Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Eleitores ainda buscam poucas informações na internet


Leia abaixo a seleção de quinta-feira para a seção Entre Aspas.


 


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Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 29 de julho de 2010


 


ELEIÇÕES 2010


Eleições.com


Falou-se muito sobre o papel relevante da internet na eleição do presidente norte-americano, Barack Obama, fenômeno que poderia se repetir no pleito brasileiro. A rede mundial de computadores ganha cada vez mais adeptos no país, que é o quinto do mundo em número de conexões. Embora pouco precisas, as estatísticas indicam que cerca de 67 milhões de pessoas com mais de 16 anos têm acesso ao mundo on-line.


A mais recente pesquisa de intenção de voto do Datafolha mostrou no entanto que o eleitorado reserva um lugar modesto para a internet na busca por informações sobre a disputa. A TV (65%) e os jornais (12%) são os meios mais citados. A rede e o rádio vêm em terceiro, com 7% cada um.


Quando o Datafolha solicita aos entrevistados que enumerem três meios de comunicação que usam para se informar sobre o pleito, 27% mencionam a internet -atrás de conversas com amigos e familiares (citadas por 32%). Já a TV é mencionada por 88%, seguida dos jornais (54%) e do rádio (52%).


A TV tem mais força entre habitantes da região Nordeste e setores de renda mais baixa, diferentemente dos jornais, que se destacam nos segmentos com mais poder aquisitivo. Os mais ricos também são mais ligados à internet, assim como os mais escolarizados e mais jovens.


As comparações com os Estados Unidos devem levar em conta não apenas o fato de que lá parcela mais ampla da população está ligada à rede. Há outros fatores a considerar, a começar pelo sistema eleitoral dos dois países.


Não existe horário eleitoral gratuito na TV norte-americana, algo que, no Brasil, faz desse veículo uma referência praticamente incontornável para os eleitores. O ‘comício eletrônico’ invade os lares do país, em meio à programação diária das emissoras, nas faixas com audiência mais elevada.


Além disso, nos EUA, comparecer às urnas não é obrigatório e a maioria dos que votam tem registro em um dos principais partidos. Com o voto facultativo, a mobilização do eleitor pode ser decisiva para o resultado. É fundamental para partidos e candidatos convencer o cidadão a sair de casa para fazer sua escolha. Nessa tarefa, a internet revelou-se um instrumento valioso.


Um outro aspecto diz respeito às contribuições individuais para campanhas, que nos EUA se beneficiam da rede de computadores, enquanto aqui mal engatinham.


Um estudo sobre as relações entre eleições (no caso, as de 2006 e 2008) e internet, realizado pelos professores Vladimir Safatle e Marcelo Coutinho, da USP e da Fundação Getulio Vargas, verificou que o espaço virtual no Brasil é mais usado para alimentar sectarismos do que para buscar e trocar informações.


Como não é difícil constatar, internautas atuam em blogs e redes sociais para reforçar opiniões já formadas, oferecer material de campanha a militantes e tentar influenciar os veículos tradicionais. Esse tipo de atuação contribui para reforçar mais um problema: a facilidade com que, no mundo on-line, circulam boatos, notícias forjadas e opiniões comprometidas.


Não se trata de subestimar o potencial da internet na conquista do eleitor, que deve aumentar no Brasil. Mas fenômenos eleitorais como o de Obama não se reproduzem com base em receitas.


 


 


Josias de Souza


Comitê de Serra cria esquadrão antiboato


O comitê de campanha do presidenciável José Serra (PSDB) montou um ‘esquadrão antiboato’. É composto por 15 equipes de repórteres e cinegrafistas. Percorrem o país à procura de ‘boatos’.


Produzem relatórios para o núcleo de marketing da campanha, comandado pelo jornalista Luiz Gonzalez.


Em privado, Serra se diz convencido de que o PT, partido de Dilma Rousseff, espalha rumores com o intuito de prejudicar sua campanha.


A opinião é compartilhada pelos operadores do comitê tucano. Num cenário de disputa apertada, decidiu-se priorizar a desmontagem das supostas aleivosias.


Na madrugada de quarta, plugado à web, Serra rebateu, em resposta a um internauta, um dos ‘boatos’ que considera mais frequentes: ‘É claro que não é verdade’, anotou Serra no Twitter. ‘Privatização do Banco do Brasil é puro terrorismo eleitoral.’


Antes, na terça-feira, num ato de campanha em Palmas (TO), Serra acusara ‘cabos eleitorais petistas’ de promoverem ‘mentiras, insultos e truques’. Como exemplo, citara o ‘boato’ de que privatizaria a Ceagesp, vinculada ao Ministério da Agricultura.


‘É tudo cabo eleitoral’, rebatera Serra, ‘não é gente que entende de abastecimento. Quem vai perder o emprego é esse pessoal, que está lá por nomeação política e não entende nada do assunto’.


Líder do governo na Câmara e integrante do comitê de Dilma, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) reage com ironia: ‘Parece piada. Como falta discurso ao Serra, ele vem agora com essa história de boatos. Isso não existe nem é necessário’, disse.


‘O que inspira a desconfiança em Serra é o comportamento do candidato’, diz: ‘Quando diz que vai dobrar os investimentos do Bolsa Família, ninguém acredita’.


‘Nas reuniões com empresários’, acrescentou Vaccarezza, ‘aparece outra dúvida frequente. Eles não sabem o que o Serra faria com o Banco Central e o câmbio’.


Alheio à negação, o comitê tucano age para desmontar ‘evidências’ de boataria que diz ter detectado nos relatos das equipes de reportagem.


Mencionam-se dois exemplos. Um supostamente recolhido no Nordeste. Outro, na Amazônia. No primeiro, uma gerente de agência da CEF teria dito a uma beneficiária do Bolsa Família que, sob Serra, o programa seria extinto.


No segundo, um partidário de Dilma teria declarado que, se eleito, o tucano extinguiria concursos públicos e demitiria os servidores.


‘Essa história de central de boatos não cola’, Vaccarezza rebate: ‘Não precisamos disso’. Para ele, quem recorre ao ‘jogo rasteiro’ é Serra: ‘Nós não entraremos nesse jogo. Vamos manter a nossa linha, que é a de discutir os rumos do país’.


 


 


Denise Menchen


Regina Duarte diz que aprendeu a ficar quieta e guardar opiniões


A atriz Regina Duarte, 63, afirmou anteontem, após participar de um evento sobre a história da telenovela, no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) do Rio, que sua participação na campanha de José Serra (PSDB) à Presidência, em 2002, foi um ‘aprendizado importante’.


Segundo ela, a reação à gravação exibida no programa do tucano a ensinou a ‘ficar mais quieta’ e ‘guardar para si as suas opiniões’.


No depoimento, até hoje disponível na internet, a atriz dizia estar com medo de que o Brasil pudesse perder a estabilidade econômica caso Lula fosse eleito.


Anteontem, Regina disse que não pretende se envolver com as eleições deste ano, que marcam a volta de Serra à disputa ao Planalto.


Aos 45 anos de carreira, ela também se mostrou melancólica ao comentar as mudanças surgidas com a idade. ‘Tive um nível de exposição que sinto que, daqui para a frente, vai se modificar.’


Ela lamentou o fato de não ter ‘energia’ para produzir seus próprios espetáculos e de não receber mais tantos convites para atuar.


‘Estou numa fase de ficar me debatendo, não sendo mais chamada como já fui. Então tem um ajuste que precisa ser vivido, e espero vivê-lo com a maior dignidade’, afirmou a atriz.


 


 


WIKILEAKS


Batalha da informação


A coleção de quase 92 mil documentos sobre a atuação militar dos EUA no Afeganistão, divulgada pelo site WikiLeaks, pelos jornais ‘New York Times’ e ‘Guardian’ e pela revista ‘Der Spiegel’, corrobora a avaliação dos mais severos críticos do combate iniciado por George W. Bush, após o 11 de Setembro, e aprofundado pelo presidente Barack Obama.


Como resume o especialista em Afeganistão Barry Posen, vinculado ao Instituto de Tecnologia de Massachusetts, ‘as coisas estão piores do que pensávamos’. ‘Os paquistaneses são menos confiáveis, o Taleban é mais forte, a Casa Branca não sabe o que está fazendo e distorce a realidade.’


Os documentos conferem um rosto desumano a uma guerra até aqui travada à distância do escrutínio da opinião pública. Como já havia ocorrido com a Guerra do Vietnã, as barreiras à informação erguidas pelo governo dos EUA foram furadas.


Surgem agora evidências de traição por parte dos serviços de inteligência do Paquistão, que têm dado apoio a insurgentes afegãos; há relatos de baixas civis mais numerosas do que se acreditava, incluindo assassinatos de crianças e deficientes físicos; e aparecem provas de fortalecimento do Taleban e de incompetência do Exército norte-americano.


O governo Obama obteve sucesso no primeiro teste político após a divulgação das informações. Por 308 votos a 114, a Câmara dos Representantes dos EUA aprovou o aumento de verbas para financiar o envio de mais 30 mil soldados. Ainda assim, 102 deputados do partido do presidente se posicionaram contra a medida.


Se não houver avanços na guerra -e não tem havido-, o contingente de insatisfeitos e opositores só vai aumentar. Os documentos constituem uma fonte quase inesgotável de argumentos na disputa pela opinião pública, batalha na qual o governo Obama também se encontra em dificuldades.


 


 


Site que vazou registros ignora fontes, diz editor


Julian Assange, editor do WikiLeaks, que vazou mais de 91 mil arquivos sobre a guerra no Afeganistão, diz que a estrutura do site não permite a identificação das fontes.


‘Todo nosso sistema é desenhado para que não tenhamos que guardar esse segredo [a fonte]’, disse ele em Londres.


Segundo Assange, é a equipe do WikiLeaks que verifica a validade dos dados. ‘Vemos muitos envios fabricados, normalmente em época de eleições.’ Ele disse que o grupo que verifica a identificação ainda não publicou documentos falsos no site.


Os militares americanos não negaram a autenticidade dos arquivos e mostraram-se preocupados com a revelação dos documentos secretos.


Inimigos como o Taleban, ou mesmo os russos, devem usar os documentos para avaliar pontos fracos do Exército dos EUA, disse o ex-diretor da CIA Michael Hayden.


O procurador-geral dos EUA, Eric Holder, disse que uma investigação do Pentágono vai decidir se haverá uma denúncia criminal contra o vazamento de dados da guerra feito pelo WikiLeaks.


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


‘Brazil calling’


A notícia surgiu no português ‘Jornal de Negócios’ e depois no espanhol ‘El País’. E tomou o mundo. Na manchete da ‘Economist’, ‘Brasil chamando’, com o destaque de que a Telefónica ‘finalmente’ conseguiu a Vivo, ainda que por ‘um preço que analistas julgam loucamente alto’. Já a Portugal Telecom ‘continuará no Brasil’ e, ‘portanto, parece a vencedora óbvia’. Mais importante, ‘o desespero das duas empresas da velha Europa para conseguir um pé num mercado de alto crescimento ficou evidente’.


Alto da home do ‘Wall Street Journal’, ‘Telefónica vence batalha pela Vivo’, mas ‘PT não encolhe muito e mantém presença num mercado de crescimento’, com a Oi. ‘O Brasil virou campo de batalha, com as empresas mais e mais atraídas pelo alto crescimento e a população jovem.’ O ‘Financial Times’ avaliou o negócio como aparente ‘win-win-win’, vitória para as três teles e até o governo português, mas alertou que foi menos vitória e mais ‘alívio’.


5+3?


A agência russa RIA Novosti noticiou que a União Europeia vai discutir com EUA, Reino Unido, França, China, Rússia e Alemanha, o chamado grupo 5+1, ‘a proposta do Irã de incluir Turquia e Brasil nas negociações sobre seu programa nuclear’. Foi o que anunciou a chanceler da UE, em Bruxelas. O ‘Moscow Times’ acrescenta que ‘a Rússia quer a presença de Turquia e Brasil’.


E o ‘WSJ’ destacou na home que, segundo o chanceler turco, ‘o Irã se compromete a parar de enriquecer urânio em grau elevado se as potências concordarem com o acordo de troca de combustível fechado com Turquia e Brasil’.


DESISTÊNCIA


A ‘Foreign Policy’ postou na home a saída do ‘principal especialista em Irã’ do Departamento de Estado, Jim Limbert. Ele diz que resolveu deixar o cargo diante da ‘sensação de que não estamos no lugar em que queríamos estar’ e de que o governo Obama não escapou da sina de três décadas de ataques retóricos a Teerã, que ‘não criam uma confiança’ mútua.


A ‘FP’ vê a desistência como ‘ponto de mudança’ -e ouve Trita Parsi, do Wilson Center, que prepara livro sobre a relação EUA-Irã e diz que Obama ‘não mostrou a paciência necessária e deveria ter reagido com mais entusiasmo ao acordo turco-brasileiro’.


UNIDOS Abrindo uma foto da reunião do grupo Basic (Brasil, África do Sul, Índia e China) realizada no Rio, o ‘China Daily’ saudou a ‘união’ dos países, ‘ainda à espera dos ricos’ que haviam prometido financiar ações antiaquecimento


CONTRA A CHINA, A ÍNDIA?


No alto da home da Americas Society, de Nova York, ‘América Latina olha para a Índia’. Ressalta que ‘a China pode estar um passo à frente no comércio e no investimento, mas a região começa a ver o crescimento indiano como uma ‘tremenda oportunidade’.


Cita a parceria com o Brasil ‘como colega Bric’ e o acordo de comércio preferencial que fechou com o Mercosul. E detalha estudo publicado anteontem pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento, ‘Índia: A Próxima Coisa Grande da América Latina?’.


APARÊNCIA É FUNDAMENTAL


O estudo ‘Parecendo um Vencedor: Aparência do Candidato e Sucesso Eleitoral em Novas Democracias’ ainda não saiu na revista ‘World Politics’, da universidade Princeton, mas uma versão já foi postada pelo MIT e ecoou no ‘Washington Post’. Em suma, cientistas políticos mostraram alguns pares de fotos de candidatos de Brasil e México a eleitores de Índia e EUA e perguntaram ‘qual seria o melhor para eleger’.


Em 75% das respostas, indianos e americanos acertaram o vencedor brasileiro. Em 68%, o mexicano.


 


 


JORNALISMO INVESTIGATIVO


Abraji inaugura hoje seu 5º Congresso Internacional em SP


Começa hoje em São Paulo o 5º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, promovido pela Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo). As inscrições já acabaram. Realizado na Universidade Anhembi Morumbi, na Vila Olímpia, a programação do congresso começa hoje às 9h e vai até 17h45 de sábado (31). O congresso terá como eixos a cobertura de eleições, a cobertura esportiva e a cobertura de desastres naturais. Estão previstas mais de 70 apresentações ao longo dos três dias. Lowell Bergman, ganhador do prêmio Pulitzer, será uma das principais atrações. Ele fará a palestra de encerramento.


5º CONGRESSO DA ABRAJI


QUANDO 29 a 31 de julho


ONDE Universidade Anhembi Morumbi, rua Casa do Ator, 275, Vila Olímpia, unidade 7 – São Paulo


INFORMAÇÕES www.abraji.org.br


 


 


TELEVISÃO


Audrey Furlaneto


‘CQC’ vai pagar R$ 153 mil a atriz pornô por danos morais


A Justiça decidiu que a Band deve indenizar com R$ 102 mil a atriz pornô Pamela Butt. Convidada do ‘CQC’ em 2009, foi chamada de ‘prostituta’ por Marcelo Tas e de ‘puta’ por Rafinha Bastos na bancada do programa.


A produtora argentina Eyeworks – Cuatro Cabezas, que desenvolveu o ‘CQC’, também foi condenada a pagar R$ 51 mil. Ao todo, a indenização chega a R$ 153 mil.


Procurada pela coluna, a Band respondeu que ‘não foi intimada da decisão’ e, por isso, não vai se manifestar.


Pamela Butt, que tem dois filhos, disse à Justiça que aceitou participar do quadro (pré-gravado) ‘Palavras Cruzadas’ como atriz pornô, para responder às mesmas perguntas que um padre.


Nos comentários feitos na bancada, sem a participação dela, no entanto, Tas disse: ‘Eu vou convocar a presença de um padre e de uma prostituta. (…) Eu falei errado, vocês vão me desculpar. É um padre e uma atriz pornô’.


E Rafinha Bastos ironizou: ‘A pessoa ganha dinheiro pra filmar. Não, não é puta, imagina, imagina [risos]…’.


Na defesa, a Eyeworks declarou que, ‘moralmente falando, tanto prostitutas quanto atrizes pornôs obtêm seus proventos por meio do mercado do sexo’, o que ‘justifica o equívoco’. O juiz considerou a defesa de ‘uma desfaçatez enorme’.


AMADA AMANTE Stela (Maitê Proença) arma com o mordomo da família para ficar a sós com Agnello (Daniel de Oliveira); a cena de ‘Passione’ vai ao ar depois do dia 3


Novatos Uma das poucas séries da temporada de verão dos Estados Unidos que emplacaram, ‘Rookie Blue’ vai estrear no Brasil em setembro. Foi comprada pelo Universal Channel. Conta a história de policiais que acabam de se formar e vão atuar nas ruas.


Pesadinha Lucimara Parisi, ex-diretora do ‘Domingão do Faustão’ e agora no SBT, prepara programa para a internet. Vai lançar no próprio site ‘revista de variedades’, com ‘coisas mais pesadinhas’ à noite. Exemplo: entrevistas com garotas de programa.


Escada Um dos programas que acirraram a briga pela audiência aos domingos à noite, o ‘Domingo Espetacular’, da Record, cresceu 40% desde janeiro, quando a média de audiência era de 10 pontos. Em julho, foi de 14 pontos.


Merchan filosófico A novela ‘Ti Ti Ti’, da Globo, que já faz propaganda da Faap na trama (o chamado ‘merchan’), terá outra mensagem na linha ‘acadêmica’: um personagem deve aparecer lendo o livro ‘Retornar com os Pássaros’, de Pedro Maciel.


Quase famosos 1 No SBT, a nova novela ‘Corações Feridos’, de Íris Abravanel, começa a fechar o elenco. Terá a atriz Elaine Mickely, mulher de César Filho, como mãe da protagonista, vivida por Patrícia Barros. A estreia está programada para novembro.


Quase famosos 2 Na Record, o docudrama que faz o escritor Machado de Assis viajar no tempo (para 2010) terá como protagonista o ator Marcio Vito, que fez participação na última temporada de ‘Malhação’, na Globo.


 


 


E-BOOK


Stieg Larsson é o primeiro best-seller versão kindle


O sueco Stieg Larsson (1954-2004) tornou-se o primeiro escritor a vender mais de 1 milhão de livros no formato eletrônico, o kindle.


O anúncio foi feito anteontem pela Amazon, responsável pelo leitor digital.


Autor da trilogia ‘Millennium’, Larsson é também um fenômeno de vendas em papel: já vendeu mais de 40 milhões de livros no mundo.


Na lista dos livros eletrônicos mais vendidos no exterior publicada pela Folha no último sábado, os três primeiros lugares são ocupados pela série de Larsson: ‘Os Homens que Não Amavam as Mulheres’, ‘A Menina que Brincava com Fogo’ e ‘A Rainha do Castelo de Ar’.


No Brasil, a trilogia, publicada pela editora Companhia das Letras, já vendeu 270 mil exemplares.


Protagonizada pela hacker Lisbeth Salander, ‘Millennium’ mescla o gênero policial tradicional com aspectos como a corrupção no mercado financeiro e os movimentos neofascistas.


Os temas foram inspirados pelas pesquisas de Larsson, jornalista que denunciou organizações racistas e militou pelos direitos humanos.


Uma adaptação cinematográfica sueca de ‘Os Homens que Não Amavam as Mulheres’ estreou no Brasil em maio. Outra versão, hollywoodiana, será dirigida por David Fincher (‘Zodíaco’).


Vítima de um ataque cardíaco pouco depois de entregar a série aos editores, Larsson morreu sem presenciar o sucesso de seus livros.


No mês passado, manuscritos inéditos do autor, datados dos anos 1970, foram descobertos na Suécia.


 


 


 


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O Globo


Quinta-feira, 29 de julho de 2010


 


CONAR


Lino Rodrigues


‘A competência para disciplinar a publicidade é do Congresso’


No ano em que completará 30 anos, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) se prepara para muito trabalho. Seu presidente, o jornalista Gilberto Leifert, eleito para o seu sexto mandato, garante que o órgão, que tem um orçamento de US$ 2 milhões, está preparado para enfrentar as investidas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o desafio da ‘nova economia’, que trará mais investimentos em propaganda e uma cobrança maior da sociedade brasileira por anúncios honestos e éticos


O GLOBO: Como o Conar tem acompanhado a evolução do consumidor brasileiro?


GILBERTO LEIFERT: Procuramos nos manter antenados com a evolução da sociedade. A ideia é que propaganda depende de credibilidade. Então, anúncio honesto, verdadeiro, em conformidade com as leis, ético, atende às necessidades da indústria de ter credibilidade e à necessidade do público de receber informações corretas, úteis. Quanto mais informado, mais apto para fazer escolhas.


Como o senhor viu a recente ação da Anvisa, que tentou impor sanções à publicidade de determinados alimentos?


LEIFERT: A Constituição determinou que só uma lei federal, votada pelo Congresso Nacional, sancionada pelo presidente da República, poderá disciplinar a publicidade. A competência legislativa para essa matéria é do Congresso. A Anvisa fez tentativas de cerceamento das liberdade de expressão comercial em nome de propósitos relevantes, porém sem conformidade com a Constituição.


Em nome da saúde, a autoridade sanitária se permite desrespeitar a competência legislativa do Congresso.


O Conar não teme uma decisão desfavorável?


LEIFERT: Costumo dizer que o presidente da República não pode, por decreto, legislar sobre publicidade. A competência é do Congresso. Se o presidente da República não pode, uma resolução de diretoria colegiada de uma autarquia também não pode. Minha crença é que vai prevalecer a Constituição.


Caso haja por parte da Anvisa a tentativa de fazer valer a resolução, certamente vamos à Justiça questionar.


Há mais de 200 projetos no Congresso que pretendem impor limites à publicidade. Como o Conar vê isso?


LEIFERT: O fórum é o Congresso Nacional. Ele tem legitimidade para adotar legislação, desde que a liberdade de expressão não seja ferida. O volume de reclamações contra a publicidade nos órgãos de defesa do consumidor é tão pouco significativo que, ao contrário do que sugere a avalanche de projetos de lei e as iniciativas da Anvisa, não existe uma epidemia de propaganda enganosa, ofensiva ou abusiva no Brasil que justifique a intervenção maior do Estado.


Mesmo com essa pressão?


LEIFERT: A correção dos anúncios, ou revisão das normas éticas, é o que fazemos aqui o tempo todo. Os próprios anunciantes costumam exercer o controle um do outro.


Não fazemos censura prévia, atuamos sempre depois de o anúncio ser veiculado.


Vocês estão esperando novas investidas da Anvisa?


LEIFERT: A expectativa é que ela atenda à recomendação da Advogacia-Geral da União de revogar a resolução ou suspendêla por iniciativa própria.


Poderia haver um acordo entre Conar e Anvisa em setores nos quais a agência mostrasse prejuízo ao consumidor?


LEIFERT: Temos mantido diálogos com a autoridade sanitária.


Verificamos que existe um defeito em suas propostas, que podemos resumir na confusão entre produto, publicidade e consumo. Os alimentos e refrigerantes, alvo dessa última resolução, são seguros para o consumo porque foram licenciados pela própria Anvisa. Ela não pretende qualquer alteração na fórmula desses produtos.


A resolução se limita a impedir a livre manifestação e propagação de produtos lícitos.


É uma interferência danosa…


LEIFERT: A publicidade não é um problema da Anvisa. Na Constituição, cinco categorias são indicadas como passíveis, como objeto de advertência quanto ao consumo: tabaco, bebidas alcoólicas, medicamentos, tratamentos e defensivos agrícolas. Não estão incluídos alimentos e refrigerantes.


Com o crescimento da economia, o Conar está tendo mais trabalho?


LEIFERT: Nessa nova economia existe um enorme contingente de pessoas que ainda vai ingressar no mercado de consumo. Elas têm agora mais acesso à informação e se tornarão mais exigentes em relação às promessas dos fabricantes. Fabricantes de produtos e serviços de outros países também terão de se adaptar à legislação brasileira. Não basta vir para o mercado, será necessário atender bem o consumidor.


E estaremos de olho nessa nova publicidade.


 


 


INTERNET


‘WSJ’: Google prepara rival para Facebook


A Google vem mantendo discussões com companhias de videogames para desenvolver um novo serviço que competirá com o site de relacionamento Facebook, afirmou ontem o diário de negócios ‘Wall Street Journal’, citando fontes próximas do assunto. No mês passado, já haviam circulado rumores de que a Google teria sua própria rede social, que seria batizada de Google Me.


Segundo o ‘Journal’, a Google manteve negociações com as produtoras de games on-line Playdom, Playfish (da Electronic Arts) e Zynga Game Network.


As fontes afirmaram que os planos ainda não estão fechados e não há uma data, mas asseguraram que os jogos seriam parte de uma grande rede social que a Google está desenvolvendo.


Em entrevista ao ‘Journal’, o diretor-executivo da Google, Eric Schmidt, não quis falar sobre o assunto. Ao ser perguntado se o serviço se assemelharia ao Facebook, ele disse apenas que ‘o mundo não precisa de uma cópia’.


Os jogos on-line têm crescido cada vez mais, acompanhando a expansão das redes sociais. O ‘Farmville’, da Zynga, faz sucesso no Facebook.


De olho nessa fatia de mercado, a Walt Disney fechou anteontem a compra da Playdom, por US$ 563,2 milhões. A empresa vai pagar mais US$ 200 milhões se a Playdom cumprir metas de crescimento


Facebook ganha ação por quebra de patente Já o Facebook venceu ontem uma ação na Justiça em que era acusado de quebra de patentes pela Leader Technologies.


O júri determinou que a patente da Leader era inválida, afirmou o advogado do Facebook, Michael Rhodes.


— É xeque-mate. Estamos muito satisfeitos.


A Leader abriu o processo contra o Facebook em 2008, afirmando que a rede social teria quebrado uma patente de 2006 que protegia uma ferramenta de colaboração on-line criada por seu fundador, Michael McKibben.


O Facebook, fundado em 2004, entrou com outra ação alegando que não houve violação e que a patente da Leader era inválida. A rede social mostrou que uma ferramenta idêntica havia sido patenteada anos antes.


 


 


WIKILEAKS


Novela jornalística por documentos vazados


Não fosse um curioso, persistente e importante colaborador do jornal britânico ‘Guardian’, o escândalo sobre o vazamento de documentos relacionados à guerra no Afeganistão não teria atingido tais proporções. A reportagem, para muitos jornalistas um sonho de carreira, só foi obtida depois que Nick Davies iniciou, em junho, uma verdadeira jornada atrás do fundador do site Wikileaks, Julian Assange, com quem negociou insistentemente a divulgação.


O interesse de Davies surgiu em meados de junho, quando o soldado Bradley Manning, analista de inteligência do Exército americano, foi acusado de vazar uma quantidade enorme de documentos confidenciais sobre os Estados Unidos ao site. A partir daí, o repórter sabia que o Wikileaks publicaria novos dados, e esperava conseguir convencer Assange de ter seu jornal entre os beneficiados.


Depois de inúmeras pesquisas e telefonemas a uma rede de pessoas ligadas ao fundador do site, o jornalista descobriu que Assange estaria no Parlamento Europeu.


— Enquanto eu estava no trem, tentei formular o que diria a ele — relembrou Davies. — Não ia funcionar se eu dissesse ‘sou um repórter ganancioso, e gostaria de pegar todas as suas informaçõs e colocar no meu jornal’— contou.


No dia 22 de junho, durante um encontro de seis horas num café de Bruxelas, Assange sugeriu que tanto o ‘Guardian’ quanto o ‘New York Times’ tivessem acesso a algumas informações do site sobre a guerra no Afeganistão. Cada jornal publicaria partes dos documentos. No dia seguinte, o fundador do Wikileaks informou que a revista alemã ‘Der Spiegel’ também estaria entre os beneficiados.


Como num filme, Davies preferiu não contar a proposta por telefone. Resolveu, então, pegar um trem de volta para a Inglaterra, onde informou Alan Rusbridger, editor-chefe do ‘Guardian’, sobre as negociações. Rusbridger, por sua vez, ligou para Bill Keller e Mathias Müller Von Blumencron, editores do ‘New York Times’ e da ‘Der Spiegel’.


O acordo também parecia de cinema: apesar de não haver — na época — uma data fixa para a publicação, o Wikileaks concordou em segurar os documentos por apenas algumas semanas.


Os jornais e a revista dariam o material simultaneamente com o site, assim que determinada a data de publicação. O dia deveria estar de acordo com todos os editores, já que a revista é semanal.


Finalmente, foi decidido que às 22h (em Londres) do dia 25 de julho, o mundo teria acesso a milhares de informações sobre a guerra no Afeganistão.


 


 


 


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