Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Sotaques estrangeiros ganham espaço

Embora personalidades com sotaques estrangeiros sejam comum no entretenimento e na política americanos – como Antonio Banderas e Arnold Schwarzenegger –, em noticiários de TV não há muito espaço para elas. Algumas, no entanto, conseguem quebrar esta barreira. A apresentadora María Celeste Arrarás nasceu em Porto Rico e é a queridinha dos noticiários em espanhol dos EUA. A jornalista já recebeu um Emmy e é apresentadora do Al Rojo Vivo con María Celeste, programa de entretenimento e notícias no canal Telemundo – comprado em 2002 pela NBC. Com um inglês fluente, mas com sotaque espanhol, ela apresentou o Today na NBC, nas edições do dia 23/6 e 7/7.

O produtor-executivo do Today, Jim Bell, observou que durante a apresentação de María na televisão, a audiência aumentou. ‘Eu me sinto confortável ao vivo na TV, mas estava preocupada com o sotaque. O público me recebeu muito bem’, disse. Mesmo os latinos sendo o maior grupo minoritário nos EUA – com quase metade deles falando espanhol como primeira língua –, é surpreendente que María não tenha apresentado o telejornal anteriormente.

Isto se deve ao fato de que ainda há preconceito contra estrangeiros nos EUA. Soar como não-americano pode prejudicar carreiras e processos contra discriminação a sotaques estão sendo abertos recentemente. Emissoras de TV, entretanto, estão começando a se conscientizar de que apresentadores com sotaques podem atrair novos telespectadores, em um momento de queda de audiência televisiva. ‘Cada ano que passa, há mais aceitação por parte dos proprietários das emissoras, que querem refletir mais a cultura da comunidade’, observou Dennis Wharton, porta-voz da National Association of Broadcasters, associação que representa emissoras de televisão e rádio nos EUA. ‘Chegou a hora de nos identificarmos com a realidade da nossa cultura hoje’, opinou Don Browne, presidente da emissora Telemundo.

Alguns sotaques são mais bem aceitos que outros – como o britânico, considerado sofisticado por muitos americanos. Mas até pouco tempo, o sotaque espanhol só era visto em comédias e era muito criticado em outros gêneros de programa. Há cinco anos, a repórter colombiana Claudia Trejos apresentou um programa de esportes no fim de semana em uma emissora afiliada da WB e recebeu diversas críticas. Muitas das mensagens pediam que ela ‘voltasse para o México’. Hoje, Claudia trabalha para a ESPN em Miami – tanto no canal em inglês quanto em espanhol – e revela que notou uma incrível mudança de atitude por parte do público e de colegas da profissão. ‘É engraçado porque continuo a mesma, com o mesmo inglês’, afirmou. Informações de Mireya Navarro [The New York Times, 23/7/06].