Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Um livro para admiradores e inimigos

[do release da editora]

Colaborador dos jornais Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo, comentarista da TV Globo e um dos fundadores do Pasquim, o carioca Paulo Francis (1930-1997) está na lista dos mais influentes jornalistas brasileiros de todos os tempos. Dono de vasta cultura, talento especial para a polêmica e de um estilo seco e objetivo, modernizou a linguagem jornalística. Toda essa trajetória agora poderá ser acompanhada no livro Paulo Francis – Polemista Profissional, escrito por Paulo Eduardo Nogueira e editado pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo. O lançamento acontece no dia 28 de abril, às 18h30, na Livraria da Vila – Rua Fradique Coutinho, 915.

‘De Botafogo a Manhattan’, já no primeiro capítulo, resume a trajetória de Francis, desde sua convivência com o pai frio e distante, e sua mãe, a quem era muito ligado. Aos 14 anos, Francis sofre o grande choque de sua vida: a perda da mãe por complicações pós-parto do terceiro filho.

Entre idas e vindas, tornou-se crítico teatral da Revista da Semana. A experiência durou poucos meses, por falta de estrutura, e na seqüência Francis estava no Diário Carioca. Em 1959, convidado por Samuel Wainer, transferiu-se para a Última Hora onde rapidamente assumiu a coluna política da nobre terceira página. A partir de então, Francis passou por diversos veículos.

O percurso ideológico

Amado ou odiado, desempenhou papel importantíssimo no período duro de combate à ditadura militar – depois do AI-5, passou quatro ‘temporadas’ na prisão. O livro destaca sua participação na criação do Pasquim, em 1969, um dos mais revolucionários veículos brasileiros, e sua mudança para Nova York, em 1971. A partir de 1975, passou a escrever exclusivamente para a Folha de S.Paulo e, cinco anos mais tarde, foi contratado pela Rede Globo. Em 1990, agitou o mercado jornalístico ao se transferir para o Estado de S. Paulo. Três anos depois inaugurou o Manhattan Connection, programa que teve várias formações no decorrer dos anos e está no ar até hoje pelo canal GNT.

Suas polêmicas com artistas, políticos ou intelectuais – algumas delas antológicas – não deixavam ninguém indiferente. O segundo capítulo, ‘De Lacerda a Mogadon’, relata algumas delas, como as que teve com Tônia Carrero, Paulo Autran, Caetano Veloso, Eduardo Suplicy e com o então ombudsman da Folha, Caio Túlio Costa.

‘De cabeça em cabeça’, o terceiro capítulo, se concentra no Paulo Francis escritor, detalhando os livros que escreveu. ‘Do trotskismo ao conservadorismo’ radiografa seu percurso ideológico. A parte final do livro traz um ensaio fotográfico de Francis, produzido por Bob Wolfenson na década de 1990.

Sobre o autor

Paulo Eduardo Nogueira é jornalista. Publicou seus primeiros artigos na edição brasileira da revista Rolling Stone, em 1972. Fez carreira nos grupos Folha, Estado e Abril. Foi chefe de reportagem da Agência Folhas, editor-assistente de internacional da revista Veja e editor de Internacional do Estado de S. Paulo, onde trabalhou com Francis por sete anos. Atualmente, é editor-executivo da revista Scientific American Brasil.

Para produzir a obra, recorreu a pessoas muito próximas de Francis, como a mulher, Sônia Nolasco, e os jornalistas Lucas Mendes e Sérgio Augusto. ‘É um livro que pode ser lido tanto pelos admiradores quanto pelos inimigos – e ele os tinha, ambos, às pencas. E as novas gerações que agora chegam à idade adulta terão acesso a uma figura da qual muito ouviram falar, mas não tiveram contato mais direto’, afirma o autor Paulo Eduardo Nogueira.