Tuesday, 19 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

Um guia para escrever melhor

‘O diamante é um pedaço de carvão que saiu bem sob pressão.’ (Anônimo)

A frase passou de boca em boca, caiu no gosto do povo e virou sabedoria popular: escrever exige 10% de inspiração e 90% de transpiração. Sim, senhor, escrever é trabalho árduo, equivalente ao do ourives. Textos passam por processos de lapidação como os diamantes. São cortados, aumentados, transformados, virados pelo avesso, amassados, condensados. O texto, como o diamante, só brilha depois de muito apanhar.

O ourives do texto é o próprio autor. Ele trabalha sobre o diamante bruto das redações. Nas grandes editoras, há o especialista contratado para ler os originais, apontar erros gramaticais, incongruências e problemas de estilo. Até autores consagrados submetem-se a ele.

Estudantes, jornalistas, advogados, executivos e outros profissionais que usam a escrita no dia-a-dia não costumam ter editores por perto. Eles próprios atuam como ourives. Lêem, relêem e reescrevem dissertações, reportagens, teses, petições, e-mails, relatórios, documentos. Embora não se destine ao grande público, a mensagem precisa chegar às mãos dos chefes, professores e clientes com correção, clareza e objetividade.

Conciso, objetivo… e sedutor

Este livro se destina aos que querem melhorar os textos. Eles encontrarão instrumentos de aprimoramento das técnicas de redação. Passar a limpo é a segunda etapa do processo de criação. Muitos autores acreditam até que o verdadeiro trabalho começa depois de concluída a primeira fase.

É o momento de cortar, ajustar, mudar, adaptar, transformar, amassar, socar, chacoalhar. Sempre é possível encontrar uma palavra mais específica, uma estrutura mais precisa, uma frase mais objetiva. O potencial de melhoria do texto, de qualquer texto, é infinito.

Mas como saber quando e onde mexer? Este livro serve de guia. Nele, apresentamos roteiro de elementos lógicos, estilísticos e gramaticais que comprometem a qualidade da produção e indicamos soluções. Melhorar o texto significa deixá-lo conciso, objetivo, claro e… sedutor. Em suma, eficaz – garantia de que o recado chegará sem ruídos ao destinatário.

Locuções, gramática e ciladas

Escrever melhor tem três partes. Na primeira, explicamos o que é editar. Não se trata de corrigir erros gramaticais como pode parecer à primeira vista. Passar a limpo é reescrever o original para torná-lo fiel à idéia do autor. São comuns os casos de profissionais desesperados diante da tela em branco do computador: ‘Não consigo dizer o que quero!’, esbravejam.

Nós os ajudaremos. Apontamos os defeitos mais comuns e indicamos soluções. Entre os recursos de edição estão desde a substituição de locuções por apenas um termo até a organização dos parágrafos.

A segunda parte traz conteúdos gramaticais de apoio. Um deles é a pontuação. Afinal, a primeira dica para tornar a frase objetiva e clara é deixá-la mais curta com o uso de pontos. Tratamos ainda de verbos e pronomes, dois temas cheios de manhas.

Na rabeira, trazemos ciladas da língua capazes de nocautear até renomados autores. É o caso da crase, que não foi feita para humilhar ninguém, mas responde por mil trapalhadas. Finalmente, sugerimos modelos editados segundo as técnicas apresentadas nos capítulos anteriores.

Bom proveito.

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Dad é editora de Opinião do Correio Braziliense, comentarista da TV Brasília e professora de edição de textos do Centro Universitário de Brasília, assina a coluna ‘Dicas de Português’, publicada em 15 jornais do país, é formada em Letras pela Universidade de Brasília e tem especialização em Lingüística e mestrado em Teoria da Literatura; Arlete é jornalista e analista de política brasileira do Consulado Geral dos Estados Unidos em São Paulo, trabalhou na revista Veja e nos jornais O Estado de S.Paulo e Correio Braziliense