Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Equipe de site sofre ameaças após denúncias contra governo

 

Em fevereiro, Carlos Dada, fundador e diretor do site de notícias El Faro, em El Salvador, contou ao Comitê para a Proteção dos Jornalistas [21/3/12] que sua equipe vinha sendo seguida e fotografada, depois de ter divulgado, em maio de 2011, matéria sobre uma rede criminal envolvendo políticos, empresários e líderes de gangue. Foram usadas fontes anônimas policiais. Dada disse suspeitar que a polícia estava seguindo os repórteres para tentar identificar as fontes. O ministro de Segurança do país, o general David Munguía Payés, alegou não ter conhecimento de ninguém vigiando a equipe do El Faro e garantiu que nenhuma ordem foi dada para tal.

No dia 14/3, foi publicada uma matéria descrevendo negociações secretas nas quais as gangues limitariam assassinatos em troca de concessões governamentais, como ter membros transferidos para prisões com menos segurança. O governo negou as acusações em uma coletiva de imprensa na semana passada, com veículos convidados, a portas fechadas – o El Faro não foi chamado. No dia seguinte, Payés afirmou à equipe do site que ela poderia sofrer retaliação das gangues, mas não deu mais informações nem ofereceu proteção. O ministro disse, ainda, que a polícia havia cumprido com a responsabilidade de notificar a equipe e que estava no processo de confirmar a credibilidade das ameaças. Se elas forem confirmadas, seriam discutidas possíveis medidas de proteção.

O coordenador do CPJ para as Américas, Carlos Lauría, disse estar preocupado com a equipe do site e monitorando atentamente a situação. Pesquisas do Comitê mostram que jornalistas cobrindo a violência de gangues em El Salvador começam a se tornar alvos. Em 2009, Christian Poveda, cineasta de nacionalidades francesa e espanhola que documenta a violência de gangues no país há décadas, foi assassinado por membros da gangue Mara 18.