– O instituto tem por finalidade coordenar cursos de língua portuguesa do Brasil no exterior, acompanhar as atividades dos centros culturais brasileiros fora do país e apoiar ações que propaguem a cultura brasileira. Num estágio avançado, poderia até patrocinar atividades culturais – enuncia Neto.


Também poderá passar a ser atribuição do instituto a elaboração e aplicação de exames para a obtenção do Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros (Celpe).


– Há postos de aplicação dessa prova em 30 países. O governo tem parcerias com muitas universidades renomadas, como a de Harvard e a de Sorbonne, onde são feitos exames do Celpe. Aproveitando essas parcerias, poderíamos instalar unidades do Instituto Machado de Assis nessas universidades. Num estágio inicial, serão as embaixadas que acolherão as unidades – explica.


Atualmente, funcionam nas embaixadas os CEBs, centros de estudos brasileiros, que concentram material didático. Os centros dariam lugar a filiais do instituto com o aval do Ministério das Relações Exteriores. Mas falta apresentar o projeto. Neto afirma que isso será feito até dezembro.’


PLAYBOY


Folha de S. Paulo


‘Ensaio da ‘Playboy’ gera polêmica em Ribeirão Preto ‘, copyright Folha de S. Paulo, 25/10/05


‘O Ministério Público Estadual vai investigar a colaboração do governo de Welson Gasparini (PSDB) em Ribeirão Preto para um ensaio fotográfico em que cinco mulheres aparecem nuas na edição da revista ‘Playboy’, da editora Abril, de outubro.


O ensaio feito em junho exibe fotos de uma das modelos no Jardim Japonês do Bosque Municipal. Também foram utilizados como cenário o Teatro de Arena, Teatro Municipal, Theatro Pedro 2º e a praça 15 de Novembro.


A prefeitura foi consultada pela revista em 25 de junho e autorizou a realização das fotos, dois dias depois. O ensaio traz o agradecimento à administração. Dois servidores foram mencionados pela ‘Playboy’: Jorge Oliveira, secretário da Casa Civil, e Gustavo Nonino, diretor do bosque.


Para o promotor Sebastião Sérgio da Silveira, a administração errou ao divulgar a nudez nas páginas da revista. ‘Cabe uma ação por ofensa ao princípio da moralidade, principalmente porque denigre a imagem da cidade’, afirmou. Ele abriu inquérito civil ontem e vai enviar ofício para que a prefeitura explique como ocorreu o ensaio e qual a participação do governo Gasparini nele.


A principal polêmica do caso, revelada pelo jornal ‘Gazeta de Ribeirão’, é o fato de que três das meninas freqüentam casas de shows eróticos. Marcos Gonçalves, um dos donos da New Fantasy, uma das casas, informou que três delas costumam ir ao local.


De acordo com Jorge Oliveira, secretário da Casa Civil, a prefeitura desconhecia o fato de as modelos freqüentarem boates de striptease. ‘A única coisa que eles pediram foi autorização para fazer fotos nos locais públicos, mas não havia necessidade de pedir.’


Em nota, a ‘Playboy’ informou que as modelos foram selecionadas entre 7.500 candidatas inscritas no site da revista. A revista disse não saber da ligação de três das escolhidas com casas noturnas.’