Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

TSE volta à carga contra revista ‘Veja’

Dois dias depois de determinar a censura da publicidade da “Veja” e de conceder direito de resposta ao PT sobre reportagem de capa da revista, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) mandou que a revista readequasse o espaço que concedeu ao partido da presidente Dilma Rousseff em seu site.

O ministro do TSE Admar Gonzaga acatou neste domingo (26) pedido neste sentido do Ministério Público Eleitoral. Sob pena de ter de pagar multa de R$ 250 mil na primeira hora e R$ 500 mil nas horas subsequentes, a revista cumpriu a nova determinação, mas recorre das duas decisões no Supremo Tribunal Federal (STF).

Reportagem publicada na última edição da revista afirma que o doleiro Alberto Youssef citou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a atual Dilma Rousseff (PT) como conhecedores do esquema de corrupção na Petrobras. A apuração foi confirmada pela Folha.

No direito de resposta, a campanha de Dilma acusa a publicação de tentar “influenciar o processo eleitoral por meio de denúncias vazias” e põe em dúvida a existência do relato de Youssef.

Segundo argumentou o vice-procurador-geral eleitoral, Eugênio Aragão, a “Veja” não deu o devido destaque ao direito de resposta, que deveria ser publicado “no mesmo lugar e tamanho em que exibida a capa do período”.

Gonzaga determinou ainda que a revista retire de sua página na internet um link que levava a outro texto que fazia críticas à decisão do TSE.

Intitulado “Resposta do direito”, o texto lembra que Admar Gonzaga, ministro que concedeu o direito de resposta, foi advogado da campanha de Dilma na eleição presidencial de 2010 e indicado por ela à Justiça Eleitoral em 2013.

Ouvidos e liberados

Na tarde deste domingo (26), o site da revista mudou a localização da resposta do PT. Do meio da página inicial, o texto foi transferido para o topo, no lado direito. Procurada, “Veja” não se manifestou.

De acordo com o ministro, a reportagem não foi censurada pela Justiça Eleitoral –que, segundo ele, apenas determinou a publicação do direito de resposta.

A reportagem da revista, cuja distribuição foi antecipada do sábado (25) para sexta-feira (24), esquentou o clima na reta final da campanha presidencial. Na noite de sexta, cerca de 200 pessoas fizeram pichações e espalharam lixo em frente ao prédio da editora Abril, que publica a revista, em represália à publicação.

Na calçada, nas paredes e na placa da editora foram escritas frases como “Veja mente” e “Fora Veja”. Segundo testemunhas ouvidas pela Folha, os manifestantes passaram cerca de meia hora no local, cantando gritos de guerra contra a revista.

Entidades e associações da imprensa repudiaram o ataque. A Aner (Associação Nacional de Editores de Revistas) classificou o ato como “vandalismo que fere a democracia, a liberdade de expressão e de imprensa”.

As pichações foram assinadas pela UJS (União da Juventude Socialista), organização de militância jovem ligada ao PC do B, que apoia a candidatura de Dilma Rousseff.

Em seu site, a UJS classifica os ataques de “ato político” e afirma que a revista é “conhecida por disseminar falácias sobre o atual governo” e “não poupou adjetivos para divulgar uma acusação sem provas […] com clara intenção de prejudicar Dilma.”

Na nota, a entidade diz que seus militantes gritaram palavras de ordem, rasgaram revistas e fixaram faixas no prédio. Eles não citam as pichações nem o lixo jogado diante da editora.

Três estudantes foram detidos pela polícia após o ato. Membros da UJS, Bruno da Silva, 25, Anderson Bahia, 29, e Mateus Weber, 20, foram liberados após serem ouvidos no 14º DP (Pinheiros) e negarem ter participado das pichações. Eles foram detidos pela PM porque estavam em um carro de som da UJS a algumas quadras do prédio da editora. Não houve flagrante.