Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Oposição ataca veto a anúncios

A oposição argentina, entidades de defesa da imprensa e jornais manifestaram-se contra a decisão do secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, de exigir que as grandes cadeias de supermercados deixem de anunciar ofertas nos jornais de circulação nacional, assim como nas TVs e nas rádios.

Segundo o governo, a medida visa garantir o congelamento de preços, acordado entre a secretaria e as principais cadeias de supermercados e que vale até 1º de abril.

“Essa decisão tem muito mais a ver com a batalha da presidente com 'La Nación' e 'Clarín' do que com uma consequência do congelamento de preços”, declarou o senador Ernesto Sanz (UCR).

“É uma medida arbitrária, autoritária e antidemocrática, mas coerente com um governo que fez de censura e desinformação um pilar para ocultar a realidade”, disse a senadora María Eugenia Estenssoro (Coalizão Cívica).

Já a Associação de Entidades Periodísticas Argentinas e a Associação de Editores de Diários da Cidade de Buenos Aires publicaram comunicados de repúdio à medida, afirmando que se trata de uma “variante de censura”, que busca “afogar financeiramente os meios”.

No final da tarde, o “Clarín” emitiu comunicado no qual acusava a medida de ser “mais um ato de censura”.

“Para que?”

O polêmico secretário Moreno, que tem status de ministro e é um dos preferidos de Cristina Kirchner, está por trás da estatização do papel-jornal e da intervenção na Papel Prensa, empresa que pertence parte ao governo e parte a “Clarín” e “La Nación”.

Moreno ainda está por trás da política de travas protecionistas que barra a entrada de importados no país e do controle da compra de dólares por parte dos argentinos.

O secretário, que nunca fala com a imprensa, também não quis comentar a medida.

A subsecretária de Defesa do Consumidor, María Lucila Colombo, responsável pelo cumprimento do congelamento, respondeu às críticas. “Para que publicar ofertas nos jornais se os preços vão se manter por 60 dias, todos os fins de semana?”

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[Sylvia Colombo, correspondente da Folha de S.Paulo em Buenos Aires]