Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Em meio a controvérsias, CNN leva a primeira entrevista

Após uma intensa disputa pela primeira entrevista da socialite Paris Hilton pós-período na cadeia, a briga entre ABC e NBC, duas das maiores emissoras americanas, esfriou. Os dois canais negociaram, durante a maior parte da semana passada, com o pai de Paris, Rick Hilton. No que parecia um verdadeiro leilão, as emissoras disputavam o caro preço da entrevista. Com a divulgação de notícias sobre a disputa, e o temor de que o pagamento não fosse bem visto, todas as ofertas foram retiradas – e sua existência, negada. Um porta-voz da família Hilton declarou que o pai de Paris não cobraria pela entrevista.

Diante da reviravolta, sobrou para o apresentador Larry King, da CNN, entrevistar Paris. O programa com a participação da herdeira patricinha está marcado para quarta-feira (27/6), já que ela deve sair da prisão um dia antes, por bom comportamento. Paris foi presa depois de violar a condicional que a proibia de dirigir – ela foi flagrada dirigindo alcoolizada no ano passado.

Bridget Leininger, porta-voz do programa de Larry King, confirmou que não houve pagamento pela entrevista. ‘Larry King nunca paga por entrevistas’, ressaltou ela. Bridget não soube informar, entretanto, se seriam usadas fotos de Paris durante o programa, e se, neste caso, seria paga uma taxa à agência Getty Images, que havia feito acordo pela exclusividade das primeiras imagens da jovem após a libertação.

Façam suas apostas

A ABC teria oferecido inicialmente US$ 100 mil por um ‘pacote’ com a entrevista e material de arquivo da família Hilton, como fotos e vídeos de Paris. A emissora foi informada de que a NBC estava oferecendo bem mais – pelo que foi divulgado, a quantia chegaria a US$ 1 milhão. Já a revista People havia fechado um acordo por US$ 300 mil por fotos exclusivas acompanhadas de uma entrevista da patricinha.

No fim da semana, depois de notícias sobre a corrida pela primeira entrevista de Paris, as emissoras tiraram o corpo fora das negociações. A NBC, que avisou aos representantes da família Hilton que não estava mais interessada na entrevista, negou que tivesse oferecido quantia milionária a Paris, alegando que ‘nunca houve [possibilidade de] pagamento’.

A ABC também insistiu que nunca fez uma proposta para os Hilton, e que não paga por entrevistas. Mas um executivo da emissora contou à Reuters que a família Hilton avisou à ABC que fecharia acordo com a NBC, que havia oferecido US$ 1 milhão pela entrevista. Segundo este executivo, depois que o acordo com a NBC falhou, os Hilton voltaram a tentar negociar com a ABC em diversas ligações feitas à apresentadora Barbara Walters. A emissora avisou então que não estava mais interessada na entrevista com Paris.

Questão ética

Pouco tempo depois, foi a vez da família Hilton declarar que, ‘ao contrário do noticiado pela mídia, Paris Hilton não será paga por uma entrevista televisiva’. Entrevistas pagas são tabu no jornalismo americano, por se acreditar que podem incentivar fontes a inventar ou exagerar informações. Mas acordos pelos direitos de material privado, como fotos e filmagens, têm se tornado uma prática cada vez mais comum nos EUA.

Segundo o analista de mídia Andrew Tyndall, haveria dois problemas em uma emissora pagar por uma entrevista com Paris. ‘Primeiro, você não deve pagar a fontes, e segundo, você decidiria que Paris Hilton é uma pauta importante o suficiente para violar esta regra. Provavelmente, o segundo pecado é ainda pior que o primeiro’. Informações de Steve Gorman [Reuters, 22/6/07] e Bill Carter [The New York Times, 24/6/07].