Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Comunique-se

ELEIÇÕES 2006
Antonio Brasil

Próximos debates na TV: que percam os dois!, 16/10/06

‘O antropólogo americano Clifford Geertz costuma dizer que ‘se você não conhece a resposta, discuta a pergunta’. Em relação ao debate sobre o debate na TV neste espaço na última semana, ficou evidente que ‘se você não conhece a resposta e discorda de uma opinião, xingue o crítico’! O pensamento único não admite discordâncias, debates e muito menos, posições independentes. O mundo muito simples como tudo que é único está sempre dividido entre nós… e eles. Não há alternativas a essa dicotomia. O jornalismo independente não pode nem deve existir. A ideologia partidária tem respostas para tudo. Inclusive para o jornalismo. Para os partidários do pensamento único, no mundo das certezas, o jornalismo é sempre ideológico, pragmático e quase científico.

O problema é que jornalismo não é uma ciência. Muito menos, ciência exata. Também não é dogmático e arrogante e não pode ser refém de técnicas ou ideologias. Apesar de lidar prioritariamente com dados e fatos, os bons jornalistas admitem e reconhecem seus limites. Com humildade, eles se contentam em buscar as versões mais próximas da verdade.

O jornalismo também admite narrativas que privilegiam opiniões e comentários sobre dados e fatos. Mesmo assim, admitimos que os dados são construídos e os fatos são feitos. A própria etimologia desta palavra, do latim factum, factus, facere denuncia a ação da construção de um fato. O fato implica um ‘fazer’ por parte de quem o observa. Uma questão de perspectiva ou ângulo de observação.

Livre pensador

Dados, por outro lado, derivam e partem de eventos empíricos. Coisas reais ou fatos que aconteceram. O dados, no entanto, podem ser reconstruídos na forma de texto, historias textuais ou narrativas jornalísticas. O que é realmente importante é a determinação do melhor ângulo para a construção e percepção do que é dado. Em essência, fatos e dados acabam sendo sempre histórias. Uma questão subjetiva produto de observação pessoal.

No jornalismo também procuramos analisar dados e fatos. Chamamos esse tipo de conteúdo jornalístico de ‘crítica’. A palavra ‘crítica’ tem origem no grego kritikare. É a arte de julgar, o juízo, o ponto de vista sobre uma concepção, teoria, experiência ou conduta. Logo, a crítica não é um dado, fato ou sequer versão da verdade. A crítica é uma opinião pessoal de determinado crítico sobre um fato.

Lemos uma crítica porque temos curiosidade sobre o tema e confiamos na opinião do crítico. Ninguém é obrigado a concordar com uma análise crítica. Mas como em qualquer ‘debate’ devemos respeitar a opinião divergente sobre determinado fato.

Sempre me surpreende a falta de argumentos e os ataques pessoais ao crítico. É a velha técnica argumentativa de invalidar uma opinião divergente pela origem ou formação do autor. Você não tem direito de analisar, emitir opinião porque é um contrário ao meu pensamento. Ou não teve a mesma formação – não pode falar de jornalismo quem nunca ‘ralou’muito nas redações. É o velho argumento que desautorizaria o trabalho de um técnico de futebol que não tivesse sido a menos ‘campeão’ do mundo como jogador.

João Saldanha não poderia ser jornalista esportivo, comentarista de futebol ou técnico de seleção porque jamais marcou um gol de placa. Um acadêmico que analisa jornalismo ou televisão não tem direito à opinião.

De outro lado, tem o argumento que invalida a crítica porque a opinião não se enquadra na nossa ideologia. Não podemos admitir que o crítico seja um ‘livre pensador’. Cobramos seu voto, sua posição política e ideológica para negarmos seu direito a emitir ‘opinião’ sobre os fatos. Esses críticos da crítica são reféns das próprias ideologias fechadas. Só admitem um mundo de dicotomias e oposições formado de um lado por intelectuais petistas e de outro, intelectuais psdebistas. Não há lugar para ‘livres pensadores’. Não há lugar para alternativas ou anarquias.

Jornalismo de desconfiança

Para eles, o jornalismo, assim como a crítica jornalística tem sempre uma função prática: promover a própria ideologia e o programa partidário. Os fatos e opiniões são reféns do pensamento único.

Em relação ao ataques contra o crítico e em respeito a um grande número de leitores silenciosos desta coluna esclareço alguns ‘pontos de vista’ pessoais. Sou um livre pensador, não tenho afiliação partidária, como jornalista busco a melhor versão da verdade, adquiri o direito de emitir opinião após muitos anos de trabalho jornalístico e pesquisa acadêmica.

Enquanto ‘livre pensador’, acredito no direito sagrado e supremo de expressar opinião. Qualquer opinião. Mais de trinta anos de jornalismo me ensinaram a desconfiar de tudo e todos, principalmente de políticos e governos. Sobre minhas atuais convicções políticas, como não sou jornalista ou intelectual partidário, não preciso consultar nada e ninguém para emitir ‘opiniões’, também me reservo o direito de mudá-las sempre que considerar apropriado e conveniente. Viver é desvendar segredos, é ter coragem para mudar sempre. É reconhecer que pouco sei. E todos os dias ainda me surpreendo, principalmente em relação ao jornalismo e à política, como ainda tenho tanto o que aprender.

No momento, aguardamos ansiosos pelos próximos embates na TV. Esta semana, infelizmente, foi anunciado que o presidente Lula não irá mais comparecer aos debates programados na Record e no SBT. Ele deve ter as suas razões.

De qualquer maneira, apesar das denuncias de ‘tramas’ contra a sua candidatura publicadas pela revista Carta Capital nesse final de semana, Lula deve privilegiar o grande debate final na rede Globo. Ele não pode se incompatibilizar ainda mais com o poder do império.

Entre candidatos ruins e péssimos, prefiro me guiar pela manchete de jornal argentino publicada antes da partida entre Inglaterra e o Brasil na Copa de 2002: ‘Que pierdan los dos’.

(*) É jornalista, professor de jornalismo da UERJ e professor visitante da Rutgers, The State University of New Jersey. Fez mestrado em Antropologia pela London School of Economics, doutorado em Ciência da Informação pela UFRJ e pós-doutorado em Novas Tecnologias na Rutgers University. Trabalhou no escritório da TV Globo em Londres e foi correspondente na América Latina para as agências internacionais de notícias para TV, UPITN e WTN. Autor de diversos livros, a destacar ‘Telejornalismo, Internet e Guerrilha Tecnológica’ e ‘O Poder das Imagens’. É torcedor do Flamengo e não tem vergonha de dizer que adora televisão.’

Comunique-se

Polícia Federal acusa matéria de capa de Veja de ser ‘leviana e fantasiosa’, 16/10/06

‘Em resposta à matéria ‘Um enigma chamado Freud’, capa da edição de 18/10/06 da revista Veja, a Polícia Federal (PF) divulgou uma nota classificando as acusações da publicação de levianas e fantasiosas. Utilizando ‘três delegados’ da corporação como fonte anônima, a matéria aponta que agentes carcerários teriam viabilizado um encontro ilegal entre Freud Godoy e Gedimar Passos, que teria saído de sua cela enquanto estava detido pela PF.

Gedimar Passos e Valdebran Pereira foram encontrados com os R$ 1,75 milhão que seriam usados para comprar o Dossiê Vedoin, com supostas acusações contra políticos tucanos. Em seu depoimento inicial, Passos citou o nome ‘Freud’ e posteriormente apresentou outra versão, inocentando Godoy e alegando que havia sofrido coação psicológica em seu primeiro depoimento, prestado ao delegado Edmilson Bruno. O mesmo delegado que vazou para a imprensa, de maneira ilegal, fotos do dinheiro apreendido.

A matéria de Veja, assinada por Marcio Aith e com reportagem de Policarpo Junior e Camila Pereira, sustenta a tese de que no dia 18/09, três dias após a prisão de Passos, Godoy e mais três homens teriam tido o tal encontro ilegal com o preso no escritório de Severino Alexandre, diretor executivo da PF paulista. Neste encontro teria sido estabelecida a nova estratégia de defesa dos petistas com a tentativa de inocentar completamente Godoy, assessor muito próximo de Lula e de sua família.

Além disso, a reportagem afirma que o Ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, teria se envolvido pessoalmente diversas vezes no processo de abafamento do caso. Segundo a revista, Thomaz Bastos teria indicado um advogado de sua confiança para Godoy, cobrado ‘esforços diários’ para convencer Passos a mudar sua versão e também entrado em contato com Geraldo José Araújo, superintendente da PF em São Paulo, para questionar se o caso teria alguma implicação negativa para o presidente.

Em resposta ao texto, a PF divulgou nota atacando a Veja, acusando-a de ‘tentar criar fatos para sustentar sua versão fantasiosa’. Também afirma que o agente da PF Jorge Luiz Herculano, que a revista afirmou ter possibilitado a saída de Passos de sua cela, não estava de plantão no horário que Veja alega ter ocorrido o encontro.

O Ministério da Justiça, por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que as acusações são falsas e negou o envolvimento de Thomaz Bastos em todos os casos citados pela matéria de Veja.

O repórter Marcio Aith foi procurado pelo Comunique-se, mas não foi encontrado até o fechamento desta edição. A redação deste portal ainda espera uma resposta do jornalista para esclarecer as contradições em sua matéria levantadas pela nota da PF.

Precedentes

Recentemente, a revista também recebeu dois golpes jurídicos. No começo da semana passada, o jornalista Paulo Henrique Amorim entrou com um processo por injúria e difamação contra o comentarista Diogo Mainardi, que assina uma coluna em Veja. No texto ‘A voz do PT’, Mainardi escreve que ‘Paulo Henrique Amorim e Mino Carta se engajaram pessoalmente na batalha comercial do lulismo contra Daniel Dantas’, deixando implícito que Amorim teria se vendido ao partido de Luiz Inácio Lula da Silva.

Os advogados do jornalista apontaram que em seu artigo o comentarista de Veja não relata fatos, apenas suas ‘observações distorcidas’ e que o faz sem qualquer indicação de fonte. Mainardi, agora, responderá na Justiça paulista por seu texto.

No dia 10/10/06, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou que a Veja retirasse, num prazo de 24h, os outdoors que estampavam uma foto do candidato à presidência Geraldo Alckmin, capa da revista naquela semana. Além disso, ainda será julgada uma possível multa de R$ 5 mil a R$ 15 mil ao periódico pelo caso.

Sobre a decisão, o ministro Gerardo Grossi afirmou que ‘a imprensa escrita tem todo o direito de se engajar nas campanhas eleitorais, respeitadas as regras ditadas pelo pleito eleitoral. Dentro dessas regras, é proibido o uso de outdoor’. O engajamento eleitoral da revista pode ser contastado na própria edição de 18/10, quando todas as quatro matérias da editoria Brasil de Veja são claramente contrárias à candidatura de Lula e favoráveis à de Alckmin.’



JORNALISMO ECONÔMICO
Eleno Mendonca

Quem poderá nos socorrer?, 16/10/06

‘Os bancos são como supermercados, não têm concorrência. Quando a tarifa de emissão de talão é mais baixa em um, pode ter certeza que é só um chamariz, eles vão compensar em outro serviço. Quando a tarifa mensal para carregar a conta for mais baixa, bingo! Você vai pagar mais em cheque especial ou outra coisa. Entra ano, sai ano e nada, ninguém faz absolutamente nada em favor do correntista. Eu tenho conta naquele que diz que nem parece banco e, sabe de uma coisa, nem parece mesmo. Os bancos demitiram o máximo que podiam, investiram na informática e nem querem saber de ver a sua cara na agência. É como namorar por correspondência, nem sempre as descrições correspondem à verdade.

Hoje é tudo eletrônico. Quando dá problema, você liga e fica de um lado para outro pinguepongueando sem respostas, sem definições. Um dia, já bem cansado de tudo isso e de tanto problema, você resolve mudar de banco e daí logo percebe que é tudo a mesma coisa.

A explicação é muito simples: os bancos têm uma poderosa federação, têm pouca concorrência entre si, pouca pressão por parte do Banco Central. No capítulo consumidor, então, esquece. Não há nada em defesa do cidadão, a não ser registros nos Procons e que não resultam em nada além de números ruins nas estatísticas, coisa que as instituições estão acostumadas. Já mudei para o maior e mais popular do Brasil e também não adiantou nada. São todos ruins, trabalham bem apenas para eles, por isso as enormes margens de lucro. E isso não muda, vai continuar assim.

Resolvi falar de bancos, com os quais estou sempre insatisfeito, por causa da greve recente. A federação dos bancos determinou, sem que ninguém movesse um dedo, nem o BC, nem o governo, na figura do presidente, nem o candidato de oposição, nem os deputados, que todos os que estivessem com contas vencendo que pagassem na internet. Do contrário, vencidas, todas as contas pagariam juros mais correção. Fazer isso é achar que todo mundo tem internet, computador. Isso num País onde ainda se passa fome. Eu já fui e vou muito a banco e observo as pessoas nas filas, para variar, enormes. Muitos estão ali no sacrifício para pagar uma minguada conta de luz. Ora, senhores banqueiros, quem pode imaginar que computador é bem obrigatório, ainda mais com internet? Apenas alguém que viva longe da realidade das ruas.

Mas os bancários fizeram greve. Acabaram fechando com um pouco mais além da inflação. Sem saber, correram sérios riscos. O contingente, que é infinitamente menor em relação às necessidades, poderá reduzir-se mais ainda a partir de uma greve dessas. É que certamente, neste momento, os bancos já pediram a todas as agências relatórios para avaliar se realmente fizeram falta todos os bancários, se não dá para estimular ainda mais as operações automáticas e demitir um pouquinho mais.

Alheios a tudo isso, mantidos certamente por gordas contribuições de campanha, os nossos políticos preferem ficar atacando uns aos outros em praça pública, em emails, nos bastidores. Essas questões parecem não despertar o mínimo interesse nem naqueles que se elegem com o jargão de defensores dos consumidores. Quem não pôde pagar a conta por não ter computador que pague juros e alimente ainda mais o sistema financeiro e seus lucros espetaculares.

(*) Também assina uma coluna no site MegaBrasil, é diretor de Comunicação da DPZ e âncora da Rádio Bandnews. Ele passou pelo Estado de S. Paulo, onde ocupou cargos como o de chefe de Reportagem e editor da Economia, secretário de Redação, editor-executivo e editor-chefe, Folha de S. Paulo, O Globo e Jornal do Brasil.’



O OPERADOR
Tiago Cordeiro

Lucas Figueiredo lança livro no ‘Papo’, 16/10/06

‘Jornalista com passagens por veículos como O Estado de S. Paulo, Caros Amigos, Superinteressante e outras publicações, o jornalista Lucas Figueiredo também obteve dois prêmios Esso e outras premiações como Embratel e Folha. Com um currículo tão invejável, Figueiredo ainda conseguiu ser autor de livros-reportagens como ‘Morcegos Negros’, ‘Ministério do Silêncio’ e seu próximo lançamento: ‘O Operador’, sobre o publicitário Marcos Valério e como ele trabalhou para PT e PSDB. O repórter estará no ‘Papo da Redação’ desta terça-feira (17/10), às 15h.

‘O jornal é um suporte limitado, já o livro não tem limites. No jornal é impossível gastar 50 linhas só para descrever o perfil de um personagem secundário ou um episódio corriqueiro, mas cheio de ‘cores’. Por exemplo, em ‘O Operador’ gastei umas boas páginas contando como Marcos Valério cursou engenharia mecânica durante 17 anos e não se formou’. O autor lembra ainda que em um jornal, a situação ocuparia, no máximo, um parágrafo, mas em um livro pôde dedicar muito mais espaço. ‘Esse episódio revela muito sobre o personagem’.

A apuração e redação de ‘Morcegos Negros’ (livro que abordou o caso PC Farias) demoraram quatro anos e ‘Ministério do Silêncio’ (sobre o serviço secreto brasileiro), sete. ‘O Operador’ consumiu apenas um ano.

Perguntas sem respostas

‘Acho que no escândalo do mensalão a imprensa ‘empilhou’ informações, mas não contou a história’. Para o jornalista, várias perguntas não foram devidamente respondidas pela cobertura. ‘Quem era Marcos Valério, um sujeito que saiu do nada e em sete anos fez uma fortuna visível de R$ 14 milhões? Como um simples bancário se tornou o operador financeiro de um amplo esquema de corrupção e caixa-dois? Porque o PSDB saiu ileso dessa história se foi o partido quem ‘inventou’ o ‘valerioduto’ em Minas em 1998?’

Para o escritor, assim como PC Farias, Valério também se tornou o vilão número um, mas ‘os grande corruptores saíram ilesos’. Ele explica que considera a redemocratização ainda não concluída, o que exigiria uma vigilância constante da sociedade e por isso sua predileção em escrever livros que abordem crises políticas. ‘Cabe ao jornalista, neste momento, mostrar o que acontece, fornecer subsídios para que a sociedade desperte e tome uma atitude’.

‘Os bancos estão por trás dos dois esquemas, o do PSDB e do PT. Nada disso não teria acontecido se os bancos não fossem coniventes’, ele complementa ainda que a imprensa deve investigar porque as instituições bancárias tornaram-se suporte dessas organizações.

O repórter considera a disciplina o fator mais importante no trabalho. Apesar dos prêmios, ele também conhece os riscos da profissão. Há alguns meses foi condenado, juntamente com a Editora Record, a pagar R$ 200 mil por escrever em ‘Morcegos Negros’ que um juiz ‘apenas reclamava’. O escritor se refere ao processo como ‘Kafkiano’ e lembra que outros profissionais sofrem o mesmo. ‘A luta é dura, mas é possível. Se Lúcio Flávio está há 20 anos nessa batalha, nos também podemos fazer o mesmo’.

Autor lança livro no ‘Papo’ com direito a sorteio

O repórter responderá as perguntas dos usuários sobre o seu livro e a sua carreira. Em tempos de segundo turno, escândalos do dossiê e outros temas imprevisíveis, o chat é uma boa oportunidade para os colegas aprenderem mais sobre a apuração de perguntas sem resposta.

Ao final do ‘Papo’ serão sorteados cinco livros entre os usuários participantes. Para deixar sua pergunta e participar do bate-papo online basta clicar aqui.’



WEBJORNALISMO
Bruno Rodrigues

Por que o redator não se recicla?, 10/10/06

‘Não há como escapar. O redator tem sempre a mesma história para contar: como é que ele, ainda novinho, adotou a caneta e/ou o teclado como companheiros inseparáveis.

Tudo começa nos primeiros anos de colégio, lá pela terceira, quarta série, quando a ‘tia’ costumava apontá-lo como uma beleza em redação, e – veja só! – em toda data especial ele subia ao palco do auditório para ler um texto, digamos, sobre Duque de Caxias. Como mamãe sentia orgulho! Aliás, em casa, nem Camões era melhor que nosso pequeno redator, e na família ele era conhecido como ‘o que escreve muito bem’.

Na adolescência, se a turma da rua se reunia para comemorar o aniversário de alguém, a responsabilidade de escrever o cartão da ‘galera’ ia para as mãos do nosso escriba, o que o conferia um charme e tanto.

No cursinho pré-vestibular, não tinha pra ninguém – na aula de redação, só dava ‘A’, 10, 100, excelente. Nosso amigo era um abençoado, o futuro da língua escrita.

Durante a faculdade, o estágio naquele jornal ou agência só veio confirmar que escrever era a sua seara. Quando se formou, canudo debaixo do braço, só precisou encontrar a pessoa certa, aquele que percebeu que tinha um fera diante de si, e foi natural contratá-lo. Depois disso, só sucesso. Aumentos de salário, prêmios, reconhecimento dos coleguinhas do mercado, propostas para mudar de emprego.

Algum problema nesta trajetória? Pelo contrário. Nosso amigo teve o apoio dos professores e o estímulo da família, dos amigos e de quem mais você possa imaginar. O ponto crítico é outro.

Você já deve ter percebido que existe uma constante na vida de engenheiros, médicos e profissionais de tecnologia da informação, por exemplo: reciclagem. Durante todo o tempo, assim que se formam, estes profissionais procuram estar em dia como o que há de novo em sua área, não só para evitar perder o bonde da história, mas também para evoluir como profissional e oferecer um trabalho cada vez melhor – o que, de fato, acontece.

Por que isso não ocorre com quem escreve? Poucos são os redatores que freqüentam cursos de reciclagem, e é muito provável que, enquanto eu termino esta frase, muitos de nós, redatores, venham a se perguntar: ‘reciclagem de quê?’.

De redação, santo Deus! Escrever é um dom como qualquer outro, e não um sopro do Espírito Santo que nos transforma em semi-deuses, e exatamente por isso precisamos treinar, treinar, treinar – e principalmente aprender a enxergar o que é preciso melhorar em nossos textos. E aprender novos estilos, novas maneiras de se relatar uma história, novas formas de elaborar uma matéria, e por aí vai.

Em resumo, o fato de termos ouvido desde crianças que escrevemos bem jamais poderia ter o efeito sobre nós como quando, por exemplo, vovó dizia que éramos ‘lindinhos’… Sem nenhuma ponta de ironia, uma observação como essa é essencial para o ego e também alimento – ainda que sutil – para a vida toda. Mas fazer uma opção profissional porque mamãe, a titia do colégio e a turma da rua diziam que seu texto era maravilhoso é um pouco demais. E pior: sentar sobre os louros e dar por encerrada a história é pior ainda.

Não apele para o ‘não tenho tempo’. Os livros e colunas sobre Português, por exemplo, já são um bom início, e não vão afetar tanto assim o seu precioso tempo. Somos redatores, não artistas. Repito: não somos artistas, e que nos leva ao fato de que somos substituíveis, sim.

Em suma, espane a poeira – porque atrás vem gente.

******

Este texto foi retirado do livro ‘Webwriting: Redação & Informação para a web’, que lancei em agosto pela editora Brasport, e cuja resenha convido você a ler aqui mesmo, no Comunique-se.

Até semana que vem!

(*) É autor do primeiro livro em português e terceiro no mundo sobre conteúdo online, ‘Webwriting – Pensando o texto para mídia digital’. Ministra treinamentos e presta consultoria em Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior. Em seis anos, seus cursos formaram 1.200 alunos. Desde 1997, é coordenador da equipe de informação do website Petrobras, um dos maiores da internet brasileira, com 4.000 páginas em português e versões em inglês e espanhol e é citado no verbete ‘Webwriting’ do ‘Dicionário de Comunicação’ (Editora Objetiva, 2001), há três décadas uma das principais referências na área de Comunicação Social no Brasil.’



SHOWRNALISMO
Milton Coelho da Graça

Abaixo a infoganda! Viva o repórter!, 11/10/06

‘A infantaria do jornalismo, o repórter, é quem está perfurando a blindagem da mentira criada pelo governo Bush. É essa a principal lição que podemos aprender com o livro ‘The greatest story ever sold’, de Frank Rich, um dos mais respeitados colunistas do New York Times.

O antetítulo dado pelo Estadão a um excelente artigo do professor Ian Buruma (domingo, 1/10, página A14) resume a importância do livro para todos os jornalistas:

CONFUSÃO ENTRE POLÍTICA E SHOW BUSINESS NÃO É EXCLUSIVA DA ERA BUSH, MAS NELA A REALIDADE VIRTUAL AMEAÇA A INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA, COM INFORMAÇÕES INVENTADAS E EMBALADAS PARA A IMPRENSA.

Rich, 57, começou no NYT em 1980 como crítico de teatro, mas desde 1994 tornou-se um dos colaboradores regulares da seção Op-Ed (Opinião Editorial), onde enveredou também pelas áreas da cultura e da política. E, pelo menos há dois anos, vem se preocupando com as ‘armações’ produzidas pelo governo Bush, definindo-as como mais perigosas do que o escândalo de Watergate, que acabou gerando o que o próprio procurador-geral de Nixon chamou de ‘horrores da Casa Branca’.

Num artigo publicado em outubro de 2005, Rich ofereceu um dos trailers deste livro:

‘Em nossa atual presidência imperial, da mesma forma como na antecedente (NR: o governo Nixon), o que parece um incidente menor (…) contém o DNA da Casa Branca e esse DNA oferece o mapa completo da cultura deliberadamente enganosa do conjunto.’

Mas, aqui, o que nos interessa no trabalho de Rich é a busca dos motivos para que a imprensa tenha embarcado nessa cultura. Rich critica com rigor o jornalismo concentrado principalmente em informações vindas de fontes ligadas ao poder.

O professor Buruma recorda em seu artigo que, oito meses antes do ataque ao Iraque, analistas – inclusive do próprio governo americano – ‘lançaram sérias dúvidas sobre as razões para ir à guerra.’ E acrescenta: ‘Contudo – e nisso Rich é particularmente arguto – a maioria dos jornais sérios publicou as alegações da Casa Branca em suas primeiras páginas, e enterrou as dúvidas em pequenos tópicos noticiosos no miolo’.

Até Bob Woodward, parte da dupla que ajudou a desvendar a verdadeira história de Watergate, caiu na esparrela e escreveu ‘Bush em Guerra’, um livro – segundo o professor Buruma – que parecia aceitar como verdade tudo que suas fontes da Casa Branca lhe diziam.

Frank Rich mostra em seu livro que os heróis das sucessivas revelações sobre o que pode ser chamado de ‘o declínio e queda da verdade’ – subtítulo de seu livro – não foram os colunistas-medalhões da imprensa americana (como hoje é Woodward), mas sim ‘as fontes operárias’, na curiosa e precisa definição do chefe de uma sucursal em Washington.

Rich cunhou a palavra ‘infoganda’ para a enxurrada de notícias transmitidas por fontes espertas, ligadas ao presidente Bush e sua corte imperial. ‘Quanto mais o jornalismo real aviltava seu trabalho, mas fácil ficava para essa infoganda do governo preencher o vazio’.

E o professor Buruma diagnostica: ‘Pode haver uma outra razão para o aviltamento: os métodos convencionais do jornalismo americano, marcado por uma obsessão com acesso e citações. Um bom repórter para um jornal americano precisa conseguir fontes que pareçam autorizadas e citações que mostrem os dois lados da história. Sua competência pessoal é quase irrelevante. Se as opiniões do colunista contam tanto na imprensa americana, a inteligência de repórteres é institucionalmente subutilizada’.

Viva o repórter!

(*) Milton Coelho da Graça, 75, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste Comunique-se.’



JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu

Responda agora!!!, 13/10/06

‘Era um pedaço da Espanha

na Avenida Rio Branco.

Don Morquecho comandava

a noite e seus saltimbancos.

(Nei Leandro de Castro, in Encontro com Lorca no Granada)

Responda agora!!!

O considerado Mário Marinho envia o seguinte TESTE DE CONHECIMENTO:

Foi perguntado em uma sala de aula quem são as pessoas abaixo relacionadas.

Você é capaz de dizer o que fazem estas pessoas?

— Orlando Silva

— Agenor Álvares

— Pedro Brito

— Matilde Ribeiro

— Paulo Vanucchi

— Luiz Carlos Guedes Pinto

Não cole, responda com honestidade e confira quantos acertou (Janistraquis, por exemplo, achou que Orlando Silva fosse o saudoso ‘Cantor das Multidões’).

Respostas ao pé da coluna

Para colecionar

Do cientista político Bolívar Lamounier:

‘Lula não sabia que Alckmin seria tão agressivo no debate, mas já mandou a Polícia Federal apurar.’

Delegado/advogado

A frase do presidente/candidato não foi ‘pensei que estava diante de um delegado de polícia’, como alguns publicaram, mas ‘pensei que estava diante de um delegado de porta de cadeia’. Janistraquis garante que, além de errar o profissional à porta do xadrez, pois este nunca foi delegado e sim advogado, a criatura deveria ter achado a situação apenas premonitória:

‘Considerado, não é por nada, mas você não acha que tá faltando cadeia pra… ah!, deixa pra lá…’

Apesar da pesquisa

Depois de ver e ouvir um punhado de analistas e cientistas políticos explicar o que ocorreu no debate da Band, o leitor Thiago Albuquerque Lins, advogado em São Paulo, escolheu esta coluna para espalhar aos ventos o seu desabafo:

‘Disseram e repetiram ad nauseam que Alckmin ‘passou do ponto’, ‘exagerou na dose’ ao encarar o Lula. Ora, passou do ponto como? Exagerou de que jeito? Partiram do princípio de que Alckmin, governador de São Paulo, enfrentava o presidente da República e este merecia certa reverência; esqueceram-se de que, naquele momento, Lula não era presidente e sim um simples candidato que está mergulhado até o pescoço na corrupção e não tem moral para falar em ética, principalmente depois que descobriram que uma parte do dinheiro do dossiêgate saiu do jogo do bicho!’

Janistraquis adora o título daquele filme do Jorge Ileli: Amei um Bicheiro.

Neil de Castro

Leia no Blogstraquis a íntegra do poema de Nei Leandro (Neil) de Castro, intitulado Encontro com Lorca no Granada, cujo excerto encima esta coluna.

Corrução completa

O considerado José Truda Júnior, que sempre leva a vantagem de morar em Santa Tereza, despacha de sua cobertura com vista para os arcos da velha Lapa de guerra:

Um dos meus divertimentos favoritos é acompanhar os escândalos que sacodem a nação dia após dia, desde que o Waldomiro Diniz foi denunciado pelo ‘empresário’ Carlinhos Cachoeira.

Pois eu já estava num tédio mortal quando, do nada e por nada, um grupo de petistas paulistas, sempre eles, salvaram-me (e a alguns jornais, cujos índices de vendas andavam empatados com os índices eleitorais do Eymael) com o tiro-no-pé chamado Dossiê Serra.

Então entrou em cena o candidato a presidente, Geraldo Alkmin, flagrado em Niterói pela excelente Ludmilla de Lima, dO Globo, afirmando que ‘a corrupção no governo e no PT é uma atividade criminosa completa’.

Quer dizer então que corrupção nos demais setores da sociedade e partidos não é criminosa? Oh, dúvida cruel!

Janistraquis estudou a questão, ó Truda, e concluiu que a corrução (meu secretário escreve e pronuncia assim, à moda nordestina) nos demais setores continua a ser atividade criminosa, porém ‘corrução completa somente no governo do PT.’

Sacanagem

O considerado Miguel Mota, cidadão de Vila Formosa, em São Paulo, está convencido de que o UOL tentou passar a perna num trabalhador brasileiro:

Caro Janistraquis, Felipe Massa terminou o último grande prêmio de F1, em Suzuka, no Japão em segundo lugar. Mas para a legenda do Uol esportes, não. Confira: Massa larga na pole, mas acaba a prova em Suzuka na terceira colocação. ()

Janistraquis concorda, ó Mota; tremenda sacanagem…

Considerado é a…

Janistraquis já não suporta mais ler e ouvir que o desastre com o jato da Gol é considerado o maior da aviação comercial brasileira:

‘Considerado, se o desastre é considerado o maior, das duas uma: ou os considerados redatores não sabem o que significa a palavra considerado ou, definitivamente, desistiram de pesquisar.’

Golpe baixo

O considerado Rafael Loureiro, de São Paulo, envia trecho do blog de Josias de Souza, no qual este refinado colunista da Folha Online analisa o debate na Bandeirantes:

Alckmin subiu ao tablado com uma missão: não deixar o adversário respirar. Para atingir o seu intento, não hesitou em apelar para os golpes baixos, como nos instantes em que trouxe os gastos com os cartões de crédito da presidência e a compra do Aerolula. Chegou mesmo a dizer que, se eleito, venderá o avião presidencial para construir cinco hospitais. Como se isso fosse resolver os problemas do país.

Rafael não entendeu muito bem a posição do blogueiro/colunista:

‘Uai, e a referência a cartões de crédito e ao Aerolula é ‘golpe baixo’?!?!?! Então Josias, que não é menino, vê-se pela lustrosa careca, ainda não sabe o que é golpe baixo?!?!’

Janistraquis acha que o considerado Josias pode ficar doutor em golpe baixo se tomar algumas aulas com qualquer militante do PT.

Circula na internet

SE ÉS CAPAZ DE SORRIR QUANDO TUDO DEU ERRADO É PORQUE JÁ DESCOBRISTE EM QUEM BOTAR A CULPA.

Naquele lugar

O considerado leitor Jarbas Pires de Azevedo, do Rio, ficou revoltado com seu ‘ex-candidato’ ao governo do Estado, depois que leu nos jornais a seguinte notícia:

Sérgio Cabral retirou ontem, ‘em caráter definitivo’, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 70) que previa o reconhecimento da união estável de pessoas do mesmo sexo. O senador Marcelo Crivella (PRB), bispo licenciado da Igreja Universal, disse que essa foi uma das condições que impôs para apoiá-lo no segundo turno.

Azevedo não declarou sua ‘opção sexual’ e parece que não conteve nem a indignação nem as lágrimas:

Como é que Sérgio Cabral abandona suas convicções somente para receber votos dos preconceituosos membros da Igreja Universal?!?!?! Os gays deveriam se unir contra ele e votar na Denise Frossard!

Sertanejo experiente e prático, Janistraquis consola o leitor:

‘O considerado precisa entender que no Rio de Janeiro há, certamente, mais evangélicos do que veados; é natural que o candidato, para obter apoio da Universal, tenha mandado os gays roçarem o traseiro numa ostra.’

(Cabral e os gays já fizeram as pazes, porém quem entende de política e veadagem garante que pingou água no pó-de-arroz.)

Falar e dizer

O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no Planalto, de cuja varanda debruçada sobre a safadeza oficial dava para ver e ouvir a festa da máquina administrativa para comemorar os números do Datafolha, pois Roldão passava os olhos pelo Correio Braziliense quando encontrou esta frase, à página 10 do caderno Pensar:

Destaque do Cena Contemporânea, atriz russa fala que já morreu 279 vezes no palco.

Mestre Roldão, que há tempos perdeu a paciência, como já estamos carecas de saber, escreveu à direção do jornal:

‘Falar não é sinônimo de dizer. Para expressar um pensamento usa-se o verbo dizer: atriz russa diz que já morreu 279 vezes no palco.’

Tempo real

O considerado Mario Nicoll, que lê e critica em tempo real, despacha do Rio de Janeiro:

Neste momento, quatro erros simultâneos na capa do Globo online:

1. Cinco corpos já foram Indentificados (na capa e no título da matéria)

2. Controle aéreo comunicar-se com piloto

3. Cientista teletransporta dados de modo idédito

4. Enterrado do adolescente foi marcado por protesto (Editoria Rio)

Janistraquis defende o redator do jornal:

‘É a pressa, considerado, é a pressa, a qual, como sabemos, é inimiga da informação.’

Nota dez

O considerado Argemiro Ferreira, redator-chefe do histórico jornal Opinião, recorda seus tempos ao lado do grande intelectual, editor e ‘burguês esclarecido’ que foi Fernando Gasparian. Leia o excerto abaixo e confira o original no Observatório da Imprensa.

(…) Na gráfica que imprimia o jornal um censor certa vez esbravejou e ameaçou o dono do Opinião. ‘Não tenho medo de cardeal, nem do Le Monde e nem de deputado. Se o senhor continuar desse jeito, eu vou lhe dar um tiro na cara’, disse.

Errei, sim!

‘VERÃO NO INVERNO – Ex-prefeito da cidade, Marcos José da Silva ficou preocupado (com razão) quando leu esta manchete no Jornal de Valinhos, estância paulista cercada de pomares: Falta de chuvas atrasa entrada da primavera. Janistraquis concorda com Marcos; realmente, se continuar nesse pique a primavera deverá ter início só em dezembro e o verão talvez chegue lá para meados de maio. ‘Ainda bem que o jornal é de distribuição gratuita, rosnou Janistraquis, pronunciando o adjetivo à maneira de alguns repórteres de rádio e TV: GRATUÍÍÍÍÍTA.’ (novembro de 1994)

Resposta do teste: todos são ministros de Lula!

Orlando Silva é ministro dos Esportes; Agenor Álvares, ministro da Saúde; Pedro Brito, da Integração Nacional; Matilde Ribeiro, da ‘Igualdade Racial’; Paulo Vanucchi, de Direitos Humanos; e Luiz Carlos Guedes Pinto, da Agricultura.

Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP) ou moacir.japiassu@bol.com.br).

(*) Paraibano, 64 anos de idade e 44 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu oito livros, dos quais três romances.’



MERCADO EDITORIAL
Eduardo Ribeiro

Lance! unifica equipes de produção, 11/10/06

‘O Grupo Lance!, formado por jornal, portal, agência e rádio e tevê na web, decidiu unificar a produção de todos os veículos, concentrando-a num único núcleo denominado Editoria de Produção, repartindo a mesma estrutura para as equipes do Rio de Janeiro e de São Paulo. Todos os repórteres da empresa deixaram os respectivos veículos para fazer parte dessa nova editoria, que terá como coordenadores Carlos Alencar (ex-editor-executivo do Diário de S.Paulo), em São Paulo, e Carlos Alberto Vieira, do próprio Lance! (era o editor de Futebr – Futebol Brasileiro), no Rio. Paralelamente, a empresa iniciou um treinamento multimídia com os repórteres para que possam atuar nas várias mídias da empresa. A nova experiência tem por objetivo melhorar a produtividade e também permitir que os profissionais possam desempenhar atividades multimídias de forma racional e sem sobrecarga de trabalho.

A unificação, no entanto, conforme lembra o editor-chefe, Luiz Fernando Gomes, se dá apenas na produção de conteúdo e não na edição e fechamento. ‘Cada veículo – afirma ele – continuará com suas respectivas equipes de fechamento, recebendo o material gerado pelos repórteres na editoria de Produção’. Gomes lembra também que o processo de unificação da produção no caso do Lance, ao contrário do que geralmente acontece nessas situações, se dará sem cortes nas respectivas equipes. ‘Ao contrário – salienta -, vamos ampliá-las em função de novos projetos e mesmo da nova dinâmica implantada. Só no Lancenet deveremos contratar nos próximos dias dez novos profissionais’.

A troca de comando no Estadão

Ali bem pertinho da redação do Lance, no Bairro do Limão, na capital paulista, o centenário Estadão prepara-se para troca de comando editorial, com a chegada de Ricardo Gandour em substituição a Sandro Vaia, que deixou a empresa depois de mais de 40 anos de casa, quase ininterruptos. A troca conseguiu a proeza de deixar duas redações absolutamente apreensivas. O Diário de S.Paulo, dirigido até esta quarta-feira por Gandour, porque ninguém sabe ainda qual solução a empresa vai dar para o cargo, podendo tanto adotar uma solução doméstica (e talvez temporária) quanto buscar alguém no mercado. No caso do Estadão se passa o mesmo, com a diferença de que ali o nome de quem vai assumir já está anunciado. Como a imensa maioria no entanto nunca trabalhou com Gandour e tem poucas referências dele há na redação um clima de preocupação. Viria ele acompanhado de alguns profissionais de sua confiança? Teria missão de cortar? Perguntas que obviamente só poderão ser respondidas quando ele começar efetivamente seu trabalho. A trajetória profissional dele, no entanto, não aponta em nenhuma dessas direções.

A chegada de Gandour no Grupo Estado está marcada para o começo da próxima semana. Nesta terça-feira, num almoço informal no restaurante do Circolo Italiano, no Centro de São Paulo, ele reuniu os editores do Diário de S.Paulo para as despedidas. Sai sem que ainda se saiba quem o sucederá no cargo, decisão que virá do Rio de Janeiro e que está a cargo do diretor Paulo Novis, da Infoglobo. Gandour começou na Folha de S.Paulo como repórter de Economia e Negócios, ali atuando também como redator da Primeira Página, editor de Suplementos. Ganhou, nesse período, dois prêmios Folha de Jornalismo. Fundou e dirigiu depois a editora Publifolha, de obras de referência e ensaios, totalizando dez anos na empresa. De lá, entrou nas Organizações Globo, através da Editora Globo, transferindo-se depois para o Diário de S.Paulo, jornal que agora deixa e onde sempre ocupou o cargo de diretor-executivo.

Quanto a Sandro Vaia, após 41 anos de estrada (literalmente, já que ele mora em Jundiaí e de lá diz que não pretende se mudar), ele confirmou a amigos que agora quer descansar e colocar sua vida pessoal em dia, voltando a freqüentar teatro, cinema e outros eventos culturais. Ou seja, não parece preocupado em procurar emprego tão cedo.

Maurício Stycer deixa Carta Capital

Outra mudança importante vem da Carta Capital, a revista criada e dirigida por Mino Carta, que esta semana vai perder Maurício Stycer, após cinco anos e meio de casa, os dois últimos como redator-chefe e anteriormente editando Cultura. Stycer sai não por conta de qualquer desentendimento mas sim por considerar que seu ciclo na revista está encerrado e também por conta do desgaste físico e do cansaço que acumulou nesse período e que o levarão, inclusive, a um período de descanso, antes da retomada da carreira. A conversa com Mino Carta, diretor de Redação, se deu na última 2ª.feira (9/10), logo após Mino ter regressado de uma viagem de três semanas a Itália, onde foi homenageado. Maurício, antes de Carta, integrou as equipes de lançamento da revista Época e do diário esportivo Lance, além de ter trabalhado dez anos na Folha de S.Paulo. Não há ainda definição sobre o sucessor dele na Carta Capital, conforme informou Mino Carta a este J&Cia.

(*) É jornalista profissional formado pela Fundação Armando Álvares Penteado e co-autor de inúmeros projetos editoriais focados no jornalismo e na comunicação corporativa, entre eles o livro-guia ‘Fontes de Informação’ e o livro ‘Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia’. Integra o Conselho Fiscal da Abracom – Associação Brasileira das Agências de Comunicação e é também colunista do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, além de dirigir e editar o informativo Jornalistas&Cia, da M&A Editora. É também diretor da Mega Brasil Comunicação, empresa responsável pela organização do Congresso Brasileiro de Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações Públicas.’



VÔO 1907
José Paulo Lanyi

Joe Sharkey, fonte suspeita, 10/10/06

‘Entre as conclusões sobre o desastre do vôo 1907, uma é intrínseca aos fundamentos do jornalismo. As entrevistas concedidas pelo repórter- passageiro Joe Sharkey, do jornal The New York Times, reforçam a afirmação de que objetividade é uma figura mítica no exercício do pensamento, ainda que conduzida pelo cabresto de técnicas que, a rigor, pouco podem em determinadas situações.

Objetividade e isenção são conceitos fugidios, podem ser miragens no deserto do pensamento.

Kierkegaard, tido como o primeiro filósofo existencialista, fez uma distinção entre a verdade objetiva e a verdade subjetiva. A verdade objetiva, criada pela sociedade, seria universal e independeria da crença ou do conhecimento do indivíduo. O problema, dizia o dinamarquês, é que o grupo seria uma nascente de água turva, pouco confiável. O pensador pugnava pela verdade subjetiva. O indivíduo chegaria à verdade por si mesmo, à margem do pensamento coletivo.

Para angústia dos que habitam esses pólos- e angústia, ironicamente, é um componente existencialista-, a meu ver nem a verdade objetiva, nem a verdade subjetiva conseguiriam dar conta de tamanha complexidade. A experiência demonstra que as duas estão ‘condenadas’ (outro termo existencialista) a conviver, a lutar e a cooperar entre si.

O jornalismo é um exemplo dessa convivência contraditória. Um veículo que se apresenta como instrumento de defesa da justiça social, acentuando a busca da isenção como fator de credibilidade, é um veículo que, talvez inadvertidamente, engana a si mesmo e ao público. Primeiro porque, ao formular os seus próprios critérios de justiça social, faz as suas opções e mata a isenção com a arma automática da lógica, na própria origem da proposta. Depois, porque, desde que pautados (isso também pressupõe uma escolha), todos os relatos serão coloridos ou acinzentados pela decisão editorial (a verdade objetiva, oriunda do grupo) e pela ação de cada um dos profissionais envolvidos na produção e na veiculação da notícia (a verdade subjetiva; individual, portanto, e que transcende a orientação da coletividade, seja do veículo, seja de toda a sociedade).

Tomemos o exemplo das entrevistas do repórter-passageiro que tem descontado, avidamente, os seus 15 minutos de notoriedade mundial. Joe Sharkey é uma fonte que incorre em uma falha grave: diferentemente daqueles que se propõem a exprimir uma verdade, ainda que parcial, calcada na exposição de todos os ângulos necessários à compreensão, Sharkey omite e distorce informações relevantes para o entendimento dos fatos. E o faz com a consciência de quem conhece bem o público a que se dirige – notório pelo acento exagerado nas questões internas, em detrimento do interesse por manifestações que lhe são estranhas, ou seja, por tudo que não lhe roce a bandeira. Tanto mais grave. É um atentado que não dá chance de defesa à vítima, ou seja, ao povo dos Estados Unidos. É uma agravante no crime de lesa-verdade, a par de outra: o acusado é jornalista, por dever de ofício deveria perseguir e compartilhar a sua própria verdade.

Há que se estabelecer a diferença entre uma versão interpretativa e uma atitude omissa ou mentirosa, fundada na supressão de informações que se fazem obrigatórias em um contexto pleno de componentes objetivos. Pode-se dizer que a bola entrou ou não entrou; pode-se dizer que o juiz errou ou acertou ao anular o gol. Pode-se torcer por uma coisa ou pela outra. Mas não se pode falar desse lance e, ao mesmo tempo, negar a existência do campo de jogo.

É o que faz o repórter do Times ao comentar o episódio de que também foi vítima. Em suas entrevistas, Sharkey tem omitido uma informação essencial para a compreensão desse fato trágico: fizesse chuva ou fizesse sol; caíssem meteoros ou canivetes interestelares; houvesse trânsito livre ou engarrafamento de dirigíveis; alienígenas ou humanos no controle das torres; estivessem ou não ligados, ao mesmo tempo, todos os equipamentos de todos os vôos do mundo, nada disso parece à altura (sic) de um fato absolutamente extravagante: a conclusão de que o Legacy estava na altitude errada.

Como se eu e você entrássemos em um carro e você (eu, não) resolvesse trafegar na Via Dutra pela contramão. E, depois do inevitável acidente, eu explicasse a uma tribo remanescente da Atlântida que a culpa toda é da Polícia Rodoviária, que não costuma ficar à beira da pista avisando todos os motoristas para que evitem o sentido contrário. A figura da culpa do guarda de trânsito diante de um acidente na contramão foi bem aplicada em reportagens sobre a queda do avião da Gol.

Então foi isso que aconteceu? O piloto do Legacy estava na contramão? Os controladores acertaram ou erraram? O transponder estava ligado ou não? Falhou ou não? Ainda não sabemos ao certo. Informações oficiais e extra-oficiais pululam aqui e ali e apontam para uma direção principal e devastadora: um avião na contramão. É preciso, contudo, apurar mais.

As incertezas remetem aos parágrafos iniciais deste artigo. Pode-se dar como natural uma outra afirmação de Joe Sharkey, de que o piloto e o co-piloto do Legacy, ambos seus compatriotas, correm perigo no Brasil. Afinal, viver é perigoso, como dizia Guimarães Rosa. E este é mesmo um Brasil de assaltos e de desmandos das autoridades. Tanto quanto aqueles são os Estados Unidos que produzem serial killers aos batalhões e põem em risco a vida das pobres crianças vergonhosamente assassinadas com uniforme escolar. Viver é perigoso. Tudo pode ser preocupante.

Pode-se, ainda, criticar a lei de outros países quanto à responsabilidade penal dos pilotos aéreos que provoquem acidentes que destroem a vida de milhares de pessoas. Façamos as contas, por baixo: multipliquemos o número de vítimas por dez (incluindo parentes, amigos, colegas, conhecidos). Chegaremos a mais de 1.500 pessoas que vergam sob o peso do luto. Sem contar o impacto da tristeza e do medo nas mentes e nos corações de todo um povo, para não dizer do mundo inteiro.

Ainda assim, Sharkey e o sindicato dos pilotos americanos podem se preocupar com o destino dos que possivelmente erraram e dos que ainda poderão errar. Joe Sharkey também tem o direito (talvez, o dever) de dizer que o nosso espaço aéreo é perigoso. Pilotos brasileiros relatam falhas dos radares em alguns trechos das aerovias. Contudo, parece-me desonesto dar essa ênfase sem informar sobre o histórico de segurança dos nossos vôos e o baixo índice de acidentes aéreos por aqui, em comparação com outros países. Não se tinha notícia, por exemplo, de um choque entre aviões em sentido contrário no espaço aéreo brasileiro. Se houve, a mídia não noticiou, o que é improvável. Se não noticiou, está na hora de noticiar.

Ainda com referência a essas entrevistas de Joe Sharkey, à exceção da pouca ou nenhuma atenção à possibilidade da contramão aérea e do exagero das observações sobre o perigo dos nossos vôos, tudo o mais é aceitável no terreno misto da verdade objetiva e da verdade subjetiva. O público concluirá por si mesmo, ao confrontar todas as verdades apresentadas.

Mas mentir ou omitir para turvar a vista do mundo é inaceitável. Sharkey revelou-se uma fonte suspeita. Espera-se que, como jornalista, seja muito melhor. Pela amostra do seu raciocínio, é difícil acreditar.

(*) Jornalista, escritor, ator, é autor de quatro livros, um deles com o texto teatral ‘Quando Dorme o Vilarejo’ (Prêmio Vladimir Herzog). No jornalismo, tem exercido várias funções ao longo dos anos, na allTV, TV Globo, TV Bandeirantes, TV Manchete, CNT, CBN, Radiobrás e Revista Imprensa, entre outros. Tem no currículo vários prêmios em equipe, entre eles Esso e Ibest, e é membro da APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes).’



VIDA DE JORNALISTA
Cassio Politi

Repórteres presos após reunião secreta, 16/10/06

‘A reunião era tão secreta que até os repórteres adotaram uma certa clandestinidade. As atividades aconteciam em alguma montanha da Colômbia. Ao redor da mesa, estavam os comandantes do principais grupos guerrilheiros daquele país.

Terminada a reunião, os cerca de 20 repórteres foram para a rodoviária de Medellín. Horas mais tarde, a imprensa colombiana se mobilizava para pedir a libertação de três integrantes do grupo, que na rodoviária haviam sido presos por militares. Os homens fardados os pressionavam para contassem onde, afinal, estavam escondidos os guerrilheiros.

* * * * *

Profissionais dos mais expressivos veículos de comunicação da Colômbia receberam, em 1987, um convite secreto. Nas montanhas do país aconteceria o encontro de comandantes dos grupos guerrilheiros, das mais variadas facções.

Eles discutiriam uma união de ações dos grupos, que tinha origens variadas: marxistas, maoístas, adeptos da independência cubana e muitos outros. Seria uma tentativa – que depois fracassou – de unir forças. A presença da imprensa era fundamental para que os guerrilheiros deixasse o governo ciente da idéia, e apavorado com ela.

Cadê você?

Eram 10 horas da manhã quando o grupo de jornalistas chegou à rodoviária de Medellín. Eles entrariam dali a instantes em um ônibus com destino a Bogotá.

Edelmiro Franco, atualmente na Notimex (Agência de Notícias do Estado Mexicano), era um desses repórteres. Uma colega de Edelmiro se levantou da mesa e avisou que precisava fazer um telefonema. Uns 10 minutos se passaram até que alguém da roda de jornalistas desse falta da amiga.

– Onde está a Glória?

– Foi telefonar.

– Mas já faz algum tempo que ela deixou a mesa. Vamos ver o que houve?

Edelmiro e um repórter da Rádio Caracol, chamado José Domingo,foram ver o que havia acontecido com a colega Glória. Ela estava presa.

Boi na linha

Edelmiro e José Domingo se aproximaram das cabines de telefone, onde foram presos também. Conduzidos até a 4ª Brigada de Medellín, eles descobriram que militares haviam escutado o texto que Glória ditava por telefone a alguém na redação da agência onde trabalhava. Prenderam-na para interrogatório.

Enquanto o trio era levado para a base militar, os outros jornalistas do grupo perceberam que havia algo estranho no ar. Trataram de não se identificar como jornalistas e entraram no ônibus com destino a Bogotá. Era preciso chegar até lá para pedir socorro para os colegas.

Onde é?

Glória, Edelmiro e José Domingo ficaram trancados em uma sala.

– Onde fica o sítio que recebeu esse encontro? – perguntou um militar, começando o interrogatório.

– Não sabemos.

– Como foi feito o contato com os guerrilheiros?

– Não posso contar.

– O que foi falado na reunião?

– Não posso contar.

Não houve violência, mas uma pressão psicológica intensa. ‘Por uma questão de ética na profissão, não podíamos contar os detalhes’, defende Edelmiro.

Liberte-os

O interrogatório se estendeu até as 7 horas da noite. Foram mais de oito horas de pressão. Enquanto o trio era bombardeado com perguntas, um movimento muito forte da imprensa começava em Bogotá. Os jornalistas que escaparam de ser presos garantiram que a informação da prisão dos colegas fosse veiculada em emissoras de rádio e TV. ‘Eles fizeram um escândalo em rede nacional’.

Os militares passaram a tarde negando publicamente que os jornalistas estivessem presos na 4ª Brigada de Medellín. ‘Mas a imprensa sabia que estávamos lá’. Às sete da noite, um coronel deu a ordem:

– Há muita pressão da mídia. Libere-os.

Solidariedade

O movimento em prol dos colegas foi determinante para que nada mais grave acontecesse. ‘O importante foi a solidariedade dos colegas’.

A idéia de união dos grupos não vingou. Quase 20 anos depois, as FARC e o Exército de Libertação Nacional (ELN) são as duas maiores forças guerrilheiras da Colômbia.

* * * * *

Edelmiro Franco é colombiano e atua como correspondente da Notimex em Bogotá. Ele esteve em São Paulo nesta semana para ministrar uma palestra a respeito da relação entre a imprensa, o governo colombiano e as FARC. A palestra aconteceu durante o Seminário Internacional de Jornalismo promovido pelo Comunique-se.

* * * * *

(*) Cassio Politi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como videorrepórter de matérias de Cidades e Especiais no Uol News, comandado por Paulo Henrique Amorim até 2004. Trabalha com Internet desde 1997. Esteve em projetos pioneiros em jornalismo na Web, como sites da Zip.Net. Ministra cursos de extensão há cinco anos e deu aulas em 24 estados brasileiros para quase 2 mil jornalistas e estudantes de Jornalismo. Atualmente, tem suas atenções voltadas para a área de Marketing. Ocupa o cargo de Diretor da Escola de Comunicação, a unidade de cursos e seminários do Comunique-se.’



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Clique nos links abaixo para acessar os textos do final de semana selecionados para a seção Entre Aspas.

Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

Carta Capital

Veja

No Mínimo

Comunique-se

IstoÉ