Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Ataques políticos proliferam na internet

A disputa presidencial americana de 2008 é a primeira em que candidatos e eleitores usam a internet com força total, atesta Jim Rosenberg [New York Times, 29/6/08]. Além de servir de ferramenta de campanha, a rede se tornou também o principal meio para disseminar ataques a candidatos. O curioso é a grande maioria destes ataques não é planejada por estrategistas políticos; os vídeos online são fruto do trabalho de eleitores amadores, munidos apenas de uma câmera, um computador e uma conta no YouTube – e, em geral, sem ligação com os partidos.


Robert Anderson, professor da Universidade Elon, na Carolina do Norte, produziu em casa uma série de vídeos atacando o candidato republicano John McCain e elogiando o democrata Barack Obama. Já Paul Villarreal, com um software de apenas US$ 100, criou em seu apartamento, na Pensilvânia, diversos vídeos atacando Obama. Segundo o YouTube, eles foram vistos 50 mil vezes. Villarreal afirma que não é membro da campanha de McCain ou do Partido Republicano.


McCain e Parsley


Com um pouquinho de profissionalismo, algumas peças chegam até a influenciar a campanha. Uma montagem em vídeo com elogios de McCain ao reverendo Rod Parsley e declarações duras do líder evangélico sobre o Islã contribuiu para que o republicano rejeitasse o apoio de Parsley à sua candidatura. O pequeno filme foi feito pelo diretor Robert Greenwald que, com a ajuda de uma equipe de 20 assistentes, produz vídeos de McCain contradizendo-se em diferentes assuntos.


As montagens de Greenwald já foram vistas mais de cinco milhões de vezes no YouTube – mais até que os próprios vídeos de campanha de McCain no sítio de compartilhamento de vídeos. ‘Se você tivesse me dito que os vídeos seriam vistos um milhão de vezes, eu teria lhe chamado de louco’, diz Greenwald – que não tem ligações com o Partido Democrata nem com a campanha de Obama. O diretor conta, no entanto, com um orçamento de US$ 900 mil que conseguiu com doações para fazer vídeos anti-McCain.


Poder da rede


Há quatro anos, a internet não fazia tanto barulho e não dava tanta dor de cabeça aos candidatos. Este ano, programas de edição baratos e a fácil distribuição dos vídeos em sítios como o YouTube romperam a barreira online. Estrategistas alegam que há pessoas ligadas a partidos que se passam por amadores apartidários, mas, até agora, poucos casos deste tipo foram descobertos. A audiência para os vídeos online também pode ser enganosa, pois sítios como o YouTube mostram o número de vezes que o arquivo foi visto e não o número de pessoas que o assistiram.


Ainda assim, com a proliferação dos ataques online, os partidos estão deixando para trás a idéia de que a melhor resposta a uma crítica é ignorá-la para não dar visibilidade a ela. Há quase um mês, Obama lançou um sítio para rebater rumores sobre ele espalhados por e-mail e por blogs. Quando era pré-candidato, o ex-governador Mitt Romney colocou diversos vídeos no YouTube com informações positivas sobre sua campanha. ‘O novo modelo de resposta é dominar o espaço com informações sobre seu candidato’, opina Kevin Madden, ex-secretário de imprensa de Romney.