Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Conselho de Ética vai
investigar Calheiros


Leia abaixo os textos de quinta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


************


Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 7 de junho de 2007


CASO RENAN CALHEIROS
Fernanda Krakovics e Andreza Matais


Conselho de Ética abre processo contra Renan


‘O Conselho de Ética do Senado abriu ontem processo contra o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), para investigar indícios de quebra de decoro parlamentar. O relator será o líder do PTB, senador Epitácio Cafeteira (MA), aliado da família Sarney e do mesmo grupo político de Renan.


Embora a tendência seja absolvê-lo, os líderes partidários quiseram evitar o desgaste político de arquivar de forma sumária a representação feita pelo PSOL ou de adiar mais uma vez a decisão. Renan foi avisado previamente da decisão.


Cafeteira disse na última segunda que não há provas contra Renan. ‘Não vi nenhuma acusação documentada.’ Depois de indicado relator, o senador tentou minimizar a declaração. ‘Não conheço o processo’, disse ele, que estava no Maranhão e não participou da sessão.


O próximo passo é notificar Renan para que ele apresente sua defesa no prazo de cinco sessões. A partir do momento que for citado no processo, ele não pode renunciar ao mandato para evitar eventual cassação. Senadores ouvidos pela Folha afirmam que é primeira vez que o Conselho de Ética abre um processo contra um presidente do Senado.


‘Não tenho nenhuma preocupação com o conselho. É um caminho para que possamos mostrar com todas as letras de que lado está a verdade. Já entreguei todas as provas e o que for necessário entregar mais, estou disposto a entregar’, disse Renan, que tenta evitar um depoimento da jornalista Mônica Veloso no conselho.


O senador é suspeito de ter despesas pessoais pagas pelo lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior. Ele entregava R$ 12 mil mensais a Mônica veloso, com quem o peemedebista tem uma filha. Renan e Gontijo afirmam que o dinheiro era do senador.


‘Vou continuar representando o Senado e no final a verdade vai preponderar’, disse Renan.


O senador também foi citado nas investigações da Operação Navalha. Ele teria trabalhado para liberar recursos para a construtora Gautama, cujo dono, Zuleido Veras, foi preso por supostas fraudes em obras. O senador admite ter intercedido por se tratar de obras prioritárias para seu Estado, mas diz que não responde pelo fato de a construtora ter sido envolvida em escândalo de corrupção.


O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), disse que se reuniu anteontem a ministra do STJ Eliana Calmon e que ela teria dito não haver nada contra Renan, até agora.


O senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse que Renan deveria se afastar do cargo ‘por uma questão de princípio’.


Para o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), o fato de o presidente ser investigado ‘é muito ruim para a Casa’. Segundo ele, o regimento interno do Senado não prevê o afastamento da presidência.’


***


Relator do caso Renan quer um processo rápido


‘Indicado relator do processo contra o presidente do Senado no Conselho de Ética, o senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA) disse que quer concluir rapidamente o procedimento contra Renan Calheiros (PMDB-AL). Ex-governador do Maranhão, Cafeteira, 82, agora é aliado da família Sarney, de quem já foi um dos mais ferrenhos adversários no Estado. Após dizer, no início da semana, que não há provas contra Renan, o senador foi cauteloso ontem.


FOLHA – Na última segunda-feira o senhor disse que não há prova da acusação. O processo fica assim prejudicado?


EPITÁCIO CAFETEIRA – Eu falei sobre o que eu conhecia. O processo eu não conheço. Enquanto o processo não chegar na minha mão eu não posso dizer nada.


FOLHA – O senhor acha que as explicações dadas pelo presidente do Senado já foram suficientes?


CAFETEIRA – Eu não posso julgar porque estou com uma responsabilidade muito grande. Não conheço nem a denúncia do PSOL.


FOLHA – Por que o senhor aceitou essa função?


CAFETEIRA – Porque é uma missão e ninguém tem direito de recusar uma missão.


FOLHA – O senhor acha que essa crise afeta a imagem do Senado?


CAFETEIRA – Não posso dizer nada, estou em uma posição difícil.


FOLHA – O que achou do discurso de defesa feito pelo Renan em plenário?


CAFETEIRA – Eu acho que não existe defesa sem haver ataque. Como não conheço o ataque, não sei se a defesa é boa. Entendo que a imprensa esteja ávida por notícia, mas não posso me violentar nem correr o risco de amanhã ser colocado em uma situação difícil.


FOLHA – O senhor pretende que esse processo seja rápido?


CAFETEIRA – O que eu puder fazer para ser rápido eu vou fazer.’


***


Mônica Veloso contesta lobista de empreiteira


‘A jornalista Mônica Veloso contestou ontem, por meio de seu advogado, depoimento prestado à Corregedoria do Senado pelo lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, no dia anterior. Ela afirma que os R$ 12 mil mensais que recebia de Gontijo sempre foram pagos em espécie.


Segundo o corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), o lobista afirmou que fez o pagamento algumas vezes em espécie e em outras depositou na conta de Mônica. ‘A maioria foi depósito no banco, parece que no Unibanco.’


Renan Calheiros já afirmou que o pagamento foi feito ‘algumas vezes’ em dinheiro e na maioria das vezes em conta corrente. Ontem o senador disse: ‘Não vou ficar discutindo com advogado’.


Em carta enviada ao Conselho de Ética, Mônica desafia Gontijo a apresentar recibos dos supostos depósitos. Essa é uma condição imposta por ela para apresentar seus extratos bancários à Casa.


O advogado e irmão de Cláudio Gontijo, Segismundo Gontijo, disse ontem não ter certeza da forma de pagamento. ‘Em princípio, todos os pagamentos foram feitos em dinheiro’, disse.’


VENEZUELA
Folha de S. Paulo


SECRETARIA DO PT EMITE NOTA APOIANDO FIM DA CONCESSÃO DA RCTV


‘Em nota divulgada na última segunda-feira por sua Secretaria de Relações Internacionais, o PT defende o fim da concessão à RCTV usando praticamente os mesmos argumentos do governo venezuelano. A nota afirma que o fim da concessão ‘seguiu todos os trâmites na legislação’ daquele país e que ‘é público e notório’ que a RCTV participou do golpe frustrado contra Chávez, em 2002, o que ‘em qualquer país do mundo justificaria o questionamento da concessão pública a uma rede de TV’.’


MÉXICO
Raul Juste Lores


Justiça do México derruba ‘Lei Televisa’


‘A Suprema Corte do México anulou na terça-feira por unanimidade alguns dos principais artigos da lei que regulamenta as concessões de rádio e televisão, aprovada no ano passado.


A lei é acusada de favorecer os dois grandes monopólios televisivos mexicanos, Televisa e TV Azteca, e foi apelidada de ‘Lei Televisa’.


Os artigos invalidados pelo tribunal permitiam aos concessionários oferecer serviços adicionais, como telefonia e internet, sem participar das correspondentes licitações públicas da área; praticamente renovavam de forma automática as concessões, a cada 20 anos; e determinavam leilão para novas concessões.


A polêmica lei foi aprovada no ano passado, meses antes das eleições presidenciais. Vários senadores e deputados acusaram pressões dos dois grupos de mídia, argumentando que ‘quem votasse contra sofreria na cobertura’.


‘A minuta da lei foi aprovada em sete minutos, sem debates, pelos três principais partidos mexicanos. Uma vergonha’, diz Roberto Hernández, autor de estudo sobre a ‘Lei Televisa’, consultor do Grupo Interdisciplinario, consultoria política na Cidade do México.


‘Há artigos mais absurdos ainda, como o que permite a pessoas físicas pagar por anúncios eleitorais, o que institucionaliza a guerra suja’, diz.


No ano passado, associações empresariais pagaram anúncios políticos em que faziam ataques ao candidato presidencial opositor, Andrés Manuel López Obrador.


Até em novelas da Televisa houve personagens que manifestavam seu voto no conservador Felipe Calderón, eleito presidente por só 234 mil votos de vantagem. Carros da emissora foram atacados por manifestantes da esquerda, que chamavam a emissora de mentirosa.


Antes da decisão judicial, membros dos principais partidos do novo Congresso, empossado em setembro, já diziam que a lei precisava ser revista.


Chaves e RBD


O grupo Televisa mantém quatro canais abertos de televisão que misturam variedades, noticiários, esportes e muitas novelas. Neles, são produzidos o ‘Teleton’, maratona televisiva com fins filantrópicos copiada em toda a América Latina, além dos populares programas ‘Chaves’ e ‘Rebelde’, que deu origem ao grupo pop RBD, também exibidos no Brasil.


Apenas 10% dos lares mexicanos têm televisão por cabo. As maiores operadoras do setor pertencem à Televisa.


O conglomerado ainda detém a maior editora de revistas do país e 80 emissoras de rádio. É acionista da quinta maior rede de TV americana, a Univisión, para a qual vende suas novelas, e é sócia de uma emissora espanhola.


Fora da mídia, também possui bingos, loterias, quatro times de futebol da primeira divisão, incluindo o América, o maior do país, e o maior estádio mexicano, o Azteca, com capacidade para 100 mil torcedores.


O segundo maior grupo, a TV Azteca, possui dois canais, mas seu proprietário, Ricardo Salinas Pliego, 50, é o terceiro homem mais rico do país, com fortuna de US$ 4,6 bilhões. Ele tem lojas de departamentos, banco e empresas de telefonia celular. Membros da lista dos bilionários do país não faltam também ao conselho da Televisa, o que comprova o poder do ‘duopólio’. O dono da Televisa, Emilio Azcárraga Jean, 39, tem fortuna estimada de US$ 2,1 bilhões, a quinta maior do país.


Também são acionistas da Televisa o maior bilionário do México, Carlos Slim, 67, segundo homem mais rico do mundo, e María Asunción Aramburuzabala, 43, dona da Cervejaria Modelo (que produz a cerveja Corona), que é a vice-presidente do conselho da empresa.’


CENSURA
Marco Maciel


Sobre livros, censura e identidade


‘O SEMIÓLOGO italiano Umberto Eco afirmou certa feita que o livro, ‘depois de ser inventado, vai-nos acompanhar por muito tempo’. Penso, entretanto, que essa companhia será para sempre, pois, assim como a televisão não fez desaparecer o rádio, nem o cinema impediu que o teatro continuasse a ser arte tão antiga quanto admirada, a cultura digital não eliminará o livro.


À medida que se prestigia, nas últimas décadas, a educação -algo fundamental para elevar a condição de vida do nosso povo e promover o correto e justo processo de desenvolvimento do país-, abre-se espaço, ao lado da cultura digital, para a continuada difusão da cultura letrada e para o aparecimento de pensadores, filósofos, cientistas e poetas, indispensáveis para que brotem novos leitores e escritores.


Conquanto ainda haja um percentual expressivo de analfabetos em nosso país, cabe registrar que, nas últimas décadas, o hábito da leitura tem crescido entre nós. Conforme revelou recente pesquisa da Câmara Brasileira do Livro, o brasileiro lê, em média, 1,8 livro por ano -obviamente um número modesto se compararmos com a França, onde o índice é de 7, ou a Colômbia, país vizinho ao nosso, com 2,4 livros lidos por ano.


Por isso, muito têm ensejado iniciativas governamentais e de instituições privadas visando a estimular a leitura e a reflexão a respeito de tudo o que é humano.


Como ministro da Educação, em meados da década de 1980, empreendi, por intermédio da criação do Prodeli (Programa Nacional do Livro Didático), ações para aumentar a oferta de livros aos estudantes da rede pública -da União, dos Estados e dos Municípios-, por entender que essa seria uma forma de não somente ajudar o aluno a educar-se mas também de fazer desabrochar novas vocações e concorrer para o ‘aggiornamento’ cultural e intelectual da sociedade brasileira. Infelizmente, observe-se, ainda é pequena a quantidade de bibliotecas, sobretudo nas regiões mais pobres do país.


A publicação de livros está ligada também ao fortalecimento da democracia, especialmente da liberdade de expressão. Em tempos não remotos, livros, jornais e enciclopédias eram assunto de polícia e da censura, que ainda sobrevive em vários países e é o pior dos instrumentos que a liberdade de pensamento e manifestação tem de vencer.


Recorde-se a famosa ‘Carta Histórica e Política Endereçada a um Magistrado’, de Denis Diderot, talvez o principal responsável pela primeira enciclopédia do mundo. O magistrado a quem Diderot se referia era Antoine Gabriel de Sartine, na época ajudante-geral da polícia da cidade de Paris, cargo que exercia cumulativamente com o de diretor de Imprensa, encarregado da censura dos jornais.


O livro, ademais, é de fundamental importância para a ‘vertebração’ de nossa identidade. Esta, aliás, é antes um desejo do que uma necessidade, pois não podemos deixar de reconhecer que ela é moldada pelo perpassar do tempo. O Brasil, nação ainda jovem, já ostenta, contudo, forte ‘instinto de nacionalidade’, como definiu Machado de Assis, ao observar há mais de cem anos: ‘Quem examina a atual literatura brasileira reconhece-lhe logo, como primeiro traço’.


Ao Brasil se credita, embora persistam ignominiosos índices de desigualdade social e econômica, um notável ‘melting pot’, miscigenação que poucos países possuem, mormente se consideramos a nossa extensão territorial e a grande dimensão demográfica. A busca da identidade, por se tratar de um processo que se tece ao longo do tempo, é endógena e não há lei ou critério estabelecido que a conceitue ‘nessa estranha máquina que se chama mundo’, como diria Camões.


Sabemos igualmente que o livro, instrumento ancilar do desenvolvimento cultural de um país, ajuda a preservar a memória nacional, a suscitar idéias para a solução de nossos problemas e a direcionar o itinerário da nacionalidade com relação ao futuro. Como disse o poeta John Milton, um dos maiores vultos da literatura universal, ‘os livros são tão vivos quanto os seres humanos’. E mais: ‘Vetada a circulação de um livro (…) o que morre não é simplesmente a expressão de idéias individuais (…) mas todo o valor atemporal e perene da razão’.


MARCO MACIEL , 66, é senador da República pelo DEM-PE e membro da Academia Brasileira de Letras. Foi vice-presidente da República (95-98 e 99-2002), ministro da Educação (governo Sarney) e governador de Pernambuco (1978-85).’


TVs EDUCATIVAS
Elvira Lobato


Justiça veta concessão de TV educativa sem licitação


‘Um juiz federal de Goiás, em decisão inédita, proibiu o governo de expedir novas concessões de TVs educativas sem licitação para escolher o beneficiado e de renovar sem licitação as concessões já existentes. A União recorreu ao Tribunal Regional Federal de Brasília, suspendendo o efeito da sentença até que o recurso seja julgado.


No entendimento do juiz Jesus Crisóstomo de Almeida, da 2ª Vara Federal de Goiás, o decreto-lei 236/67, no qual o governo se baseia para não fazer licitações, é inconstitucional, e não há transparência na distribuição das concessões.


As emissoras foram duplamente surpreendidas, porque a sentença é de abril de 2006 e só agora está chegando ao conhecimento do setor. Cento e setenta fundações, universidades e órgãos da administração pública direta e indireta (entre elas a Radiobrás, a TV Cultura de São Paulo e o Canal Futura) que obtiveram concessões sem licitação foram notificadas para se defender no processo via edital publicado no ‘Diário de Justiça de Goiás’. Por isso quase nenhuma soube da ação.


A gerente geral do Canal Futura, Lúcia Araújo, diz que soube da sentença há dois meses, porque o Ministério das Comunicações suspendeu a assinatura dos contratos de concessão de TV de sete fundações ligadas da universidades que integrariam sua rede de afiliadas: ‘Ficamos perplexos’. A Fundação Padre Anchieta, que mantém a TV Cultura, diz que não sabia da existência do processo até ser informada pela Folha.


Algumas fundações pediram anulação da sentença alegando que tiveram o direito de defesa cerceado, mas há consenso nas emissoras e no governo de que é preciso mudar a legislação sobre a radiodifusão, com a redefinição dos critérios para concessão das outorgas que dê transparência à seleção.


A ação começou em 2003, quando o Ministério Público Federal pediu a anulação da outorga do canal 5, de Goiânia, à Fundação Ministério Comunidade Cristã, de evangélicos. O canal tinha sido pleiteado pela Universidade Federal Goiás e por mais três candidatos. O procurador Luciano Gomes Rolim alegou na ação que a legislação não estabelece critérios para a distribuição de concessões e que a escolha do beneficiado é decisão pessoal do ministro das Comunicações.


Em 2005, o Ministério Público Federal de Brasília entrou com uma ação civil pública, ampliando os efeitos da primeira e pedindo a proibição de novas outorgas de radiodifusão educativas e da renovação das atuais sem licitação pública.


Para a gerente-geral do Canal Futura, Lúcia Araújo, é preciso um debate nacional sobre os critérios de concessão.


O presidente da Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais, Jorge Cunha Lima, diz que as TVs educativas não estão previstas na Constituição e que não há regulamentação sobre as TVs públicas e estatais: ‘Vivemos num momento sem lei’.’


***


Ministro é a favor de licitação para nova concessão


‘O ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse à Folha que é favorável à realização de licitação pública para as novas concessões de televisão educativa, mas que é contrário à licitação para renovação das concessões já existentes. ‘Isso é brincar com direitos adquiridos’, afirmou o ministro.


Costa disse que só tem autorizado concessões novas para fundações ligadas universidades de ensino público e que a paralisação de pedidos apontada por emissoras não se deve à ação judicial de Goiás.


Segundo Costa, as concessões dadas sem licitação pública foram amparadas no decreto 236, de 1967, segundo o qual ‘a outorga de canais para televisão educativa não dependerá de publicação de edital’ e em um outro decreto, de 1963. ‘Quem tem de resolver essa questão é o Congresso’, disse.


Disse que, enquanto uma nova legislação de radiodifusão não for aprovada, o governo poderia adotar para as novas concessões de TV educativa o critério usado para aprovação de rádios comunitários. No caso, segundo ele, é publicado um edital dando prazo de 60 dias para que os interessados apresentem seus projetos, e vence a melhor proposta educativa.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Globo proíbe autor de revelar ator de novela


‘A Globo proibiu seus autores de novelas de divulgarem nomes de atores que farão parte de suas próximas produções. O objetivo é evitar a valorização do cachê de artistas que não têm contrato de longo prazo e que negociam um trabalho por obra certa, que dura apenas o tempo de gravação e exibição.


Segundo um dramaturgo que pediu para não ser identificado, quando um jornal publica que determinado ator participará de alguma novela, mas seu contrato ainda não foi assinado, esse artista imediatamente pede até três vezes o salário que estava sendo combinado.


Esse tipo de problema vem ocorrendo com ‘Duas Caras’, próxima novela das oito, que estréia em 1º de outubro. A trama ainda não está com seu elenco fechado. Faltam alguns nomes, entre eles o do protagonista, cujo papel já fora recusado por Eduardo Moscovis (contratado) e Selton Mello (que seria contratado por obra certa).


Desde que a Record iniciou a produção de novelas, há dois anos, a Globo enfrenta um encarecimento de seu elenco. A situação é tão desesperadora que a emissora vem contratando por longo prazo até gente que ainda precisa passar por várias temporadas de ‘Malhação’, como Rodrigo Veronese (o Lucas de ‘Paraíso Tropical’).


Na outra ponta, a Globo enfrenta dificuldade para renovar com atores talentosos. Rodrigo Santoro está sem vínculo com a rede desde a semana passada.


INVERSÃO 1Mariana Ximenes não será mais a mocinha de ‘Duas Caras’. O papel da garota que que sofre muito no começo e começa a subir na vida trabalhando como caixa de supermercado em São Paulo, será agora de Marjorie Estiano, que, em sua segunda novela das oito, vive sua primeira protagonista.


INVERSÃO 2Mariana ficará com o personagem que seria de Marjorie, uma ‘princesa’, rica, filha de Suzana Vieira, que se casa com o vilão e vira inimiga da mocinha pobre. A inversão foi proposta por Wolf Maia, diretor-geral da novela, e bem aceita pelo autor, Aguinaldo Silva.


NO TOPO A ESPN foi líder da TV paga com a transmissão da final da Copa dos Campeões, dia 23.


SOFÁHebe Camargo participará do primeiro capítulo de ‘Amigas e Rivais’, próxima novela do SBT. A apresentadora aparecerá logo nas primeiras imagens da história. Uma personagem sonhará que está no programa de Hebe, que gravará as cenas daqui a duas semanas.


SALÃO’Amigas e Rivais’, adaptada por Letícia Dornelles, também terá um núcleo gay, cômico, em um salão de beleza liderado por Jandir Ferrari.


BALANÇOA Rede TV! e a Record foram as únicas emissoras comerciais que cresceram no Ibope nos cinco primeiros meses de 2007, mas a Cultura, uma TV pública, foi a que teve maior aumento de audiência entre todas elas: 22% no horário nobre.’


MERCADO EDITORIAL
Marcos Strecker


Editora Nova Aguilar passa a integrar o grupo Ediouro


‘A Ediouro deu ontem mais um passo para se consolidar como um dos dois maiores grupos editoriais do país, ao lado da editora Record. Por uma operação que envolveu a Nova Fronteira, editora que teve 100% de seu controle adquirido pela Ediouro em março passado, a Nova Aguilar passou a ser o décimo selo do grupo.


A Ediouro protagonizou os principais lances do mercado editorial brasileiro nos últimos dois anos. Além da aquisição da Nova Fronteira, já tinha se associado em 2006 com a gigante norte-americana de auto-ajuda Thomas Nelson, num investimento de R$ 3 milhões.


Segundo Mauro Palermo, diretor-superintendente da Nova Fronteira, não houve ‘troca de dinheiro’ agora. ‘Os novos projetos serão feitos em conjunto, a parte comercial e a administração vão passar a ser feitas por nós, e ao final de três anos teremos a prerrogativa de compra da Nova Aguilar.’


Inspirada na francesa Pléiade, a Nova Aguilar publica apenas obras completas de autores consagrados, com acabamento de luxo. Segundo Sebastião Lacerda, 65, que vai permanecer à frente da Nova Aguilar, a linha editorial vai continuar.


A Nova Fronteira não divulga seus números, mas Palermo aposta na continuação do processo de concentração no mercado editorial, ‘para enfrentar as espanholas’, uma referência à editora Planeta e ao grupo Santillana/ Prisa. Este último adquiriu o controle das editoras Moderna, Salamandra e Objetiva, trazendo recentemente o selo Alfaguara ao Brasil.


Para a Nova Aguilar, é quase uma volta ao lar. Fundada nos anos 50, ela tinha sido adquirida em 1975 por Carlos Lacerda, fundador da Nova Fronteira. Desde 1996 era administrada por Sebastião Lacerda (um dos filhos de Carlos Lacerda), enquanto Carlos Augusto Lacerda, neto de Carlos Lacerda, havia ficado com o controle da Nova Fronteira (e deixou a editora em março).’


************


O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 7 de junho de 2007


GOVERNO LULA
Jamil Chade


Lula evita imprensa para não falar de Vavá


‘O presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou como pôde a imprensa ontem, em Berlim, e até deixou um grupo de executivos da Mercedes-Benz à sua espera. Lula vem sendo questionado pelos jornalistas sobre o envolvimento de seu irmão mais velho, Genival Inácio da Silva, o Vavá, no esquema desmembrado pela Operação Xeque-Mate.


Interessados em lançar um caminhão a biodiesel, os alemães levaram ao prédio da Embaixada do Brasil, na capital da Alemanha, um de seus modelos. Deixaram tudo preparado para que Lula entrasse no veículo para a promoção do uso de combustível alternativo – um dos assuntos preferidos do presidente, no Brasil e no exterior.


Depois de tudo preparado – os funcionários da montadora lustraram cuidadosamente o veículo -, Lula desistiu da idéia e não participou do evento. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Miguel Jorge, explicou que a saída foi cancelada por causa de seus compromissos.


‘Ele resolveu não descer por causa da agenda’, alegou o ministro, enquanto os executivos entravam no caminhão e deixavam a embaixada, visivelmente frustrados com o presidente.


Os diretores da empresa haviam acabado de anunciar que contratariam 500 empregados no Brasil para as suas fábricas e aumentariam em 20% a produção de caminhões no País até o fim do ano. Além disso, mostraram as novas tecnologias de motores a biodiesel que esperam adotar no Brasil em 2008. Nem isso fez Lula sair da embaixada.


ISOLAMENTO


Durante toda a manhã, Lula adotou a tática de não sair do prédio da embaixada. Seguranças se preparavam para acompanhá-lo em uma caminhada, quando, minutos depois, foram avisados de que não sairiam.


O assessor da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, informou que Lula aproveitara para dormir até tarde – levantou-se às 9 horas. Mesmo assim, Jorge garantiu que o presidente está ‘de bom humor’ ou ‘pelo menos não parecia que estava irritado’. ‘Fiquei surpreso com notícias de jornais de que estava irritado’, ressaltou.


Marco Aurélio chamou de ‘mentirosas’ as fontes do governo que disseram à imprensa em Nova Délhi, por onde a comitiva passou, que o presidente se irritara ao tomar conhecimento da operação de busca e apreensão da Polícia Federal na casa de Vavá, em São Bernardo do Campo (SP). ‘Fomos surpreendidos com uma irritação que nunca existiu’, comentou. ‘Ele estava hoje assim como ontem, anteontem e trasanteontem. Não houve irritação nem cutânea’, declarou.’


INTERNET
Miguel Helft


Invasão de privacidade vira polêmica no Google


‘The New York Times – Para Mary Kalin-Casey, a questão nunca foi seu gato. Kalin-Casey, que administra um prédio de apartamentos em Oakland com seu marido, John Casey, ficou um tanto abalada quando testou um novo recurso do serviço de mapas do Google chamado Street View. Ela digitou seu endereço e a tela mostrou uma vista do nível da rua do seu prédio.


Quando ampliou a imagem, ela conseguiu ver Monty, seu gato, sentado no parapeito da janela da sala de visitas do seu apartamento, que fica no segundo andar.


‘O problema que coloco é onde traçar a linha entre tirar fotos públicas e ampliar a imagem intrometendo-se na vida das pessoas’, disse. ‘O próximo passo poderia ser ver os livros na minha estante. Se o governo estivesse fazendo isso, as pessoas ficariam indignadas.’ Seu marido acrescentou: ‘É como espionar.’ Kalin-Casey expressou seus receios numa mensagem ao blog Boing Boing na semana passada. Desde então, a web está fervendo de manifestações sobre as implicações do Street View para a privacidade. Vários sites vêm pedindo a usuários para enviarem imagens interessantes do serviço do Google, que oferece visões panorâmicas de ruas de São Francisco, Nova York, Las Vegas, Miami e Denver.


Num blog da revista Wired, os leitores podem votar nas ‘Melhores Imagens Urbanas’ que outros encontram no Street View. Na quinta-feira, uma foto de duas mulheres tomando banho de sol de biquíni em Stanford em Palo Alto, Califórnia, era uma das mais votadas. Outra exibia um homem escalando o portão da frente de um prédio de apartamentos em São Francisco. A legenda dizia: ‘Ele está assaltando ou apenas se trancou?’


O Google comentou que leva a sério a questão e analisou as implicações de privacidade de seu serviço antes de ele ser introduzido na terça-feira. ‘O Street View só exibe imagens tiradas em propriedade pública’, disse a empresa. ‘Essas imagens não são diferentes das que qualquer pessoa pode facilmente capturar ou ver andando pela rua.’ O Google declarou que fez consultas com organizações de serviços públicos ao desenvolver o serviço, o qual permite que os usuários requisitem a retirada de uma foto por razões de privacidade.


Mas nem todos acham que o serviço represente ameaça séria à privacidade. ‘Não se tem um direito à ‘privacidade’ sobre o que pode ser visto por quem passa dentro do limite de velocidade por sua casa’, escreveu um leitor do Boing Boing. Outros menosprezaram Kalin como uma dona de gato maluca.


Edward Jurkevics, da Chesapeake Analytics, empresa de consultoria de imagens, disse que os tribunais têm deliberado que pessoas em espaços públicos podem ser fotografadas. ‘Duvido que haja um grande problema’, disse Jurkevics.’



O Estado de S. Paulo


eBay proíbe comércio online de marfim


‘AFP – O site de leilão virtual eBay anunciou ontem que proibirá a venda de marfim – pelo menos, entre países. Segundo as novas regras, objetos feitos com as presas de elefantes não poderão mais ser anunciadas para remessas internacionais – apenas no próprio país de oferta. Os classificados colocados antes do anúncio serão retirados do ar. A decisão foi tomada após organizações ambientalistas intensificarem a campanha de defesa de animais em extinção.’


60° CONGRESSO DE JORNAIS
O Estado de S. Paulo


Jornais buscam seu espaço na era das novas mídias


‘EFE – As demandas do novo leitor-cliente e as estratégias para a indústria de jornais foram os principais temas discutidos no 60º Congresso Mundial de Jornais e 14º Fórum Mundial de Editores, na Cidade do Cabo, África do Sul. O encontro terminou ontem. Durante toda a semana, as discussões foram dominadas pelas mudanças provocadas pelas novas tecnologias.


‘Tudo mudou, mas tudo se manteve igual’, definiu Juan Señor, vice-presidente da empresa de assessoria em mídia Innovation, com sede em Pamplona, Espanha. ‘O que ainda é verdadeiramente importante é contar uma boa história, com qualidade e profundidade.’


A Innovation anunciou ontem o resultado de um estudo encomendado pela Associação Mundial de Jornais (WAN, na sigla em inglês). O estudo mostra que as mudanças nos jornais são imprescindíveis e dá algumas recomendações para essa transformação.


Segundo Señor, o mais importante é descobrir o que querem os leitores. O estudo mostra que o cidadão comum costuma passar, durante o dia, por meios como o rádio, o jornal, a internet e a televisão para conseguir informações. ‘Graças às tecnologias digitais, podemos estar presentes em todo esse ciclo informativo’, disse Señor.


De acordo com a Innovation, para conseguir essa mudança, primeiro se deve definir o lema da empresa editorial, e este é que vai ditar a mudança no modelo da organização para se chegar aos objetivos pretendidos. O resultado final ideal é um produto de múltiplos formatos e plataformas, mas que mantenha a ‘marca’ da empresa.


‘O grande problema é que hoje as pessoas não têm tempo’, disse Douglas Griffen, da empresa de pesquisas Harris Interactive. ‘Nós não podemos criar mais tempo, mas podemos melhorar o seu rendimento com um produto adequado.’


A Harris fez uma pesquisa com cerca de 9 mil pessoas em sete países (Estados Unidos, Inglaterra, Espanha, Alemanha, França, Itália e Austrália) sobre suas fontes de informação preferidas e sobre a qualidade, credibilidade e importância da imprensa em suas vidas.


Os resultados foram similares em todos os países. A maioria utiliza a televisão, internet e o rádio – nessa ordem – como fontes de informação. ‘As pessoas lêem os jornais para entender o mundo ao seu redor, para denunciar abusos e para ter uma opinião’, disse Griffen. ‘Jornais e revistas parecem ser vistos como um espaço vital para se comprovar as informações da internet e da televisão.’


Para a maioria dos presentes ao congresso na África do Sul, a imprensa escrita seguirá sendo por excelência o meio com mais profundidade de informação.’


TELEVISÃO
Keila Jimenez


Gabi viverá favelada em novela


‘Marília Gabriela vivendo uma viúva fogosa da favela, Antônio Fagundes na pele de um grande chefão do morro e Suzana Vieira e Renata Sorrah entre tapas e puxões de cabelo novamente. Essas são só algumas das brasas de Duas Caras, próxima novela das 9 da Globo.


De Aguinaldo Silva, a trama substituirá Paraíso Tropical. A história principal traz Marjorie Estiano – em sua primeira protagonista – como uma jovem vítima de um estelionatário que rouba todo o seu dinheiro e foge. O rapaz muda de rosto, por meio de plásticas, e de identidade e se estabelece como um cidadão legal. O golpista, por sinal, ainda não foi escalado, uma vez que Selton Mello e Du Moscovis não aceitaram o convite.


Mariana Ximenez será antagonista de Marjorie.


A trama se passará na região de Jacarepaguá, Rio, onde há uma grande favela horizontal no meio, Rio das Pedras, batizada de Portelinha na novela. Lá reinará absoluto o poderoso Juvenal Antena, vivido por Antônio Fagundes. Depois de muito vai-não-vai, Aguinaldo garantiu ao Estado que o ator aceitou o convite.


Outro destaque do morro será Marília Gabriela, escalação inusitada para o papel de Guigui, que inicialmente estava reservado a Renata Sorrah. ‘Marília seria Branca (herdeira de uma universidade), e Renata, Guigui, a líder comunitária. Mas Wolf Maya (diretor) mudou tudo. Marília agora será a mulher do povo, tipo viúva gostosona de filme de Vitorio De Sica’, conta o autor. ‘Alguém dirá que ‘popularizar’ Marília é impossível, mas Wolf garante que essa será a grande surpresa.’


Já Renata será Célia, amante por 20 anos do falecido marido de Branca (Suzana Vieira) – sim, ela será Branca de novo – e sua arquiinimiga como em Senhora do Destino. Duas Caras estréia em outubro.


Felizes para sempre


A Band exibe amanhã o último capítulo da novela Paixões Proibidas. Simão (Miguel Thiré) e Teresa (Anna Sophia Folch) finalmente ficam juntos depois que ele a tira da cadeia. Ela diz a Simão que os dois têm um filho e o casal foge para Resende em busca da criança.


Entre-linhas


Para aquecer o lançamento da nova novela das 7, a Globo levará ao site da novela o Jogo dos Sete Pecados. O internauta adota um anjo com humor variável que passeia pelos sete pecados e virtudes. A brincadeira entra no ar via web na segunda-feira.


A SKY abre amanhã um canal temporário para shows. Estão programadas edições de 1991 e 2004 do Festival de Montreux e uma apresentação do Pink Floyd com músicas do álbum The Dark Side of The Moon.


Minha Nada Mole Vida já tem volta garantida à grade da Globo em 2008.’


************