Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Crítica interna

22/09/06

A Folha fez uma mudança importante na manchete da Primeira Página.

A Edição Nacional circulou com a declaração do presidente à TV Globo: ‘Lula põe ´a mão no fogo` por Mercadante’. Mais tarde, com o depoimento de um dos Vedoin à Polícia Federal, o título mudou: ‘Vedoin isenta Serra do caso sanguessuga’.

Embora as palavras dos Vedoin já não mereçam grande credibilidade, tantos depoimentos e entrevistas contraditórios já deram, o jornal, ao optar por mais esta declaração, deveria ter colocado na formulação da manchete ou da linha de apoio a informação completa: Vedoin disse que não sabia de indícios contra Serra, mas voltou a acusar Abel Pereira de receber propinas na gestão do também tucano Barjas Negri, sucessor de Serra. O título interno contempla as duas informações e mostra que a Primeira Página teria condições de ter feito formulação parecida – ‘Vedoin isenta Serra, mas acusa sucessor’. Como está, a manchete da Folha faz parecer que a única preocupação do jornal é isentar o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, e não a apuração do esquema dos sanguessugas que teria se apropriado do Ministério da Saúde nos governos FHC e Lula.

A manchete do ‘Globo’ é uma informação importante. Embora veiculada no ‘Jornal Nacional’, não está na Folha: ‘Escândalo: PF investiga entrada ilegal de dólares’. Segundo a Globo, a PF já tem a informação de que os dólares foram emitidos em abril nos EUA, foram remetidos para um banco em Miami, foram levados para um outro país e entraram no Brasil sem passar pelo Banco Central. Segundo o ‘JB’, as investigações da PF apontam para Jorge Lorenzetti – ‘Dólares incriminam churrasqueiro de Lula’.

São graves as informações da Folha de que a ‘Polícia Federal quis restringir acesso a dados da investigação’ e de que o delegado que comandou a operação inicial que prendeu os petistas no hotel em São Paulo foi afastado do caso.

O ‘Estado’ e os jornais econômicos realçaram as conseqüências da crise provocada pelo dossiê dos Vedoin na economia:

‘Estado’ – ‘Escândalo afeta mercado e risco país dispara 7%’.

‘Valor’ – ‘Risco-país sobe 7% e dólar avança’.

‘Gazeta Mercantil’ – ‘A crise política, enfim, faz todo o mercado tremer’. O ‘enfim’ permite várias leituras.

No ‘Estado’, mereceram destaques outras notícias ruins da economia: ‘CNI reduz para 2,9% a projeção de crescimento da economia’ e ‘Arrecadação cresce no INSS, mas déficit está 15,6% maior’.

‘O Dia’, que vem fazendo uma cobertura da crise do dossiê bastante favorável ao governo, ignora as investigações policiais e os desdobramentos na economia: ‘Vox Populi e Ibope: Lula no 1º turno’. Segundo o ‘Correio Braziliense’, ‘Planalto arma operação para blindar Lula’.

Dossiê

Segundo o ‘Estado’, grampo da Polícia Federal revela que o PT teria mobilizado pelo menos onze pessoas na trama do dossiê. Como foram identificados seis, faltariam cinco.

É inquestionável que o presidente Lula cometeu um erro quando se referiu, na entrevista na Globo, a ‘Dezessete dias que abalaram o mundo’. A referência errada pode ter sido ao filme (‘Treze dias que abalaram o mundo’), como concluiu a Folha, mas pode ter sido também ao livro de John Reed, ‘Os dez dias que abalaram o mundo’.

Eleição

Há um erro na legenda da foto da página A16 que ilustra a reportagem ‘Fórum Nacional discute pacto pós-eleição’. O segundo à esquerda na foto é Cristovam Buarque, e não João Carlos Meirelles.

Painel

Não entendi as notas SC1 e SC2 do ‘Painel’ (pág4). Estão redigidas como se fossem correções. Se forem, deveriam ter saído na seção ‘Erramos’ ou acompanhadas do título ‘Erramos’, conforme orientação do ‘Manual da Redação’ (pág. 41). Se não forem correções, ficaram incompreensíveis.

Mundo

Acho que o jornal avaliou mal as declarações do ditador do Paquistão, que afirmou que os Estados Unidos ameaçaram bombardear o país e fazê-lo voltar à Idade da Pedra se não colaborasse na guerra contra o Taleban (‘EUA ameaçaram com bombas, diz Musharraf’, pág. A18). É o líder de um país aliado dos Estados Unidos revelando publicamente, num programa de TV, informações de Estado.

O jornal não deu visibilidade à visita conturbada de Chávez, o presidente da Venezuela, a uma igreja no Harlem, em Nova York. A informação não consta da reportagem da Edição Nacional (‘Livro citado por Chávez explode em vendas’, pág. A19) e, na Edição SP, é um parágrafo no final do texto.

Segundo o ‘Estado’, a ‘Venezuela pretende comprar equipamentos militares do Brasil’. Reportagem de Genebra.

Cotidiano

A Folha ignorou o Mapa da Violência, estudo divulgado ontem pelo Ministério da Justiça com dados sobre criminalidade nos Estados. Segundo o ‘Globo’, a violência caiu 18,5% em São Paulo entre 2004 e 2005 e o Rio é o Estado com o maior número absoluto e a maior taxa de mortes decorrentes de crimes violentos. É um dado favorável ao candidato Geraldo Alckmin. Uma curiosidade: mesmo com números tão desfavoráveis, toda a antiga cúpula da Secretaria de Segurança do Rio é candidata a deputado federal ou estadual.



21/09/06

As manchetes dos grandes jornais acompanham os desdobramentos da crise provocada pelo dossiê dos Vedoin, e são todas parecidas:

Folha – ‘Cai chefe da campanha de Lula’.

‘Estado’ – ‘Escândalo derruba chefe da campanha de Lula’.

‘Globo’ – ‘Escândalo do dossiê derruba Berzoini da campanha de Lula’.

Os jornais econômicos passaram a dar destaque à crise:

‘Valor’ – O jornal traz o resultado de pesquisa telefônica feita pelo Ipespe, ‘Escândalo do dossiê já influi na avaliação de Lula’.

‘Gazeta Mercantil’ – ‘Presidente do TSE vê risco à candidatura Lula’.

Dossiê

A Edição Nacional do noticiário sobre o dossiê não está organizada de acordo com a importância das notícias de ontem. A manchete do jornal, a queda de Ricardo Berzoini da direção da campanha de reeleição do presidente Lula, está perdida no meio da cobertura, na página A9. O leitor fica com a impressão de que a queda do coordenador da campanha para o Senado de Aloizio Mercadante é mais importante do que o afastamento de Berzoini.

Outro problema da Edição Nacional está na página A6. A notícia importante mais recente era a queda do diretor do Banco do Brasil que participou da trama do dossiê – ‘Escândalo derruba diretor do Banco do Brasil’ – e não o depoimento de Valdebran – ‘Depoimento de empresário aponta diretor do BB como intermediário’.

Erros como estes passaram a impressão de uma edição confusa. Talvez tenha sido o problema do horário de fechamento, embora o ‘Estado’ tenha fechado na mesma hora (21h) e mesmo assim conseguiu juntar logo no começo do noticiário as duas informações mais importantes – ‘Escândalo derruba Berzoini e atinge coordenação de Mercadante’.

O ‘Estado’ adianta um novo nome, um assessor do Ministério do Trabalho que teria levado a mala com R$ 1 milhão para comprar o dossiê: ‘André Bucar pode ser peça que fecha quebra-cabeça’. A ver.

É estranho que o texto ‘Comandante do PT se fragiliza no cargo’ (pág. A5 da Edição SP), uma análise da situação interna do PT após o novo escândalo, não esteja assinado. É o tipo de texto que exige assinatura (ou assinaturas, no caso).

Sumiu, na Edição SP, a única notícia que dava seqüência às investigações que a Folha vem fazendo do envolvimento de tucanos com a máfia dos sanguessugas. Na Edição Nacional, a nota ‘Barjas Negri é investigado em Piracicaba’ está na página A7, mas depois caiu.

Trabalho escravo

A Folha ignorou o relatório da Organização Internacional do Trabalho sobre trabalho escravo no Brasil, divulgado ontem em Brasília. Segundo o ‘Estado’, ‘OIT avalia em 25 mil número de trabalhadores escravos’.



20/09/06

As manchetes de quase todos os jornais noticiam o envolvimento do presidente do PT, Ricardo Berzoini, no escândalo da venda do dossiê contra Alckmin e Serra.

Segundo a Folha, ‘Ex-secretário de Berzoini [Osvaldo Bargas] negociou dossiê, diz revista [referência à ´Época´]’. O jornal deu ainda destaque para a pesquisa Datafolha – ‘Lula mantém 56% dos votos válidos, afirma Datafolha’ – e para a defesa do presidente – ‘Para Lula, querem ´melar` eleição’. O jornal informa ainda que ‘Justiça manda soltar envolvidos no caso do dossiê’ e que ‘Jorge Lorenzetti é afastado da campanha do PT’.

O ‘Estado’ tem dois destaques: a manchete – ‘Escândalo atinge Berzoini e TSE decide investigar Lula’ – e a informação de que ‘Empresa de Freud recebeu de [Marcos] Valério’, acusado de ser o principal operador do esquema que ficou conhecido como mensalão. O jornal envolve mais um personagem na trama do dossiê, Expedito Afonso Veloso – ‘Diretor do BB também fazia parte do plano’. A defesa de Lula é uma chamada simples, sem destaque: ‘Presidente acusa oposição de querer melar a eleição’.

O ‘Globo’ vai na mesma linha: ‘Presidente do PT também é envolvido em escândalo’. O jornal do Rio destaca a defesa do presidente em Nova York com uma foto e compara o caso a Watergate.

Outras manchetes:

‘Correio Braziliense’ – ‘Dossiê complica cada vez mais o PT’.

‘Estado de Minas’ – ‘Assessor do presidente do PT negociou dossiê’.

‘Jornal do Commercio’ (Recife) – ‘Lula será investigado no escândalo do dossiê’.

‘Zero Hora’ – ‘Cúpula da campanha de Lula ofereceu dossiê para revista’.

‘JB’ – ‘PT afunda no escândalo’.

Dos jornais que vi, o único que fez uma manchete favorável ao governo foi ‘O Dia’, do Rio: ‘Governo e PT não sabiam sobre o dossiê contra Serra’.

Os jornais econômicos foram discretos: ‘TSE investiga Lula, Bastos e Berzoini’ (é uma nota na ‘Gazeta Mercantil’) e ‘Lorenzetti assume culpa por dossiê’ (‘Valor’).

Dossiê

A Folha começou a circular a sua Edição Nacional , fechada às 21h, sem a informação na Primeira Página de que o corregedor-geral eleitoral ordenou a abertura de investigação contra o presidente e o ministro da Justiça. A edição do ‘Estado’, fechada no mesmo horário, traz a notícia já na manchete. É um fato importante que a Folha percebeu tardiamente, na Edição SP (‘TSE vai apurar se houve abuso do presidente’).

A Folha relegou a uma nota pequena e sem destaque, no final da edição, a continuação da investigação que iniciou no interior de São Paulo seguindo as pistas reveladas pela entrevista dos Vedoin à ‘IstoÉ’ e que relacionam os ex-ministros José Serra e Barjas Negri à máfia dos sanguessugas. Aliás, o título da nota – ‘Ex-prefeito admite ter sido pago por Abel’, página A14 – é impossível de ser decifrado. Quem é Abel?

Segundo o ‘Estado’, um diretor do Banco do Brasil, Expedito Afonso Veloso, teria reunido a maior parte dos documentos que formam o dossiê Vedoin e teria convencido os Vedoin a falar com a revista ‘IstoÉ’.

O presidente na ONU

A importância do novo escândalo eleitoral não justifica o jornal ter relegado o discurso do presidente Lula ontem na ONU a um pé de matéria perdido no meio do noticiário sobre o dossiê e outro em ‘Mundo’. O ‘Estado’, que tem uma cobertura tão forte quanto a da Folha em relação às participações do PT e do Planalto no novo escândalo, encontrou espaço para dar um tratamento jornalístico adequado ao discurso presidencial – ‘Lula acusa países ricos de falta de determinação na luta contra fome’. O ‘Globo’ também separou a cobertura do presidente na Conferência da ONU do noticiário do escândalo – ‘Lula: fracasso de Doha pode gerar terror’.

A Folha deu, na Edição SP, mais espaço para o discurso de Evo Morales (‘Com discurso inflamado, Morales é aplaudido na ONU’, pág. A15) do que para o de Lula.

FMI

O texto ‘Deportada de Cingapura, brasileira diz que se sentiu tratada como ´terrorista´‘ (pág. B6) trata a economista Maria Clara Soares como ex-funcionária do governo brasileiro mas não informa para que ministério ou órgão governamental ela trabalhou.

Biocombustível

Acho que o jornal deveria ter dado mais informações do que um texto-legenda para a notícia de que o megainvestidor George Soros vai investir US$ 300 milhões numa fábrica de biocombustível feito do milho na Argentina (pág. B10 de ‘Dinheiro’). Afinal, todo o noticiário vinha tendo como foco o Brasil, pela experiência na substituição do petróleo.



19/09/06

Os jornais só têm um assunto, o escândalo do dossiê que esquentou a campanha eleitoral.

A manchete da Folha – ‘Acusado de negociar dossiê, assessor pessoal de Lula cai’ – é mais cautelosa do que a do ‘Estado’, que dá como certa o envolvimento de Freud Godoy na compra do dossiê que envolveria os tucanos – ‘Cai assessor especial de Lula envolvido com dossiê’.

Os outros títulos da Folha: ‘PF fará acareação para esclarecer fonte do dinheiro’, ‘PSDB e PFL pedem ao TSE que casse registro de Lula’ e ‘Fundador do PT em Santa Catarina é citado no caso’. Faltou uma chamada para a apuração em Piracicaba, ‘Suposto ´operador` venceu licitações de gestão do PSDB’.

O ‘Estado’ teve a preocupação de colocar a reação do presidente Lula na capa: ‘Bastos: ´Presidente não crê em culpa´‘.

No ‘Globo’: ‘Principal acusado da compra de dossiê é assessor direto de Lula’. Outros títulos do jornal do Rio: ‘Parte do dinheiro apreendido está em notas seriadas’, ‘Oposição quer convocar Freud para depor na CPI’, ‘Freud cuida em SP de imóveis do presidente’.

Dossiê

O ‘Estado’, que ontem cravara o nome de Freud Godoy como um dos envolvidos na armação do dossiê, informa hoje que a Polícia Federal suspeita que parte do dinheiro para a compra dos documentos que comprometeriam os tucanos com a máfia das ambulâncias tenha sido adiantado pela ‘IstoÉ’ e a revista receberia de uma estatal, em troca, R$ 13 milhões pela publicação de um caderno especial. A verificar. As informações ainda estão confusas e não há, até este momento, condições de se concluir o que de fato ocorreu. É uma situação que exige cautela na apuração.

O ‘Globo’ publica um documento, a íntegra do depoimento de Gedimar Pereira Passos, figura chave no escândalo, à Polícia Federal.

Embora o escândalo maior neste momento seja o envolvimento de petistas na compra do dossiê que comprometeria José Serra, Barjas Negri e Geraldo Alckmin, a Folha, corretamente, passou a investigar também as acusações dos Vedoin contra os tucanos. Teria feito melhor se uma das chamadas da Primeira Página de hoje remetesse para a reportagem da página A11, ‘Suposto ´operador` venceu licitações de gestão do PSDB’.

Diferentemente de outras coberturas recentes de escândalos, hoje o jornal teve a preocupação correta de apontar os possíveis crimes ou irregularidades em jogo no caso do dossiê. Muitas vezes o leitor não entende porque tanto espaço e destaque para um caso se não existe a tipificação do crime. Não significa que o jornal esteja dizendo que os envolvidos tenham cometido aqueles crimes, mas que os casos conhecidos podem caracterizar crimes ou irregularidades, daí a importância de relatá-los e acompanhá-los.

Dois exemplos da edição de hoje: ‘Possíveis crimes e infrações’ [na esfera eleitoral e na esfera penal], infográfico da página A9, e o intertítulo ‘Código de Ética’, na página A7 (na reportagem ‘Empresa da mulher de assessor fez campanha de Lula e atua para o PT’). O jornal deveria ter feito o mesmo com a reportagem da página A11 (‘Suposto ´operador` venceu licitações de gestão do PSDB’).

Fez bem o jornal em mudar o título principal da página A10. Na Edição Nacional, ‘Alckmin pede que TSE casse registro da candidatura Lula’. A Edição SP está mais precisa, ‘Campanha tucana pede investigação do presidente ao TSE’.

Era inevitável alguma brincadeira com o nome Freud, mas os títulos das três colunas da página A2 – ‘O abominável Freud’, ‘Só Freud não explica’ e ‘Nem Freud explica’ – demonstram falta de imaginação.

Estão repetidas as informações das reportagens ‘´Pode dormir tranqüilo´, diz Freud a Lula’ e ‘Petista atuava com Lula desde fim dos anos 80’, na página A5 da Edição Nacional. As repetições foram retiradas na Edição SP.

Eleições

Na Edição Nacional, na reportagem sobre a campanha do senador José Sarney (pág. A10), o jornal denomina a dança típica do Amapá de marabaixo e de marabá. São sinônimos ou há erro? Na Edição SP (pág. A12), só há referência a marabaixo.

Lula

A Folha praticamente ignora a viagem do presidente Lula a Nova York para uma conferência na ONU. Há apenas uma rápida referência na página A4 para explicar por que o vice José Alencar ocupa interinamente o cargo de presidente e outra em ‘Mundo’ sobre a abertura da assembléia geral (‘61ª Assembléia Geral foca Oriente Médio’, pág. A13).



18/09/06

As manchetes dos grandes jornais tratam, desde sábado, do novo escândalo eleitoral, a tentativa de venda de um dossiê montado pelos Vedoin para envolver os candidatos do PSDB ao governo do Estado de São Paulo, José Serra, e à Presidência, Geraldo Alckmin, no caso dos sanguessugas. Não foi o único escândalo que surgiu. A notícia de grampos no TSE e a revelação de que Lula mencionou que já desejou fechar o Congresso são igualmente graves.

A evolução das manchetes.

Folha – ‘PF prende acusados de vender a petistas dossiê contra Serra’ (sábado), ‘PT pagou para ter dossiê contra Serra, diz preso’ (domingo) e ‘Preso diz que PT pagou entrevista contra Serra’ (hoje).

‘Estado’ – O jornal mudou as suas manchetes de sábado e domingo. ‘Sanguessuga é preso suspeito de chantagem’ e ‘Vedoin e petista presos por tentar chantagem contra Serra’ (sáb.); ‘PF investiga ação do PT paulista contra Serra’ e ‘Preso acusa direção do PT de pagar dossiê contra Serra’ (dom.); ‘PF tem nome de petista que mandou comprar dossiê’ (hoje).

‘Globo’ – ‘Venda de dossiê contra Serra leva Vedoin e petista à prisão’ (sáb.), ‘Preso afirma à PF que PT paulista pagou por dossiê’ (dom.) e ‘Tucanos recorrem ao TSE contra ação política da PF’ (hoje).

 Folha e ‘Estado’ têm pistas dos envolvidos na compra do dossiê. A Folha é mais cautelosa e não crava o nome da revista nem do petista por considerar que não tem a confirmação da Polícia Federal. O ‘Estado’ informa na sua capa que ‘há pistas que apontam para um personagem (…) poderoso pelas ligações que possui’, Freud Godoy, assessor especial da Secretaria Particular da Presidência da República.

 A negação do presidente de que tenha declarado ter vontade de fechar o Congresso deveria ter tido maior destaque na capa do jornal. Deveria ter tido um título, como ocorreu na chamada na Primeira Página de domingo (‘Demônio dentro de Lula sugere fechar Congresso’). ‘O Globo’ também deu, com destaque, na capa de domingo, a notícia colhida pelo colunista Elio Gaspari (‘Presidente fala em ´fechar esse Congresso´‘) e hoje, diferentemente da Folha, destacou a negativa com igual visibilidade – ‘Planalto nega que Lula tenha falado em fechar o Congresso’. Não se trata aqui de saber se o presidente falou ou não, embora os jornais tenham a obrigação de perseguir novos testemunhos que esclareçam o fato, mas do direito que ele tem de tornar pública a sua versão do encontro com os empresários.

Entrevista

A Folha sempre questionou, e com toda razão, a escassez de entrevistas do presidente Lula à imprensa. Estranho, por isso, a edição, no jornal de hoje, da entrevista dada à Folha (e a mais três veículos) no sábado. Não consigo entender o critério jornalístico de omitir as perguntas feitas ao presidente. Exatamente por se tratar de uma raridade e por ter sido dada no contexto de dois novos escândalos – o envolvimento do PT na venda do dossiê contra o PSDB e a declaração do presidente de que teve vontade de fechar o Congresso –, a entrevista deveria ter mantido as perguntas e na ordem em que foram feitas. A edição do ‘Valor’ (nove colunas de texto contra seis da Folha) ficou mais completa e contextualizada do que a da Folha. Cumpre, portanto, melhor as funções de informação e de documentação histórica.

Não entendo também por que o jornal não remeteu o leitor para a leitura da íntegra da entrevista no Folha Online. O prejuízo para o leitor teria sido menor.

Dossiê

Parece correta até aqui a cobertura jornalística da Folha do dossiê contra Serra que os Vedoin tentavam vender para um membro do PT e uma revista. Desde sábado o jornal está bem informado, deu destaque necessário nas Primeiras Páginas, tem dado espaço para as várias acusações e para as várias defesas e explicações e tem tratado as acusações ainda não confirmadas com cautela.”