Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Bola fora da TV

Disputar a Copa Libertadores da América transformou-se no sonho de grande parte dos clubes e torcedores de futebol brasileiros. As principais competições do país, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro, oferecem vagas para o torneio continental. Este, por sua vez, garante ao campeão a disputa do Mundial de Clubes, como ocorreu em 2011 com o Santos – derrotado pelo Barcelona na partida final. O renovado prestígio da taça latino-americana coincide com o sucesso internacional da milionária Champions League, que reúne as principais agremiações europeias.

Neste ano, os dois maiores clubes de massa do Brasil, Flamengo e Corinthians, participam da Libertadores, ao lado de Fluminense, Vasco e Internacional, além do último campeão, o Santos. Com tantos interessados em acompanhar a competição, era de esperar que as televisões aberta e por assinatura facilitassem o acesso às transmissões das partidas. Ocorre que uma disputa travada nos bastidores entre redes e canais de TV criou uma situação paradoxal, na qual parte da torcida ficará a ver navios.

A explicação está na entrada em campo de um novo player do mercado de canais esportivos, Fox Sports. Ligado ao conglomerado multinacional News Corporation, do empresário Rupert Murdoch, o canal, que detém valioso acervo de direitos de transmissão de eventos esportivos, será o único na TV paga a transmitir os confrontos da Libertadores. Anteriormente, os jogos eram exibidos pelos canais SporTV, da Globosat. Na TV aberta, a Rede Globo mostrará só algumas partidas.

A Fox Sports dava como certa sua entrada sem custo adicional na grade das operadoras Net e Sky, que já transmitem outros canais do grupo. Não foi, porém, o que aconteceu -ao que tudo indica por pressões da Globo, que detém 33,6% do capital votante da Net e uma pequena cota da Sky, além de ser a maior fornecedora nacional de conteúdo para ambas, por meio da Globosat. Sky e Net constituem uma espécie de duopólio na TV paga, respondendo, juntas, por quase 70% do mercado de quase 13 milhões de domicílios. Esse poderio é usado na tentativa de diminuir o alcance do concorrente, até aqui circunscrito a operadoras menores, como Oi, Telefonica e Embratel.

As negociações com Net e Sky permanecem inconclusas. Uma das alternativas aventadas pelas duas operadoras é incluir o canal em seus pacotes, mas mediante cobrança de uma taxa extra do assinante – que, nessa disputa, parece fadado a ser o grande perdedor.

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