Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Jornalista brasileira é detida nos EUA

A correspondente do jornal “O Estado de S. Paulo” em Washington, Cláudia Trevisan, foi detida na quinta-feira, na Universidade Yale, nos Estados Unidos, ao tentar cobrir um seminário com a presença do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa.

A jornalista brasileira, que já foi correspondente na China, foi algemada e passou quase cinco horas incomunicável, primeiro numa viatura da polícia e depois numa cela do distrito policial de New Haven, cidade onde fica a Universidade de Yale, uma das mais importantes dos Estados Unidos.

Trevisan foi incumbida pelo jornal de cobrir a participação de Barbosa no seminário “Constitucionalismo Global 2013” na Universidade de Yale. Segundo o site do “Estado”, ela fez contato com a assessoria de imprensa da Escola de Direito, que informou que o evento era fechado à imprensa. A correspondente, então, disse que esperaria pelo ministro do lado de fora do auditório, onde aconteceria o seminário.

Ainda segundo o site, a jornalista também fez contato por celular com o presidente do STF, que afirmou que não daria entrevista. Trevisan relatou que o abordaria do lado de fora do auditório. Por volta das 14h30m, a jornalista entrou no prédio da Escola de Direito. No primeiro andar, abordou um policial perguntando se o evento ocorreria ali. O policial falou para a repórter acompanhá-lo. Também quis saber o seu endereço nos Estados Unidos, número de telefone e pediu para ver o seu passaporte.

Já do lado de fora do prédio, o policial se recusou a devolver o documento e disse que a jornalista não cumpriu a determinação de não ir à universidade. Em seguida, anunciou que ela seria presa. Trevisan foi algemada com as mãos nas costas e presa dentro do carro da polícia. Depois de uma hora, um funcionário do gabinete do reitor da Escola de Direito foi até o local e autorizou o policial a levá-la à delegacia.

Procurada pelo Globo, a assessoria de Barbosa informou que não tinha conseguido localizá-lo.

– Vemos o caso com perplexidade. A jornalista estava tentando exercer o trabalho dela. Não invadiu nada – disse o diretor de conteúdo do Grupo Estado, Ricardo Gandour.

O jornal informa ter contratado um advogado para acompanhar Trevisan, que será obrigada a se apresentar diante de um juiz no dia 4 para responder por “transgressão criminosa”. O “Estado” também enviou perguntas sobre o episódio para a direção da Escola de Direito, que até a noite de sexta-feira não havia respondido.

O diretor-executivo da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Ricardo Pedreira, criticou a atitude do policial que prendeu a jornalista.

– Pelas notícias que a gente recebeu, aconteceu um absurdo injustificável por parte do policial que tomou a iniciativa de deter a repórter. Uma atitude truculenta. Revela um completo desconhecimento dos direitos mais básicos no exercício da profissão. É lamentável e esperamos que seja corrigido, que as autoridades americanas esclareçam o que aconteceu – afirmou.

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Barbosa se pronuncia sobre prisão de jornalista nos EUA

Reproduzido do Globo.com, 28/9/2013

A assessoria de imprensa do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, informou que o ministro lamentou o episódio em que a jornalista Cláudia Trevisan, correspondente do jornal “O Estado de S. Paulo” em Washington, foi presa na Universidade de Yale, “uma vez que ela estava exercendo a sua profissão”. Ela foi detida ao tentar localizar o ministro em uma conferência no local. Segundo a assessoria, Barbosa foi informado sobre a prisão apenas na manhã de sábado (28/9) e não teve qualquer interferência na organização do evento.