Tuesday, 16 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

O Estado de S. Paulo

O jornal tem um cuidado especial nesse tipo de cobertura. E já tinha desde antes do affair Lady Di. No caso específico, nos preocupamos em editar as matérias sem maiores destaques e evitar qualquer insinuação sobre o tipo de vício da atriz. A regra era (e é) ficar no factual, sem publicar informações em “off” de fontes desqualificadas, rumores, etc. A nossa preocupação é quanto ao risco de invadirmos demasiadamente a privacidade de alguém.

Considere-se que o fato de Vera Fischer ter decido internar-se, por livre e espontânea vontade, é positivo para a imagem dela. Além disso, personalidades como ela são “notícia” e nós jornalistas não podemos fingir que elas não existem. O leitor quer saber o que se passa com esses mitos da mídia. A questão toda é como abordá-los, o que vai depender do estilo, da história e da tradição de cada veículo de imprensa.

O Estado, um jornal centenário e de nítida imagem formada junto à opinião pública, procura ser low profile nesse campo. Exemplo: não demos a suposta foto, veiculada por meio da Internet, de Lady Di presa nas ferragens do carro, em Paris. Não demos e anunciamos isso ao leitor. O retorno foi muito positivo, pois recebemos vários elogios por telefonemas, fax e e-mails. Além disso, logo no dia seguinte, a Polícia de Paris provou que a foto era falsa, o que justificou ainda mais nossa decisão. Em situações como essa, não se deve ficar preocupado com a concorrência, mas sim com a imagem do jornal. Mas temos todos de reconhecer que o limite entre a invasão e a preservação da intimidade de alguém que seja “notícia” é tênue. Por isso mesmo, além dos princípios básicos de cada veículo, é importante ter bom senso na hora de decidir o que fazer, caso a caso. Sem falso moralismo.