Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

‘Desaparecimento’ de jornalista completa um ano

O Comitê para a Proteção dos Jornalistas enviou a seguinte carta ao presidente Nicanor Duarte Frutos, instando-o a intensificar a investigação do desaparecimento do jornalista Enrique Galeano, que foi visto pela última vez há mais de um ano.

8 de fevereiro de 2007

Nicanor Duarte Frutos

Presidente de la República de Paraguay

Palacio de López

Calle Paraguayo Independiente

Asunción, Paraguay

Via fax: +595 21 414-0204

Exmo. Presidente Duarte Frutos:

O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) está preocupado com o paradeiro de Enrique Galeano, apresentador de um programa matutino de notícias e música na Radio Azotey, de Horqueta, que está desaparecido há mais de um ano. Nós o instamos a manter sua promessa de investigar o caso de Galeano em profundidade.

Galeano, de 51 anos, vivia com sua esposa e quatro filhos em Yby Yaú, um pequeno povoado do Departamento de Concepción, ao norte do país. O jornalista desapareceu quando ia do trabalho para sua casa na tarde do dia 4 de fevereiro de 2006. Galeano havia trabalhado para a Rádio Azotey, uma estação local pertencente ao Partido Colorado, durante um mês antes de seu desaparecimento. Segundo Julio Benegas, secretário-geral do Sindicato de Jornalistas do Paraguai, Galeano havia trabalhado anteriormente para outra emissora de rádio local, pertencente ao mesmo partido político. O jornalista também editava a revista local Alo vecino.

A promotora local, Camila Rojas, informou ao CPJ que sua investigação está focada em seqüestro, ainda que não se descartem outros motivos.

Em 23 de março de 2006, V.Ex.ª ordenou que fosse agilizada e aprofundada a investigação do caso. Nós acolhemos com satisfação que V.Ex.ª tenha reiterado seu compromisso de dar especial atenção ao caso para determinar o paradeiro de Galeano, mas ficamos decepcionados ao comprovar que não houve avanços na investigação.

Segundos pesquisa recente do CPJ, a fronteira oriental entre o Paraguai e o Brasil é a área mais perigosa para os jornalistas locais. Profissionais como Galeano, que cobrem narcotráfico e corrupção, são particularmente vulneráveis. Durante o ano de 2006, o CPJ documentou outros dois casos de jornalistas que foram ameaçados e atacados nessa região.

Estamos preocupados com a segurança de nosso colega, especialmente porque não ocorreram avanços na investigação desde seu desaparecimento. Nós o exortamos a utilizar o poder de seu cargo para intensificar a investigação e pressionar as autoridades para que localizem Galeano de imediato. O CPJ acompanha atentamente a investigação e, respeitosamente, solicita que nos seja disponibilizada qualquer informação que tenha a respeito do caso.

Agradecemos por sua atenção a este urgente assunto, e aguardamos sua resposta.

Cordialmente, Joel Simon, Diretor-executivo

CC: Rogelio Benítez Vargas, Ministro do Interior; James Spalding, Embaixador do Paraguai nos Estados Unidos de América; Camila Rojas, Promotora de Yby Yaú; Ignacio Alvarez, relator especial para a liberdade de expressão da OEA; American Society of Newspaper Editors; Amnesty International; Article 19 (Reino Unido); Canadian Journalists for Free Expression; Freedom Forum; Freedom House; Human Rights Watch; Index on Censorship; International Center for Journalists; International Federation of Journalists; International PEN; International Press Institute; Louise Arbour, Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos; The Newspaper Guild; The North American Broadcasters Association; Overseas Press Club; Repórteres Sem Fronteiras; The Society of Professional Journalists; World Association of Newspapers; World Press Freedom Committee

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CPJ é uma organização independente, sem fins lucrativos, sediada em Nova York, que se dedica a defender a liberdade de imprensa em todo o mundo