Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Comunique-se

SE LIXANDO
Comunique-se

Deputado que se lixa para a opinião pública discute com entrevistador

‘O deputado federal Sérgio Moraes (PTB-RS), que ganhou notoriedade após afirmar que se lixava para a opinião pública, discutiu asperamente com o apresentador da Rádio Globo Roberto Canázio durante entrevista realizada nesta quinta-feira (14/05). O parlamentar voltou a afirmar que não tem medo dos jornalistas e comparou os gastos dos congressistas com as verbas publicitárias das estatais.

‘Esses R$ 4,5 mil são migalhas perto do que vocês da imprensa levam do dinheiro do povo todo mês para fazer publicidade’, bradou, referindo-se à verba parlamentar destinada ao custeio de combustível.

Moraes criticou duramente a imprensa e terminou o bate-boca gritando que se lixava para a opinião do entrevistador. Canázio, que procurou manter a calma, mas chegou a mandar o deputado ‘calar a boca’, comentou: ‘Ele se lixa pra minha opinião, quando a minha opinião representa a opinião do povo’.

A entrevista começou amena, com Canázio deixando claro ao deputado que apoiava a sua destituição do cargo de relator do processo contra o deputado Edmar Moreira no Conselho de Ética da Câmara. Moraes tentava explicar o contexto da declaração difundida pela imprensa de que ele se lixava para a opinião pública.

Num momento, Moraes se exaltou e começou a criticar a imprensa, defendendo repetidamente que estava ao lado da verdade e que não temia os jornalistas.

‘O medo de vocês da imprensa é que as únicas ferramentas que vocês têm para intimidar os políticos são o microfone, as luzes, o jornal. E eu não tenho medo de vocês’, disse.

No final, o deputado, aparentemente fora de si, gritava contra o entrevistador, batendo na tecla dos gastos do governo com a imprensa.

‘Vamos botar na balança quanto vocês levam da Petrobras! (…) Vocês também são públicos, então não me venha apontar o dedo, compadre!’, berrou Moraes.’

 

VENEZUELA
Comunique-se

Chávez fecha o cerco e Globovisión recebe notificação de multa

‘Cada vez mais pressionada pelo governo de Hugo Chávez, a Globovisión recebeu uma notificação na quinta-feira (14/05) do Fundo de Promoção e Financiamento de Cinema (Fronprocine). O canal está sendo obrigado a pagar uma multa de R$ 2,4 milhões, baseado na Lei de Cinematografia, que obriga os canais abertos a contribuir de acordo com o faturamento de publicidade. Mas um artigo exonera as empresas que fins meramente informativos de pagar essa taxa.

Antes de sua viagem à Argentina, para se reunir com Cristina Kichner, o presidente venezuelano advertiu um ‘canal privado’, que não mencionou o nome, para que não continue o desafiando. ‘Aqui faremos o que tivermos que fazer, não nos importa absolutamente nada do que digam os burgueses do mundo’.

O Fronprocine interpreta o artigo alegando que isenção citada resulta na sua aplicação somente a aqueles que prestem este tipo de serviço sem fins lucrativos.

A Globovisión informa em seu site que vai responder a essa notificação com todos os recurso jurídicos disponíveis a fim de anular essa exigência do fundo.

O presidente fez ameaças em seu programa semanal de rádio e TV ‘Alô, Presidente’ às emissoras que ‘incitam o ódio’. Chávez se referia aos meios privados que, segundo ele, incitam rebeliões militares e tentativas de assassinato.

A Globovisión deu apoio à tentativa de golpe de Estado ocorrida em abril de 2002.’

 

INTERNET
Sérgio Matsuura

Site da Tribuna da Imprensa volta ao ar

‘Desde a última quarta-feira (13/05), o site da Tribuna da Imprensa do Rio de Janeiro está no ar. Numa iniciativa solitária do seu proprietário, Hélio Fernandes, o novo espaço segue o modelo de blog e é atualizado durante todo o dia. Porém, a medida não significa o sepultamento do jornal impresso. Fernandes afirma que a expectativa é a volta da Tribuna em papel dentro de três meses.

‘Esse é um compromisso, que eu escrevi em dezembro do ano passado, quando eu anunciei a suspensão temporária da Tribuna. Assim que eu receber as indenizações, vou pagar todas as dívidas e voltar com o jornal. Aos 88 anos, não tenho outros objetivos’, diz.

A circulação impressa da Tribuna foi ‘suspensa temporariamente’ no dia primeiro de dezembro do ano passado. O site continuou no ar até abril deste ano, quando os funcionários, ‘indignados com a situação de penúria a que foram relegados’, retiraram a página do ar e divulgaram um documento-denúncia, onde informaram que estavam sem receber salários há seis meses.

Fernandes promete quitar todas as dívidas assim que receber a verba indenizatória da União por censura, perseguições e prejuízos morais e materiais sofridos entre 1969 e 1979, durante a ditadura militar. O ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Melo, em fevereiro deste ano, reconheceu o direito da Tribuna ser indenizada.

‘Eu não conheço o Celso de Melo, mas em 18 dias ele resolveu uma questão que não foi decidida em 27 anos. A União tem que pagar imediatamente a indenização para a Tribuna da Imprensa’, afirma Fernandes.’

 

TECNOLOGIA
Bruno Rodrigues

O profissional e a tecnologia: dois lados de uma mesma moeda

‘Tenho recebido muitos e-mails de profissionais preocupados com o que está acontecendo com o mercado de Jornalismo impresso. Em alguns deles, percebo um ressentimento com a tecnologia, como se ela, após décadas de bons serviços prestados ao profissional de Comunicação, tivesse subitamente lhe passado a perna.

E passou. Se é assim, o que fazer? Às vezes somos atropelados pela ‘evolução natural das coisas’, seja do mercado, do consumidor da informação que produzimos ou até mesmo do veículo para quem trabalhamos. Desta vez tudo veio em cascata, e não dá para sentar e chorar – é preciso ir em frente.

Como tudo o que nos assusta, é saudável, depois de passado o vendaval, pensar nos porquês. A evolução das tecnologias de comunicação, que detonou a fase na qual estamos apenas no início, é a grande culpada – mas, ao mesmo tempo, também é certo que será ela que nos mostrará que caminho tomar.

Há quinze anos a chegada da web comercial sinaliza que a informação não pertence mais a ninguém, e há dez anos ela nos mostra que quem produz informação não é só o jornalista. Esqueça certo e errado; aliás, a sensação é que o mercado passou anos tentando reagir, e não agir; reclamar, e não tomar uma posição.

A tecnologia quebrou barreiras entre emissor e receptor. Mas se engana quem acha que a barreira foi a da distância. A tecnologia tirou das mãos dos grandes grupos o monopólio da informação, esta foi a barreira esfacelada.

Ainda não há final feliz porque a história não chegou à metade, nem há mocinhos e bandidos. Muitos grupos jornalísticos abraçaram a ‘revolução digital’ desde o início, como o El País e o The Wall Street Journal, e sobreviverão bem ao terremoto – e para eles pouco importa se as edições diárias serão em papel ou não. Enquanto isso, muitos profissionais – jovens, até – agarram-se à celulose como se dela dependesse a atividade jornalística.

Perder o preconceito e reforçar o senso crítico são as melhores armas para enfrentar os novos tempos. Sem ideias pré-concebidas, é possível levar a experiência que se tem para novos ambientes, e deles tirar o melhor. E com uma visão analítica das novas mídias e o foco no que é realmente útil, é possível separar o joio do trigo.

Claro que todos sabem que a tecnologia é nossa aliada. A questão é o mercado comeu mosca e, de repente, tudo ficou muito confuso. Mas ainda dá tempo de levantar do chão e retomar o caminho.

Já disse uma vez e repito aos que me escrevem: o mercado de Comunicação já sobreviveu a situações bem mais complicadas – e ruins, o que definitivamente não é o caso desta vez.

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A próxima edição de meu curso ‘Webwriting & Arquitetura da Informação’ começa mês que vem, no Rio. Para quem deseja ficar por dentro dos segredos da redação online e da distribuição da informação na mídia digital, é uma boa dica! As inscrições podem ser feitas pelo e-mail extensao@facha.edu.br e outras informações podem ser obtidas pelo telefone 21 21023200 (ramal 4).

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Gostaria de me seguir no Twitter? Espero você em twitter.com/brunorodrigues.

(*) É autor do primeiro livro em português e terceiro no mundo sobre conteúdo online, ‘Webwriting – Pensando o texto para mídia digital’, e de sua continuação, ‘Webwriting – Redação e Informação para a web’. Ministra treinamentos em Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior. Em sete anos, seus cursos formaram 1.300 alunos. É Consultor de Informação para a Mídia Digital do website Petrobras, um dos maiores da internet brasileira, e é citado no verbete ‘Webwriting’ do ‘Dicionário de Comunicação’, há três décadas uma das principais referências na área de Comunicação Social no Brasil.’

 

EXTRA! EXTRA!
Milton Coelho da Graça

Bloch: leilão do prédio, não de micos

‘Nesta terça-feira (12/5) será leiloado o antigo prédio da Editora Bloch (revistas Manchete, Desfile, Fatos etc.). O lance mínimo será de R$ 40 milhões. Uma parte desse dinheiro, por absoluta justiça, deveria ser usada para pagar as dívidas trabalhistas.

O Governo também deveria leiloar os 95 mil cheques sem fundos pagos pela Bloch, que o Banco do Brasil permitiu que ‘micassem’ e até pouco tempo atrás ainda estavam nos subterrâneos da agência Senador Dantas, no Rio. Mesmo ‘micados’, talvez encontrassem compradores de documentos históricos.

Históricos em termos. Ninguém sabe se até hoje os bancos (oficiais ou privados) continuam lenientes em relação a cheques e dívidas da imprensa. Há casos incríveis de corrupção, vigarices e até chantagem no uso de verbas de publicidade por vários governos. E houve até campanhas absolutamente incompreensíveis, apenas explicáveis pelo desejo de dar dinheiro a jornais e revistas. Alguns de vocês certamente ainda lembram os anúncios de páginas inteiras, no final do governo Fernando Henrique, afirmando que o Brasil progredira ‘80 anos em 8’.

Conto uma estória que eu mesmo vivi. Editando as revistas da RioGráfica (na época, 1976, do grupo Globo) o responsável pela publicidade em Brasília me chamou para apresentação de um projeto ao Ministério do Trabalho, época do governo Geisel. Era um interessantíssimo projeto de revistas de quadrinhos para conscientização de trabalhadores sobre normas de segurança.

Eu e o homem da publicidade fomos conversar com assessores do Ministro. Comecei a explicar detalhadamente o projeto. Em cinco minutos, os assessores estavam visivelmente cansados de me ouvir e um deles explicitou a angústia: ‘Olha aí, já entendemos tudo, os nossos 20% estão garantidos?’

Fiquei meio estupefato com a franqueza e me virei para o companheiro da publicidade, que, sem demora, me tirou da confusão: ‘Vai embora, Milton, agora eu assumo a conversa.’

Era assim, amigos, em plena ditadura. E eu acabara de sair de seis meses em cana para trabalhar na Rio Gráfica. Preciso dizer algo mais?

Uma medida saudável seria deixar bem claras as relações entre governo e imprensa, em todos os níveis. Bastaria divulgar mensalmente as autorizações para anúncios (e qualquer outra forma de publicidade e promoção), dando nomes e números.

Uma revista (pelo menos na ocasião) era muito temida nos corredores do Planalto e adjacências. Seus corretores de publicidade costumavam aparecer às terças ou quartas, anunciando que ela iria publicar uma matéria com denúncias sensacionais. Invariavelmente saíam com uma autorização de publicidade no bolso (quem me contou foi a pessoa que assinava as autorizações).

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Murdoch inventa como ganhar mais

O Financial Times informou, segundo VALOR desta terça (12/5): que a News Corp., de Rupert Murdoch, está procurando novas formas de faturar e, pelo que entendi – porque a matéria é um pouco confusa ao definir esse faturamento extra como ‘micropagamentos’ –, o objetivo é vender ‘pedaços’ do jornal. O leitor poderá não querer comprar a assinatura on-line de todo o material publicado, por achar muito caro o preço regular. Por um precinho menor, você poderia assinar na FOLHA, por exemplo, só a editoria de política ou só as colunas de Renata lo Prete e Monica

Bergamo. É isso: de grão em grão, o papo de Murdoch ficará mais cheio. A idéia, muito provavelmente, logo será seguida pelos nossos jornais e revistas. Mas só para o ano que vem.

(*) Milton Coelho da Graça, 78, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste Comunique-se.’

 

JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu

De como escapei de ser roubado por Adolpho Bloch!

‘Da redação às

pensões de puta

um único passo

(Talis Andrade in A Verdadeira Escola)

De como escapei de ser roubado por Adolpho Bloch!

Foi olhar para a foto desse edifício vendido em leilão e me rever de terno azul à porta da Bloch Editores, a entrar no táxi que me levaria para nunca mais voltar àquele hospício. Acabara de ser demitido do cargo de chefe de Redação da revista Pais & Filhos por Pedro Jack Kapeller, o Jaquito, sobrinho de seu Adolpho. Era manhã de segunda-feira, depois da semana santa de 1969, e minha tão grave falta tinha sido dar folga ao pessoal a partir da quinta-feira anterior, depois do heróico fechamento de tantas e tantas páginas.

Vermelhos de tanto sol na praia de Ipanema, onde morávamos, eu e minha mulher e repórter da revista, Marcia Lobo, chegamos cedo e prontos para retomar o trabalho. À minha espera estava o chefe do Pessoal, que me disse:

Leia no Blogstraquis o que me disse o chefe do Pessoal e acompanhe os detalhes do inesquecível e curioso episódio de minha demissão.

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Museu da corrupção

O considerado Bolívar Lamounier, maior cientista político do Brasil, envia link de um indispensável serviço público, o Museu da Corrupção, criado pelo Diário do Comércio, de SP, jornal que tem como diretor de Redação nosso velho amigo e companheiro do Jornal da Tarde dos anos 70, Moisés Rabinovici.

O premiado arquiteto mineiro Rodrigo de Araújo Moreira, autor do projeto, explica:

‘Criei uma pirâmide com uma parte virtualmente transparente. Tem vidro nas duas faces, e a face da frente se repete atrás. Essa é a parte em que a corrupção parece bonita, transparente’.

Nesse clonado Louvre do descaramento e da falta de respeito (clique aqui) estão organizadas as principais filhadaputices criadas pelo chamado mundo oficial deste país de incomparável torpeza. Leia, pesquise, colabore.

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À borda do poço

O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no Planalto, de cujo varandão debruçado sobre a irresponsabilidade observa-se o Palácio do Planalto onde o presidente e a primeira-dama preparam a bagagem para mais algumas longas, custosas e inúteis viagens mundo afora, pois Roldão escreveu à direção do seu jornal preferido:

Venho observando que a Imprensa está trocando a expressão ‘poço do elevador’ por ‘fosso de elevador’, tal como a notícia do Correio Braziliense de 10/5, p. 36: ‘Operário morre em fosso de elevador na Asa Norte’. Não imaginava que alguém pudesse fazer tal confusão pois os conceitos de poço e fosso são bem diferentes.

Janistraquis, que às vezes confunde José Gomes Temporão com José Ramos Tinhorão, mas nunca esquece de pedir desculpas ao grande jornalista e escritor, Janistraquis sugere aos consideradíssimos leitores uma visita aos dicionários para conferir a diferença entre poço e fosso.

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Título colossal

O considerado Camilo Viana, diretor de nossa sucursal em Belo Horizonte, vizinha do Palácio da Liberdade onde Aécio já procura um meio de barrar as pretensões de Hélio Costa ao governo, pois Camilo lia o Estado de Minas quando deparou com este título deverasmente colossal no caderno de economia:

TURBULÊNCIA GLOBAL — NOBÉIS VEEM UMA ‘DÉCADA PERDIDA’

Em outra frente, bancos centrais mantêm otimismo

Camilo, versado em latim e amante do português escorreito que aprendeu no Seminário Menor de Mariana, estranhou horrores:

Verdade que evoluíram a gramática do nosso tempo com várias vertentes, que desconheço por interrupção de acompanhamento.

Mas, pera lá: transformar um nome próprio em adjetivo radical para premiados é tolismo de escrevinhadores formados nas faculdades de jornalismo.

Aliás, na reforma do Lula, o que nunca leu um livro na vida, há exceções para circunflexos?

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Peixes perigosos

O considerado Leandro Gaspar, jornalista paulistano, leu com a devida atenção o artigo de Johann Hari aqui publicado na semana passada e escreveu à coluna:

O cerne polêmico do texto é justamente o fato de o autor alegar que o homem branco europeu despeja lixo tóxico em águas somalis e – surpreendentemente – explora a pesca marinha nas mesmas águas.

Como li o texto traduzido, investiguei o original no site do The Independent e notei que muitos leitores de lá também perceberam a contradição.

O jornalismo se rendeu à mera interpretação dos fatos?

Janistraquis acha que a dúvida de Gaspar e dos demais leitores é pertinente, porém defende a seguinte tese: os pescadores europeus, equipados com o Contador Geiger, verificam o nível de contaminação dos peixes, levam os cardumes sadios e deixam os demais para os somalianos comerem…

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Talis Andrade

Leia no Blogstraquis a íntegra do poema inserido no livro A Partilha do Corpo e cujo fragmento encima esta coluna. O poeta, de generosos versos que têm cheiro e sabor como as iguarias de sua terra, ofereceu A Verdadeira Escola a este velho sertanejo, o qual não merece tanta homenagem.

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Viva o Japão!

Texto-legenda no UOL Notícias – Fotos:

Vista do Memorial da Imigração Japonesa, de Oscar Niemeyer, localizado dentro do Parque Ecológico Promotor Francisco Lins do Rêgo, que será inaugurado amanhã, em Belo Horizonte (MG).

O monumento foi erguido em forma de pavilhão de exposições suspenso sobre um espelho d’água, com acessos laterais feito por duas rampas curvas, uma simbolizando Minas Gerais e a outra o Japão.

No interior, o destaque fica por conta de um pavilhão de arte contemporânea, assinado por Paulo Pederneiras, do Grupo Corpo.

Janistraquis leu, viu a foto, adorou o trabalho de Niemeyer, porém está convencido de que o Memorial ficaria mais bem instalado numa cidade paulista ou paranaense:

‘É que morei de 1957 a 1963 em Belo Horizonte e nesses seis anos vi somente um japonês, um só; era desenhista de publicidade. É pouco pra justificar um Memorial da Imigração, né não?’.

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Mas e mais

A considerada Miriam Abreu, nossa editora aqui no C-se, garimpava algumas preciosidades na internet e encontrou esta, no blog de Patrícia Kogut, no Globo Online, sob o título Ticiane Pinheiro é namorada de Dado Dolabella em ‘Louca família’:

Ticiane Pinheiro, Dado Dolabella e Karina Bacchi estarão no programa ‘Louca família’, que estreia neste sábado, dia 2, às 23h, na Record.

Na atração, comandada por Tom Cavalcante, Ticiane interpretará Dina, filha atrapalhada de Gisela (Angelina Muniz) e Antonio (André Mattos). Ela será namorada de Zero (Dado Dolabella), que está grávida mais não sabe ainda quem é o pai (na vida real, Ticiane está grávida do marido, o empresário Roberto Justus).

Janistraquis acha que há tantas acepções em mais (advérbio, substantivo, pronome indefinido, preposição, conjunção aditiva), que o redator não se garante, perde o rumo e se enrola todo; principalmente quando se verifica que, ainda por cima, existe a conjunção coordenativa/adversativa mas, que também atende pelos nomes de advérbio e substantivo masculino de dois números:

‘Considerado, o jeito é mesmo cassar a gramática, como o Supremo fez com a Lei de Imprensa…’

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Prates desanca

A coluna recebeu, de variadas fontes, vídeo no qual o jornalista gaúcho Luiz Carlos Prates desanca os parlamentares e prega até a revolta popular contra o Congresso, instituição deverasmente desmoralizada cujo escândalo mais recente foi o da distribuição de passagens aéreas entre a parentada e a cupinchada.

Com aquele vozeirão e o sotaque gaúcho a lembrar velhos políticos de sua terra, Luiz Carlos, certamente aparentado com o líder republicano Júlio Prates de Castilhos, faz justo sucesso nas emissoras da RBS e merece ser visto e ouvido. Se o considerado leitor não conhece o explosivo vídeo, um dos mais visitados do YouTube, clique aqui.

Pagodinho

O considerado Fábio José de Mello, coordenador de eventos da prefeitura de Descalvado (SP), envia de seu refúgio ecológico cópia de chamadinha na capa do G1:

Zeca ganha indenização por atraso em voo.

Fábio achou um bocado esquisito:

Caganha. Pode um negócio desses? Mando a foto para provar o delito.

Janistraquis concorda, caganha não oferece melodia a ouvidos sãos, mesmo que o Zeca da chamadinha seja o Zeca Pagodinho.

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De anabolizantes

O considerado Gilson Ferreira, técnico de informática da Petros, está de olho no Jornal do Brasil, em cuja página A5, de 5/5, encontrou matéria sobre consumo de anabolizantes nas academias de Salvador, pesquisa realizada por 3 pesquisadores da Universidade Federal de Bahia:

Lá pelas tantas, vem ‘… matricularam-se incólumes em academias da capital baiana …’.

Mais adiante diz o jornal, acerca dos efeitos colaterais prejudiciais à saúde das mulheres: ‘… encolhimento dos seios e crescimento de cabelos no corpo …’.

‘Incólumes’ não seria ‘anônimos’?? ‘Cabelos’ não seria ‘pelos’??

Estranho, né não??

Estranhíssimo, anotou Janistraquis, que também ficou impressionado com esta revelação do Gilson:

Você sabia que ‘claviculário’ quer dizer ‘quadro de chaves’? Termo de engenharia.

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Nota dez

Em artigo intitulado Lançamentos ‘arrasa-quarteirão’ arrasam o papel da imprensa, o considerado mestre Alberto Dines escreveu no Observatório:

(…) O veículo que aceitou participar de um grande esquema promocional não vai dispor-se a contradizer ou mesmo reiterar o que disse e, por outro lado, os que ficam de fora da orquestração não se animam a gastar o seu espaço ou tempo em algo já badalado ad nauseam.

(…) estréia tipo ‘arrasa-quarteirões’ desestimula o contraditório e desarma as polêmicas. O resenhista, crítico ou ensaísta que ousaria discordar do coral vai preferir manifestar-se sobre outro livro, filme ou música a enfrentar a tropa de choque dos grandes veículos. Como sabemos, nossa imprensa começou muito arisca, invocada, brigona e, duzentos anos depois, entrega-se prazerosamente aos bom-mocismos.

(…) A questão não é irrelevante nem secundária porque está ficando óbvio que a imprensa está se deixando usar e não apenas nos seus cadernos culturais e de entretenimento. Também nos cadernos de esporte (isto é, futebol), informática, negócios, feminino e locais a imprensa está a reboque dos fatos consumados, indiscutíveis.

Leia aqui a íntegra deste artigo que revela o lado mais obscuro e repulsivo do chamado ‘jornalismo cultural’.

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Errei, sim!

‘ANTIGA MULHER — Da prestigiada coluna Gente e Negócios, da não

menos prestigiada revista Exame, Janistraquis extraiu esta pérola de triplo sentido: ‘A socióloga Celina do Amaral Peixoto Moreira Franco, 47 anos, neta

de Getúlio Vargas e antiga mulher do ex-governador carioca Moreira Franco (…)’.

Meu secretário quedou-se intrigadíssimo com a expressão ‘antiga mulher’:

‘Considerado, tire-me essas dúvidas’, implorou; ‘antiga mulher’ por quê? Significa que dona Celina e o Moreira estão separados? Ou ‘antiga’ quer dizer

que tal separação, além de confirmadíssima, ocorreu em tempos arqueológicos? Ou ainda que dona Celina é, segundo insinua o redator, muito velha aos 47 anos e, por conseguinte, antiga?’.

Confesso que não tive meios de responder. (abril de 1990)’’

 

JORNALISTAS & CIA
Eduardo Ribeiro

Estadão reforça time de repórteres especiais

‘O Estadão anunciou na última semana a promoção de Adriana Carranca (Metrópole), David Friedlander (Economia), Flávia Tavares (Aliás) e Herton Escobar (Vida&) a repórteres especiais. Todos eles estão desde a última 2ª.feira (11/5) vinculados diretamente ao chamado Mesão, onde se concentram as principais decisões editoriais do jornal. Desse modo, a ‘tropa de elite’ do Estadão, que contava com quatro repórteres (Lourival Sant’Anna, Eduardo Nunomura, José Maria Mayrink e Roberto Godoy, sob a coordenação da editora-executiva Mariangela Hamu), dobrou.

A medida faz parte do planejamento que vem sendo discutido pelo staff editorial do jornal desde o final do ano passado, quando terminaram as reuniões dos grupos de trabalho dos projetos Rumos e Fase 3.

Oficialmente, conforme informou o comunicado assinado pelo editor-chefe Roberto Gazzi, a missão do núcleo é produzir matérias especiais para o dia-a-dia e fins-de-semana, além de reforçar a cobertura das editorias conforme as prioridades definidas pela chefia de Redação. Mas não é só isso. O jornal vai progressivamente promovendo as transformações que julga necessárias para adequar-se a esse novo tempo em que os hábitos de consumo de informação passam por significativas transformações face a revolução tecnológica.

Nesse sentido, é certo que o jornal quer cada vez dar sobre as notícias de hoje um olhar sobre o amanhã, avançando em direção a matérias mais analíticas, nas pautas próprias, nas boas histórias e, obviamente, nos furos.

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Rádio mineira abre espaço para a arte da periferia

A Rádio Inconfidência 100,9 FM, presidida por José Eduardo Gonçalves, especializada em música brasileira e vinculada à Secretaria de Estado da Cultura, acaba de lançar, em parceria com a ONG Favela É Isso Aí, um programa semanal voltado à divulgação da cultura das vilas e favelas de Belo Horizonte.

O programa Favela é isso aí é apresentado pelos próprios moradores e artistas, que falam de seus trabalhos (música, literatura, artesanato, gastronomia etc.) e deixam telefones para contato. É a primeira vez na história dessa emissora pública que a arte da periferia ocupa um lugar permanente na grade de programação (aos sábados, às 14 horas). Recentemente, a emissora anunciou o lançamento da revista de cultura Viamundo, diária (às 12h), sob o comando de Daniella Zupo (ex-SBT na Alemanha), com comentaristas de renome, como Renato Janine Ribeiro e Mary Del Priori, além de correspondentes internacionais e um blog pilotado por Lauro Mesquita (ex-EleEla e CDN).

Gonçalves, que preside a emissora, é um experiente jornalista com vasta vivência na grande imprensa e também na Comunicação Corporativa, tendo presidido por um curto período a Aberje – Associação Brasileira de Comunicação Empresarial, além de dirigir sua própria agência, de onde se licenciou para assumir a Inconfidência. Tem, portanto, muita sensibilidade para as questões sociais, o que certamente influiu na decisão de abrir esse espaço estratégico.

A rádio pode ser acessada também pelo www.inconfidencia.com.br.

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Correio Braziliense cria Editoria Corporativa

O Correio Braziliense implantou a Editoria Corporativa, projeto criado há cerca de duas semanas pelo diretor Josemar Gimenez. Estão à frente da nova área Sílvio Ribas (ex-Comissão Nacional Executiva do PSDB e ex-correspondente de A Tarde/BA) e Márcio Pacelli (ex-Agência Leia), que foi substituído por Rafael Bitencourt. Segundo Ribas, o projeto visa aproveitar o conteúdo de alcance nacional, exclusivo do grupo, para os demais jornais dos Diários Associados, começando pelo Jornal do Commercio (RJ). Futuramente, explicou, o trabalho deverá ser estendido às outras publicações do grupo.

(*) É jornalista profissional formado pela Fundação Armando Álvares Penteado e co-autor de inúmeros projetos editoriais focados no jornalismo e na comunicação corporativa, entre eles o livro-guia ‘Fontes de Informação’ e o livro ‘Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia’. Integra o Conselho Fiscal da Abracom – Associação Brasileira das Agências de Comunicação e é também colunista do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, além de dirigir e editar o informativo Jornalistas&Cia, da M&A Editora. É também diretor da Mega Brasil Comunicação, empresa responsável pela organização do Congresso Brasileiro de Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações Públicas.’

 

JORNALISMO EM CRISE
Antonio Brasil

O que falta no jornalismo é mais jornalismo e menos choradeira

‘Neste domingo, o Caderno Mais da Folha de S. Paulo publicou ‘mais’ um debate sobre ‘mais’ uma crise no Jornalismo. Com grande destaque na primeira página o título anunciava ‘Mídias em Guerra’. Steven Johnson, um dos pioneiros da internet, e Paul Starr, Prêmio Pulitzer e professor de sociologia em Princeton, prometiam debate ‘acirrado’ sobre o futuro do jornalismo e o acesso à informação.

Nada poderia ser mais sensacionalista, alarmista e enganoso. E depois ainda nos perguntamos por que o jornalismo está em crise.

O que poderia e deveria ter sido um debate bem fundamentado e apaixonado sobre o futuro do jornalismo, se resumiu a uma troca de longas mensagens com muitas informações, algumas especulações e pouquíssimas soluções.

Um típico exemplo do jornalismo preguiçoso e inconclusivo das mídias tradicionais. Estamos diante de uma longa trajetória de descaso com o leitor e inúmeras promessas não cumpridas. Em um mundo em crise, em meio a tantas mudanças, dúvidas e incertezas, o leitor busca respostas. E como não as encontra se afasta do jornalismo e da realidade. Torna-se presa fácil para as armadilhas do entretenimento e da diversão.

É certo que o jornalismo enfrenta grandes problemas. Não há soluções fáceis e imediatas. Talvez possamos substituir as promessas não cumpridas com um pouco mais de paixão e convicção na prática do jornalismo.

Nenhuma outra atividade ou indústria tem se dedicado com tanto vigor à autocrítica e autoflagelação e dedicado tanto espaço a previsões tão apocalípticas. Utilizamos a linguagem do sensacionalismo e do terrorismo para anunciar o nosso próprio fim. Jornalista adora crise. Qualquer crise.

Sobrevivemos

Talvez esse seja um dos grandes problemas do jornalismo. Não se trata somente de denunciar as ameaças das novas tecnologias e dos novos tempos. O que falta ao jornalismo é um pouco mais de conhecimento sobre a nossa história, um pouco mais de ação construtiva, um pouco mais de paixão e menos autocrítica e inação.

Essa é a principal crítica ao debate dos pensadores americanos publicada na FSP. Faltou a vontade de convencer os leitores de que, apesar de tantas dificuldades, o jornalismo sobrevive. Ele se transforma, evolui, enfrenta obstáculos, mas continua tentando ser útil e relevante para a sociedade. Jamais deixa de ser uma ameaça para o poder e para o governo. Qualquer poder e qualquer governo.

Para mim, o que faltou ao debate foi paixão pelas idéias.

O jornalismo é uma profissão muito especial. Creio que nenhuma outra atividade ou indústria despende tanto tempo discutindo as suas rotinas, sua ética e principalmente o seu futuro.

Apesar de existir há mais de 500 anos e de ter contribuído para alguns dos melhores e piores momentos da história não perde a oportunidade para a autoflagelação e previsões apocalípticas. O jornalismo adora crises e ameaças.

Do inevitável holocausto nuclear às ameaças da virada do milênio, da crise financeira à gripe suína, tudo nos leva inexoravelmente ao fim do mundo ou pelo menos ao fim do jornalismo.

A popularização e barateamento dos jornais no século19, a introdução do rádio e da TV no século 20 e as atuais ameaças da internet nos levam a prever o inevitável fim do jornalismo.

Como bons ‘contadores de histórias’, ou seja, como bons jornalistas, adoramos publicar manchetes sensacionais. Guerra das mídias, Por que precisamos de jornais, O fim do jornalismo. Adoramos prever um futuro apocalíptico que se recusa a acontecer.

Isso não quer dizer que estamos necessariamente melhores que nossos antepassados. Evoluímos em alguns aspectos, retrocedemos em outros, mas continuamos desafiando o futuro.

Sobrevivemos às nossas próprias manchetes.

Apocalípticos e integrados

Em resumo, no artigo da FSP, Steven Johnson defende a web como espaço de ampliação da cidadania enquanto Paul Starr diz que mídia impressa é fundamental na luta contra a corrupção e para a sobrevivência da democracia.

Tudo é debatido de forma bem fundamentada e bem comportada. Mas apesar dos inúmeros dados sobre o passado e sobre o presente do jornalismo, para nós, brasileiros, o debate se torna pouco esclarecedor e ainda menos convincente. Vivemos tempos de muitas informações e poucas certezas.

A discussão procura destacar dois pontos de vistas entre os pensadores considerados apocalípticos, aqueles que anunciam o fim do jornalismo de verdade, o jornalismo independente e analítico que seria produzido somente pelo jornalismo impresso, pelos jornalistas profissionais e pelas grandes empresas jornalísticas.

E os pensadores considerados integrados, aqueles que anunciam a internet como grande provedora de um novo jornalismo, mais dinâmico, livre e pluralista.

No debate, Steven Johnson, um jovem jornalista que defende e trabalha com as novas tecnologias é o integrado. O sociólogo Paul Starr faz o papel de apocalíptico. Anuncia um possível fim do jornalismo com o fim dos jornais tradicionais.

O Professor Starr não é jornalista sabe sobre o que fala. Tive a oportunidade de conhecê-lo quando lecionava na Rutgers, a Universidade do Estado de Nova Jersey. Ele é professor e pesquisador da Princeton University também no Estado de Nova Jersey. Princeton é uma das mais antigas e prestigiosas instituições de ensino dos EUA.

Recomendo a leitura de um de seus melhores livros: The Creation of the Media: Political Origins of Modern Communications publicado pela Basic Books de 2004. Adotava como principal referencia acadêmica nos cursos de graduação e pós-graduação em História do Jornalismo.

Assim como Steven Johnson, o professor Paul Starr está sempre em evidencia na mídia norteamericana. Eles defendem posições diversas, mas possuem interesses comuns. Acreditam no poder da mídia e do jornalismo para transformar crises em grandes oportunidades de transformação.

Hoje, Paul Starr discute o futuro do jornalismo. No passado, quando ainda era assessor especial do presidente Bill Clinton, Paul Starr publicou diversos livros e promoveu debates sobre o futuro da saúde pública nos EUA. Tudo a ver. Afinal, nos meios tradicionais ou na internet o bom projeto de saúde pública sempre dependeu dos princípios de investigação e fiscalização do bom jornalismo.

E já que nem todos dispõem de tempo e de vontade para ler os longos artigos dos nossos jornais de domingo, procurei destacar os principais temas do debate:

Ecosistema

Steven Johnson. … os jornais se encontram em situação financeira difícil, em razão de transformações de longo prazo operadas em grande medida pela internet, também em razão da crise econômica –que esperamos ser de curto prazo– e, no caso de alguns jornais, por decisões financeiras insensatas de seus proprietários.

Acho que existem boas razões para pensar que o sistema de notícias que está se desenvolvendo on-line será melhor que o modelo dos jornais com o qual convivemos nos últimos cem anos.

Uma maneira de enxergar essa transformação é pensar na mídia como um ecossistema.

…um sistema no qual as informações fluem com mais liberdade.

… todos os temas padrões do velho formato dos jornais estão proliferando on-line. Há mais perspectivas e mais profundidade.

Negar evidências

Paul Starr. A realidade é que os recursos para fazer jornalismo nos EUA, especialmente nos níveis metropolitano e regional, estão desaparecendo mais rapidamente do que as novas mídias conseguem gerá-los.

A democracia depende da cobertura noticiosa independente de todos os níveis de governo, especialmente os níveis que respondem diretamente aos eleitores.

A internet está enfraquecendo a capacidade da imprensa de subsidiar a produção de jornalismo de serviço público, e isso por uma razão, sobretudo.

Mas seria ainda mais insensato ignorar as evidências do que está acontecendo hoje e confiar numa visão feliz de progresso inexorável proporcionado pela internet.

Criar noticiário

SJ. É verdade que sou otimista quanto às possibilidades de longo prazo do jornalismo, mas a última coisa que quero fazer é incentivar a ‘inação’. O objetivo todo de meu argumento é sugerir um futuro otimista e inspirar as pessoas a construí-lo. Você quer ação para preservar um modelo de jornalismo de jornais que nos serviu bem durante um século. Eu acho que podemos construir algo melhor.

Desconfio que a web vai mostrar-se muito mais afortunada que os jornais impressos. …uma sociedade em que milhares de pessoas comuns participam ativamente na criação do próprio noticiário?

Pagar ou não pagar pelo jornalismo

OS. Você diz que eu ‘quero agir para preservar um modelo de jornalismo impresso’.

O problema é que o tipo de inovação que você está promovendo não responde com eficácia ao problema triplo que mencionei: financiar o jornalismo de serviço público, engajar o público e gerar responsabilidade política.

E, já que estamos falando em receita, que tal pagar a Norman Oder e outros pelo trabalho que você vem divulgando como se fosse a contribuição de seu próprio site ao debate público?

Fim do modelo

SJ. Sim, podemos ter menos jornalistas investigativos completos, mas também teremos um aumento enorme nas pessoas que mantêm ‘seus olhos voltados às ruas’.

Mesmo com os jornais em crise, estamos assistindo a inovações sem precedentes e a novos e instigantes modelos de criação de notícias. Seu argumento faz um ótimo trabalho de descrever o que corremos o risco de perder com o fim do modelo de jornalismo impresso antigo.

Futuro da democracia

OS. Infelizmente, não consigo enxergar a contribuição positiva feita por sites que retiram materiais da internet, misturando releases para a imprensa e trabalhos genuínos de reportagem de maneira indiscriminada, sem aplicar nenhum critério de relevância ou confiabilidade.

Duvido, porém, que ele consiga florescer exclusivamente com as forças do mercado e as novas tecnologias, embora os jornalistas não possam ignorar nenhum desses fatores.

O futuro da democracia depende de sermos capazes de descobrir uma maneira de fazer frente a ele.

Certezas ou choradeira?

Ou seja, o futuro da democracia pode depender do jornalismo!

A partir desse ponto a discussão poderia ter esquentado ou até mesmo ‘descambado’ para uma troca de insultos. Os pensadores americanos preferiram ser cautelosos e evitaram aprofundar a polemica. Creio que faltou um pouco mais de ousadia e paixão pelas idéias, algumas das principais características do bom jornalismo do passado que talvez estejamos perdendo. Pena!

Mas não deixem de ler a íntegra do debate (Ver aqui). Vale a pena. Afinal, para manter ou salvar o jornalismo precisamos de mais jornalismo, algumas certezas, paixão pela profissão e menos ‘choradeira’.

(*) É jornalista, professor de jornalismo da UERJ e professor visitante da Rutgers, The State University of New Jersey. Fez mestrado em Antropologia pela London School of Economics, doutorado em Ciência da Informação pela UFRJ e pós-doutorado em Novas Tecnologias na Rutgers University. Atualmente, faz nova pesquisa de pós-doutorado em Antropologia no PPGAS do Museu Nacional da UFRJ sobre a ‘Construção da Imagem do Brasil no Exterior pelas agências e correspondentes internacionais’. Trabalhou na Rede Globo no Rio de Janeiro e no escritório da TV Globo em Londres. Foi correspondente na América Latina para as agências internacionais de notícias para TV, UPITN e WTN. É responsável pela implantação da TV UERJ online, a primeira TV universitária brasileira com programação regular e ao vivo na Internet. Este projeto recebeu a Prêmio Luiz Beltrão da INTERCOM em 2002 e menção honrosa no Prêmio Top Com Awards de 2007. Autor de diversos livros, a destacar ‘Telejornalismo, Internet e Guerrilha Tecnológica’, ‘O Poder das Imagens’ da Editora Livraria Ciência Moderna e o recém-lançado ‘Antimanual de Jornalismo e Comunicação’ pela Editora SENAC, São Paulo. É torcedor do Flamengo e ainda adora televisão.’

 

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