Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Em uma semana, 55 agressões a jornalistas

O presidente do Colégio Nacional de Jornalistas (CNP, associação dos profissionais de imprensa venezuelanos), Guia Tinedo, informou nesta sexta-feira que entre os dias 12 de fevereiro – data inicial dos protestos contra o governo de Nicolás Maduro – e 20, ao menos 55 jornalistas sofreram algum tipo de agressão na Venezuela. Em uma entrevista transmitida pelo canal Globovisión, Guia revelou que dos 71 casos registrados neste ano, a última semana responde por mais de 77%.

Guia manifestou preocupação com a crescente onda de ataques contra jornalistas e o impedimento do trabalho da imprensa. Desde o início dos protestos, jornalistas já tiveram seus equipamentos ‘confiscados’ – eufemismo para roubados, pois os profissionais não conseguem recuperá-los – e também foram agredidos por policiais e milícias bolivarianas. Entre os casos de violência registrados, a CNP divulgou um vídeo mostrando policiais agredindo um jornalista do jornal Panorama, em Maracaibo, cidade ao norte do país. Ao lado de outros jornalistas, como o secretário-geral do Sindicato Nacional de Trabalhadores de Imprensa (SNTP, na sigla em espanhol), Carlos Correa, o presidente da ONG Espaço Público, Bernardino Herrera, e outros, Guia também mostrou preocupação com a situação de censura da mídia e criticou a postura do governo contra a CNN.

Nesta sexta [21/2], em mais um ataque contra a liberdade de imprensa, o governo venezuelano, através do Ministério de Comunicação e Informação, cancelou os vistos de trabalho de quatro profissionais da rede americana CNN, a correspondente Osmary Hernández, a apresentadora Patricia Janiot e de sua produtora, e do repórter Rafael Romo. “Já basta de propaganda de guerra, eu não aceito propaganda de guerra contra a Venezuela! Se não se corrigirem, fora da Venezuela, CNN! Fora!”, bradou Maduro em um discurso televisionado.

A CNN disse não ter sido notificada sobre o processo e, como se fosse necessário, rechaçou a afirmação de que a cobertura das manifestações tenha o intuito de servir como “propaganda de guerra” contra a administração. “Nós abordamos ambos os lados da tensa situação que vive a Venezuela, embora o acesso aos funcionários do governo seja muito limitado. Esperamos que o governo reconsidere sua decisão. Mas seguiremos informando sobre a Venezuela da forma justa, acertada e balanceada que nos caracteriza como uma empresa jornalística”, diz um comunicado da emissora.

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Diego Braga Norte, da Veja, de Caracas