Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Globo Online quer conquistar liderança até 2010

Eis a entrevista feita com a editora-chefe do Globo Online, Joyce Jane, no dia 12 de maio.


Que reflexão a senhora faz sobre a mídia internet após quase seis anos à frente do Globo Online?


Joyce Jane – Na internet tem muita novidade, ao contrário do jornal, que é uma mídia muito estabilizada, não se espera muita novidade, é tradicional por característica. Faz-se um projeto gráfico a cada dez anos. Para se alterar um caderno de um jornal, se estuda, se faz pesquisa, os leitores reagem, são conservadores. Isso não acontece na mídia eletrônica, onde o leitor está completamente aberto para a novidade, espera que você o surpreenda, resolva a vida dele, torne a usabilidade melhor, arrume o site de uma forma que ele leia com mais rapidez e fique mais bem informado. É uma mídia diferente. Isso faz com que, de um lado, nós fiquemos o tempo inteiro pensando na mídia, tentando encontrar que mídia é essa para o jornalismo.


Já se passaram vários anos e se continua tateando à procura de linguagem e de conceitos jornalísticos adequados à internet.


J.J. – Ainda estamos descobrindo qual é a linguagem. No primeiro momento foi uma cópia muito fiel de como os jornais faziam, se organizavam, entregavam notícia. Os sites seguiram aquela receita. Até porque vieram para cá jornalistas com origem em jornal e trouxeram para cá toda essa cultura de como fazer, arrumar e entregar notícia. Isso está mudando. Hoje sabemos que a linguagem da internet não é a do papel, mas também não é a da televisão e não é a do rádio. A linguagem da internet vai sair disso tudo. Hoje no Globo Online temos uma sala de vídeo onde fazemos projetos pilotos todo o tempo para entregar ao leitor um vídeo que seja rápido, direto, que lhe permita saber o que ele quer e ao mesmo tempo veja, porque ele tem uma curiosidade de ver e de ouvir.


Fazemos uma entrevista com Chico Buarque e colocamos no ar pedaços. Editamos duas horas de entrevista em poucos minutos, em tópicos onde ele vai poder ouvir muito rapidamente aquilo que quer saber. Por outro lado, vai poder ouvir o Chico dando uma palinha, dando um sorriso, fazendo uma expressão, um gesto. O leitor gosta disso também. E ao mesmo tempo não é o vídeo da TV. É outra linguagem. Quando se escreve texto, o leitor de jornal talvez goste de dividir o jornal, lê como prefere. Na internet temos que entregar o texto de uma forma mais rápida, o computador é mais cansativo, mais difícil de ler. O tamanho do texto, a linguagem, a colocação de hiperlinks, como se permite que o leitor se aprofunde ou não de acordo com o interesse ou com o conhecimento dele. Para tudo isso fazemos projetos e experiências, adotamos modelos, não gostamos, passamos para outro, discutimos a nova fórmula. Isso tudo faz parte do estudo de linguagem. O áudio também compõe. Se você apresenta um artista, faz uma crítica de música, o leitor quer saber como ele canta, como é a voz dele, se é boa ou se é ruim. Não quer mais ler: “Compre esse disco porque ele é legal, esse samba aqui é ótimo”. Eu quero ouvir, quero fazer o meu julgamento. Por outro lado, o leitor passa a ser um ator participante da história, não é mais espectador. Entra, opina, gosta ou não gosta, interage, manda na mesma hora uma contribuição, ou opinião, ou rejeita algo. Ajuda a construir uma outra coisa, porque responde muito rapidamente, é muito mais ativo.


A outra parte é o jornalismo que fazemos aqui. Por um lado, o jornal é um produto muito mais bem cuidado, passa-se o dia inteiro construindo uma matéria, desde que se fecha a edição de ontem se começa a pesquisar a de amanhã, a matéria vai mudando ao longo do tempo. O repórter constata que o lead não é exatamente aquele, evoluiu, vai checando a informação, fala com uma fonte, fala com outra, depois que checa tudo, acha está tudo pronto, ele tem um conselho, o editor, o subeditor, a primeira página, o redator. Por mais que ele escreva, titule, saiba o lugar onde a matéria dele está, pode até escolher a foto, aquilo vai passar por outros julgamentos até o leitor pegar no dia seguinte. O produto é muito mais bem cuidado, mais bem acabado, mais arrumado, ou deveria ser, do que na internet.


A matéria começa de um jeito e termina de outro, e o público vê


O produto na internet é radicalmente diferente.


J.J. – Na internet eu construo na frente do leitor. Vou colocando pílulas para ele porque não tenho a notícia pronta. Ela vai chegando. Uma hora é um parágrafo, às vezes uma linha. “Ministro anuncia que vai falar sobre câmbio. Aguarde mais informações”. O ministro começa a entrevista e dá uma informação relevante. O repórter manda aquela informação simples, magrinha, e “Aguarde mais”. E muitas vezes a informação dada inicialmente não está correta, não porque o jornalista não entregou a informação correta, mas porque ela se modificou. Por exemplo, casos de tragédia no exterior. “Tem um brasileiro morto”. Daqui a pouco: “Não está morto. Na verdade está ferido”. “Não é um homem, é uma mulher”. O repórter vai consertando a informação, na frente do leitor. Nesse sentido, da percepção, é um trabalho muito menos acabado, porque não acaba, dificilmente se tem uma matéria que se considera pronta, vai se consertando, e no fim do dia, muitas vezes, ela é uma matéria muito diferente da primeira que surgiu. E no jornal a percepção é de que ela já veio pronta.


Site quer usar credibilidade para aumentar audiência


A Globo chegou depois na internet, atrasou-se.


J.J. – Não, entrou logo no início. Foi o segundo site jornalístico, após o Jornal do Brasil. O jornal [O Globo] via na internet uma ameaça e uma oportunidade. Talvez em 1996 tenha pensado: vou entrar nessa onda aí porque não sei o que vem depois. Logo viu o que era. Mas houve o “estouro da bolha”, a expectativa de rentabilidade que havia sido criada não se confirmou. Duas concepções negativas se juntaram: “Isso não me dá dinheiro” e “Não quero que as pessoas deixem de ler o meu jornal, onde eu ganho dinheiro, e vão ler na internet, onde não ganho”. E leva um tempo. Em termos de site de jornal, hoje, só perdemos para a Folha, e assim mesmo porque a Folha está abraçada com o UOL, que tem 1,5 milhão de assinantes, é um provedor. Nós estamos hospedados na Globo.com, mas ela não tem liderança no mercado, está brigando pelo lugar dela.


O crescimento do site parece ter sido auto-impulsionado.


J.J. – O Globo Online, por uma questão de verba, não faz publicidade, não gasta um centavo em marketing. A divulgação que temos é praticamente espontânea. No final de julho, para comemorar dez anos, vamos colocar no ar um site inteiramente renovado. Fizemos pesquisas. Perguntamos aos leitores como eles tinham tomado conhecimento do Globo Online. Muitos entram porque pensam: O Globo deve ter um site. E escrevem www.oglobo.com.br, caem no Globo Online. Vêm para cá procurando notícia, a credibilidade que a marca tem. E há concorrentes nossos na internet gastando até R$ 50 milhões de publicidade.


A escolha entre “furo” e qualidade da notícia


Em que medida a senhora acha válido, considerando-se o espírito de manada que vigora em jornais, rádio e televisão, até mesmo deixar de dar o “furo” para ter certeza da qualidade da informação colocada na rede?


J.J. – Fazemos isso constantemente. No Globo Online, entre a rapidez e a credibilidade, a veracidade da informação, trabalhamos sempre com a segunda. Assinamos agências credenciadas. Eu não dou matéria do tipo “ouvi falar em algum lugar”. Isso faz com que tenhamos muito pouco erro de informação: tenho uma matéria, não tenho certeza, publico e depois falo para o leitor que não era bem aquilo. Tentamos evitar ao máximo problemas de apuração. A recomendação é: em caso de dúvida, não dê. Porque temos o nome do jornal, a credibilidade do jornal, as pessoas percebem isso. Não dá para jogar fora essa credibilidade. Às vezes damos uma notícia 40 minutos depois que ela nos chega, mas é completamente diferente da notícia do “ouvi dizer” que saiu na nossa frente. Não é nosso objetivo dar depois de ninguém. Corremos para ser o primeiro site a dar a notícia, o furo, para o nosso leitor. Mas entre a rapidez e a veracidade, ficamos sempre com a veracidade.


Nas pesquisas, o leitor fala: “Não quero que vocês mexam no meu Globo Online, porque é assim que eu encontro a notícia. Se eu quiser variedades, fofoquinhas, notícia para me divertir, vou para o provedor. Se eu quiser notícia séria, vou para o Globo Online”.


O leitor tem a percepção de que fazemos um jornalismo mais sério do que o da maioria dos sites, até mesmo os de notícias. Essa marca é o que nos diferencia.


Mostrar o erro para o leitor


Como vocês trabalham com os erros?


J.J. – Nós, jornalistas, nos angustiamos com os erros. Mas temos mais erros de português, de construção de frases, do que de informação. Em geral o repórter escreve muito rapidamente a notícia e às vezes reescreve a frase e fica ali uma sujeirinha, porque ele pensa que apagou uma palavra e não apagou. O próprio repórter, quando lê aquilo, como está com tudo construído na cabeça, muitas vezes não percebe. E para o leitor aquele erro fica muito visível. Essa é uma das grandes questões que temos de enfrentar. No jornal se tem o repórter, o redator, o editor, a secretaria, todos lêem. No online é tudo imediato, é uma mídia muito rápida.


Recentemente ouvi numa palestra que o Washington Post vai destacar a correção no alto da matéria publicada online. No Globo Online, o erro, uma vez cometido, fica lá “eternamente”?


J.J. – É corrigido. Estamos criando um marcador de correção, uma ferramenta que ainda não temos, para que fique transparente para o leitor que aquela matéria foi corrigida. Recebemos até muitas contribuições de leitores. O leitor é nosso principal xerife, é quem controla a nossa qualidade. E é implacável. São 500 notícias por dia, é muita coisa.


Bagagem de jornal e cabeças abertas


Quantas pessoas trabalham no Globo Online?


J.J. – Sessenta e quatro.


Todos jornalistas?


J.J. – Na produção de notícias são perto de 50. Há nove pessoas na criação e cinco coordenadores, um gerente. Uma pessoa só para inovação, que pesquisa o tempo todo o que está acontecendo dentro e fora do país, o que existe de tecnologia nova. Nunca do ponto de vista da tecnologia, sempre do ponto de vista do produto. São todos jornalistas, mesmo os coordenadores.


As pessoas que trabalham no Globo Online passaram por redações de jornais e revistas? Em que proporção?


J.J. – A maioria foi trazida de redação de jornal. São jornalistas muito experientes, com uma bagagem muito boa. E fomos trazendo para essa equipe jornalistas novos, que conhecem a mídia, são usuários dela, têm muita intimidade com a mídia. Temos uma mescla. Minha editora de conteúdo, a Raquel Almeida, passou por Gazeta Mercantil, JB, O Dia. O Aloy Jupiara foi do Globo desde que se formou, passou por todas as editorias, cidade, política, coordenou eleições, coordenou carnaval. Eu trouxe agora para Mundo, por exemplo, Tony Marques, que foi correspondente do Globo em Nova York e estava cobrindo Política. Meu editor de Economia, Eduardo Diniz, veio da Economia do Globo, estava há seis anos como subeditor. Quem está no comando, aqui, é jornalista.


Eu não acredito em bom jornalismo sem bons jornalistas. E tem uma galera intermediária, jornalistas mais novos, que muitas vezes nós formamos. Entram no jornal como estagiários e vamos formando. Porque usam a mídia sem segredo, são pessoas que chegam aqui, fazem vídeo, vão para a rua. Na editoria de Tecnologia os próprios repórteres fazem o papel de locutores. Apresentam os produtos no vídeo. Para fazer isso é preciso uma cabeça muito mais aberta, renovada, gente que não tem medo da mídia, do vídeo, não tem medo de aparecer, tem uma outra forma de pensar o multimídia. É importante fazer essa mescla de competências. E sempre, sempre jornalismo.


Não misturar conteúdo com publicidade


Quais são as outras funções de coordenação?


J.J. – Tenho uma pessoa sempre fazendo a intermediação entre publicidade e conteúdo. Por ser uma mídia muito nova, todos estamos aprendendo. O próprio anunciante está aprendendo a formatar o que vai ser entregue. Pode entregar algo muito agressivo, ou um produto de um jeito que não cabe dentro de um site. Às vezes alguém chega com uma idéia mirabolante na qual a parte de conteúdo se mistura com publicidade – e nós temos um zelo enorme para evitar que essas coisas se misturem.


E pensando também no produto de um ponto de vista de marketing, como se pode melhorar esse produto. O leitor tem reclamado de determinadas coisas e nós, jornalistas, não temos no dia-a-dia disciplina para dar a isso toda a atenção necessária.


Temos outra pessoa só voltada para a parte de multimídia e imagem do site, coordenando toda a parte de criação de vídeo e de fotografias. Nós somos o site com mais imagens na internet brasileira e estamos radicalizando isso ainda mais no redesenho que está sendo feito. Temos um banco de imagens imenso, um valor impressionante. Tem outra pessoa cuidando da parte de interatividade, de blogs. Ontem (11 de maio) tivemos aqui um seminário com Juca Kfouri, (Ricardo) Noblat, o (Jorge Bastos) Moreno, a Cora (Rónai)… Queremos entender como essa linguagem nova vem aqui para dentro. Temos hoje mais de 30 blogs, todos jornalísticos.


E temos um gerente cuidando de tudo. Estamos divididos de uma forma muito estruturada mas só conseguimos fazer isso porque eu tenho um esquema de ligação direta com a redação do jornal. A redação tem o compromisso de nos passar as matérias à medida que os fatos vão acontecendo. Essa minha turma aqui trabalha na edição, apura, também, mas trabalhando muito em coordenação com o Globo, com o Extra e com o Diário de S. Paulo. Uma massa imensa de informação chega aqui, de quase 700 jornalistas.


E da TV Globo, não?


J.J. – Não.


O Globo Online tem quanto repórteres que saem da casa e vão fazer matéria na rua?


J.J. – Dos 48 jornalistas, em São Paulo são todos jornalistas de produção, a Cleide [Carvalho, editora] coordena um grupo que trabalha muito na redação. O “ir para a rua” da Cleide, por exemplo, não é real. Ela apura muita coisa por telefone e coloca o site no ar. E tem três repórteres na equipe. Em Brasília, todos os repórteres que vão para a rua são do Globo. Só que, quando eles saem para a rua, saem pautados também pelo Globo Online. Até porque cem por cento da equipe fazem hard news. Há pouca gente separada do dia-a-dia. Essas pessoas saem pautadas, colocam uma parte no Globo Online e a parte mais aprofundada vai para o jornal. Tem laptop, tem celular, muitas vezes colocam notas diretamente. Esse é o nosso grande objetivo, mas nem sempre é possível. Encontramos muitos problemas. A pessoa não acha conexão, está no meio de uma coletiva. Realmente o que mais usam é o telefone, e nós aqui escrevemos as notas.


Qual é a política salarial?


J.J. – A mesma adotada no jornal. O salário inicial é um pouco acima de mil reais. Os salários de trainee e de estagiário são os mesmos do jornal, definidos pelo InfoGlobo. E os salários de jornalistas, o jornal está até consolidando isso, porque o Globo hoje tem uma variação de salários bastante grande – como, acho, a imprensa toda, isso se desorganiza ao longo do tempo; criam-se faixas salariais e ao longo do tempo são feitos ajustes, porque alguém recebeu um convite, porque se quer dar uma promoção, surgem novas faixas, intermediárias. Agora vão ser criadas três ou quatro faixas e o Globo Online vai acompanhar. Hoje os maiores salários de repórteres do jornal não existem no Globo Online. A mesma coisa acontece com editores. Editor júnior, sênior, pleno, até editores que estão fora dessa curva. É mais fácil se encontrar níveis mais baixos no Globo Online do que no Globo.


Isso é inevitável. O Globo é muito maior, os mercados são diferentes.


J.J. – E a internet é uma mídia que estamos conseguindo valorizar e qualificar agora. Mas é uma briga. A própria empresa trata como uma mídia menos lucrativa, o Online acaba tendendo a ser visto como uma mídia menos valorizada. Isso, inclusive, por nós, jornalistas. Não são só os patrões, não. Os próprios jornalistas tendem a desqualificar a internet, muitas vezes por desconhecimento, muitas vezes por preconceito, muitas vezes porque se recusam a aprender: “Isso eu não quero saber e vou ver se chego ao fim da minha carreira na profissão sem aprender…”


É até engraçado…


J.J. – E por outro lado se tem o discurso da casa dizendo que é a mídia do futuro, aqui é preciso ensaiar as grandes mudanças. A empresa contratada para dar consultoria na revisão salarial tem dito: “Nós não vemos que no Globo Online deva haver uma remuneração menor porque é um negócio com menos rentabilidade. Se ele representa o futuro para a empresa, não pode ser tratado dessa forma”. A própria cabeça da empresa está sendo trabalhada em outra direção. Em vim para cá em 2000, o site era estático. Foi uma caminhada até o que fazemos hoje, com 300, 350 mil leitores/dia, foi e é uma batalha de valorização externa e interna. Valorização para cima e para os lados, junto aos nossos próprios colegas jornalistas. Como acontece com tudo o que é novo. Há barreiras, preconceitos, resistência.


Em julho, renovação total


Por favor, fale um pouco da reforma.


J.J. – Durante este ano todo comemoramos os dez anos de aniversário do Globo Online. Já lançamos RSS (Real Simple Syndication, “formato de arquivo padronizado mundialmente para distribuição automática de notícias”, na definição do próprio Globo Online; as notícias são enviadas para o internauta), vamos lançar no fim do mês um site de economia muito bom (o de Miriam Leitão, lançado no dia 21 de maio), fizemos o debate sobre blogs, vamos fazer um redesenho em julho, no qual vamos mudar muito o conceito. Achamos que o produto vai ficar mais fácil de ler, mais completo, mais bem arrumado, mais bem editado. Queremos um produto que seja mais valorizado pelo leitor. Temos como meta ser o principal site de notícias do país. Hoje nós somos o quarto site mais lido da internet brasileira. Estamos atrás de dois provedores e de um site que está ligado a um grande provedor, a Folha. Vem primeiro o UOL, depois a Folha, em seguida o Terra, depois somos nós. Já estamos na frente do IG e do Estadão.


De onde são esses dados?


J.J. – Isso é a classificação do Ibope do mês de abril. Viemos lá de trás, subindo, brigando com quem tem caminhões de dinheiro em marketing. Nós não temos. Chegamos até aqui com a nossa qualidade. E nossa meta é chegar ao primeiro lugar. Ser o principal site de notícias ligado a jornal. Temos ainda, na nossa frente, a Folha. Mas sabemos do desafio, porque ela é ligada a um provedor que tem um milhão e meio de assinantes, o UOL.


E a Folha é um jornal fortíssimo hoje no Brasil.


J.J. – A Folha tem uma percepção nacional maior do que a do Globo. Isso atrapalha a nossa vida. Queremos ter uma percepção nacional maior. Crescer a nossa penetração fora do Rio, onde somos líderes absolutos. Nossa grande dificuldade é chegar fortemente ao mercado de São Paulo. Porque é o maior mercado de internet brasileiro, o estado com a maior economia, o maior número de computadores e de consumidores de internet, que é o nosso veículo. As condições de competição de quem está em São Paulo são melhores do que as de quem está no Rio de Janeiro. Temos que ganhar espaço num mercado onde a concorrência é fortíssima. UOL, Estadão, Terra, está todo mundo muito fortemente na praça de São Paulo.


A competição em São Paulo


Com poucos jornalistas em São Paulo vai ser difícil. Cleide Carvalho costuma apontar o problema da falta de gente.


J.J. – Vivemos isso aqui também. A Cleide vive uma situação mais crítica do que nós. Porque ela é uma sucursal de internet. Internet não é uma mídia valorizada.


Porque não fatura.


J.J. – Não fatura. Mas tem uma audiência que muitas vezes empata com a do jornal.


Eu diria que em alguns casos até passa a do jornal. Mas não adianta ter ilusão. As pessoas querem ler notícias locais também.


J.J. – Mas os jornais de São Paulo não fazem notícia local. Hoje temos os sites de São Paulo correndo atrás das notícias que colocamos no nosso site. Porque nós temos foco local. E temos a equipe do Diário de S. Paulo começando a trabalhar cidade e esportes dentro do nosso enfoque. Até agora eles só trabalhavam dentro do enfoque do jornal, que não é exatamente como nós trabalhamos, nosso target não é o mesmo do Diário. Estamos montando com o Diário uma cobertura melhor tanto da parte de cidade como da parte cultural e esportiva. Somos copiados em São Paulo devido ao nosso foco e à qualidade do trabalho, que é jornalismo puro. E vamos reforçar nossa equipe em São Paulo. A nossa meta não é ser primeiro lugar no fim do ano. É em 2010. E não temos dúvida de que vamos chegar lá, pela rapidez com que estamos ganhando mercado.


A abertura desta reportagem está em


Crise em São Paulo mostrou força da internet


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