Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Duas rádios e um jornal de Marília sofrem invasão e são incendiados

Um grupo de homens encapuzados destruiu na madrugada de ontem parte das instalações do prédio onde estão localizados o jornal ‘Diário de Marília’ e duas rádios da cidade, 444 km a noroeste de São Paulo. Os veículos de comunicação integram a Central Marília Notícias. Um vigia da empresa chegou a ser agredido e mantido refém pelos criminosos.


Conforme o editor assistente do ‘Diário de Marília’, Rogério Martinez, por volta das 2h30 uma mulher chegou à portaria do prédio pedindo ao vigia informações sobre a programação de uma das rádios da empresa.


Ao atender a mulher, o segurança Sérgio Araújo, único funcionário que estava no local na hora do crime, foi rendido por três homens armados e encapuzados.


Após ser dominado, Araújo foi amarrado e agredido com coronhadas de revólver por um dos integrantes do trio.


Enquanto o vigia permanecia refém, o grupo ateou fogo no estúdio das rádios Diário FM e Dirceu AM e em salas do setor administrativo da empresa. Parte do jornal também foi atingida pelas chamas.


‘O segurança conseguiu, mesmo amarrado, fugir do prédio e chamar a polícia’, disse Martinez, que informou ainda que quatro galões com gasolina foram encontrados no interior do prédio. Um dos galões estava localizado ao lado da máquina rotativa do jornal, que não chegou a ser incendiada. O fogo foi controlado por volta das 4h.


Câmera


No prédio onde estão localizados o jornal e as rádios, de dois andares, há uma câmera de vídeo na portaria que pode ajudar a polícia a identificar os autores do suposto atentado. A fita com o conteúdo das filmagens foi requisitada pela polícia ontem.


Com uma tiragem diária em torno de 11 mil exemplares, o ‘Diário de Marília’, que pertence ao empresário Carlos Francisco Cardoso, tem 76 anos de existência e nunca havia sofrido um ataque semelhante em sua história.


Até o final da tarde de ontem, funcionários da empresa faziam um levantamento dos equipamentos que foram destruídos no incêndio criminoso.


Martinez afirmou que ‘seria leviano apontar um nome ou nomes’ de pessoas que possam ter mandado realizar o ato criminoso, mas disse que a ação foi em razão da ‘linha editorial crítica’ do jornal.


O delegado-assistente da Delegacia Seccional de Marília, Fábio Pinha Alonso, afirmou que a polícia não havia identificado suspeitos do aparente atentado. ‘A única testemunha é o vigia e estamos trabalhando para levantar todos as informações sobre o caso’, afirmou Alonso.


ANJ


O presidente da ANJ (Associação Nacional de Jornais), Nelson Sirotsky, condenou ontem, por meio de nota, o ataque à Central Marília Notícias.


‘Revolta e preocupa que empresas de comunicação sejam atingidas pela violência e intolerância. Esse tipo de atentado se reveste de conotações terroristas que nos remetem aos piores momentos da nossa história, que todos acreditávamos superados’, informou a nota.


Sirotsky pede no documento que ‘sejam logo identificados os culpados, para posterior e exemplar punição’. ‘A liberdade de informar e ser informado é um bem maior da sociedade brasileira e não será cerceada por iniciativas criminosas e obscurantistas’, afirmou o presidente da ANJ.