Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1280

Eduardo Ribeiro

ÉPOCA SOB NOVA DIREÇÃO

"Uma Nova Era em Época", copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 20/09/01

"Para bons analistas da área editorial era tiro e queda a contratação de alguém oriundo da revista Veja para comandar Época. O canhão da Globo ajudou tudo o que pode e em quatro anos posicionou a revista de forma estratégica na vice-liderança do mercado das semanais, primeiro sob a batuta de José Roberto Nassar e, num segundo momento, com Augusto Nunes. A nomeação de Nunes para o comando foi a primeira virada e um claro sinal do abandono do projeto Focus, alemão, que norteou os primeiros anos de vida da revista. A Globo não via muito futuro naquela fórmula e optou por migrar para a seara de Veja e IstoÉ, abrindo mais espaço para a política, denúncias etc. Ganhou mercado e prestígio e consolidou-se no segundo lugar. Agora, como pensam, está chegando a hora de a onça beber água e partir de vez para cima de Veja. Produto da Globo não pode pensar e muito menos se contentar com a vice-liderança. Tem de partir para as cabeças. É essa a orientação para o Diário de São Paulo (outra matéria), em relação a Estadão e Folha, e o único caminho admitido para Época, em relação à Veja.

Com a responsabilidade de buscar essa pessoa, Merval Pereira e Marcos Dvoskin partiram para cima de um profissional com prestígio, talento e muito conhecimento da concorrente, por dentro. Foram à Dorrit Harazin, Eurípedes Alcântara e Paulo Moreira Leite, com quem acabaram batendo o martelo, sacando-o da Gazeta Mercantil, onde estava já há quase dois anos como correspondente em Washington.

Chegaram na hora certa por vários motivos. Paulo estava bem no jornal, em que pese as dificuldades financeiras e o horizonte, digamos assim, não tão favorável do jornal no curto prazo. Mais do que isso, estava sendo namorado pelo Estadão e abriu negociação como jornal, quase fechado com a direção, no Brasil, para incorporar-se ao time de correspondentes. A ida de Merval a Nova York, onde se reuniram, acabou mostrando-se decisiva. O salário é compensador (superior a U$ 10 mil mensais) e o desafio espetacular. Para a revista Época, também é uma excepcional aquisição, seja pelo prestígio que seu novo diretor tem junto aos formadores de opinião, seja pelo amplo conhecimento adquirido da Veja e da Abril nos 17 anos em que lá esteve, chegando a ocupar o estratégico cargo de redator-chefe por um bom tempo.

Paulo Moreira Leite é daqueles que escaranfucham tudo na busca de um furo ou de uma boa história exclusiva e é nessa fórmula que vai bater firme daqui para frente, disposto a fazer crescer o borderô da revista, ombreando-a à Veja, tanto em termos de tiragem quanto de faturamento (problema, obviamente, do comercial da empresa). Vai apostar na política.

Colegas falam que certamente ele vai dar muita força a Brasília, fazendo marcação cerrada aos políticos e à corrupção. Daí porque arriscam que ele certamente levará para lá Expedito Filho (ex-Veja e que há pouco despediu-se da direção da sucursal do Jornal do Brasil).

Seu ânimo é tão grande, que ele chegou ao Brasil no domingo, deixando para trás o inferno americano (perdeu o vôo de sábado e veio no domingo, através de conexão em Houston), e já na segunda estava no Jaguré, pronto para iniciar seu trabalho à frente de Época. Na sua apresentação, o diretor geral Marcos Dvoskin fez questão de elogiar muito o atual diretor Aluízio Maranhão, sobretudo pela qualidade que conseguiu manter na publicação após a saída de Nunes.

À Jornalistas&Cia, Dvoskin diz que Aluízio é um excepcional quadro e que tem lugar garantido para ele na Editora e que ele não fica apenas se não quiser. Merval também mantém um bom relacionamento com Maranhão e tem interesse em que ele permaneça nas Organizações Globo. Fonte muito próxima ao diretor da poderosa Mira garante que ele deu três alternativas para o Maranhão analisar. Sabe-se também que Augusto Nunes teria interesse em levá-lo para a o JB. E o que também se comenta é que uma proposta que o levasse de volta ao Rio não seria subestimada. Pesa muito a seu favor as últimas edições da revista e sobretudo a edição extra, do terror no território americano, muito elogiado tanto por Dvoskin quanto por Paulo Moreira Leite.

De qualquer modo, inicia-se na revista uma nova Era, que certamente mexerá como o mercado, pois Tales Alvarenga e Eurípedes Alcântara receberão clara orientação e cobrança de Roberto Civita, Thomaz Souto Correia e Ophir Toledo para reagir à altura, evitando ceder espaço para a concorrência. Ótimo, sem dúvida, para o mercado, que certamente verá, nesse segmento, uma movimentação acima do normal, mesmo com recessão a caminho.

Paulo gosta de trabalhar em equipe e deixa sempre isso muito claro. É despachado, informal e acessível e tem portas abertas em praticamente todas as esferas do poder. Conhece e já trabalhou com vários colegas da atual equipe de Época, mas certamente tem em Veja ainda nomes que gostaria de levar consigo. Se o raciocínio não tiver equivocado, o mesmo certamente tenderá a acontecer com Veja. E nessa briga, vai sobrar obviamente para a IstoÉ, mas Hélio Campos Mello é do ramo, ousado e tem um grande poder de reação, quando preciso. Quer dizer, vem briga por aí, novas trocas de cadeiras, salários valorizados e todas essas coisas que jornalistas adoram.

E não se pode esquecer de Carta Capital, que entrou na briga há algumas semanas, sob a serena e instigante batuta de Mino Carta, fazendo barulho. Mino, no entanto, não vai fazer leilão. Sua opção é por ter uma equipe enxuta, qualificada e trabalhar no diferencial, buscando audiência junto aos formadores de opinião. A conferir."

 

"Época: três anos, quarto diretor", copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 18/09/01

"Paulo Moreira Leite assumiu nesta segunda-feira (17/9) a direção editorial de Época. Metido em reuniões sucessivas (como é hábito em qualquer posse), ainda não foi possível conhecer suas idéias sobre a revista, cujo projeto original – praticamente uma cópia da revista alemã Focus – já sofreu várias modificações desde o lançamento há três anos.

Sabe-se que a razão principal de ter sido convidado foi a sua experiência como ?revisteiro?, em Veja. No entanto, Aluízio Maranhão, o número 2 na gestão de Augusto Nunes, não foi cogitado, embora tenha tanta experiência em revistas como Paulo, que era correspondente da Gazeta Mercantil nos Estados Unidos.

Paulo assumiu quase um mês depois de Augusto Nunes deixar o cargo, após forte discussão com Marcos Dvoskin, diretor da Editora Globo. ?A procura por um nome de peso foi longa porque avaliamos três ou quatro alternativas? – disse Dvoskin a Comunique-se. ?Conversamos com Moreira Leite na semana passada e acreditamos que esta parceria vai ajudar na busca pela liderança do mercado das revistas semanais, que é a vocação da Editora Globo?. Quanto a Aluizio Maranhão, que assumiu a direção da redação depois da saída de Nunes, Dvoskin deixa em aberto: ?só ele poderá decidir o seu futuro?.

Merval Pereira, diretor da Infoglobo, foi convidar Paulo em Nova York e ele aceitou prontamente – provavelmente a crise da Gazeta Mercantil ajudou um pouco a sua rápida decisão.

Mário Sérgio Conti chegou a ser convidado para o cargo, em um almoço com Merval, no Rio. Pessoas que estiveram com Conti nesse dia disseram a Comunique-se que, até pelo jeito como foi ao almoço – de barba por fazer e claramente estremunhado -, Conti demonstrava a intenção de não aceitar o convite. Merval confirma que Conti recusou quase imediatamente, dizendo que não queria mais enfrentar o problema de ter de demitir e ia pensar durante algum tempo.

Mário Sérgio Conti e Paulo Moreira Leite são da mesma safra de Veja, escolhidos por Elio Gaspari, então diretor da revista, que sempre elogiou muito o talento de ambos. Eles, antes, haviam sido amigos e companheiros no grupo universitário Libelu -Liberdade e Luta – inspirado pelo italiano naturalizado argentino J. J. Posadas, que, em certo momento, chegou a profetizar a tomada revolucionária do poder por seres extra-terrenos.

Paulo Moreira Leite, antes de assumir como correspondente da Gazeta Mercantil nos EUA, teve uma carreira fulgurante em Veja. No final, era responsável pela importante coluna Radar (de onde Ancelmo Góis saiu para o no.com) e saiu por motivos até hoje não conhecidos."

 

NOVO JORNAL

"Versão impressa do Panorama Brasil deverá ressucitar marca DCI", copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 20/09/01

"São meras especulações, mas é praticamente certo que o ex-governador Orestes Quércia montou uma operação para assumir a propriedade do título DCI, com o objetivo de relançá-lo como versão impressa de seu virtual Panorama Brasil.

Lá no jornal o desmentido é feito, porém sem muita convicção. Também lá a informação já é corrente. A questão é que para chegar ao Quércia, o título terá de passar por uma espécie de quarentena, até para depurá-lo e evitar que chegue ao novo proprietário com o passivo de dívidas e encrencas hoje existentes em todas as esferas da justiça.

Só a firme crença numa marca e a disposição de enfrentar uma bela encrenca explica esse amor do ex-governador pelo título, que desmoralizou-se por completo na última década, desde a aquisição feita por Hamilton Lucas de Oliveira dos antigos donos.

O Jornal formou pelo menos quatro gerações de jornalistas credores e deve para Deus e o mundo. Só milagre explica como continua saindo. Quércia há de ter suas razões, uma vez que muito mais simples seria tentar emplacar um novo nome ou o próprio Panorama Brasil. Mas se a Globo pode comprar o seu jornal e mexer no mais precioso ativo – o nome (Diário Popular que está virando Diário de S. Paulo), porque ele não poderá ressucitar um título que sempre foi muito respeitado em São Paulo e o único a fazer sombra nos anos 70 e 80 à Gazeta Mercantil?

Na redação, o clima é de expectativa. Embora trabalhosa, a operação de migrar para o papel mexe com o coletivo e deixa todos na ponta dos cascos para ver o produto do trabalho materializado no papel. A questão é que Quércia, além de tudo, deve estar muito sintonizado com o que está ocorrendo na Gazeta Mercantil, em termos financeiro. Que não é de rasgar dinheiro, isso não é."

    
    
                     
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