Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Condição de trabalho de correspondentes se agrava

As condições de trabalho para os jornalistas estrangeiros na China tiveram uma piora significativa nos últimos anos, segundo relatório divulgado nesta sexta (12/9).

“O Partido Comunista da China continua a impor obstáculos aos jornalistas estrangeiros e às empresas que os empregam, desencorajando reportagens sobre vários aspectos da China”, resume o dossiê preparado pelo Clube dos Correspondentes Estrangeiros na China (FCCC, na sigla em inglês).

Os jornalistas são barrados em várias regiões do país, e os casos de intimidação por parte de autoridades tornaram-se comuns. A concessão de vistos aos profissionais estrangeiros de mídia é usada como instrumento de pressão, e quem produz reportagens que desagradam ao governo corre o risco de perder a autorização.

Quase todos os jornalistas (99%) afirmam que as condições de trabalho na China estão longe dos padrões internacionais, de acordo com uma pesquisa entre os 243 membros do FCCC, ao qual o correspondente da Folha em Pequim é afiliado.

“Nos últimos três ou quatro anos, ficou mais difícil para os jornalistas estrangeiros fazerem seu trabalho, seja porque eles não têm permissão de entrar no país, seja porque a informação é negada aos correspondentes”, disse Peter Ford, presidente da entidade, que é considerada ilegal pelo governo chinês.

A situação piorou desde 2008, ano em que o governo relaxara restrições ao trabalho da imprensa durante os Jogos Olímpicos de Pequim.

O relatório do FCCC cita vários casos em que jornalistas foram impedidos de fazer coberturas, sobretudo sobre assuntos considerados sensíveis, como o aniversário de 25 anos do massacre da Praça da Paz Celestial, em junho deste ano.

Além da intimidação em pessoa, os correspondentes também passaram a sofrer ataques cibernéticos, com o intuito de espionar os computadores dos jornalistas estrangeiros.

No mais recente ranking de liberdade de imprensa da ONG Repórteres Sem Fronteiras, a China aparece no 175º lugar, entre 180 países.

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Marcelo Ninio, da Folha de S.Paulo, em Pequim