Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Carol Knoploch

‘Ele não tem nome de galã e seu rosto é desconhecido do público da TV. Por enquanto. Malvino Salvador, um amazonense, natural de Manaus, vai estrear em Cabocla, nova novela das 6 da Globo, como o peão bonitão Tobias.

Seu personagem vai perder Zuca (da também novata Vanessa Giácomo) para Luís Jerônimo (de Daniel de Oliveira, que foi Bernardo na minissérie Um Só Coração). De acordo com o diretor Ricardo Waddington, Vanessa é a própria cabocla, assim como Malvino, que tem tudo a ver com o Tobias. O diretor explica que persegue este conceito de ser o personagem e não simplesmente interpretá-lo há tempos. E citou como exemplo outra aposta sua: Mel Lisboa, a própria Anita, de Presença de Anita.

‘No início dos testes, quando tinha um monte de gente, estava realmente nervoso. Mas, depois, em uma segunda etapa, já no Projac e com as roupas do Tobias, fiquei tranqüilo. Sabia que o personagem era ‘quase’ meu’, declarou Malvino, com ligeiro sotaque. O modelo (hoje da L’Equipe), cujos pais são descendentes de portugueses e italianos, conta que voltou a sentir um friozinho na barriga quando foi gravar a primeira cena da novela. ‘Era uma corrida de cavalos e eu nem abri a boca’, lembra, aos risos. ‘Descarreguei toda a tensão lá e depois tive minha segunda estréia, já com fala.’

As imagens da corrida, aliás, marcarão o início da novela, no próximo dia 10. Tobias e Tomé (Eriberto Leão) se confrontam em uma raia, representando seus coronéis, Boanerges (Tony Ramos) e Justino (Mauro Mendonça). Tobias perde e Boanerges tem de raspar o bigode, símbolo do homem macho na época.

Malvino, que trabalhava em um banco e cursava o quarto ano de ciências contábeis em Manaus, mudou-se para São Paulo, após convite para trabalhar como modelo. Ficou seis meses na capital sem trabalho. Após participar do musical Blue Jeans, de Wolf Maya, e de estudar com Wolf e Fátima Toledo, sente-se preparado para uma carreira na tela ou nos palcos. ‘A gente escuta falar tantas coisas… Eu estou adorando, a energia é ótima, o pessoal é bem generoso. Quando fiz Blue Jeans tive a certeza que deveria seguir a carreira de ator’, comentou Malvino, que confessa não ser telespectador de novela. As de que mais gostou foram Roque Santeiro, Vale Tudo, Renascer e Pantanal.’



ENTREVISTA / GIANNECCHINI
Leila Reis

‘‘Não deixei a passarela para virar celebridade’’, copyright O Estado de S. Paulo, 30/04/04

‘Aos 31 anos, Reynaldo Giannecchini protagoniza sua quarta novela (Da Cor do Pecado, no papel dos gêmeos Paco e Apolo), com a convicção de que ainda está aprendendo o ofício de ator. Nesta entrevista, o ator fala do massacre que sofreu da mídia ao estrear na TV, das fofocas, do casamento com a jornalista Marília Gabriela e da barra de ser famoso.

Estado – Giovanna Antonelli diz que você está dando um tapa de luva de pelica em quem o criticou. Você sente isso?

Gianecchini – Não penso mais nisso. Acho uma loucura ter estreado em novela sem experiência alguma. Sou corajoso e não penso nas conseqüências, mas respeito a profissão que escolhi, sei que tenho de estudar muito. Estou em formação, por isso sou chato, grudo no diretor, quero saber como fica melhor cada cena, etc.

Estado – As críticas pesaram muito no começo?

Gianecchini – Foi horrível ser achincalhado. Não acho que fui perseguido, mas a mídia adora pegar o ponto fraco de uma pessoa que está em evidência.

Mereci ser criticado pela inexperiência, mas não desrespeitado. Nunca fui um menino que deixou a passarela para ser celebridade, como foi pintado. Foi o trabalho como ator no teatro que me levou para a TV. Eu fazia Boca de Ouro, (montagem) do Zé Celso Martinez Corrêa, quando fui chamado para fazer o teste para Laços de Família. Tinha feito cursos de teatro e a peça Cacilda!

(do Zé Celso).

Estado – Como foi esse ingresso na carreira?

Gianecchini – Morava em Paris, quando conheci a Marília (Gabriela) na Copa de 98, decidi voltar para o Brasil. Entrei em crise porque eu era um modelo conhecido, com 10 anos de profissão, e precisava me sustentar, enquanto estudava para me tornar ator.

Estado – O que mais pesa durante a gravação de novela?

Gianecchini – A carga horária. Só não atrapalha meu casamento porque tenho uma mulher do meio e muito compreensiva. Marília vem muito ao Rio, ela ajuda a fazer este casamento viável. Novela é um teste para qualquer casal.

Estado – E provoca uma alta exposição para o ator…

Gianecchini – É desagradável estar na berlinda, alvo de fofoca.

Estado – Mas não é exposição que um ator procura?

Gianecchini – O ator é um ser carente que busca aprovação, mas ninguém tem noção do peso da exposição em um veículo como a TV. É uma loucura.

Estado – O que mais o incomoda?

Gianecchini – Não gosto de dar autógrafos, é constrangedor. As pessoas agem alucinadamente como se a gente fosse um ET.

Estado – Qual foi o maior constrangimento que passou?

Gianecchini – Quando fazia Esperança, fui visitar uma tia de 90 anos na cidade de Olímpia, em São Paulo. Ela é a memória da minha família italiana, queria conversar sobre isso com ela. Alguém me viu entrar na casa e daí um pouco estávamos cercados por uma multidão. Quebraram o portão, invadiram o jardim, minha tia entrou em pânico, quase morreu de susto. Saí de camburão para o aeroporto. Foi uma insanidade.

Estado – Você voltou a Birigui, sua cidade natal?

Gianecchini – Fui receber a chave da cidade, carregar a tocha de abertura dos jogos abertos, fiz tudo que queriam, mas me deu uma aflição porque minha mãe começou a chorar porque não conseguia chegar perto de mim. Todo mundo enlouqueceu, não pude ficar com meus pais.

Estado – Qual é o tipo de fofoca que mais chateia?

Gianecchini – O que mais chateia é a dimensão que elas tomam. Alguém publica uma nota em um site qualquer e todo mundo copia, querem nos obrigar a se manifestar. Eu não dou mais satisfação.

Estado – Qual foi a pior?

Gianecchini – A mais escandalosa foi a que envolveu a Vera Fischer, na época de Laços de Família. Fico admirado com a facilidade com que inventam coisas.

Recentemente o site Glamurama escreveu que eu e Marília estávamos nos separando, imediatamente todo mundo estava ligando para confirmar e programas falaram sobre o caso. Isso me enche.

Estado – A beleza ajuda ou atrapalha a carreira?

Gianecchini – Ela abre portas, mas pode ser limitadora também. Tenho sido galã na TV, mas faço outras coisas, como em A Peça Sobre o Bebê, no teatro, e Avassaladoras, no cinema. Quero papéis valiosos.

Estado – A peça que você fez com a Marília Gabriela. É bom trabalhar com a mulher?

Gianecchini – Foi ótimo, porque pela primeira vez a gente teve a mesma agenda, ficamos mais juntos. Ela começou a gravar a novela Dinastia.

Estado – E estava insegura?

Gianecchini – Nada, a Marília é muito cara-de-pau, até me dá aflição. Ela é uma ótima atriz, tenho a impressão de que vai se sair bem. Gosto de ver isso, é bonito ver uma mulher se atirar como ela faz.’



TV PRÉ-PAGA
Priscilla Murphy

‘TV por satélite pré-paga vai custar R$ 1 por dia’, copyright O Estado de S. Paulo, 30/04/04

‘A inclusão digital deve chegar em breve ao setor de TV por assinatura, com o lançamento da Astral Sat, uma TV por satélite pré-paga, dirigida às classes B e C. Já em fase de pré-lançamento, o serviço custará R$ 1 por dia, oferecendo uma grade de 12 canais, incluindo programação de filmes, desenhos animados, notícias e documentários, diz Helio Barroso, idealizador do projeto e principal sócio da empresa. A estimativa é de começar a operar em grande escala no início de junho.

Inspirado no sucesso do celular pré-pago no Brasil, onde o nível baixo da renda impede o acesso de grande parte da população a serviços caros como a TV por assinatura, o empresário desenvolveu um modelo de negócios que reduz ao máximo os custos da operadora.

O número de canais foi reduzido ao que interessa à maior parte do público.

Já estão na grade TNT (filmes dublados), Cartoon Network e Boomerang (infantis), Canal Brasil e Clima Tempo. Estão em negociação mais Band News, Discovery, Discovery Kids, Animal Planet e Disney Channel, entre outros.

‘Estamos buscando mais canais de filmes que sejam dublados, porque são os de maior audiência’, diz Barroso. Na área de esportes, os eventos mais cobiçados que não estão na TV aberta são exclusividade das afiliadas Globo e, portanto, não entraram na programação.

Além de reduzir o número de canais ao que a empresa considera essencial, a Astral Sat terceirizou grande parte dos serviços, como gerenciamento de rede, distribuição e call center, diz o executivo, que não revela o investimento inicial da empresa. ‘Com isso, reduzimos nossos custos financeiros e temos serviços de uma qualidade que não conseguiríamos se fôssemos montar tudo sozinhos.’

O sinal da Astral Sat será transmitido do satélite Brasil Sat B1, da Star One, controlada pela Embratel, que já carrega cerca de 25 canais analógicos e 14 digitais, incluindo os principais canais da TV aberta. ‘Estima-se que haja de 12 milhões a 15 milhões de antenas parabólicas apontadas para esse satélite no Brasil, para receber o sinal da TV aberta’, diz Barroso. Nas regiões mais remotas do País, a maior parte da população recebe a TV aberta dessa forma. No Nordeste, 50% dos domicílios com TV recebem o sinal via parabólica.

O plano é atrair esse consumidor, que precisaria comprar apenas o decodificador – atualmente, por cerca de R$ 400. A empresa espera diminuir esse custo para R$ 200 em um ano. ‘Estamos negociando para que a fabricante de Taiwan terceirize pelo menos a montagem da caixa aqui no Brasil.’

Dependendo do distribuidor, o decodificador pode ser parcelado em até sete vezes. Quem não tem antena parabólica pode adquirir um kit com receptor nas Lojas Americanas, por exemplo, por R$ 679 em 12 vezes sem juros.

Quando o cliente não puder dispor dos R$ 30 mensais, continuará assistindo à TV aberta e terá apenas o sinal dos canais pagos interrompido até que recarregue seu cartão. ‘Teremos uma política de respeito aos clientes’, diz Barroso. A TV terá ainda um serviço de e-mail gratuito, pelo qual a empresa vai se comunicar com o cliente.’