Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Jornalistas mortos no ano já passam de 100

Guerras na Síria e na Somália, conflitos no Paquistão e na Nigéria, crime organizado no México, violência urbana e impunidade por toda parte. Essa receita, vivida diariamente por jornalistas em todo o planeta, resultou num recorde: 100 profissionais de mídia mortos neste ano, segundo a ONG suíça Press Emblem Campaign (PEC), de Genebra. A 100ª vítima, o cinegrafista Mohamed Moallin, levou dois tiros em um subúrbio de Mogadíscio, capital somali, no domingo (16/9).

A conta dá um jornalista morto a cada 62 horas nos primeiros 260 dias de 2012. O recorde da PEC, que faz esse trabalho desde 2006, era de 122 baixas no ano inteiro de 2009, que representaram uma a cada 72 horas. Na lista, que inclui 21 países, quatro respondem por mais da metade desses crimes: Síria, com 20 vítimas, México e Somália com 10 cada, e o Brasil com sete.

Embora exiba a lista completa – dia, lugar e nome da vítima –, a PEC não utiliza os mesmos critérios de outras entidades que acompanham o assunto, o que resulta em dados diferentes. A conta pode incluir operadores de câmeras, técnicos de som e os chamados netizens (junção de internet + citizen), não necessariamente jornalistas profissionais, mas que se encarregam de divulgar, pela rede, informações das áreas de conflito onde vivem.

Normas internacionais

Há ONGs que exigem mais de duas fontes para confirmar o crime ou que aguardam investigação oficial para ter certeza de que ele foi, de fato, relacionado à busca de notícias. Por isso, o International News Safety Institute (Insi), por exemplo, contou até agora 90 jornalistas assassinados no ano. A ONG Repórteres Sem Fronteira registrou 68. O Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ), de Nova York, conta 64 vítimas.

De qualquer modo, os números são altos e o assunto já chegou à agenda do presidente da Assembleia-Geral da ONU, Abdulaziz al-Nasser. Em encontro com várias dessas entidades, há uma semana, ele considerou “inaceitável que jornalistas continuem sendo assassinados, ano a ano, e os criminosos continuem quase sempre livres”.

A meta das ONGs é que sejam criadas normas internacionais a serem compulsoriamente adotadas por todos os países – como foi feito, por exemplo, na defesa dos direitos humanos. Entre elas, fortalecer as garantias de repórteres em serviço e tornar mais rápida a Justiça no julgamento dos crimes ligados à busca de informação.

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[Gabriel Manzano, do Estado de S.Paulo]