Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Vigilância representa desafio global para o livre fluxo de notícias

A vigilância digital, os assassinatos não averiguados de jornalistas, e as pressões políticas e comerciais indiretas sobre os meios de comunicação são três das principais ameaças à liberdade de imprensa destacadas pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) na sua avaliação anual Ataques à Imprensa, divulgada hoje.

“Os principais campos de batalha para a liberdade de imprensa costumavam ser contidos dentro das fronteiras de Estados autoritários. Enquanto essas batalhas continuam, as novas tecnologias tornaram possível a realização do direito à liberdade de expressão, independentemente de fronteiras”, disse o diretor-executivo do CPJ, Joel Simon. “Ataques à Imprensa descreve as ameaças e explora estratégias para salvaguardar o livre fluxo de informações.”

Três artigos em Ataques este ano, incluindo um prefácio para a edição impressa por Jacob Weisberg, analisam os efeitos danosos à liberdade de imprensa causados pelos programas de vigilância em massa nos Estados Unidos. A capacidade de armazenar dados transacionais e conteúdo das comunicações‘ dos governos mina a capacidade dos jornalistas de proteger as fontes. O escopo de espionagem digital da NSA levanta dúvidas sobre o compromisso dos EUA com a liberdade de expressão e fortalece a China e outras nações restritivas em seus apelos por mais controle do governo sobre a internet.

Último ensaio de correspondente no México

Outro ensaio em Ataques argumenta que a comunidade internacional deve colocar a liberdade de imprensa no centro de uma nova estratégia de combate à pobreza como meta de 2015 quando se aproximam os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da ONU. Enquanto isso, se a transparência no setor financeiro não for melhorada, mais crises financeiras globais podem ser esperadas. Ataques também explora como a inabilidade em resolver assassinatos de jornalistas alimenta a atmosfera de intimidação, agravada pelo homicídio de testemunhas em muitos casos.

Junto com a edição impressa de Ataques à Imprensa, o CPJ publica online um resumo das condições e dos dados de cerca de 60 países. A Síria continuou sendo o país mais letal para os jornalistas que trabalhavam em 2013, enquanto Iraque e Egito viram, cada um, um aumento acentuado da violência fatal. No total, 70 jornalistas perderam suas vidas. Pelo segundo ano consecutivo, a Turquia foi o maior carcereiro de jornalistas do mundo, seguido de perto pelo Irã e pela China.

Ataques à Imprensa foi primeiramente publicado em 1986. A edição de 2014 traz análises do CPJ e de peritos globais sobre: A influência de Pequim na imprensa de Hong Kong e Taiwan; os esforços de jornalistas sírios para informar, apesar do perigo; a insistência na “notícia positiva“ na África subsaariana; encontrar coragem para cobrir violência sexual; o legado de Nelson Mandela; e muito mais. A Lista de Países em Risco do CPJ destaca os 10 países onde a liberdade de imprensa mais se deteriorou em 2013.

Ataques também inclui o último ensaio do falecido correspondente do CPJ no México, Mike O’Connor para o CPJ: “Homens Armados Dominam Neza e a Imprensa na Periferia da Cidade do México“. O’Connor morreu repentinamente no final de dezembro. A edição impressa, com prefácio de Weisberg, presidente do Grupo Slate e membro do conselho de administração do CPJ, é publicada pela Bloomberg Press, editora de Wiley, e está disponível para compra.

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O CPJ é uma organização independente, sem fins lucrativos que trabalha pela liberdade de imprensa em todo o mundo