Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Anistia Internacional lança programa antiespionagem

A Anistia Internacional lançou um programa que pode detectar softwares de espionagem usados pelos governos para monitorar ativistas e opositores políticos. Segundo a organização, muitos governos usaram ferramentas de espionagem sofisticadas que poderiam pegar imagens de webcams ou ouvir através de microfones para monitorar pessoas. “Essas ferramentas de espionagem são comercializadas pela sua capacidade de contornar um antivírus comum”, disse Tanya O’Carroll, consultora em tecnologia e direitos humanos da Anistia Internacional.

Os fabricantes de softwares de espionagem costumam fazer testes para garantir que a forma como ele infecta e se esconde em um computador não provoque alertas de segurança, acrescentou.

Detekt tem sido desenvolvido ao longo dos últimos dois anos para identificar os poucos vestígios que os programas de espionagem deixam nos computadores. A varredura intensa que realiza em um disco rígido faz com que um computador não possa ser usado enquanto o Detekt está em execução.

Quatro grupos de direitos separados – Anistia Internacional, Electronic Frontier Foundation, Privacy International and Digitale Gesellschaft – têm trabalhado em conjunto para criar o detector de spyware, que está disponível gratuitamente.

O grupo está agora à procura de ajuda para manter o Detekt atualizado e ampliar a gama de programas de espionagem que ele pode pegar.

Solução final

A primeira versão do Detekt foi escrita para rodar em computadores com Windows, porque na maioria das vezes as pessoas que estão sendo monitoradas usam o software, disse O’Carroll. Muitos governos repressivos estavam usando softwares de espionagem por algum tempo e os programas foram se tornando cada vez mais populares com os governos democraticamente eleitos também, disse Carroll. Softwares de espionagem foram encontrado nos computadores de ativistas em Bahrein, Síria, Etiópia, Vietnã, Alemanha, Tibete, Coreia do Norte e muitas outras nações. “É mais fácil nomear os países que não estão usando essas ferramentas de espionagem do que aqueles que estão”, disse ela.

O comércio de spyware utilizado pelos governos agora é um mercado que vale cerca de US$ 5 bilhões por ano, afirmou a consultora, acrescentando que era hora que este comércio fosse melhor regulamentado.

O professor Alan Woodward, da Universidade de Surrey, que aconselha governos em questões de segurança, se perguntou se seria fácil para a Anistia e os seus parceiros manter Detekt. “Não é o seu principal negócio”, disse ele. “Eles vão continuar a atualizar o software por que as variantes do spyware mudam diariamente?”

Ele também questionou o quão útil seria contra os regimes que utilizaram softwares exclusivos em vez de versões comerciais que eram bem conhecidas e documentadas. “Se a técnica é conhecida amplamente, esses regimes assumem que será ineficaz e usam outra abordagem”, disse ele.

Claudio Guarnieri, o pesquisador de segurança alemão que criou Detekt, disse que havia uma crescente lista de empresas que produzem software de espionagem. “As pessoas pensam que os usos de spyware por governos são casos isolados. Eles não são”, Guarnieri disse à BBC. “A descoberta é isolada. Spyware está se tornando a solução final para operações de vigilância para superar criptografia. O verdadeiro problema é que ninguém realmente perguntou ao público se isso é aceitável e alguns países estão legitimando o seu uso sem considerar as consequências e os problemas inerentes” (com sites internacionais).