Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Protestos ignorados pela mídia de mercado

Poucas são as informações das agências de notícias internacionais sobre o que acontece na Arábia Saudita. Até agora não houve interesse em checar o informe de grupos defensores dos direitos humanos segundo o qual existem 30 mil presos políticos naquele país aliado dos Estados Unidos.

No sábado (2/3), manifestantes sauditas promoveram protesto na província central de Al-Qasim exigindo a libertação de presos políticos. Silêncio total na mídia brasileira.

Fontes locais informaram que as manifestações realizadas em Buraidah, capital de Al-Qasim, foram reprimidas pelas forças de segurança porque na Arábia Saudita é proibido qualquer tipo de protesto.

No dia anterior (1/3), a polícia saudita prendeu mais de 300 pessoas, incluindo pelo menos 15 mulheres, na mesma cidade, durante protesto similar.

Pedido de desculpas

Não é de hoje que ocorrem manifestações contra a monarquia saudita. Desde pelo menos 2011 há informações nesse sentido. Daí não ser nenhuma surpresa a denúncia sobre a existência de 30 mil presos políticos na Arábia Saudita. A Anistia Internacional inclusive tem se manifestado a esse respeito.

O lamentável de tudo isso é o silêncio de governos aliados dos sauditas e da mídia de mercado. Se tais fatos estivessem ocorrendo em algum país que não reza pela cartilha de Washington, provavelmente o noticiário seria farto.

Então, a que se deve o silêncio? Não é preciso nenhuma análise mais profunda para chegar à conclusão que quanto mais vínculos tiver com os Estados Unidos, países como a Arábia Saudita serão poupados de críticas.

Daí a importância de se informar em espaços como a Rede Democrática. Com a circulação dessa informação é possível que algum editor se interesse em aprofundar o tema. Aguardemos.

Já a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) continua matando, mulheres, crianças e idosos. A mais recente “falha” (terminologia utilizada pelos porta-vozes da organização) ocorreu no Afeganistão, quando duas crianças foram assassinadas com tiros partidos de um helicóptero.

Poucos dias antes, também por engano, forças estadunidenses em uma operação noturna mataram dez civis, entre eles cinco crianças e dez mulheres na província de Kunar.

Em suma, mortes por “falhas” viraram rotina macabra onde a OTAN está ou esteve presente, como na Líbia.

Tudo acontece com pedido de desculpas formal.

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[Mário Augusto Jakobskind é jornalista]