Tuesday, 16 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

Repouso suspeito

MONITOR DA IMPRENSA


MÍDIA E BUSH

Os democratas dos Estados Unidos estão reclamando e, segundo John Harris [The Washington Post, 6/5/01], com razão. Depois da perseguição a Bill Clinton, a mídia americana parece estar pegando leve demais com Bush. A diferença, diz Harris, não está na atitude dos jornalistas, e sim no fato de que, vacinada pelo que ocorreu no governo anterior, Washington se uniu para tornar mais fácil a vida do novo presidente. E a equipe da Casa Branca parece ser mais competente na tarefa de não dar armas aos adversários.

Na opinião do repórter, a calmaria se deve a uma novidade: não há hoje, nesse início de governo, grupos organizados de ativistas que passam os dias metodicamente pensando em novas formas de minar o presidente, como ocorria em 1993, após a estréia de Clinton: republicanos e conservadores em geral promoviam campanhas sistemáticas contra o novo presidente. Qualquer erro da Casa Branca era explorado ao máximo.

Os democratas não têm o entusiasmo e as técnicas dos republicanos para abalar Clinton. Comentaristas, colunistas, programas de rádio, tudo era instrumento deixar sempre aceso o fogo contra Clinton.

MÍDIA GLOBALIZADA

Quase todas as noites cerca de 30 milhões de árabes espalhados pelo mundo se unem em um único ato ? e não é religioso. Diante da TV, os muçulmanos não perdem as transmissões via satélite de Al Jazeera, canal com informações não-censuradas do Qatar, pequeno e riquíssimo emirado do Golfo Pérsico. Sua cobertura da revolta palestina contra a ocupação israelense ajuda a unir o mundo árabe, mas críticos acreditam que esteja também instigando ainda mais o conflito, opina Davan Maharaj, [Los Angeles Times, 7/5/01].

Os noticiários e talk shows da emissora abordam assuntos proibidos na sociedade árabe, como a poligamia, os direitos da mulher e as antigas leis islâmicas. Alguns programas vão além, abrindo espaço para dissidentes políticos criticarem a legitimidade dos autocráticos regimes árabes. Tudo isso faz parte da tentativa do líder reformista de Qatar, sheik Hamad ibn Khalifa al Thani, para transformar sua nação muçulmana numa sociedade moderna, em que as mulheres têm direito a voto e os cidadãos à liberdade de expressão.

Muitos governos árabes já reclamaram do Al Jazeera ao ministro do Exterior do Qatar. Algumas sucursais de sua agência de notícias até foram fechadas por autoridades da Palestina, da Jordânia e do Kuwait, por insultos ao líder palestino Yasser Arafat.

A coragem da programação do canal tem inspirado imitadores no Oriente Médio, que tentam cobrir as notícias no mesmo estilo neutro de Al Jazeera. Para Azmi Bishara, deputado árabe do parlamento israelense, o canal devolveu alguma credibilidade à mídia árabe.

Todos os dias da semana os americanos de Nova York podem escolher entre diversas publicações ? Daily News, Newsday, New York Post, The New York Times e jornais locais ? para saber o que está acontecendo nos Estados Unidos e no mundo. Às sextas-feiras há mais uma opção: desde 24 de março, The Jerusalem Post é o principal jornal de Israel em língua inglesa, propriedade da Hollinfer Interational Inc. Com 2.200 assinantes até o momento, o publisher Tom Rose disse à Editor & Publisher [7/5/01] que o sucesso do jornal está ampliando suas ambições, e pretende-se agora levá-lo a outras regiões metropolitanas com grandes comunidades judaicas.

Sem a internet, obviamente não seria possível imprimir, distribuir e entregar no mesmo dia um jornal que atravessa metade do globo. Com seu advento, os judeus de Nova York podem hoje receber, ao mesmo tempo, exatamente as mesmas notícias que recebem os judeus de Israel, onde o Jerusalem Post é produzido.

A assinatura trimestral do jornal custa US$ 21,90 ? aproximadamente US$ 1,80 cada unidade. A estrat&eaeacute;gia de expansão só funcionará se os 2.200 assinantes aceitarem continuar pagando depois de terminadas as 17 semanas do período de desconto, em que deram US$ 1 por exemplar.


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