Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Cenas de perseguição e de coronelismo

Sempre acreditei na função social do jornalista e venho defendendo essa idéia ao longo dos 25 anos de profissão. Acredito também que denúncias – sérias e documentadas – de fatos que prejudicam a comunidade devam ser feitas e foi assim que trabalhei durante os últimos 25 anos de minha vida. Nesse tempo todo me pautei pela ética profissional, pois aprendi a trabalhar com jornalistas que lutaram contra a ditadura militar.

Há dois anos voltei para minha terra natal, São Sebastião do Paraíso (MG). No inicio deste ano abri minha empresa de comunicação e lancei o Jornal Hoje. Foi quando meus problemas começaram, apesar de já ter sentido a fúria coronelista do deputado Carlos Melles (PFL-MG) desde 2000, quando trabalhava no jornal O Tempo, de Belo Horizonte. Por vários anos ele tentou provocar a minha demissão da empresa.

Em fevereiro deste ano, a perseguição do deputado Melles contra mim e minha empresa recebeu o apoio do Ministério Público local. Tudo começou quando publiquei duas denúncias com extensa documentação. A primeira foi contra um hospital local e a segunda envolve um promotor em sonegação fiscal. O promotor, mesmo sendo curador do patrimônio público, ganhou um terreno da Cooperativa Regional dos Cafeicultores comandada pelo deputado Melles, onde construiu uma mansão fantasma, pois ela não existe para o fisco municipal, estadual ou federal.

Sob vigilância

Depois dessas denúncias, todas documentadas, chove processos contra minha empresa e contra mim. Tem processo eleitoral, criminal e por danos morais. Ao todo são dez, nenhum ainda julgado, mas acredito na minha vitória apenas na segunda instância, visto que a Justiça local é altamente comprometida com o grupo do deputado.

O último processo me chamou a atenção e me deixou muito indignada. A promotora da Justiça Eleitoral entrou com um processo por crime eleitoral contra mim defendendo claramente o deputado Melles. Ela faz um julgamento das matérias veiculadas e, mesmo afirmando no processo que todas as matérias não foram publicadas em período eleitoral, teve a coragem de abrir tal processo.

Além dos processos, falsos pesquisadores do IBGE já estiveram na minha casa, fugindo quando lhes pedi os documentos. Agora estou sendo vigiada.

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Jornalista