Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Ação de justiceiros no Rio é ‘compreensível’ e não ‘aceitável’

Criticada nas redes sociais por um comentário sobre o caso do adolescente preso por justiceiros com uma tranca a um poste na Zona Sul do Rio de Janeiro, a âncora do “SBT Brasil” Rachel Sheherazade afirmou, em entrevista por e-mail à Revista da TV, que foi “intecionalmente” mal interpretada e que não considerou a ação do grupo “aceitável”, mas “compreensível”. Na terça-feira, a jornalista comentou o caso que chocou os cariocas dizendo que “o contra-ataque aos bandidos é o que chamo de legítima defesa coletiva de uma sociedade sem Estado contra um estado de violência sem limite. E, aos defensores dos direitos humanos, que se apiedaram do marginalzinho preso ao poste, eu lanço uma campanha: faça um favor ao Brasil, adote um bandido”. Veja a seguir as respostas de Rachel, as palavras em letras maiúsculas foram destacadas por ela mesma.

Como você vê a reação a seus comentários? Acha que foi mal interpretada?

Rachel Sheherazade – Tenho certeza que fui INTENCIONALMENTE mal interpretada. Em nenhum momento, no meu comentário, há qualquer menção de apoio à violência praticada pelos justiceiros. Não disse que a atitude deles foi “aceitável” disse que foi “compreensível”, e argumentei o porquê. Foi COMPREENSÍVEL porque vivemos num país abandonado, entregue de bandeja à criminalidade, sem policiamento, sem segurança…. Um país com mais de 60 mil homicídios por ano e que, por leniência ou incompetência, acaba arquivando 80 por cento de seus inquéritos, gerando cada vez mais impunidade. E é essa sensação de injustiça e de vulnerabilidade que acaba levando o indivíduo a ações extremas, como a atitude dos justiceiros do Rio. Isso não é aceitável, mas é, como eu disse e repito: COMPREENSÍVEL.

Se arrepende de ter comentado o assunto de forma tão polêmica?

R.S. – Não me arrependo. O assunto acabou gerando uma discussão muito construtiva para a sociedade. Espero que dela resultem ações efetivas que protejam os cidadãos de bem deste país.

De que forma você acha que sua opinião foi recebida pela sociedade?

R.S. – Sempre de forma dividida. Afinal, não há opiniões unânimes. Há temas com maior aceitação, outros com mais rejeição.

Para o líder do PSol na Câmara dos Deputados, Ivan Valente (SP), o SBT e você fizeram apologia ao crime em horário nobre. O que acha disso?

R.S. – Quem é o PSOL para me censurar, se a Constituição Brasileira me garante o direito de livre expressão? Mas, entendo o burburinho que o partido vem causando. Estamos em ano eleitoral. Não se enganem. Legendas inexpressivas precisam pegar carona em temas polêmicos, levantar bandeiras de última hora, defender os fracos e oprimidos, mesmo que da boca pra fora. Tudo isso gera repercussão. E entre os incautos, pode até gerar votos. Se a legenda acha que faço apologia ao crime, me processe. Quem anda com a verdade, não teme a Justiça.

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Nilton Carauta, do Globo