Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Crime bárbaro passa em branco

A mídia brasileira tem explorado ao máximo o atentado em uma escola de uma pequena cidade de Connecticut (EUA), onde 26 pessoas foram assassinadas, dentre elas 20 crianças de até 7 anos. Essa mesma mídia ignora o grande número de crianças que são brutalmente assassinadas no Brasil – os últimos números mostram mais de 700 vítimas anualmente. Essa mesma mídia sensacionalista deixou passar despercebido um crime brutal em Brasília, no fundo do quintal dos nossos governantes.

O crime em Ceilândia, no Distrito Federal, atingiu três crianças que brincavam no quintal de casa. Elas tinham entre três e sete anos. Testemunhas disseram que um homem passou em um carro e disparou mais de 30 vezes contra as crianças. O fato, ocorrido no sábado (15/12), passou despercebido pela imprensa brasileira. Mas nossos meios de comunicação mostraram incansavelmente o desespero em Newtown, houve espaço para o choro de Barack Obama e a dor enfrentada pela cidade, considerada pacata.

A grande diferença é que, ao saber que os americanos têm armas para se defender – a venda de arma é livre em mais da metade dos 50 estados –, os covardes resolvem atacar escolas e matar crianças indefesas. Por aqui, atira-se em qualquer um, a qualquer tempo e lugar. A diferença no número de homicídios é gritante de um país para o outro. Nos Estados Unidos, com cerca de 312 milhões de habitantes, segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), em 2011 foram cerca de 15 mil assassinatos, isso com uma população armada até os dentes. No Brasil, com perto de 200 milhões de habitantes, a população está desarmada – em parte – e em 2011 foram mais de 54 mil mortes violentas.

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[Vanderson Freizer é jornalista, Sorriso, MT]