Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Cibele Santos

MERCADO DE MÍDIA / EUA

“Lideradas pela AOL Time Warner, gigantes da indústria cresceram 6,3% em 2002”, copyright Meio e Mensagem (www.mmonline.com.br), 25/08/03

“As cem maiores empresas de mídia dos Estados Unidos agregaram receita líquida de US$ 195,12 bilhões em 2002, o que representou crescimento de 6,3% em relação ao ano anterior. Os números do 24? relatório anual 100 Leading Media Companies, publicado na semana passada por Advertising Age, são um claro sinal da lenta recuperação da indústria após a crise que, em 2001, gerou crescimento de apenas 1,8% – o pior índice desde a recessão de 1991, quando a receita geral recuou 0,27%.

O relatório considera apenas as empresas de distribuição de mídia sustentadas por publicidade, excluindo as receitas de cinema, produção de TV, imprensa institucional e páginas amarelas.

Um indicador da alta concentração da mídia do país é o fato de as Top 23 do ranking, lideradas pela AOL Time Warner, contribuíram com 82% (US$ 159,33 bilhões) da receita total. A líder reportou receita de US$ 28,63 bilhões (ganho de 9,3%), dos quais, metade (US$ 14,19 bilhões) veio dos serviços de TV a cabo (avanço de 12,3%). A Viacom subiu da terceira posição em 2001 para o segundo lugar da lista de 2002, com receita de US$ 16,3 bilhões (aumento de 5,1%), seguida por Comcast Corp. (US$ 15,6 bilhões) e Walt Disney Co. (US$ 9,8 bilhões).

Entre as Top 100, os maiores avanços foram da Yahoo! Inc. (n? 40), com 35,7%; Court TV (n? 100), com 35,4%; e Reader?s Digest Association (n? 34), com 30,1%. As de pior resultado foram Terra Lycos (n? 94), com recuo de 34,2%); e as britânicas United Business Media (n? 69), com 28,2%, e Reed Elsevier (n? 49), com 24,2%.

Fusões e aquisições

Em 2002, as aquisições contribuíram pouco para o crescimento da mídia, mas ao que tudo indica este ano será diferente: a Liberty Media Corp., que possui 50% da Court TV (n? 100), está comprando os outros 50% da AOL Time Warner; a franco-americana Vivendi Universal SA (n? 26) deverá decidir nesta semana a venda da Vivendi Universal Entertainment, proprietária das redes USA Network, Sci-Fi Channel e Trio; e a News Corp. (n? 7) só espera a aprovação da Federal Communications Commission para assumir o controle da DirecTV (n? 8).

Além disso, se a decisão da FCC de ampliar os atuais limites de propriedade de mídia no País for aprovada no segundo semestre, é muito provável que as redes abertas de TV entrem numa corrida para incorporar mais estações. O plano, entretanto, está sendo atacado pelo Congresso (que quer reverter a medida), pelo presidente Bush (que pode vetar a liberação) e ainda terá de passar pelo crivo do Senado.”

“Gastos com anúncio sobem 6,8% nos EUA”, copyright Folha de S. Paulo, 31/08/03

“Os gastos com anúncios comerciais cresceram 6,8% nos EUA no primeiro semestre do ano. O aumento foi impulsionado pelas indústrias automotiva e de entretenimento.

No primeiro semestre, foram gastos com propaganda US$ 61,6 bilhões, de acordo com uma pesquisa do TNS Media Intelligence/CMR, instituto de pesquisa baseado em Nova York. A TV a cabo e os canais de televisão em língua espanhola tiveram alguns dos maiores aumentos (17% e 15%, respectivamente).

Os anúncios em revistas, um dos setores que mais haviam sido atingidos pela recessão, mostraram um ganho de 10,5%, enquanto a indústria da internet viu os gastos com propaganda subirem 15%.

General Motors, Procter & Gamble e Walt Disney estão entre os que tiveram maior aumento na receita com anúncios.”

 

PORTUGAL

“Alta Autoridade Desconhece Protocolo do Governo com TV”, copyright Público (www.publico.pt), 29/08/03

“A Alta Autoridade para a Comunicação Social (AACS) declarou ontem que desconhece o conteúdo do protocolo de assinado entre o Estado, RTP, SIC e TVI, na semana passada. O órgão regulador descarta assim qualquer possibilidade de, no futuro, vir a servir como mediador de eventuais conflitos entre as partes que celebraram o acordo.

?A AACS não foi previamente consultada sobre o teor do mencionado protocolo, nem informada acerca do seu conteúdo que, na íntegra, desconhece?, lê-se na deliberação daquele órgão, aprovada na quarta-feira por maioria. O acordo, assinado entre a RTP, SIC e TVI, sob a égide do Governo, prevê a redução de publicidade dos actuais sete minutos e meio para seis minutos por hora na estação pública. Em contrapartida, os dois canais privados prometem, entre outras obrigações, investir uma percentagem das suas receitas em produção independente e fornecer programas à RTPi e RTP África.

O órgão regulador declarou que tomou conhecimento deste acordo através da comunicação social e que ainda continua a desconhecer o teor do texto. Até agora, a Alta Autoridade não conseguiu obter o documento na íntegra mesmo através de diligências junto no gabinete do ministro da Presidência quer através de outros meios. O protocolo também não está acessível no ?site? do Governo e aos jornalistas até agora só foi distribuído um resumo do acordo.

Contactado pelo PÚBLICO, o assessor de imprensa do gabinete do ministro Morais Sarmento afirmou que a AACS será informada sobre o protocolo no prazo de 30 dias, tal como o documento estipula, e que esta decisão já foi comunicada ao órgão regulador.

Como não participou do processo de regulação, a Alta Autoridade expressa a sua indisponibilidade para ?assumir quaisquer responsabilidades quer pela fiscalização do seu cumprimento, quer na mediação de eventuais conflitos resultantes da sua interpretação e aplicação?, lê-se no mesmo comunicado divulgado ontem.

Nos anteriores protocolos de regulação assinados por todas as televisões de sinal aberto, o órgão regulador participou activamente na preparação do documento e assumiu-se como mediador de eventuais conflitos surgidos entre os órgãos de informação. Foi assim nos três acordos de auto-regulação celebrados até agora e que incidiam sobre a classificação de programas no ecrã, os excessos na programação a propósito da polémica em torno dos ?reality-shows? e a contenção de notícias sobre ?barricados?.

O novo protocolo, assinado na quinta-feira da passada semana, entra em vigor na próxima segunda-feira, 1 de Setembro. As obrigações serão avaliadas dentro de 100 dias. Nessa altura, a publicidade por hora da RTP1 – limite que até agora era regulado pelo contrato de concessão de serviço público – pode vir a ser novamente reduzida, mas para quatro minutos e meio por hora.”

“Dívida da RTP com Classificação de Risco Semelhante à do Estado”, copyright Público (www.publico.pt), 29/08/03

“O risco de médio prazo do crédito atribuído à RTP recebeu a notação de Aa3 pela agência Moddy?s, divulgou ontem a empresa pública de televisão. Esta notação é uma boa notícia para a RTP, que ficou com uma classificação (conhecida por ?rating? nos meios financeiros) semelhante à que a Moody?s Investors Service atribui ao Estado português (Aa2), e ?bastante favorável quando comparada com as demais empresas portuguesas?, de acordo com o comunicado emitido ontem pela estação de televisão. Não é de admirar que assim seja, visto que a RTP é uma empresa pública que tem o estado português como avalista.

A notação da Moody?s é conhecida numa altura em que a empresa tem em curso a reestruturação da sua dívida (ver PÚBLICO de 10 de Julho), mediante um empréstimo de 800 milhões de euros, a receber em duas parcelas, contratado com o Banco Efisa e com o Depfa Bank, que se vai finalizar proximamente. ?É uma peça importante da reestruturação que está em curso?, disse ao PÚBLICO o presidente da Administração da RTP, Almerindo Marques. ?Os primeiros resultados viram-se nas taxas de juro a aplicar na reestruturação da dívida. E também é relevante para efeitos da tranquilidade da empresa?, acrescentou.

A somar a um empréstimo de 160 milhões de euros conseguido pela administração anterior, a empresa pode reembolsar a sua dívida de 960 milhões de euros, ficando a pagar a mesma quantia aos novos prestamistas, mas com custos mais baixos, devido a ter negociado condições mais favoráveis para os juros.

Almerindo Marques reiterou a estimativa avançada em Junho pelo vice-presidente da empresa, Ponce de Leão, de que assim a administração consegue uma poupança de mais de dez milhões de euros por ano em encargos com o conjunto da dívida. E disse também que não são previsíveis novas necessidades de financiamento nos próximos tempos.

A acção recente do Governo, nomeadamente o novo regime de financiamento plurianual e o contrato de concessão do serviço público de televisão, a reorganização empresarial do sector audiovisual do Estado e a redução dos custos de funcionamento da empresa, são invocados no comunicado como tendo contribuído para a decisão da Moody?s.”