Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Em 2014, já morreram 128 jornalistas

O leitor tem ideia de qual ranking positivo o Brasil é um dos líderes? Nas últimas décadas, redução da pobreza, diminuição da mortalidade infantil e acesso à educação (nesse caso, sem ligação com a qualidade do conhecimento).

Todavia, os últimos levantamentos apontam um Brasil muito violento (dados de 2012 indicam que 10% dos homicídios do planeta aconteceram aqui), péssimo nas provas de conhecimentos gerais e que voltou a desmatar. Para coroar, o país agora é um dos piores para a prática do jornalismo, atividade que alguns dizem ter os dias contados.

Segundo estudo da Press Emblem Campaign (divulgado pelo bravo Jamil Chade, do Estadão), a terra de Vera Cruz ficou em 10º lugar, ao lado da República Centro Africana. Neste ano, morreram durante o trabalho Santiago Andrade (TV Bandeirantes), Pedro Palma, José Lacerda (ambos da TV Cabo Mossoró) e Geolino Xavier (da TV N3, da Bahia). Em 2014, até agora, 128 profissionais da imprensa morreram no mundo. O recorde de 2013, com 129 mortos, está próximo de ser empatado. Infelizmente.

É dizer o óbvio que a democracia não funciona sem uma imprensa livre. O jornalismo independente e crítico é essencial para um sistema que permite o confronto saudável de ideias. A cobrança feita ao Executivo, Legislativo, Judiciário e iniciativa privada só vem quando a imprensa se comporta de maneira responsável e informa o público do modo mais correto. Sem partidarismos berrantes.

Por incrível que pareça, a verdade jornalística é relativa. É só ler Veja e CartaCapital para notar como o mesmo assunto pode ser interpretado de maneira tão diferente. E ainda bem que é assim. Uma imprensa uníssona é um passo atrás na democracia. Como o vergonhoso 10º lugar que o Brasil ocupa no ranking de periculosidade para jornalistas.

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Luiz Anversa é jornalista