Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Eles assustam!

O que vêm fazendo com a língua portuguesa é realmente lamentável. E, ultimamente, uma coisa vem me deixando especialmente irritado: os apresentadores Fausto Silva, o ‘Faustão’, e Augusto Liberato, o ‘Gugu’, perguntam se as pessoas ‘assustam’ facilmente, quando querem saber se elas se assustam. E todos, na televisão, quando querem saber o nome de uma pessoa, perguntam como ela ‘chama’.

Rogério Ferraz Alencar, técnico da Receita Federal, Fortaleza

Português… – Carlos Brickman [rolar a página]



Falta jornalista

Entendo os argumentos de Ludmilla Duarte, mas não posso deixar de comentar que o carnaval baiano, assim como o carioca, deixou de ser popular há um bom tempo, já que os famosos abadás custam, em média, R$ 600.

Fora isso, nós jornalistas, não devemos ter nenhum preconceito com sotaques de outras regiões. Devemos, sim, fiscalizar e saber o motivo de tantos não-jornalistas diante das telas durante o último Carnaval. Seria esse o pivô de tanta desinformação?

Quanto ao texto ‘Desrespeito lá fora, despudor aqui dentro’: cara colega Elaine, você tem toda a razão. Já tive a oportunidade de estudar na Itália e fui muito assediada. Além do mais, a imprensa italiana, assim como em boa parte da Europa, é capenga, cafona e mal-informada.

Qualquer jornaleco de bairro em São Paulo ou no Rio de Janeiro é melhor e mais interessante (também do ponto de vista estético e editorial) do que aquilo que eles fazem por lá e que chamam de jornalismo. Portanto, vamos combinar: eles não sabem e nem respeitam nada que acontece fora do próprio quintal.

Aclair Santana, jornalista, Santos, SP

Desinformação com sotaque carioca – Ludmilla Duarte

Desrespeito lá fora, despudor aqui dentro – Elaine Chrysostomo



Um imenso botequim

As propagandas de cerveja perderam o pudor, viraram campanhas institucionais agressivas que fazem abertamente a apologia da bebedeira em público como um comportamento divertido, bem visto e até inevitável. Na série ‘Ilha Quadrada’, a cerveja Skol é elevada ao patamar de poderosa droga psicotrópica, cujos usuários dançam e namoram sem parar. O mundo é uma praia e alguns banhistas foram seqüestrados para a ‘Ilha Quadrada’, onde só tem ‘cerveja quadrada’, estupefaciente que os transforma em retardados. Mas nem assim eles conseguem deixar de tomar cerveja.

No fim, todas as campanhas impingem uma mensagem comum: o Brasil é um imenso botequim e sua obrigação como brasileiro é consumir muita cerveja todo dia, portanto prefira a nossa marca. E tome desastres de carro, briga com morte e demais conseqüências da embriaguez social.

Paulo Malária, músico, Rio de Janeiro, RJ



Ronaldinho Gaúcho e o pato

Recentemente, quase todos os grandes jornais publicaram em primeira página uma foto de uma janela quebrada e outra do jogador Ronaldinho Gaúcho, com a alegação de que ele quebrou ‘acidentalmente’ a vidraça de um prédio histórico na Espanha, cujo valor de reparo seria de apenas ‘R$ 4’. Não estranhem se daqui a pouco a cena vier profissionalmente editada num comercial, para nova repercussão. Questiono: será que foi acidente, ou a mídia caiu numa falsa história, dando repercussão de primeira página a um comercial? Parabéns aos profissionais de marketing da empresa, que souberam usar gratuitamente a imprensa para promover seu produto. Pêsames à imprensa, que caiu como pato numa armação.

José Mauro Afonso Filho, engenheiro, São Paulo



Clodovil é cultura

O e-mail sobre o Clodovil me despertou velhos instintos. Quero deixar claro que nada tenho contra o coleguinha que elogiou o apresentador. Sou a favor da mais irrestrita liberdade de expressão. Gostaria apenas de relatar duas passagens que assisti no programa do cidadão, e vão em direção contrária ao publicado no OI.

Na primeira, Clodovil disse no ar que a contragosto anunciava o aniversário – ou outra data festiva qualquer – de Mário de Andrade. O motivo, segundo suas palavras, é que o escritor paulista nada tinha feito de interessante, não passava de um intelectual, não era um criador. E de criação Clodovil disse que entende, pois ele próprio era um criador. Enquanto repetia a catilinária, a produção passou-lhe um bilhetinho. Ele leu e voltou ao ataque: disse que recebia uma poesia de Mário de Andrade, mas a obra não seria lida porque era uma porcaria. Afinal, o escritor era um péssimo poeta, sem criatividade e não falava ao povo, pois o poema tinha duas palavras que ele não conhecia.

Na outra oportunidade, o indigitado apresentador criticava o suposto baixo nível das músicas tocadas hoje e defendia a ópera como a verdadeira manifestação musical. Em seguida solicitou à produção que tocasse Va, pensiero, do Nabucco, de Verdi, para mostrar a quem assistia o que era música. Logo em seguida foi ao ar o tutti orquestral que abre a obra. O apresentador teve um chilique. Aos berros, disse à produção que a música estava errada e que tocassem a correta. Silêncio. Volta o tutti de Va, pensiero. Clodovil tem outro ataque, ofende os auxiliares e exige, novamente, a melodia do Verdi. A produção deve ter entendido: soltou o disco a partir do início do coro, sem a abertura orquestral.

Clodovil adorou. Aquilo era música, disse. Finalmente a produção havia acertado. Eu, mudei de canal.

Carlos Alberto Balista, jornalista, São Paulo