Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Guarda Nacional Bolivariana é acusada de violência contra jornalistas

Em 2014, foram registradas 569 violações à liberdade de expressão na Venezuela, segundo dados divulgados nesta quarta-feira [7/1] pela ONG Espaço Público. Deste total, 91 casos foram agressões a jornalistas e fotógrafos, das quais 36 pessoas foram vítimas de forças de segurança nacional como a Guarda Nacional Bolivariana (GNB), a Polícia Nacional Bolivariana (PNB) e, em menores casos, funcionários regionais.

A GNB foi acusada de ser uma das principais responsáveis da violência que tomou conta do país nos primeiros meses de 2014, em meio a uma onda de protestos contra o presidente Nicolás Maduro, que deixaram um saldo trágico de 43 mortes. Jornalistas e manifestantes sociais também foram atacados pelos chamados círculos bolivarianos, considerados uma espécie de tropa de choque da revolução chavista. De acordo com a ONG, pelo menos 10 casos de ataques à imprensa foram protagonizados por grupos violentos de chavistas. As principais agressões ocorreram na capital do país e nos estados de Carabobo e Táchira.

Entre janeiro e novembro passados, foram realizadas 2254 manifestações em toda a Venezuela, das quais estima-se que cerca de 400 foram reprimidas por forças de segurança nacionais e grupos civis. Um dos casos mencionados no relatório da Espaço Público é o do fotógrafo Gabriel Osorio, atacado por oficiais da GNB quando estava cobrindo uma manifestação. “Corri, mas conseguiram me pegar. Eu gritava que era fotógrafo, mas me deram uma surra”, contou Osorio, que trabalha na agência Orinoquiaphoto.

Já o repórter Carlos Arturo Albino, do canal de TV Globovision, foi agredido pela GNB quando cobria uma manifestação em Chacao, na Grande Caracas. “Fomos atacados, apesar de termos nos apresentado como jornalistas”, contou Albino.

Jornalistas estrangeiros também foram alvo de ataques. Em 3 de julho passado, Gonzalo Ruiz, do canal de TV colombiano NTN24 foi agredido e preso durante 20 minutos por funcionários da PNB, durante choques entre estudantes da Universidade Católica de Táchira e agentes policiais. O incidente ocorreu na cidade de San Cristóbal, onde começaram os protestos contra Maduro.

“As agressões à imprensa não foram somente na época das manifestações. A conduta da GNB se manteve sempre que ocorreram momentos de tensão”, disse a ONG.

******

Janaína Figueiredo, do Globo