Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Convite a um jornalista da Veja

Na edição nº 239 deste Observatório (17/5/2005, remissão abaixo) utilizei este espaço para fazer um convite a todos os profissionais da Veja, do diretor de redação ao office-boy, em decorrência de um ataque rasteiro que sofri numa reportagem recente de tal publicação sobre as atividades da Kroll no Brasil.

Veja citou meu nome cinco vezes, insinuando que minhas reportagens favoreceriam a suposta quadrilha formada pelas empresas Kroll e Opportunity. A ‘evidência’ seria um relatório secreto da Polícia Federal, com tais insinuações.

Informei aos profissionais da revista Veja que a Polícia Federal, de fato, pediu a quebra do meu sigilo telefônico, no mesmo momento em que a imprensa brasileira foi tomada por rumores sobre uma tal ‘Operação Gutenberg’ contra jornalistas – algo cavernoso, também noticiado por Veja. Entretanto, o pedido de quebra de sigilo foi negado pela Justiça, uma vez que as evidências apontadas pela PF – reportagens finalistas de grandes prêmios da imprensa nacional e furos jornalísticos jamais contestados nos tribunais – constituem indícios de bom jornalismo, e não de crime.

Apesar de tal esclarecimento, Veja preferiu atacar minha honra e minha reputação. Daí o convite quase um mês atrás para que eles não apenas participassem de um debate aberto comigo sobre a qualidade das reportagens, as mesmas contestadas pela PF, e também sobre a minha condição financeira, uma vez que Veja parece suspeitar de eventuais ligações de um profissional de imprensa com uma suposta quadrilha.

Ofereci a eles meus dados bancários, fiscais e telefônicos. O mesmo convite feito neste Observatório foi também colocado, de forma transparente, no portal Comunique-se e na revista Imprensa. No entanto, os editores de Veja, assim como seu diretor de Redação, Eurípedes Alcântara, preferiram silenciar.

Briga com fatos

Para minha surpresa, agora descubro que Veja inventou uma nova maneira de participar de debates. Na edição com data de 15/6/2005 (edição 1909), Lauro Jardim, editor da seção ‘Radar’, publica nota intitulada ‘Debate Público’, cujo texto é:

‘De ATT para Mr. DD – ´Está confirmada a entrega da encomenda desse final de semana´. Esta frase faz parte de uma série de e-mails em mãos da Polícia Federal com diálogos muito interessantes. É um prato feito.’

Diante do que me parece ser mais uma tentativa de intimidação, faço um novo convite, desta vez apenas ao jornalista Lauro Jardim. Responda: ATT quer dizer Attuch? Se a resposta for afirmativa, apresente os e-mails. Mas lembre-se de que o ônus da prova é de quem acusa. Portanto, não basta criar uma identidade no Hotmail ou onde quer que seja com as iniciais ATT. Vamos fundo na história. Pegue tais mensagens, descubra de que endereço IP saíram e veja bem quem é o autor. Você poderá fazer tais esclarecimentos no Observatório da Imprensa ou na interpelação judicial que receberá nos próximos dias. A escolha é sua.

Lauro foi meu colega de trabalho na revista Exame. Era um tempo em que, na Abril, era um profissional em ascensão, assim como eu – no meu caso, recebi até um belo bilhete do Roberto Civita, elogiando minha capacidade profissional. Mas vejo que Lauro, ao que parece, é daqueles que, quando erram, insistem no erro.

Procure boas fontes. Até porque, na mesma edição em que se publica a nota mencionada, a seção ‘Radar’ abre informando que o ex-presidente Fernando Collor observa a crise política atual à distância e ‘não tem dado declarações públicas sobre o assunto’.

Juro que não foi de propósito, mas a capa da IstoÉ Dinheiro desta semana é justamente uma entrevista exclusiva que Collor me concedeu. Está na edição impressa e disponível na web desde às 19h30 de sexta-feira (10/6), antes do fechamento final da Veja.

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Editor de Economia da IstoÉ Dinheiro e editor da revista Dinheiro Rural