Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Edir critica a Globo e aponta
o seu sucessor na Record


Leia abaixo a seleção de segunda-feira para a seção Entre Aspas.


************
Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 10 de outubro de 2007


RECORD vs. GLOBO
Ricardo Feltrin


Bispo Macedo ataca Globo, ironiza SBT e revela sucessor


‘Edir Macedo Bezerra, 62, líder da Igreja Universal e dono da TV Record, diz que dois motivos o levaram a autorizar a publicação de sua biografia (ed. Larousse), que chega às livrarias no dia 15: medo de que alguém publicasse uma versão não-autorizada e se defender que chama de ‘execração’ e da acusação de explorar a fé.


O bispo também usa o livro para apontar publicamente -pela primeira vez- quem será seu herdeiro espiritual, o nome de seu sucessor em caso de morte.


‘Doze anos depois de ter sido preso na rua, levado para a cela de uma delegacia e ter sido execrado nos noticiários dos jornais, do rádio e da televisão, resolvi contar minha versão dos fatos’, declara Macedo em entrevista exclusiva.


O livro contém vários ataques diretos à Globo, que é acusada de ser manipuladora, desonesta e até imoral no trato das notícias, especialmente as que colocaram a ele e sua igreja no centro de escândalos.


Fica claro que o bispo não perdoou e jamais perdoará a Globo pela forma com que cobriu sua prisão, sob acusação de charlatanismo e curandeirismo, em maio de 1992, e pela exibição da minissérie ‘Decadência’ (95), de Dias Gomes, que retratava um pastor evangélico desonesto.


A minissérie, aprovada pelo próprio Roberto Marinho à época, foi posteriormente considerada um tiro no pé na emissora. Revoltou a todos os evangélicos, e não só a Universal.


O rancor com a Globo pode ser mensurado nas 273 páginas da obra escrita por Douglas Tavolaro, diretor de Jornalismo da Record, com reportagem de Cristina Lemos. O nome da ‘inimiga’ Globo ou o de Roberto Marinho são citados 50 vezes. Já o SBT -emissora empatada na vice-liderança do ibope com a Record, com seis pontos- é citado apenas duas.


Aliás, também sobram farpas para Silvio Santos. O biografado se gaba de tê-lo ludibriado nas negociações para a compra da Record. Usou um ‘laranja’ na compra, Laprovita Vieira, até a hora de assinar o cheque.


Quando viu a manobra, o dono do SBT não podia mais voltar atrás, pois um sinal de US$ 7 milhões já fora dado.


‘Silvio Santos é um extraordinário vendedor, mas um péssimo diretor de programação. Você vê o SBT, aquilo é uma lástima’, ironiza o bispo.


‘Dar a outra face’ não faz parte de seus ensinamentos. Ele mapeia e combate inimigos.


Confiante ao exagero, acha que as revelações em sua biografia, com tiragem de 700 mil exemplares, podem mudar o Brasil. Suas críticas vão para a imprensa e para o Judiciário. ‘Os interesses por trás das manchetes e das decisões descabidas da Justiça; a manipulação da verdade motivada por interesses comerciais e religiosos… Isso precisa mudar.’


Procuradas por telefone durante todo o dia de ontem, as assessorias da Globo e do SBT não foram localizadas.’


***


Biografia faz revelações, mas omite finanças


‘Logo na introdução da biografia ‘O Bispo – A História Revelada de Edir Macedo’, o autor, Douglas Tavolaro, faz uma pergunta que qualquer leitor com senso crítico faria: ‘como fazer uma biografia isenta de alguém que paga o seu salário?’


Tavolaro diz que o próprio bispo exigiu que o livro não fosse ‘chapa-branca’. Ele até tenta, mas não consegue. Trata-se de uma obra parcial.


O questionamento crítico é limitado pela onipresença de Macedo, que impede o confronto em temas mais polêmicos -especialmente os que tratam de finanças.


Uma das grandes perguntas que ficam sem resposta no livro é o ‘faturamento’ da Igreja Universal, e quanto dinheiro a igreja gasta de fato na compra de horários das madrugadas da Record.


Sobre a primeira pergunta, Macedo diz não saber ‘de cabeça’ o valor. Sobre a segunda, rebate dizendo que também quis comprar horários da Globo e do SBT, mas que essas TVs recusaram. Ou seja, escapa pela tangente.


Isso também não tira o valor da obra, já que, independentemente de qualquer julgamento por seus atos, o bispo Macedo é uma personalidade interessante.


É curioso saber como ele tinha consciência que sua prisão em 92 funcionaria como marketing e agregaria mais fiéis à Universal. A ‘vítima’ sempre sai ganhando, revela sem muito pudor.


Seu mea culpa sobre o ‘Chute na Santa’ (95) até soa sincero. E é só, porque daí em diante grassam ataques ao catolicismo e ao papa.


Cabe lembrar que ‘O Bispo…’ não foi feito para os amantes da literatura. O público-alvo é o fiel da Universal, o evangélico em geral, a classe C. E esse público vai ser atingido em cheio.’


***


Bispo ex-dependente de drogas é apontado por líder da Universal como seu sucessor


‘Um trecho da biografia de Edir Macedo põe fim a anos de especulações internas sobre o futuro da Universal: ele aponta finalmente quem será seu sucessor como líder máximo da igreja, no caso de sua morte ou incapacidade permanente.


O eleito é o bispo Romualdo Panceiro, 48, espécie de vice-líder da igreja há 11 anos.


Do ponto de vista hierárquico da igreja no Brasil, está abaixo somente de Macedo.


Fluminense, ex-cortador de cana e ex-dependente de cocaína e maconha, Panceiro é hoje um dos mais populares bispos dos programas da Universal, exibidos todas as madrugadas na Record e na Rede TV. Apesar da pouca escolaridade, é dono de uma retórica incisiva e conduz com segurança entrevistas com fiéis diante das câmeras.


Por causa de seu tamanho (1m90) e jeito considerado bronco, é temido por fiéis e pastores. Mas é só aparência. Sua história é semelhante a de muitos dirigentes. Chegou desesperado à igreja, a qual pisou pela primeira vez em 1981, durante uma crise de depressão.


‘Eu passava os finais de semana me drogando. Meu pai era louco. Eu não tinha o que comer’, diz ele no livro.


Ascendeu ao posto máximo atravessando todos os degraus: foi fiel, evangelista, obreiro, pastor e finalmente bispo. Nunca ficou um dia afastado da igreja, nem sequer por doença.


Conheceu intimamente o bispo Macedo somente sete anos após sua conversão. Nesse dia iria ganhar um carro (todos os bispos e muitos pastores ficam com carros emprestados e mantidos pela igreja). Só que Panceiro não sabia dirigir e passou vexame.


‘Ele é o maior milagre da Igreja Universal’, diz Macedo. ‘Se eu morrer hoje, o Romualdo assume tudo. E tenho certeza de que os demais bispos irão respeitá-lo como me respeitam hoje’, diz ele no livro.


Ao saber, pelos autores, que fora indicado por Macedo como seu sucessor, chorou.


A Universal tem 9.660 pastores e 4.750 templos instalados em 172 países. Diz gerar 22 mil empregos diretos no mundo e ter oito milhões de fiéis somente no Brasil. O IBGE, no entanto, calcula 2 milhões.’


HUCK & FERRÉZ
Fernando de Barros e Silva


Qual é, Mano Huck?


‘SÃO PAULO – Nunca antes na história deste país um Rolex roubado provocou tanto barulho. O ‘Painel do Leitor’ da Folha se transformou no palco de uma discussão quente como há muito não se via, na qual, a despeito das nuances, prevaleceram duas posições antagônicas: 1. Luciano Huck é a cara da elite brasileira e precisou ser assaltado para cair na real; 2. o apresentador foi agredido duas vezes, pelo ladrão e pelos leitores -e acabou pagando por ser rico e famoso.


Não vamos brincar de mocinho e bandido. Nem com os sinais invertidos. É interessante, sem dúvida, que Ferréz, o escritor do Capão, dramatize o episódio pela ótica do assaltante (na página ao lado). Mas a conclusão de que ‘todos saíram ganhando’ e, afinal, ‘num mundo indefensável, até que o rolo foi justo para ambas as partes’ equivale a fazer a apologia do crime e da barbárie em nome de uma suposta crítica das injustiças sociais. O texto chocará muita gente de boa-fé e joga água no moinho do preconceito contra pobres, pretos e motoboys, à revelia das intenções do autor.


Menos chocante para muitos talvez tenha sido a biografia edificante que Huck fez de si. Primeiro diz que paga todos os seus impostos -’uma fortuna’. A seguir, mostra-se preocupado com o Brasil: ‘Passo o dia pensando em como deixar as pessoas mais felizes e como tentar fazer este país mais bacana. TV diverte e a ONG que presido tem um trabalho sério e eficiente’. Por fim, declara uma opção de vida: ‘Confesso que já andei de carro blindado, mas aboli. Por filosofia’. Um cara tão legal… O mundo não é justo.


Mas podia ser pior. Entrevistado pela ‘Veja’, Huck frustra a pauta de sempre da revista. Mostra-se tolerante, defende o ensino público e ainda minimiza o papel do Estado penal no combate à criminalidade.


É divertido ver como as respostas são melhores que as intenções da entrevista. Mas que traição de classe. Mano Huck resolveu bancar o progressista otário justamente nas páginas amarelas. Chama o ladrão!’


Ferréz


Pensamentos de um ‘correria’


‘ELE ME olha, cumprimenta rápido e vai pra padaria. Acordou cedo, tratou de acordar o amigo que vai ser seu garupa e foi tomar café. A mãe já está na padaria também, pedindo dinheiro pra alguém pra tomar mais uma dose de cachaça. Ele finge não vê-la, toma seu café de um gole só e sai pra missão, que é como todos chamam fazer um assalto.


Se voltar com algo, seu filho, seus irmãos, sua mãe, sua tia, seu padrasto, todos vão gastar o dinheiro com ele, sem exigir de onde veio, sem nota fiscal, sem gerar impostos.


Quando o filho chora de fome, moral não vai ajudar. A selva de pedra criou suas leis, vidro escuro pra não ver dentro do carro, cada qual com sua vida, cada qual com seus problemas, sem tempo pra sentimentalismo. O menino no farol não consegue pedir dinheiro, o vidro escuro não deixa mostrar nada.


O motoboy tenta se afastar, desconfia, pois ele está com outro na garupa, lembra das 36 prestações que faltam pra quitar a moto, mas tem que arriscar e acelera, só tem 20 minutos pra entregar uma correspondência do outro lado da cidade, se atrasar a entrega, perde o serviço, se morrer no caminho, amanhã tem outro na vaga.


Quando passa pelos dois na moto, percebe que é da sua quebrada, dá um toque no acelerador e sai da reta, sabe que os caras estão pra fazer uma fita.


Enquanto isso, muitos em seus carros ouvem suas músicas, falam em seus celulares e pensam que estão vivos e num país legal.


Ele anda devagar entre os carros, o garupa está atento, se a missão falhar, não terá homenagem póstuma, deixará uma família destroçada, porque a sua já é, e não terá uma multidão triste por sua morte. Será apenas mais um coitado com capacete velho e um 38 enferrujado jogado no chão, atrapalhando o trânsito.


Teve infância, isso teve, tudo bem que sem nada demais, mas sua mãe o levava ao circo todos os anos, só parou depois que seu novo marido a proibiu de sair de casa. Ela começou a beber a mesma bebida que os programas de TV mostram nos seus comerciais, só que, neles, ninguém sofre por beber.


Teve educação, a mesma que todos da sua comunidade tiveram, quase nada que sirva pro século 21. A professora passava um monte de coisa na lousa -mas, pra que estudar se, pela nova lei do governo, todo mundo é aprovado?


Ainda menino, quando assistia às propagandas, entendia que ou você tem ou você não é nada, sabia que era melhor viver pouco como alguém do que morrer velho como ninguém.


Leu em algum lugar que São Paulo está ficando indefensável, mas não sabia o que queriam dizer, defesa de quem? Parece assunto de guerra. Não acreditava em heróis, isso não!


Nunca gostou do super-homem nem de nenhum desses caras americanos, preferia respeitar os malandros mais velhos que moravam no seu bairro, o exemplo é aquele ali e pronto.


Tomava tapa na cara do seu padrasto, tomava tapa na cara dos policiais, mas nunca deu tapa na cara de nenhuma das suas vítimas. Ou matava logo ou saía fora.


Era da seguinte opinião: nunca iria num programa de auditório se humilhar perante milhões de brasileiros, se equilibrando numa tábua pra ganhar o suficiente pra cobrir as dívidas, isso nunca faria, um homem de verdade não pode ser medido por isso.


Ele ganhou logo cedo um kit pobreza, mas sempre pensou que, apesar de morar perto do lixo, não fazia parte dele, não era lixo.


A hora estava se aproximando, tinha um braço ali vacilando. Se perguntava como alguém pode usar no braço algo que dá pra comprar várias casas na sua quebrada. Tantas pessoas que conheceu que trabalharam a vida inteira sendo babá de meninos mimados, fazendo a comida deles, cuidando da segurança e limpeza deles e, no final, ficaram velhas, morreram e nunca puderam fazer o mesmo por seus filhos!


Estava decidido, iria vender o relógio e ficaria de boa talvez por alguns meses. O cara pra quem venderia poderia usar o relógio e se sentir como o apresentador feliz que sempre está cercado de mulheres seminuas em seu programa.


Se o assalto não desse certo, talvez cadeira de rodas, prisão ou caixão, não teria como recorrer ao seguro nem teria segunda chance. O correria decidiu agir. Passou, parou, intimou, levou.


No final das contas, todos saíram ganhando, o assaltado ficou com o que tinha de mais valioso, que é sua vida, e o correria ficou com o relógio.


Não vejo motivo pra reclamação, afinal, num mundo indefensável, até que o rolo foi justo pra ambas as partes.


REGINALDO FERREIRA DA SILVA , 31, o Ferréz, escritor e rapper, é autor de ‘Capão Pecado’, romance sobre o cotidiano violento do bairro do Capão Redondo, na periferia de São Paulo, onde ele vive, e de ‘Ninguém é Inocente em São Paulo’, entre outras obras.


Leia o artigo de Luciano Huck em www.folha.com.br/072801


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


‘Doha or die’


‘Primeiro, os EUA avisaram ao Brasil e à Índia, em artigo no ‘Financial Times’ de quinta, que agora é ‘sim ou não’ à Rodada Doha. Depois veio editorial no ‘Wall Street Journal’, na sexta, com o título ‘Doha or die’, Doha ou morra. E o alerta de que os dois, mais a África do Sul, decidem a partir de hoje, em Pretória, se vai haver acordo comercial global antes dos ‘ventos protecionistas’ nos EUA. ‘Seria uma derrota para os pobres do mundo.’ A pressão foi ecoada pela Europa.


Não é o que pensam os pobres Brasil e Índia. Diz o ‘Valor’ que, sob ‘pressão’, os dois ‘articulam forte comunicado’ e ‘uma grande aliança de nações em desenvolvimento’ contra EUA e Europa. Segundo a agência IANS, a Índia já avisou que ‘não concorda’ com a proposta em que ‘países em desenvolvimento são chamados a fazer mais do que os desenvolvidos’.


DO SUL


Agências internacionais e sul-americanas dão que sai hoje, em reunião de ministros de finanças da Venezuela, da Argentina e do Brasil no Rio, ‘o formato do Banco do Sul’.


É o sonho de Hugo Chávez contra o Banco Mundial. A resistência do Brasil, que quer ‘proporcionalidade no aporte de capital e representação’, é a prioridade da cobertura.


‘ESTRATÉGICO’


Também hoje, dizem sites financeiros, o secretário de Comércio dos EUA começa ‘missão estratégica’ pelo Uruguai. Amanhã, Brasília.


BILHÕES…


Enquanto negocia com Chávez o Banco do Sul, o Brasil é um dos agraciados do Banco Mundial dirigido pelo americano Robert Zoellick, no fundo para investimento em ações ‘em moeda local’.


Seriam US$ 5 bilhões para Brasil, Chile e poucos mais, no destaque de ‘WSJ’ e ‘FT’.


E BILHÕES


Os mesmos vêm noticiando dia após dia que novos fundos Bric foram criados, que as multinacionais vão investir mais nos Brics nos próximos três anos, que a cada semana entram agora R$ 5 bilhões etc.


PETROBRAS VAI À ÁSIA


O japonês ‘Yomiuri Shinbum’ noticiou que a Petrobras negocia a compra de uma refinaria em Okinawa, hoje da Exxon. Seria sua ‘primeira base de processamento na Ásia’, para exportações de petróleo para Japão e China.


De sua parte, a China, que viu as compras de petróleo crescerem 18% este ano e agora só perde em importação para os EUA, segundo o site MarketWatch, estaria para enviar uma delegação ao Brasil, segundo o site chinês Macau Hub, para negociar ‘parcerias’ com a Petrobras.


IMPENSÁVEL


Na manchete no ‘WSJ’, a compra do ABN Amro por um consórcio integrado pelo espanhol Santander, que vira o segundo banco privado do Brasil, seria ‘o maior negócio’ da história, com US$ 101 bi.


Pode ser ‘um precedente que abre portas a negócios de proporção antes impensável’ -e sempre em consórcios.


EM FATIAS


A Dow Jones deu que, cinco meses depois de comprar em consórcio a Telecom Itália, a espanhola Telefônica avalia que ‘subestimou os entraves’ no Brasil, que aprova ou não o negócio nos próximos dias.


Já o italiano ‘Il Messagero’ deu que a Anatel pode propor que diminua sua participação no controle da Telecom Itália.


GLOBO VS. RECORD


Sob pressão por audiência, o ‘Fantástico’ abriu com assaltos a ônibus, em vídeo, e o caso da ‘menina Madeleine’. De sua parte, o ‘Domingo Espetacular’ levou Edir Macedo de volta à cela que é capa de sua biografia.


‘SHOCK AND AWE’


O fim de semana na blogosfera de mídia dos EUA foi de espanto com os dados do Interactive Advertising Bureau: o Google já chegou a 40% da publicidade on-line no país.


E cresce em ritmo superior ao restante da web. Entre as expressões usadas por TechCrunch, BuzzMachine etc., ‘hegemonia’, ‘gorila’ e ‘shock and awe’, choque e pavor.


DA FAVELA AO MEIO-OESTE


A cadeia americana de jornais Gannett descobriu e dá relatos e até manchetes sobre a descoberta -e conversão- de jovens jogadores de futebol das áreas pobres do Brasil pelos devotos cristãos do interior dos EUA.’


RÚSSIA
Folha de S. Paulo


Russos lembram morte de jornalista


‘Duas manifestações agitaram Moscou ontem. Em defesa da jornalista Anna Politkovskaya, morta há um ano, cerca de 2.000 pessoas carregavam cravos, pedindo que seus assassinos fossem encontrados e condenados. E outras 5.000, ao som de música pop, celebravam o aniversário de 55 anos do presidente Vladimir Putin.


‘Devemos brigar pela liberdade’, disse Dmitry Muratov, editor do ‘Novaya Gazeta’, onde Politkovskaya trabalhava, aos manifestantes -entre eles membros da agremiação oposicionista Outra Rússia.


Segundo o ‘New York Times’, o jornal russo e o promotor já sabem quem é o criminoso. A informação deve ser publicada hoje, na edição especial pelo um ano do assassinato.


Seus colegas puseram flores no local onde ela morava e foi assassinada. Politkovskaya criticava o desrespeito aos direitos humanos, em especial na república russa da Tchetchênia, que viveu um conflito separatista durante os anos 1990.


Até hoje ninguém foi condenado, mas as autoridades dizem que as investigações estão perto do fim e que os melhores criminalistas da Rússia trabalham com seis hipóteses.


‘Hoje é a comemoração oficial do aniversário de Putin, mas, em alguns anos, as pessoas vão lembrar este dia pela morte de Anna’, disse o ex-enxadrista Garry Kasparov, hoje um dos principais nomes da oposição ao presidente Putin.


Prisões


A manifestação foi calma em Moscou, mas, em Nizhni Novgorod -cidade com fama de dissidente desde a década de 70-, cinco estrangeiros foram detidos. Eles participariam de uma conferência internacional organizada por defensores dos direitos humanos.


A reunião, porém, foi cancelada, e os estrangeiros, desalojados do hotel onde estavam por ‘erros de agenda’ e ‘grande afluência de turistas’. Os cinco foram presos e multados por ‘violar as normas de permanência na Federação Russa’.


Putin deu uma festa para militares e amigos no Kremlin, a última como presidente: deixa o cargo em março e anunciou que concorrerá ao Parlamento em dezembro para permanecer no poder como premiê.


‘Recebo pessoas que respeito profundamente. Meu respeito é por tudo o que vocês e seus subordinados fizeram para restaurar o prestígio das Forças Armadas’, afirmou Putin.


O Nashi, principal grupo jovem pró-Kremlin, juntou 5.000 pessoas para comemorar o aniversário. ‘Eu tinha 12 anos quando Putin se tornou o presidente, e agora nosso país voltou a ser forte’, disse Daria Morina, 19. Segundo ela, o governo pagou pelo evento do Nashi.’


EGITO
Folha de S. Paulo


Por liberdade de imprensa, 20 jornais egípcios não circulam


‘DA ASSOCIATED PRESS – Mais de 20 jornais independentes e de oposição egípcios não circularam ontem em protesto contra atitudes do governo quanto à liberdade de imprensa.


No mês passado, a Justiça egípcia sentenciou editores de quatro jornais a um ano de prisão por criticarem autoridades do governo e difamarem o ditador Hosni Mubarak, 79, e o seu partido.


Um dos editores ainda está sendo acusado separadamente por supostamente espalhar rumores de que presidente estaria mal de saúde.


Um editor e dois repórteres de outro jornal foram sentenciados a dois anos de prisão por publicarem notícias supostamente falsas sobre o Judiciário do país.


Essas medidas fizeram com que a Casa Branca se manifestasse. A secretária de Imprensa, Dana Perino, disse, na ocasião das sentenças, que ‘essas últimas decisões parecem contradizer o comprometimento do governo egípcio com a expansão dos direitos democráticos’.


Sites independentes também suspenderam sua publicação ontem, em solidariedade aos jornalistas presos.’


QUADRINHOS
Pedro Cirne


Sexo é protagonista em novas HQs


‘Duas histórias em quadrinhos recentemente lançadas no Brasil trazem o sexo como mote. E, como é comum a um assunto sempre polêmico, são abordagens bem diferentes.


‘Morango e Chocolate’ foi escrito e desenhado pela francesa Aurélia Aurita (pseudônimo de Chenda Khun). Trata-se de uma história autobiográfica feita em preto-e-branco e autoral em todos os seus detalhes, dos desenhos de Aurélia aos seus pensamentos mais íntimos, sobre a importância e o prazer de fazer sexo.


‘Lost Girls -As Terras do Nunca’ é o segundo volume de uma trilogia criada pelos então namorados (hoje casados) Alan Moore e Melinda Gebbie, quadrinistas britânicos de renome.


O primeiro volume, ‘Lost Girls -Meninas Crescidas’, foi lançado em maio no Brasil.


‘Lost Girls’, ao contrário, está longe de ser autobiográfico. Alan Moore, o roteirista, pegou Dorothy, Wendy e Alice, as protagonistas de ‘O Mágico de Oz’, ‘Peter Pan’ e ‘Alice no País das Maravilhas’, e as transformou em amigas adultas trocando suas confidências sexuais. As duas obras podem chocar. ‘Lost Girls’, pela maneira como as protagonistas são apresentadas. Elas se tornam pessoas com dramas, mágoas, qualidades e defeitos. E talvez seja o que mais incomode alguns leitores, por terem vivido experiências sexuais, retratadas em detalhes na HQ.


Em ‘Morango e Chocolate’, Aurélia Aurita se expõe de uma maneira crua e intensa. Ela relata as primeiras semanas de seu relacionamento com o também quadrinista Frédéric Boilet (autor de ‘O Espinafre de Yukiko’, já lançado no Brasil).


Neste início de namoro, programas como encontrar amigos, viajar juntos ou passear não importavam. O que fascinou Aurélia foram as relações sexuais. Tudo o que ela descobriu ou aprendeu a dar importância: das posições ao valor das palavras para o ato sexual.


É provável que jamais haja uma obra definitiva, mas estas duas, ‘Morango e Chocolate’ e ‘Lost Girls -As Terras do Nunca’, são duas boas histórias em quadrinhos sobre o sexo. Mesmo sendo tão diferentes -ou talvez por isso mesmo.


MORANGO E CHOCOLATE


Autor: Aurélia Aurita


Editora: Casa 21


Quanto: R$ 29,60 (144 págs.)


LOST GIRLS -AS TERRAS DO NUNCA


Autor: Alan Moore e Melinda Gebbie


Editora: Devir


Quanto: R$ 65 (112 págs.)’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Governo medirá impacto da TV em crianças


‘O governo federal vai fazer pesquisas para medir o impacto da TV na vida de crianças e adolescentes e incentivará a criação de uma agência ‘voltada para a análise crítica da mídia’.


Nesta semana, o Ministério da Justiça lança edital para a contratação de um instituto que realizará uma pesquisa que entrevistará, ainda neste ano, 2.200 pais e 2.200 crianças e adolescentes de todo o país. O estudo custará R$ 350 mil.


Dos pais, a pesquisa quer saber o que eles acham das cenas de sexo, violência e drogas e que reações percebem no comportamento dos filhos. Das crianças, quer descobrir como elas recebem esse conteúdo e arrancar dados como o herói do momento, quantas horas elas assistem à TV e se brincam enquanto vêem programas.


Numa segunda etapa, em 2008, o ministério fará pesquisas com grupos, para identificar o impacto da TV nas crianças e adolescentes. Numa terceira fase, será estudada a influência da TV a médio prazo. ‘Queremos saber o que acontece com uma criança após dez anos de exposição à TV’, diz José Eduardo Romão, diretor do departamento de classificação indicativa do ministério.


A idéia é repetir essas pesquisas anualmente e criar uma política pública de ‘análise crítica da mídia’. O ministério já articula com Unesco e universidades parceria para a criação de uma ONG que se encarregue desse monitoramento.


NAMOROJosé Luís Datena já foi duas vezes à casa de Silvio Santos, mas ainda não acertou sua ida para o SBT (para ressuscitar o ‘Aqui Agora’). Só sai da Band se receber ‘oferta milionária’.


TABAJARA 1A caixa receptora de TV digital que custará cerca de R$ 250, promessa do ministro Hélio Costa (Comunicações), será bem limitada. Só servirá para TVs com telas de até 14 polegadas. Acima disso, será preciso comprar caixa de R$ 700. Quem quiser alta definição desembolsará uns R$ 1.000.


TABAJARA 2A assessoria de Hélio Costa afirma que a caixa de R$ 250 atenderá à população de baixa renda. E aposta que os preços das caixas receptoras mais caras cairão rapidamente.


CASQUINHAA MTV resolveu entrar na ‘guerra’ dos anúncios por audiência travada pelas grandes redes. Publica hoje anúncio comemorando a liderança durante o VMB. É verdade: foi a TV mais vista por jovens de 15 a 19 anos, das classes AB _ou 102.070 telespectadores por minuto na Grande SP.


REFORÇOA Record está comprando um novo transmissor para a Record News em São Paulo. O equipamento será instalado em 60 dias e melhorará sensivelmente a cobertura e a qualidade do sinal aberto (canal 42).


MISTÉRIOSomente assinantes da tecnologia digital da Net e da TVA têm Record News. Quem ainda está na tecnologia analógica precisa migrar para a digital.’


************


O Estado de S. Paulo


Segunda-feira, 10 de outubro de 2007


MÍDIA & ESPETÁCULO
Fábrica de celebridades


Carlos Alberto Di Franco


‘O culto à frivolidade e a submissão à ditadura dos modismos têm ocupado espaço em alguns setores da mídia. No imenso shopping das futilidades, promovido pela força do negócio do entretenimento que tudo banaliza e transforma em espetáculo, há prateleiras para todos os gostos. Vivemos sob o domínio do inconsistente e sucumbimos à tirania do politicamente correto. O fenômeno, no entanto, não admite explicações unilaterais. Existe, freqüentemente, uma forte relação de amor e ódio, uma paradoxal cumplicidade entre a mídia, suas estrelas e a opinião pública.


O décimo aniversário da morte da princesa Diana, evocado em agosto deste ano, ainda repercute na Europa. Lady Di, mítica combinação de charme e tragédia, foi um paradigma de fenômeno midiático. Reações emocionais e julgamentos precipitados prejudicaram, à época, a análise da cobertura. Os paparazzi, cortejados pelo subjornalismo, foram lançados ao fosso da execração pública. Não se trata, agora, de tentar absolver o comportamento aético desses profissionais do drama humano. Mas não é razoável reduzir todo o show midiático ao cruel pragmatismo dos representantes do jornalismo mundo-cão. A fábrica das celebridades, então e agora, depende de uma complexa linha de montagem: a síndrome de Cinderela, o sensacionalismo da imprensa e a intensa demanda social de frivolidade.


Diana sucumbiu à síndrome de Cinderela. Vítima de uma situação para a qual não estava preparada, acabou se transformando num produto do show business. Embora lamentasse o assédio dos paparazzi, Lady Di, num paradoxal movimento de autodestruição da sua intimidade, procurava o flash dos tablóides. Suas atitudes não se distinguiam das de outras musas do teatro das vaidades. Ela era uma figura pública que escancarava seus próprios segredos. Basta pensar, por exemplo, nas surpreendentes revelações sobre sua vida íntima ao repórter Andrew Morton. Ela foi uma vítima de sua própria, voluntária e misteriosa exposição à mídia.


Mas a fábrica das celebridades não se esgota no mágico e dramático itinerário das Cinderelas. O sensacionalismo transforma a vida num contínuo programa de auditório. A obsessão seletiva pelo underground da vida tem transformado páginas de comportamento num autêntico compêndio freudiano. Biografias não-autorizadas não têm repercutido apenas nas páginas dos tablóides. Maledicência e agressões abusivas à intimidade parecem estar imunes aos critérios de qualidade editorial. O strip-tease da intimidade, ridículo e forçado, ganha status de informação relevante. O que importa é chocar.


A lembrança da trágica morte de Diana escancarou também outro ângulo da fábrica de celebridades: a crescente demanda social de futilidade. Muitos dos que choraram o triste destino da princesa de Gales foram os mesmos que se deleitaram com as suas aventuras amorosas. Rigorosamente os mesmos que compravam os jornais que depois condenaram. A indignação da opinião pública contra setores da imprensa, compreensível e lógica, não pode ocultar o seu lado hipócrita e esquizofrênico. Como disse alguém, se fizermos uma análise séria, descobriremos nesse caso, e em outros análogos, para além dos fotógrafos, dos jornais, das celebridades, um culpado maior: a sociedade contemporânea, que se compraz na frivolidade, na vulgaridade e nas aparências.


É preciso, contudo, fazer uma ressalva: o mercado não pode ser um álibi para justificar a prática de verdadeiras delinqüências editoriais. Não devemos atuar à margem do mercado, mas não podemos sobrevalorizá-lo. Jornalismo desvinculado do mercado gera moralismo e chatice. Mas jornalismo refém do mercado escorrega fácil para a irresponsabilidade editorial. O culto da frivolidade indica inconsistência editorial. A passionalização da notícia, festejada num primeiro momento, acaba produzindo cicatrizes irreparáveis na credibilidade. Os jornais precisam captar os sinais de uma demanda reprimida de qualidade informativa.


Meus freqüentes contatos com repórteres, editores, professores e estudantes, em seminários, reuniões e consultorias, têm sido um observatório privilegiado para mirar e pulsar o sentimento de um público qualificado. Segundo alguns, o jornal, tradicionalmente forte no tratamento da informação, tem sucumbido às regras ditadas pelo mundo do entretenimento. O esforço para conquistar novos leitores, legítimo, urgente e necessário, tem partido de uma premissa estratégica equivocada: tentar imitar o modelo eletrônico.


Na verdade, é preciso travar a batalha dos conteúdos. O que vai agregar novos consumidores é uma ágil e moderna prestação de serviços, é o resgate da reportagem de qualidade, é a matéria que ultrapassa a superficialidade televisiva, é a denúncia bem fundamentada, a pauta criativa, o texto elegante e bem escrito. É necessário surpreender o leitor com matérias que rompem a monotonia do jornalismo de registro.


A imprensa européia, especialmente a espanhola, tem avançado magnificamente no jornalismo de cidadania. A cobertura oficialista e declaratória tem sido substituída pelo levantamento dos problemas reais que afetam a vida das pessoas. Menos Brasília e mais Brasil real, diríamos aí. É uma fórmula que aproxima os leitores dos seus jornais. Não devemos imitar a televisão, nem ceder ao seu inigualável poder de fabricar celebridades. O nosso negócio é outro. É oferecer informação útil e qualificada para a navegação num mundo cada vez mais complexo e fragmentado.


O show business é uma realidade, mas ainda há espaço, e muito, para o jornalismo de qualidade.


Carlos Alberto Di Franco, diretor do Master em Jornalismo, professor de Ética e doutor em Comunicação pela Universidade de Navarra, é diretor da Di Franco – Consultoria em Estratégia de Mídia’


MERCADO EDITORIAL
Vera Dantas


Jornal popular conquista leitores e aumenta mercado


‘O Super Notícia, um tablóide popular lançado em Minas Gerais em 2002, acaba de se tornar o jornal mais vendido do Brasil. A chegada do jornal ao topo do ranking reforça um fenômeno observado na mídia nos últimos tempos: o crescimento das publicações populares.


Em agosto, o Super Notícia teve uma média de 300 mil exemplares vendidos por dia, segundo dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC). Na lista dos dez maiores, o Super Notícia não é o único que segue a linha mais popular. Outros títulos voltados principalmente para as classes C e D também se destacam, como o Extra e o Meia Hora, do Rio, e o Diário Gaúcho, do Rio Grande do Sul.


No conjunto, os populares estão puxando o crescimento médio das vendas de jornais. Entre 2000 e 2003, a venda média diária, incluindo assinatura e venda avulsa, segundo o IVC, apresentou quedas consecutivas. A partir de 2004 com a presença mais forte dos jornais populares nas bancas, o quadro mudou. A venda média diária passou de 3,2 milhões de exemplares em 2004 para 4,1 milhões de unidades em 2007, até agosto.


Todos os populares exibem perfil semelhante. A linguagem é mais simples, a maioria tem formato tablóide (menor que o dos jornais tradicionais), têm preço mais baixo e os destaques são as manchetes policiais, esportivas, as notícias de entretenimento e de prestação de serviço. ‘O jornal popular é uma tendência que vem crescendo. Ele era visto tradicionalmente como sensacionalista e voltado para o público masculino, como o antigo Notícias Populares. Mas, hoje, o modelo está mudando’, diz Júlio César Sampaio, diretor da Resultado Consultoria de Marketing e Vendas, especializada em mídia.


NOVIDADE


Na avaliação de Angelo Franzão, presidente do Grupo de Mídia São Paulo – que reúne os profissionais de mídia das agências de publicidade -, os populares são a grande novidade entre os jornais. ‘Eles são um incentivo muito grande à leitura, com um preço atraente’, diz. Para ele, esses periódicos são experiências bem sucedidas que podem estimular outras publicações segmentadas.


O Extra, do Rio, lançado em abril de 1988, foi o primeiro a seguir esse modelo. Depois dele, surgiram o Meia Hora, também do Rio, o Aqui, em Minas , o Diário Gaúcho, no Rio Grande do Sul, e outros aproveitaram o momento para se reposicionarem, como o carioca O Dia.


No mercado paulista apenas duas publicações, o Diário de S. Paulo e o São Paulo Agora, estão dentro do perfil popular, mas com características um pouco diferentes. ‘Eles custam R$ 1,50, valor mais elevado se comparado a populares típicos vendidos por preços que vão de R$ 0,25 a R$ 1,00. Também não são tablóides e incluem cadernos especiais como de motos, automóveis e de entretenimento’, diz um analista de mídia.


Para Sampaio, da Resultado Consultoria, o Agora tem um conteúdo mais popular, enquanto o Diário de S. Paulo e para ele também o Jornal da Tarde (JT) estão no meio do caminho. Editado pelo Grupo Estado, o JT tem, em média, 40% da circulação em assinaturas e 60% em bancas. ‘São Paulo tem um potencial grande a ser explorado, embora seja uma cidade com índices de leitura menores do que no Rio e em Porto Alegre, considerados os grandes mercados leitores no País’, diz Sampaio.


O Super Notícia pertence à Sempre Editora, que publica seis jornais e está debaixo do guarda-chuva do Grupo Sada, comandado pelo empresário Vittorio Medioli. ‘Temos uma trajetória acelerada de crescimento há dois anos’, diz o diretor-executivo do Super Notícia, Teodomiro Braga.


O jornal está ancorado em três pilares que dão força aos novos populares: muita promoção, distribuição agressiva e preço baixo. Em 2004, ele custava R$ 0,60 aos domingos e R$ 0,50 durante a semana. Mas, em 2005, depois do lançamento do concorrente Aqui, dos Diários Associados, por R$ 0,25, o Super Notícia também baixou o preço para R$ 0,25. O jornal é vendido em bancas e por uma equipe ambulante em pontos da periferia de Belo Horizonte.


Até cidades médias, como Santos, com o Expresso Popular, e Campinas, com o Notícia Já, estão lançando seus jornais voltados para o consumidor C e D, mas que também atingem parte da B. O Notícia Já foi lançado há seis meses pela Rede Anhangüera de Comunicação (RAC) e custa R$ 0,50.


O crescimento dos lançamentos e vendas das publicações populares foi influenciado pelo aumento da renda da população, a partir do Plano Real, e pelo acesso das camadas de menor poder aquisitivo ao consumo, principalmente nos últimos anos. Dados recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que a renda do trabalhador brasileiro teve no ano passado o maior avanço em 11 anos, além de registrar uma queda acentuada da taxa de desemprego.


AVANÇO


Um estudo com base nos dados do IVC, feito pela Resultado Consultoria, revela que, dos 20 maiores jornais em 2000, apenas cinco eram considerados populares e representavam 30% da circulação. Em 2007, os periódicos com esse perfil subiram para 9 e representam 45% da circulação. No estudo só foram considerados os jornais tradicionais, conhecidos como ‘quality paper’, e os populares. Não foram considerados os segmentados.


‘Os populares estão trazendo muitos leitores para o meio jornal e o potencial de crescimento para essas publicações no País é muito grande, principalmente na medida em que o grau de instrução e a renda do consumidor continuem melhorando’, diz o diretor-geral do IVC, Ricardo Costa.


O crescimento dos populares no mercado de jornais é perceptível nos números do Rio. De 2004 para 2007, a venda média diária do mercado carioca subiu de 765.267 exemplares para 1.055.806, um aumento de 37,96%. Em Minas, os números chamam mais ainda a atenção. Com o fenômeno Super Notícia, as vendas dos jornais mineiros saíram de uma média diária de 91.706 exemplares em 2004 para 339.355 em 2007. Os jornais tradicionais não perderam vendas porque outros entraram no mercado, o que mostra um aumento do número de leitores.


No total, os 10 maiores jornais filiados ao IVC registram um crescimento de 12% na venda média diária no intervalo de janeiro a agosto de 2007 em relação a igual período do ano passado. Na comparação de agosto de 2007 com o mesmo mês em 2006, o aumento é de 11%, segundo o ranking de circulação total paga (venda em banca e assinatura) do IVC.’


Alexandre Rodrigues


No Rio, disputa entre populares já dura uma década


‘No mercado de jornais populares do Rio, uma guerra travada diariamente nas bancas há quase uma década ganhou novo fôlego recentemente. O lançamento do Extra, inaugurando a incursão da Infoglobo, empresa das Organizações Globo, entre os leitores das classes C e D, em 1998, desencadeou uma intensa disputa com a editora do jornal O Dia, até então líder no segmento. Na tentativa de reagir ao sucesso do Extra, O Dia lançou o tablóide Meia Hora, vendido a R$ 0,50, e criou um fenômeno de vendas. A publicação chegou ao sexto lugar entre os jornais mais vendidos do País. Mas já enfrenta um novo concorrente direto: o Expresso começou a ser publicado ano passado pela Infoglobo com o mesmo preço.


O diretor da recém-criada Unidade de Negócios Populares da Infoglobo, Bruno Thys, não tem dúvida de que o sucesso dos chamados jornais compactos – menores que os tablóides, caso do Expresso – é parte de uma nova onda. ‘Estamos diante de um mercado novo, que incorpora grande parte das pessoas que não liam jornal. O crescimento do Meia Hora não afetou o Extra. Este foi um ano melhor para nós. Numa comparação do primeiro semestre deste ano com o de 2006, crescemos 21,6%’, conta Thys.


Segundo ele, o Expresso foi criado pela Infoglobo como parte da ampliação do portfólio da empresa, mas ele não esconde que o objetivo é conseguir uma parcela do grande mercado conquistado pelo Meia Hora.


Por trás das chamadas bem-humoradas e dos títulos que permitem incorporar gírias, estão pesquisas que orientam os editores a apostar na manchete que vai conquistar o leitor na banca. Para o editor-executivo do Meia Hora, Henrique Freitas, o dinamismo desse mercado está exatamente nessa disputa na banca. ‘Sabemos que a maioria dos nossos leitores é jovem, entre 20 e 29 anos, é da periferia e tem baixa instrução. Tentamos falar a língua deles. É uma disputa forte, competimos até com o leite e o pão.’


Para Muniz Sodré, presidente da Biblioteca Nacional e professor da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o sucesso desses jornais está no preço. ‘O problema é que a produção de informação para os grandes jornais custa caro e não é todo mundo que pode pagar por ela. Isso cria uma clivagem entre a grande imprensa, e as publicações populares, onde as pessoas compram menos pelo conteúdo e mais pelo preço’, diz.’


PUBLICIDADE
Eric Pfanner


Ligação grátis no celular em troca de anúncios


‘Os usuários de telefones celulares da Grã-Bretanha começaram a testar um novo serviço chamado Blyk, que oferece ligações e mensagens de texto gratuitas aos assinantes em troca da veiculação de anúncios em seus aparelhos. A idéia por trás do Blyk não é nova; a Virgin Mobile, nos EUA, lançou um serviço similar no ano passado. Mas a introdução do Blyk num dos mercados de telefonia móvel mais competitivos e tecnologicamente avançados significa que o serviço será observado de perto como um teste da viabilidade da publicidade móvel.


Em comparação com as centenas de bilhões de dólares que as operadoras de telefonia móvel geram anualmente em tarifas de ligações, mensagens de texto e outros serviços de rede, a publicidade móvel ainda é uma atividade minúscula. Analistas estimam que ela vai gerar receitas de US$ 1 bilhão a US$ 2 bilhões neste ano no mundo.


Mas a atividade está aumentando – não só no lado do consumidor, com serviços como o Blyk, mas também nos bastidores. Operadoras de telefonia celular, companhias de internet, agências de publicidade, novas empresas de tecnologia e até mesmo fabricantes de aparelhos telefônicos querem entrar no ramo. A razão do interesse em um atividade tão reduzida, dizem analistas, é que os gastos com publicidade móvel podem disparar. Estimativas do mercado variam entre US$ 5 bilhões e US$ 11 bilhões dentro de cinco anos.


Talvez o fato mais importante seja que as tarifas de ligações estão estagnadas ou em queda em muitos mercados, levando as operadoras a buscar novas fontes de renda. Todos os demais querem estar presentes no início, para o caso de a publicidade móvel se transformar numa mina de ouro.


‘Há uma batalha em curso entre o mundo da internet e o mundo sem fio pelo controle da renda com a publicidade móvel’, disse Patrick Parodi, diretor de marketing da Amobee Media Systems, especializada em publicidade online. Representantes do mundo da internet reforçam suas posições para uma incursão mais ousada na publicidade móvel. No mês passado, o Google anunciou um sistema para o envio de anúncios a páginas de internet móvel.


Em agosto, o Yahoo adquiriu a Actionality, companhia de Munique especializada em inserir anúncios em videogames e outros conteúdos para dispositivos portáteis. Essa transação seguiu-se a duas aquisições de companhias de publicidade móvel em maio: a AOL comprou a Third Screen Media e a Microsoft comprou a ScreenTonic.


Dado o sucesso das companhias de internet, especialmente o Google, na exploração da publicidade online, ‘muitos supõem que elas tomarão o controle do mercado móvel’, disse Eden Zoller, analista da empresa de consultoria em telecomunicações Ovum. ‘Não é tão simples.’ O maior atrativo da publicidade online é a capacidade de mostrar aos internautas anúncios relevantes, baseados nas páginas que eles visitam ou em termos de busca. No mundo móvel, contudo, as operadoras de telefonia controlam as informações sobre os hábitos dos clientes, e é improvável que elas distribuam esses dados – e não só por razões de privacidade.’


TV DIGITAL
Maurício Moraes e Silva e Rodrigo Martins


TV digital viverá guerra de preços


‘Faltam menos de dois meses para o início das transmissões da TV digital na cidade de São Paulo. Mas a data de 2 de dezembro, quando o sistema irá oficialmente ao ar na capital paulista, marcará também o início de uma verdadeira guerra de preços entre os fabricantes dos ‘set-top boxes’, conversores que vão permitir que qualquer aparelho – mesmo os mais antigos – receba o novo sinal e o transforme em som e imagem.


Grandes empresas como Semp Toshiba, Sony e Gradiente cogitam cobrar o equivalente a uma TV de 29 polegadas pela caixinha, que é pouco menor do que um aparelho de DVD. Na semana passada, a entidade que representa o setor, a Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), divulgou o preço médio do receptor: R$ 700. Na ocasião, o presidente do órgão, Lourival Kiçula, disse que uma queda no valor deve demorar entre ‘5 e 6 anos’.


Haverá pelo menos dois tipos de set-top boxes. O mais simples permitirá que qualquer aparelho capte o sinal digital e sintonize a imagem, com uma qualidade próxima à de um filme em DVD. Já o mais caro permitirá ver os programas em alta definição, com um nível de detalhe muito maior. ‘É difícil custar menos. Há impostos na importação das peças, custos de produção e de distribuição’, justifica o vice-presidente da Gradiente, Moris Arditt.


Será mesmo? Fabricantes menos conhecidos, como STB e Encore, afirmaram ao Link que conseguem cobrar menos. ‘Vamos fabricar o receptor básico por R$ 300’, prometeu o diretor industrial da STB, Flávio Brito. Segundo ele, o modelo com alta definição sairá por R$ 600.


Para efeito de comparação, a Semp Toshiba venderá o básico por R$ 700 e o de alta definição por ‘entre R$ 800 e R$ 1.000’. Sony e Gradiente vão fazer só o de alta definição, por cerca de R$ 700.


Qual é a mágica da STB para o valor de R$ 300? ‘A escala’, explicou Brito. ‘Estamos fechando a produção de 5 milhões de unidades em 2008. Os aparelhos de alta definição têm menor escala, pois são para TVs compatíveis, raras no País.’ Mesmo nesses casos o preço deve cair, segundo um representante do grupo indiano Encore, que não quis ser identificado. Com a ajuda de universidades, ele desenvolve componentes nacionais para substituir peças importadas. ‘Teremos receptores de alta definição a R$ 357 no ano que vem’, anunciou. ‘Os gigantes terão de correr atrás.’


Faz sentido. Entrevistado em junho pelo Link, um dos responsáveis pelo desenvolvimento da TV digital brasileira, o professor Marcelo Zuffo, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, destacou que o custo dos componentes já diminuiu bastante. ‘O preço justo de um receptor hoje chega a R$ 300 ou menos.’ O governo quer que o valor fique em R$ 200. Uma fonte do Ministério das Comunicações afirmou que os grandes fabricantes prometem cobrar caro para barganhar isenções e financiamentos. Correm o risco de ver as caixinhas encalharem nas prateleiras.’


***


Alta definição na novela


‘As transmissões em alta definição vão começar por um dos programas preferidos da família brasileira: a novela. Na semana passada, Globo e Bandeirantes estrearam dois novos folhetins no horário nobre – Duas Caras e Dance Dance Dance, respectivamente -, ambos gravados em widescreen (proporção de 16 por 9, como a tela de cinema) e com imagens captadas com nível de detalhamento inédito.


A Globo montou um grande evento em um shopping center de São Paulo para exibir o seu novo produto, no dia 1º. Já a novela da Band só pôde ser vista por quem compareceu a um fórum sobre TV digital em um outro shopping, no dia seguinte. Em ambos os casos, as emissoras ficaram devendo o som surround 5.1, que permite perceber, por exemplo, o local da cena em que um copo é quebrado.


A quantidade de detalhes que se pode ver impressiona. Até pintas pequenas e sardas no rosto dos atores e atrizes ficam evidentes. Mas o formato widescreen não acrescenta muita informação ao que já se assiste em uma novela, porque toda a ação ocorre no centro da tela. A nova proporção deve fazer uma baita diferença na transmissão de esportes, como futebol, vôlei e basquete.’


INTERNET
Bruno Sayeg Garattoni


Está no ar, finalmente, o Joost. E aí?


‘Provavelmente você já ouviu falar do Joost – é aquele programa que serve para ver TV no computador e pretende revolucionar a oferta de vídeos na internet. Graças a uma nova tecnologia de transmissão, o Joost exibe programas completos e com alta qualidade de imagem, na tela cheia do PC (esqueça os clipes curtinhos, e com resolução medíocre, do YouTube).


Isso porque o Joost opera no sistema peer-to-peer. Quando você quer ver determinado vídeo, o programa não vai buscá-lo num servidor central; faz o download diretamente de outros usuários que já tenham assistido àquele vídeo.


É o mesmo princípio do KaZaA (software que popularizou a troca de arquivos na rede) e do Skype – que transformou as ligações telefônicas via web em febre mundial. Dois megassucessos, que foram inventados pelos mesmos criadores do Joost.


Ou seja, o Joost promete. E finalmente o programa, que está em testes desde 2006, foi liberado – qualquer pessoa pode fazer o download, no endereço www.joost.com, e instalá-lo. Há versões para Windows e Mac.


Segundo seus criadores, ele tem mais de 250 canais de vídeo, com 15 mil programas diferentes para assistir. Tudo de graça. Basta ter uma conexão de banda larga.


Mas e aí? A programação é interessante? Depende do seu gosto pessoal, mas veja alguns exemplos. Quando o Link testou o programa, na semana passada, o canal ‘Joost Sugere’ – que supostamente traz os destaques da programação – estava passando o seguinte.


Primeiro, um programa sobre hip-hop, com direito à participação do cantor 50 Cent. Legal. Depois, veio um clipe da banda Wolfmother (quem?) e uma animação da série Happy Tree Friends – mas curtinha, de apenas 3 minutos.


Aí, o Joost emendou com Lexx 3.0 – uma ficção científica ridícula, trash mesmo. Pulando esse programa, o próximo a surgir na tela foi Hot Import Nights – um programa sobre tuning. Em seguida, vieram um programa sobre skate, uma animação bacana (Creative Comforts, vencedora do Oscar) e, como ponto alto, um episódio completo da série Punk’d, da MTV.


Percebeu? Ao contrário do que seus criadores apregoam, o Joost ainda tem sérias deficiências de programação. Ela não é grande coisa. O canal Comedy Central, por exemplo, está no Joost. Mas seu grande sucesso, o desenho South Park, não está.


A agência de notícias Reuters está no Joost. Mas só exibe dois programetes, de 3 minutos, por semana. Quer ver documentários? O Joost não tem Discovery Channel – apenas um canal bem medíocre, o Off the Fence TV. Séries americanas, como Heroes, Lost, etc.? Nem pensar.


Há muitos canais à disposição, mas poucos são realmente atraentes.


A maioria da programação está em inglês – e sem legendas -, mas é possível encontrar alguma coisa em português. Como o Brazilian Music Channel, que traz dezenas de clipes e até shows completos com artistas da MPB. Bacana.


O Joost tem uma ferramenta de busca, ou seja, basta digitar uma ou mais palavras-chave para localizar determinado programa. Todos os vídeos são on demand, ou seja, podem ser assistidos a qualquer hora. Mas não podem ser gravados no PC.


É possível, claro, compartilhar vídeos com os amigos. Basta apertar o botão Copy Link. Aí, o Joost gera um atalho – que você envia por e-mail, e quando clicado, abre o programa que você está vendo (desde que a outra pessoa também tenha o Joost instalado).


O Joost tem até sala de bate-papo. É o Channel Chat, onde dá para conversar com as pessoas que estão vendo o mesmo vídeo que você. Prefere falar via mensageiro instantâneo? O Joost tem mensageiro embutido – pena que é o Google Talk, não o superpopular MSN.


O programa também possui leitor de RSS, ou seja: se você quiser, pode acompanhar as últimas notícias dos seus sites preferidos. Tudo sem tirar os olhos do programa ao qual está assistindo no momento.


Como tecnologia, o Joost é muito legal. Vale conferir. Mas a programação ainda é fraca, os comerciais às vezes irritam e a instalação do software requer cuidados.’


***


Propaganda já é ao estilo da TV digital


‘O Joost funciona como a TV aberta, ou seja, é grátis – a idéia é ganhar dinheiro vendendo espaço publicitário nos intervalos dos programas.


Como os programas do Joost geralmente são curtos, você acaba vendo muitos anúncios – nos intervalos entre um vídeo e outro.


Mas, como há poucos anunciantes (os principais são Nokia, Coca-Cola e a operadora T-Mobile), as mesmas propagandas se repetem demais.


Por outro lado, o Joost estréia um tipo de propaganda interessante: os anúncios interativos (como a TV digital, que está chegando ao Brasil, poderá ter). Durante os programas, às vezes surge na tela uma miniatura com o logotipo de algum produto. Se você não fizer nada, ela some após alguns segundos.


Se você se interessar e clicar, aparece algum conteúdo interativo, que às vezes é até legal. Durante um programa sobre animais, a fabricante de rações Purina exibiu um anúncio interativo – clicando nele, aparecia uma coleção de vídeos da ‘olimpíada de cachorros’, com cães disputando várias provas.


Interessante. Pena que, devido a problemas técnicos no Joost, os vídeos não tenham rodado.


ADIÓS


Os inventores do Joost ganharam fama quando, em 2000, lançaram o KaZaA. E ficaram ricos em 2005, quando venderam o Skype para o megasite de comércio eletrônico eBay. Acontece que, semana passada, a coisa azedou: o eBay entrou em pânico, percebeu que pagou demais pelo Skype (foram US$ 2,6 bilhões) e resolveu demitir seus criadores – que agora vão se dedicar, exclusivamente, a desenvolver o programa Joost.’


***


Software exige muito da conexão à internet


‘O Joost requer uma conexão de banda larga com velocidade de pelo menos 1 Mbps. Não é nenhum absurdo. Mas atenção.


Se o seu serviço de banda larga é Vírtua, que limita a quantidade de dados trafegados, o Joost é um perigo. Isso porque, a cada hora, o programa gera de 200 a 400 MB de tráfego.


Acontece que, no NET Vírtua de 2 Mbps, que é um dos planos de banda larga mais populares atualmente – e tem velocidade de sobra para aguentar o Joost -, há um problema.


Nesse serviço, a cota mensal de tráfego é 20 gigabytes. Ou seja: na pior das hipóteses, bastarão 50 horas de uso do Joost para esgotar a cota. Dá uma hora e meia de uso do Joost por dia.


E isso, claro, sem contar as suas demais atividades na internet, como navegar, baixar e-mails, músicas, filmes etc.


Ou seja: o Joost pode, sim, estourar a cota de uso do Vírtua.


Aí, acontece o seguinte. Ou você fica ‘de castigo’ até o final do mês, com a velocidade reduzida para 200 Kbps, ou então compra ‘cota adicional’ do Vírtua – que custa R$ 40.


Segundo a NET, as cotas existem para evitar que usuários muito vorazes congestionem a rede. A Telefônica e a TVA, que oferecem os serviços Speedy e Ajato, dizem que não limitam o tráfego de dados.


Se você tem Vírtua de 2 Mbps, use o Joost com parcimônia. O Vírtua permite acompanhar o consumo de dados.


Mesmo em conexões Speedy e Ajato, o Joost pode interferir com outras atividades. Então, o ideal é fechá-lo quando não estiver em uso. Clique no ícone do programa, ao lado do reloginho do Windows, e selecione Exit.


Outra coisa: na instalação, selecione Advanced e desmarque o item Run on Startup. Senão, o Joost abrirá sozinho sempre que o PC for ligado.’


Jessica Guynn


Yahoo! tenta mostrar algo de novo


‘Los Angeles Times – O Yahoo! passou quase quatro anos tentando alcançar o Google na tecnologia de pesquisa na web. Na terça-feira da semana passada, tentou dar um salto à frente. O Yahoo! lançou nos Estados Unidos um mecanismo de busca reformulado que, segundo a empresa, pretende dar resultados mais rápidos, mais pertinentes e interessantes do que o líder do mercado, o Google, responsável por mais da metade das pesquisas na internet.


O Yahoo! disse que o aprimoramento é o mais significativo até então desde que desistiu da tecnologia de busca do Google em favor da sua própria. Hoje, o buscador ocupa o segundo lugar nos Estados Unidos. Em agosto, 57% dos internautas americanos pesquisaram pelo Google, enquanto 23% optaram pelo Yahoo!.


O desafio que o Yahoo! enfrenta agora é quebrar o hábito de as pessoas acessarem o Google.


‘É uma batalha penosa’, diz Scott Kessler, um analista da Standard & Poor’s. ‘O Google ficou tão intrinsecamente ligado ao conceito e à prática de pesquisas que o Yahoo! precisa trabalhar mais arduamente para chegar às telas das pessoas.’


‘Procuramos dar um motivo para pessoas entrarem no Yahoo! e fazer pesquisas’, diz Tim Mayer, vice-presidente de produtos da Yahoo! Search. A analista da Forrester Research, Charlene Li, diz que as melhorias do Yahoo! são importantes. ‘O buscador está levando a pesquisa a um outro nível, principalmente porque eles estão fazendo uma ‘leitura da mente’, ou seja, antecipando o que você vai buscar’, comenta.


O novo serviço se chama Search Assist (leia mais abaixo). Quando os usuários digitarem os termos da pesquisa, o Yahoo! mostrará sugestões de formas refinadas de buscar a informação desejada.


O Yahoo! está tomando medidas para melhorar os resultados de pesquisas num momento crítico. É o último mecanismo de busca a reformular a maneira como apresenta os resultados da pesquisa.


Outro buscador, o Ask.com, relançou seu serviço em junho, com uma aparência notavelmente diferente. E, há duas semanas, a Microsoft mostrou seu novo método de exibir os resultados das pesquisas.


Doug Leeds, vice-presidente de gerenciamento de produtos do Ask.com, diz que o Yahoo! quer ‘alcançar o mesmo nível’.


‘Nosso desafio é fazer os usuários nos visitarem com mais freqüência’, diz Leeds, do Ask.com, que atrai entre 20 milhões e 25 milhões de americanos ao mês.


Para oferecer uma melhor experiência, os tecnólogos analisam cuidadosamente os padrões comportamentais e complexos algoritmos para encontrar novas formas de ajudar as pessoas a encontrarem com maior velocidade e facilidade as informações que procuram.


Essas inovações concentram-se em entender a intenção do internauta. Quando eles digitam ‘apple’ (maçã, em inglês) estão procurando a fruta ou a empresa, por exemplo?


Os novos recursos do Yahoo! sugerem formas diferentes de expressar palavras nas buscas, oferecendo uma lista de conceitos relacionados, gerando mais links para fotos, vídeos e música e facilitando a descoberta de informações locais assim como informações sobre as buscas mais populares como esportes, entretenimento e saúde.’


Filipe Serrano


Novidade é útil, mas já existia antes


‘A novidade que o Yahoo! lançou semana passada, o Search Assist (Assistente de Busca, em português) é a primeira mudança em anos que finalmente trouxe alguma vantagem sobre as buscas do Google. O difícil é saber se os internautas vão sentir uma diferença na prática.


A princípio, o novo serviço parece útil e, apesar de só funcionar no site americano do Yahoo! (www.yahoo.com), ele dá conta razoavelmente de algumas buscas em português.


Ao digitar viagem, ele sugere outras buscas como ‘viagem europa’, ‘pacotes de viagem’ e faz outras relações, como ‘consulados’, mas também indica palavras sem sentido: ‘voce’ (sic) e ‘constantino’. Clicando em alguma das sugestões, ele apresenta novas buscas relacionadas com o conjunto de palavras.


Com isso, o Yahoo! quer dar uma mão para a maioria dos internautas que fazem buscas com poucos termos.


Legal, só que esse mecanismo já era usado pelo Google, inclusive na versão brasileira, e por outros buscadores mais desconhecidos (leia mais ao lado). Quando você procura no Google também por viagem, ele mostra no fim da páginas as pesquisas relacionadas, ou seja, bem escondido. E se você clicar em alguma delas, o Google não faz outras combinações.


Então, o que o Yahoo! fez para levar vantagem foi aprimorar um serviço já existente. Difícil é entender por que ele deixou o Search Assist em uma setinha sem destaque na página.’


***


Pesquisar além do Google funciona?


‘O Google não é o único buscador na internet, mas é um faz-tudo. Muito mais do que pesquisar na web, ele funciona até como dicionário (digite define:alguma palavra para ver) e calculadora (escreva ‘46 x 9 / 8’ e confira). Por essas e outras diferenças que dão destaque ao buscador, ele é usado por mais da metade dos internautas americanos e brasileiros e ganha de longe de outros sites.


Mas a maioria das pessoas nem se preocupa em conhecer os concorrentes do Google – ou nem sabe que eles existem.


Por mais que uma pesquisa no Google seja suficiente para grande parte dos internautas, outros buscadores propõem maneiras bem legais e diferentes de fazer uma busca. Então, vamos ver se eles funcionam tão bem quanto o líder.


Já imaginou um site em que uma pessoa faz a pesquisa para você? Essa é a proposta do Chacha (www.chacha.com), a princípio bem empolgante. Depois de fazer um cadastro, você pesquisa qualquer palavra, mesmo em português. De repente, aparece uma janela de bate-papo e um atendente escreve: ‘Bem-vindo ao Chacha! Vou fazer a pesquisa para você’.


Só que depois fica chato. Ele demora mais de 5 minutos para sugerir só seis sites. E qualquer um deles aparecia nos primeiros resultados da mesma pesquisa no Google. Peço outras duas páginas e ele demora mais 5 minutos. Hmmm, melhor tentar outro buscador.


REFINADOS


O Clusty (www.clusty.com) e o iBoogie (www.iboogie.com) ajudam bastante a filtrar a pesquisa. Depois de fazer uma busca, eles mostram os resultados comuns e ainda indicam uma série de palavras relacionadas com a pesquisa, numa espécie de diretórios. Essa tecnologia também serviu de base para a nova ferramenta do Yahoo!, o Search Assist (leia ao lado).


Numa pesquisa por viagem, o Clusty relaciona palavras como turismo, hotel e mundo. Dentro de turismo, ainda há outros diretórios sobre guias, dicas de viagem, praia, agências de viagem, etc. O iBoogie é bem parecido, mas a maioria das sugestões não é em português, mas em inglês.


Existe um outro buscador ainda que segue a mesma linha das sugestões. É o Mahalo (www.mahalo.com). A diferença dele é que, em vez de simplesmente jogar milhares de sites com a palavra que você buscou, ele já tem uma página pronta para as buscas mais populares.


Mas ele só funciona com palavras em inglês. Por exemplo, procurando por lobster, lagosta em português, você cai em uma página com links para temas específicos: receitas, onde comprar lagosta, notícias, blogs, história do crustáceo. Ele ainda traz palavras relacionadas, como siri e camarão.


O princípio do Mahalo é legal, mas, já que não funciona em português, perde toda a graça.


VERDE E AMARELO


Então vamos falar logo dos sites que funcionam para pesquisas no Brasil. O problema é que, desde a compra do Cadê? pelo Yahoo!, não sobrou quase nenhum buscador brazuca no mínimo decente. O único mais bacanudo hoje em dia é o Katatudo (www.katatudo.com.br).


O mais legal que ele oferece é uma busca regional. Ou seja, você faz sua pesquisa e escolhe nos sites de qual cidade ou Estado do Brasil ele vai buscar.


Ao lado das páginas que aparecem nos resultados da busca, há ainda o botão ‘+info’. Se você clicar nele, ainda vê o endereço e, em alguns casos, até o telefone do site. Também pode até clicar em uma opção para o Katatudo mostrar esse endereço no mapa da cidade.


Com o buscador, você consegue ainda selecionar se aquele site é relevante ou não para a sua pesquisa e pode deixar, inclusive, comentários sobre ele. Ou seja, o buscador tem interatividade, apesar de o Link não ter encontrado nenhum site com comentário.


Outro buscador interativo é o iRazoo (www.irazoo.com). Ele também não é tão indicado para pesquisas em português, mas as buscas têm um mecanismo colaborativo.


Depois de entrar em um dos sites procurados pelo iRazoo, ele pergunta se a página é boa ou não de acordo com a sua pesquisa. Se for, da próxima vez que alguém fizer a mesma busca ele vai dar mais destaque para esse site.’


Pedro Doria


O gosto amargo da Apple


‘A palavra da semana é bricked. Vem do inglês, quer dizer ‘tornar tijolo’. Quando você tanto mexe em seu computador – ou iPod, ou console de games ou seja lá o quê – a ponto de que a máquina não liga mais de não ter conserto, ela foi bricked. Virou peso de papel dos mais caros. Virou tijolo.


Alguns iPhones foram bricked esta semana.


Aconteceu assim: a Apple divulgou o primeiro update no software do telefone, que tapa uma série de vulnerabilidades do aparelho. A maioria dos problemas estava no Safari, o browser, mas havia também um galho ou outro no e-mail e um terceiro no protocolo Bluetooth. Evidentemente, estes updates são naturais.


Nos EUA, os iPhones foram vendidos com contratos para a Cingular/AT&T, uma das operadoras de celulares do país. Nas semanas seguintes ao lançamento, alguns hackers desenvolveram produtos para destravar o iPhone, permitindo que operasse com qualquer operadora. E muitos usuários instalaram a modificação.


Quem modificou seu iPhone e fez o update do sistema se danou: o telefone sequer liga. Não apenas deixou de operar como celular, mas também não funciona para navegar pela internet via Wi-Fi ou toca músicas como iPod. Sequer liga mesmo.


Conforme a palavra bricked começa a se popularizar pela imprensa americana, a Apple já havia anunciado que não se responsabilizaria por ninguém que hackeasse o iPhone. Quem o fez correu risco por conta própria.


A Apple ganha um porcentual da conta de telefone de cada usuário do iPhone, então tem interesse nesta parceria com a AT&T. Ainda assim, há um debate entre os analistas. A dúvida: a empresa detonou propositalmente os celulares hackeados ou foi sem querer?


Pode ter sido sem querer. Como a mudança que permite o uso de outras operadoras passa por modificar o modem do iPhone, como o update mexe no Bluetooth, pode ser que algo desta modificação tenha inutilizado o aparelho. A preocupação, afinal, era consertar um problema nos iPhones normais e ninguém se preocupou com aqueles porventura modificados.


Ou então a Apple simplesmente puniu, mesmo, quem alterou o aparelho.


Quem modifica um aparelho digital o faz, sempre, por sua conta e risco. Mas a Apple deixou uma trupe de usuários frustrada – e estes não são quaisquer usuários. Neste número – que varia entre 2% e 10% dos compradores dos iPhones, segundo as estimativas na praça – estão os mais tarimbados tecnicamente.


Isto quer dizer o seguinte: são as pessoas, na família ou no escritório, que os outros procuram na hora de comprar um computador ou uma câmera digital ou um player de MP3.


Sempre que se faz algo contra o pequeno porcentual de pessoas que manja muito de tecnologia, corre-se um risco grande. Dificilmente eles recomendarão um aparelho daquela marca novamente.


Certamente há um problema ético aí.


Os grupos de hackers já estão trabalhando ininterruptamente. Até o fechamento desta edição, já haviam conseguido recuperar alguns iPhones, reinstalando a versão anterior do sistema. Mas ainda era uma recuperação parcial. Funciona como iPod, como computador de bolso. Como celular, não. É bem possível que consigam recuperá-los por completo. Essa turma é mágica.


Assim, periga que tudo vire um jogo de gato e rato, com no próximo update a Apple inutilizando mais uma penca de aparelhos e os hackers conseguindo reverter o processo indefinidamente. No meio do caminho, utilizando-se de uma estratégia de medo, por certo a empresa de Steve Jobs conseguirá dissuadir muita gente de tentar libertar seu iPhone.


Mas cá fica um gosto amargo que a Apple nos deixa.’


TELEVISÃO
Cristina Padiglione


Playboy leva à Net mais dois canais


‘Quando o cardápio é canal erótico, a concorrência dá trégua: quanto maior o pacote de opções, maior as perspectivas de faturamento. Assim, o menu de emissoras à la carte da Playboy do Brasil Entretenimento (parceria entre a Playboy e a GloboSat), que já tem três canais do gênero, acaba de abraçar mais duas opções. Ao Sexy Hot, Playboy e For Man, juntam-se agora o Vênus e o sofisticado Private Gold nas ofertas da Net digital.


Divertido é contar que o Private tem produção refinada, com os mais belos atores em cenários paradisíacos. E isso não causa depressão no espectador comum? A turma do Private jura que não. Diz que entre América Latina e Península Ibérica, 65% de seu público é masculino; 51% tem de 20 a 34 anos e 43%, de 35 a 49 anos.


Nas contas do diretor da Playboy do Brasil Entretenimento, Maurício Palleta, só Sexy Hot, For Man e Playboy somam hoje 200 mil assinantes no Brasil. ‘A meta é crescer 24% com os novos canais’, diz. Em 2008, mais um canal da Playboy – Fresh ou Shorteez – se juntará a esse cardápio. Se há espaço para todos? Palleta cita os diferenciais de cada um e emenda: ‘Temos aprendido que há gosto pra tudo.’


Mão na massa


Angela Leal fez uma participação em Sete Pecados como Edith, organizadora do concurso de culinária em que Clarice (Giovanna Antonelli) participa (e ganha!). A receita escolhida foi a do Pudim do Amor, da avó de Dante (Reynaldo Gianecchini). A cena vai ao hoje.


entre-linhas


Sim, Karina Bacchi e Ticiane Pinheiro vão lançar um livro. Comunicado à imprensa garante que amigos como Otávio Mesquita e Luana Piovani estarão presentes no lançamento de Patricinhas sem Salto.


E já que a cara-metade lança livro, por que Roberto Justus não pode gravar um CD? Eis a nova meta do publicitário.


A Bandeirantes negocia a inserção de seu Band News em ônibus circulares de São Paulo.


A MTV estréia amanhã, às 23h30, a animação japonesa Desert Punk.


Para quem perdeu: a ESPN reprisa hoje, às 12h30, a boa conversa entre Juca Kfouri e Tutty Vasquez no Juca Entrevista.


A minissérie Amazônia está entre as apostas que a Globo leva à MipCom, feira de TV que vai de hoje até sexta-feira em Cannes. Na bagagem, segue todo o catálogo de novelas da casa.


A Record anuncia que também terá estande na MipCom. Leva à Riviera Francesa seu catálogo de novelas e programas de aventura e meio ambiente.


A TV Cultura mudou de Agendinha para Pé na Rua o título dos blocos dedicados à programação infanto-juvenil que estréiam hoje no Metrópolis.


Tropa de Elite também está no foco da Cultura hoje. O diretor José Padilha ocupa o centro do Roda Viva, às 22h40. Entre os entrevistadores, o crítico do Estado Luiz Zanin e o sociólogo Luiz Eduardo Soares.’


************